Questões de Vestibular Sobre português

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Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111455 Português
        Por onde pude andar, no Brasil ou em outros cantos do mundo, prestei mais atenção nas águas do que nas edificações urbanas que se debruçam sobre elas  pois todos os nossos assentamentos humanos, na Europa, na Ásia, na África, por todos os lados, sempre foram atraídos pelos rios. Nas salas de aula, as crianças escutam que uma das civilizações mais antigas do mundo nasceu no delta do rio Nilo, no Egito, cujas águas irrigavam suas margens, propiciando condições para a agricultura e para sua civilização. Sempre estivemos perto da água, mas parece que aprendemos muito pouco com a fala dos rios. As cidades, principalmente as grandes, foram se espalhando por cima dos corpos dos rios a ponto de não termos quase mais nenhum respeito por eles. O corpo da Terra não aguenta mais cidades, pelo menos não essas que se configuram como uma continuidade das pólis do mundo antigo, com gente protegida por muros, e o resto do lado de fora — indígenas, quilombolas, ribeirinhos. Além disso, as metrópoles são um sorvedouro de energia. Ainda há quem tenha a pachorra de dizer que o Brasil é vanguarda na produção de energia limpa. Eu não sei que história é essa, se você botar um filtro de sangue nas hidrelétricas de Tucuruí, Balbina, Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, ele entope.


Ailton Krenak. Futuro ancestral. Companhia das Letras, 2022 (com adaptações).  



Considerando as ideias do texto precedente e os diversos assuntos a ele relacionados, julgue o item.

O raciocínio exposto nos dois últimos períodos do texto aponta para a contradição existente na afirmação de que o Brasil se destaca na produção energia limpa, dados os inúmeros conflitos sociais gerados na instalação de usinas hidrelétricas, seja pelo impacto direto e permanente causado na vida dos povos indígenas e tradicionais, seja pela exploração do trabalho dos operários da construção civil.
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111453 Português
        Por onde pude andar, no Brasil ou em outros cantos do mundo, prestei mais atenção nas águas do que nas edificações urbanas que se debruçam sobre elas  pois todos os nossos assentamentos humanos, na Europa, na Ásia, na África, por todos os lados, sempre foram atraídos pelos rios. Nas salas de aula, as crianças escutam que uma das civilizações mais antigas do mundo nasceu no delta do rio Nilo, no Egito, cujas águas irrigavam suas margens, propiciando condições para a agricultura e para sua civilização. Sempre estivemos perto da água, mas parece que aprendemos muito pouco com a fala dos rios. As cidades, principalmente as grandes, foram se espalhando por cima dos corpos dos rios a ponto de não termos quase mais nenhum respeito por eles. O corpo da Terra não aguenta mais cidades, pelo menos não essas que se configuram como uma continuidade das pólis do mundo antigo, com gente protegida por muros, e o resto do lado de fora — indígenas, quilombolas, ribeirinhos. Além disso, as metrópoles são um sorvedouro de energia. Ainda há quem tenha a pachorra de dizer que o Brasil é vanguarda na produção de energia limpa. Eu não sei que história é essa, se você botar um filtro de sangue nas hidrelétricas de Tucuruí, Balbina, Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, ele entope.


Ailton Krenak. Futuro ancestral. Companhia das Letras, 2022 (com adaptações).  



Considerando as ideias do texto precedente e os diversos assuntos a ele relacionados, julgue o item.

As sociedades indígenas e os povos quilombolas estabeleceram, ao longo dos séculos, uma relação equilibrada com os ecossistemas, e suas técnicas de plantio, de construção e de convivência sustentáveis contribuíram para a preservação dos rios e do meio ambiente. 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111447 Português
        A lei da prosa machadiana seria algo como a miniaturização ou o diagrama do vaivém ideológico da classe dirigente brasileira, articulada com o mercado e o progresso internacionais, bem como com a escravidão e o clientelismo locais. Um vaivém que resume o vexame pátrio, mas não se esgota nele, pois diz respeito também à história global de que o mesmo Brasil é parte efetiva, ainda que moralmente condenada: a ordem burguesa no seu todo não se pauta pela norma burguesa. Mas a imparcialidade machadiana vai mais longe, e faz que o mundo do arbítrio, desqualificado pelo confronto com a norma burguesa e europeia, seja também a testemunha viva da relatividade desta, movimento que leva aos assuntos centrais da literatura moderna, ligados justamente ao limite da civilização burguesa. Enfim, a inferioridade pátria existe, mas o metro que a mede não é também inocente, embora hegemônico. Trata-se de uma posição antimítica e duas vezes negativa, isenta de ufanismo conservador bem como de abdicação do juízo diante de Europa e progresso, uma posição racional e sem absolutos, que em cem anos não envelheceu. 


