Questões de Vestibular Sobre português
Foram encontradas 11.212 questões
Para usar corretamente o acento indicador de crase, é necessário compreender as situações de uso nas quais o fenômeno está envolvido. Aprender a colocar o acento depende, sobretudo, da verificação da ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome. (https://portugues.uol.com.br/gramatica/cinco-dicassimples-sobre-uso-crase.html)
Observe o excerto retirado do fragmento anterior: A criança. à medida que se desenvolve, deve aprender passo a passo a se entender melhor.
Compreende a mesma regra do acento grave:
“Portugal colonial” Nada te devo nem o sítio onde nasci
nem a morte que depois comi nem a vida
repartida p'los cães nem a notícia
curta a dizer-te que morri
nada te devo Portugal Colonial
cicatriz doutra pele apertada
(David Mestre, poeta angolano. In: DÁSKALOS, M. A.; APA, L.; BARBEITOS, A. Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003, p. 104.)
Texto (fragmento) pra questão.
Quem me dera que eu fosse os choupos à
margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...
Texto (fragmento) pra questão.
Quem me dera que eu fosse os choupos à
margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...
Na minha Terra
Na minha terra ninguém morre de amor
De fome, de esperança, sim senhor
Desculpe essas palavras assim mais duras.
Mas cadê a compostura de quem tinha exemplo
dar
É nepotismo, prepotência, disparate
Paraíso dos contrastes
De injustiça pra danar
Se tem um cara que deseja uma terrinha
De cuidar dela, de dar gosto a gente oiá
Logo se escuta a voz do dono da terrinha
Não é lugar de vagabundo vir plantar
Na minha terra ninguém morre de amor
De fome, de esperança, sim senhor
Desculpe essa verdade nua e crua
Mas é tanta falcatrua que o País se acostumou
Agora é ágio, é pedágio, é propina
Já faz parte da rotina
É a lei com seu rigor
É uma força bem mais forte que se pensa
É uma teia onde aranha nunca está
Que suborna, que alicia, que compensa
Mas só pra aqueles que deixaram de sonhar....
(Ivan Lins e Victor Martins)
Na minha Terra
Na minha terra ninguém morre de amor
De fome, de esperança, sim senhor
Desculpe essas palavras assim mais duras.
Mas cadê a compostura de quem tinha exemplo
dar
É nepotismo, prepotência, disparate
Paraíso dos contrastes
De injustiça pra danar
Se tem um cara que deseja uma terrinha
De cuidar dela, de dar gosto a gente oiá
Logo se escuta a voz do dono da terrinha
Não é lugar de vagabundo vir plantar
Na minha terra ninguém morre de amor
De fome, de esperança, sim senhor
Desculpe essa verdade nua e crua
Mas é tanta falcatrua que o País se acostumou
Agora é ágio, é pedágio, é propina
Já faz parte da rotina
É a lei com seu rigor
É uma força bem mais forte que se pensa
É uma teia onde aranha nunca está
Que suborna, que alicia, que compensa
Mas só pra aqueles que deixaram de sonhar....
(Ivan Lins e Victor Martins)
Venenos de Deus, remédios do diabo: as incuráveis vidas de Vila Cacimba
– Noutro dia, você zangou-se comigo porque eu não o chamava pelo seu nome inteiro. Mas eu conheço o seu segredo.
– Não tenho segredos. Quem tem segredos são as mulheres.
– O seu nome é Tsotsi. Bartolomeu Tsotsi.
– Quem lhe contou isso? De certeza que foi o cabrão do Administrador.
Acabrunhado, Bartolomeu aceitou. Primeiro, foram os outros que lhe mudaram o nome, no baptismo. Depois, quando pôde voltar a ser ele mesmo, já tinha aprendido a ter vergonha de seu nome original. Ele se colonizara a si mesmo. E Tsotsi dera origem a Sozinho [Bartolomeu Sozinho].
– Eu sonhava ser mecânico, para consertar o mundo. Mas aqui para nós que ninguém nos ouve: um mecânico pode chamar-se Tsotsi?
– Ini nkabe dziua.
– Ah, o Doutor já anda a aprender a língua deles?
– Deles? Afinal, já não é a sua língua?
– Não sei, eu já nem sei...
O médico olha para o parapeito e estremece de ver tão frágil, tão transitório aquele que é seu único amigo em Vila Cacimba. O aro da janela surge como uma moldura da derradeira fotografia desse teimoso mecânico reformado.
– Posso fazer-lhe uma pergunta íntima?
– Depende – responde o português.
– O senhor já alguma vez desmaiou, Doutor?
– Sim.
– Eu gostava muito de desmaiar. Não queria morrer sem desmaiar.