Roberto Schwarz. Complexo, nacional, moderno, negativo. In: Machado de Assis.
Obra completa. São Paulo: Nova Aguilar, 2021, p. 195 (com adaptações). 
A partir da leitura do trecho de texto precedente, faça o que se pede no item a seguir, que é do tipo C. 

Assinale a opção correta acerca da obra de Machado de Assis.

C Machado de Assis alcançou uma perspectiva verdadeira da realidade ao refletir artisticamente sobre uma contradição que em nível local e universal desafia a sociedade humana sob o capitalismo: “a ordem burguesa no seu todo não se pauta pela norma burguesa”. 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111446 Português
Texto I


       A Universidade de Brasília (UnB) celebrou em junho de 2023 os 20 anos da aprovação da sua política de cotas raciais. A universidade foi a primeira instituição federal de ensino superior do país a adotar a iniciativa. Desde 2004, primeiro ano de implantação da política, 38.042 estudantes entraram na universidade pelo referido sistema. No início, a política previa que 20% das vagas de graduação seriam destinadas a candidatos negros. Após a Lei de Cotas, de 2012, a instituição destina 50% para estudantes de escolas públicas, com base nos critérios de renda e raça, e mantém 5% das vagas exclusivas para negros. Em 2020, a universidade estendeu a política de cotas para a pós-graduação, destinando 20% das vagas para candidatos negros, indígenas e quilombolas. 


Internet: <agenciabrasil.ebc.com.br> (com adaptações). 



Texto II


        Em solo brasileiro, as lutas dos povos negros por acesso à educação antirracista e pelo direito à história culminaram na promulgação da Lei n.º 10.639/2003, que instituiu a obrigatoriedade do ensino das histórias e culturas africanas e afro-brasileiras nas escolas. Tal dispositivo foi alterado pela Lei n.º 11.645/2008, quando a história dos povos indígenas foi também incluída. Esse fato implica assumir que é parte das estratégias de domínio colonial o controle da escrita e do ensino de história, e que os movimentos sociais negros e indígenas protagonizaram um dos mais profundos debates em torno da história da educação brasileira e de enfrentamento ao eurocentrismo na produção do conhecimento. 


Elisângela de Santana e Leandro de Jesus. História
da África, diáspora e perspectivas emancipatórias.
In: Revista História Hoje, v. 12, n.º 25, 2023 (com adaptações). 

Tendo como referência os textos I e II, precedentes, julgue o próximo item. 


Ambos os textos abordam ações de combate ao racismo que ocorreram no Brasil ao longo das últimas duas décadas e resultaram em importantes conquistas como o aumento da presença de estudantes negros e indígenas nas universidades públicas brasileiras.


Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111445 Português
Texto I


       A Universidade de Brasília (UnB) celebrou em junho de 2023 os 20 anos da aprovação da sua política de cotas raciais. A universidade foi a primeira instituição federal de ensino superior do país a adotar a iniciativa. Desde 2004, primeiro ano de implantação da política, 38.042 estudantes entraram na universidade pelo referido sistema. No início, a política previa que 20% das vagas de graduação seriam destinadas a candidatos negros. Após a Lei de Cotas, de 2012, a instituição destina 50% para estudantes de escolas públicas, com base nos critérios de renda e raça, e mantém 5% das vagas exclusivas para negros. Em 2020, a universidade estendeu a política de cotas para a pós-graduação, destinando 20% das vagas para candidatos negros, indígenas e quilombolas. 


Internet: <agenciabrasil.ebc.com.br> (com adaptações). 



Texto II


        Em solo brasileiro, as lutas dos povos negros por acesso à educação antirracista e pelo direito à história culminaram na promulgação da Lei n.º 10.639/2003, que instituiu a obrigatoriedade do ensino das histórias e culturas africanas e afro-brasileiras nas escolas. Tal dispositivo foi alterado pela Lei n.º 11.645/2008, quando a história dos povos indígenas foi também incluída. Esse fato implica assumir que é parte das estratégias de domínio colonial o controle da escrita e do ensino de história, e que os movimentos sociais negros e indígenas protagonizaram um dos mais profundos debates em torno da história da educação brasileira e de enfrentamento ao eurocentrismo na produção do conhecimento. 


Elisângela de Santana e Leandro de Jesus. História
da África, diáspora e perspectivas emancipatórias.
In: Revista História Hoje, v. 12, n.º 25, 2023 (com adaptações). 

Tendo como referência os textos I e II, precedentes, julgue o próximo item. 


As políticas públicas citadas nos textos I e II abordam ações afirmativas e de reparação histórica que procuram enfrentar os efeitos de séculos de escravidão e exploração, nos períodos colonial e imperial, e os do racismo, que estruturam a história do Brasil. 


Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111438 Português
         A criação literária traz como condição necessária uma carga de liberdade que a torna independente sob muitos aspectos, de tal maneira que a explicação dos seus produtos é encontrada sobretudo neles mesmos. Como conjunto de obras de arte, a literatura se caracteriza por essa liberdade extraordinária que transcende as nossas servidões. Mas, na medida em que é um sistema de produtos que são também instrumentos de comunicação entre os homens, possui tantas ligações com a vida social que vale a pena estudar a correspondência e a interação entre ambas. A ligação entre a literatura e a sociedade é percebida de maneira viva quando tentamos descobrir como as sugestões e influências no meio se incorporam à estrutura da obra - de modo tão visceral que deixam de ser propriamente sociais, para se tornarem a substância do ato criador.

Antonio Candido. Literatura de dois gumes. In: A educação pela noite e outros ensaios. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006, p.197 (com adaptações).


Considerando o trecho de texto precedente, de Antonio Candido, faça o que se pede no item a seguir, que é do tipo D.

Elabore uma paráfrase do trecho apresentado, considerando a relação, presente na criação literária, entre liberdade criativa e correspondência com a vida social.
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111432 Português




Candido Portinari. Meninos brincando.

Rio de Janeiro, 1955. Internet:<www.portinari.org.br>.






Roger Mayne. Handstand. London, 1956.

Internet: <viewingroom.huxleyparlour.com>.




           O pátio, que se desdobrava diante do copiar, era imenso, julgo que não me atreveria a percorrê-lo. O fim dele tocava o céu. Um dia, entretanto, achei-me além do pátio, além do céu. Como cheguei ali não sei. Homens cavavam o chão, um buraco se abria, medonho, precipício que me encolhia apavorado entre montanhas erguidas nas bordas. Para que estariam fazendo aquela toca profunda? Para que estariam construindo aqueles montes que um pó envolvia como fumaça? Retraí-me na admiração que me causava o extraordinário formigueiro. As formigas suavam, as camisas brancas tingiam-se, enegreciam, ferramentas cravavam-se na terra, outras jogavam para cima o nevoeiro que formava os morros. (...) O que então me pasmou foi o açude, maravilha, água infinita onde patos e marrecos nadavam. Surpreenderam-me essas criaturas capazes de viver no líquido. O mundo era complicado. O maior volume de água conhecido antes continha-se no bojo de um pote e aquele enorme vaso metido no chão, coberto de folhas verdes, flores, aves que mergulhavam de cabeça para baixo, desarranjava-me a ciência. Com dificuldade, estabeleci relação entre o fenômeno singular e a cova fumacenta. Esta, porém, fora aberta numa região distante, e o açude se estirava defronte da casa. Estava ali, mas tinha caprichos, mudava de lugar, não se aquietava, era uma coisa vagabunda.  



Graciliano Ramos. Infância.

Rio de Janeiro: Record, 2003, pp. 14 e 15. 

Considerando as imagens apresentadas e o texto precedente, extraído de Infância, obra em que o escritor Graciliano Ramos narra suas memórias infantis, julgue o item seguinte. 

A declaração do narrador de que “O mundo era complicado” não corresponde à visão de mundo de um adulto, pois expressa a incapacidade da mente infantil em formação de compreender fenômenos básicos como a diferença entre a água no pote e aquela contida no açude. 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111431 Português




Candido Portinari. Meninos brincando.

Rio de Janeiro, 1955. Internet:<www.portinari.org.br>.






Roger Mayne. Handstand. London, 1956.

Internet: <viewingroom.huxleyparlour.com>.




           O pátio, que se desdobrava diante do copiar, era imenso, julgo que não me atreveria a percorrê-lo. O fim dele tocava o céu. Um dia, entretanto, achei-me além do pátio, além do céu. Como cheguei ali não sei. Homens cavavam o chão, um buraco se abria, medonho, precipício que me encolhia apavorado entre montanhas erguidas nas bordas. Para que estariam fazendo aquela toca profunda? Para que estariam construindo aqueles montes que um pó envolvia como fumaça? Retraí-me na admiração que me causava o extraordinário formigueiro. As formigas suavam, as camisas brancas tingiam-se, enegreciam, ferramentas cravavam-se na terra, outras jogavam para cima o nevoeiro que formava os morros. (...) O que então me pasmou foi o açude, maravilha, água infinita onde patos e marrecos nadavam. Surpreenderam-me essas criaturas capazes de viver no líquido. O mundo era complicado. O maior volume de água conhecido antes continha-se no bojo de um pote e aquele enorme vaso metido no chão, coberto de folhas verdes, flores, aves que mergulhavam de cabeça para baixo, desarranjava-me a ciência. Com dificuldade, estabeleci relação entre o fenômeno singular e a cova fumacenta. Esta, porém, fora aberta numa região distante, e o açude se estirava defronte da casa. Estava ali, mas tinha caprichos, mudava de lugar, não se aquietava, era uma coisa vagabunda.  