O desmaio é uma morte preguiçosa, um falecimento de duração temporária. O português, que era um guarda-fronteira da Vida, que facilitasse uma escapadela dessas, uma breve perda de sentidos.
– Me receite um remédio para eu desmaiar.
O português ri-se. Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.
– Uma marretada na cabeça é a única coisa que me ocorre.
Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua O português confessa sentir inveja de não ter duas línguas. E poder usar uma delas para perder o passado. E outra para ludibriar o presente.
– A propósito de língua, sabe uma coisa, Doutor Sidonho? Eu já me estou a desmulatar.
E exibe a língua, olhos cerrados, boca escancarada. O médico franze o sobrolho, confrangido: a mucosa está coberta de fungos, formando uma placa esbranquiçada.
– Quais fungos? – reage Bartolomeu. – Eu estou é a ficar branco de língua, deve ser porque só falo português...
O riso degenera em tosse e o português se afasta, cauteloso, daquele foco contaminoso.
[...]
O médico olha para o parapeito e estremece de ver tão frágil, tão transitório aquele que é seu único amigo em Vila Cacimba. O aro da janela surge como uma moldura da derradeira fotografia desse teimoso mecânico reformado.
– Posso fazer-lhe uma pergunta íntima?
– Depende – responde o português.
– O senhor já alguma vez desmaiou, Doutor?
– Sim.
– Eu gostava muito de desmaiar. Não queria morrer sem desmaiar.
O desmaio é uma morte preguiçosa, um falecimento de duração temporária. O português, que era um guarda-fronteira da Vida, que facilitasse uma escapadela dessas, uma breve perda de sentidos.
– Me receite um remédio para eu desmaiar.
O português ri-se. Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.
– Uma marretada na cabeça é a única coisa que me ocorre.
Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso. [...]
(COUTO, Mia. Venenos de Deus, remédios do diabo:
as incuráveis vidas de Vila Cacimba. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008, pp. 110-113)
Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira no que se refere às figuras da linguagem, em seguida marque a opção correta:
(1)Polissíndeto
(2)Anacoluto
(3)Pleonasmo
(4)Anáfora
(5) Antítese
(6) Gradação
(7) Sinestesia
( ) “Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal”
(Fernando Pessoa)
( ) “Eu vi a cara da morte, e ela estava viva”. (Cazuza)
( ) “O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário.” (Olavo Bilac)
( ) “Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”
com calma sem sofrer”
(Olavo Bilac)
( ) “Como era áspero o aroma daquela fruta exótica” (Giuliano Fratin)
( )“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”
(Camões)
( )“O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto”
(Carlos Drummond de
Andrade)
Leia os provérbios (itens A e B) e a citação (item C) abaixo.
A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro.”
B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem.”
C. “Há coisas que melhor se dizem calando.” (Machado de Assis)
Com base na leitura acima, assinale a proposição CORRETA.
No provérbio (B) temos a figura de linguagem paradoxo, porque é absurdo que os sábios
tenham que se calar para que os tolos falem.
Leia os provérbios (itens A e B) e a citação (item C) abaixo.
A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro.”
B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem.”
C. “Há coisas que melhor se dizem calando.” (Machado de Assis)
Com base na leitura acima, assinale a proposição CORRETA.
A frase de Machado de Assis contém um pleonasmo, porque é um exagero dizer que se
pode falar calado.
Leia os provérbios (itens A e B) e a citação (item C) abaixo.
A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro.”
B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem.”
C. “Há coisas que melhor se dizem calando.” (Machado de Assis)
Com base na leitura acima, assinale a proposição CORRETA.
Tanto o item A quanto o item C funcionam como elogios à discrição.
Leia os provérbios (itens A e B) e a citação (item C) abaixo.
A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro.”
B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem.”
C. “Há coisas que melhor se dizem calando.” (Machado de Assis)
Com base na leitura acima, assinale a proposição CORRETA.
No provérbio (B) as orações “o que sabem” e “o que dizem” funcionam como adjetivos que
caracterizam, respectivamente, os sábios e os tolos.
Leia os provérbios (itens A e B) e a citação (item C) abaixo.
A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro.”
B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem.”
C. “Há coisas que melhor se dizem calando.” (Machado de Assis)
Com base na leitura acima, assinale a proposição CORRETA.
No provérbio (A) ocorrem duas metáforas.
Leia os provérbios (itens A e B) e a citação (item C) abaixo.
A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro.”
B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem.”
C. “Há coisas que melhor se dizem calando.” (Machado de Assis)
Com base na leitura acima, assinale a proposição CORRETA.
Em cada um dos provérbios observa-se um paralelismo sintático, que ajuda a conferir
ritmo ao provérbio e favorece sua memorização.