Graciliano Ramos. Infância.

Rio de Janeiro: Record, 2003, pp. 14 e 15. 

Considerando as imagens apresentadas e o texto precedente, extraído de Infância, obra em que o escritor Graciliano Ramos narra suas memórias infantis, julgue o item seguinte. 

Do trecho “Estava ali, mas tinha caprichos, mudava de lugar, não se aquietava” infere-se que a percepção do açude pela perspectiva infantil, aberta ao contato mais dinâmico com os objetos, vistos ao revés como nas imagens apresentadas, mostra-se mais criativa, móvel e realista que a experimentada pelos adultos já integrados a uma visão estanque da realidade. 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111430 Português




Candido Portinari. Meninos brincando.

Rio de Janeiro, 1955. Internet:<www.portinari.org.br>.






Roger Mayne. Handstand. London, 1956.

Internet: <viewingroom.huxleyparlour.com>.




           O pátio, que se desdobrava diante do copiar, era imenso, julgo que não me atreveria a percorrê-lo. O fim dele tocava o céu. Um dia, entretanto, achei-me além do pátio, além do céu. Como cheguei ali não sei. Homens cavavam o chão, um buraco se abria, medonho, precipício que me encolhia apavorado entre montanhas erguidas nas bordas. Para que estariam fazendo aquela toca profunda? Para que estariam construindo aqueles montes que um pó envolvia como fumaça? Retraí-me na admiração que me causava o extraordinário formigueiro. As formigas suavam, as camisas brancas tingiam-se, enegreciam, ferramentas cravavam-se na terra, outras jogavam para cima o nevoeiro que formava os morros. (...) O que então me pasmou foi o açude, maravilha, água infinita onde patos e marrecos nadavam. Surpreenderam-me essas criaturas capazes de viver no líquido. O mundo era complicado. O maior volume de água conhecido antes continha-se no bojo de um pote e aquele enorme vaso metido no chão, coberto de folhas verdes, flores, aves que mergulhavam de cabeça para baixo, desarranjava-me a ciência. Com dificuldade, estabeleci relação entre o fenômeno singular e a cova fumacenta. Esta, porém, fora aberta numa região distante, e o açude se estirava defronte da casa. Estava ali, mas tinha caprichos, mudava de lugar, não se aquietava, era uma coisa vagabunda.  



Graciliano Ramos. Infância.

Rio de Janeiro: Record, 2003, pp. 14 e 15. 

Considerando as imagens apresentadas e o texto precedente, extraído de Infância, obra em que o escritor Graciliano Ramos narra suas memórias infantis, julgue o item seguinte. 

No trecho “As formigas suavam, as camisas brancas tingiam-se, enegreciam”, o emprego da metáfora para representar os trabalhadores é um recurso estético que distancia a narrativa da imaginação infantil.  
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3111429 Português




Candido Portinari. Meninos brincando.

Rio de Janeiro, 1955. Internet:<www.portinari.org.br>.






Roger Mayne. Handstand. London, 1956.

Internet: <viewingroom.huxleyparlour.com>.




           O pátio, que se desdobrava diante do copiar, era imenso, julgo que não me atreveria a percorrê-lo. O fim dele tocava o céu. Um dia, entretanto, achei-me além do pátio, além do céu. Como cheguei ali não sei. Homens cavavam o chão, um buraco se abria, medonho, precipício que me encolhia apavorado entre montanhas erguidas nas bordas. Para que estariam fazendo aquela toca profunda? Para que estariam construindo aqueles montes que um pó envolvia como fumaça? Retraí-me na admiração que me causava o extraordinário formigueiro. As formigas suavam, as camisas brancas tingiam-se, enegreciam, ferramentas cravavam-se na terra, outras jogavam para cima o nevoeiro que formava os morros. (...) O que então me pasmou foi o açude, maravilha, água infinita onde patos e marrecos nadavam. Surpreenderam-me essas criaturas capazes de viver no líquido. O mundo era complicado. O maior volume de água conhecido antes continha-se no bojo de um pote e aquele enorme vaso metido no chão, coberto de folhas verdes, flores, aves que mergulhavam de cabeça para baixo, desarranjava-me a ciência. Com dificuldade, estabeleci relação entre o fenômeno singular e a cova fumacenta. Esta, porém, fora aberta numa região distante, e o açude se estirava defronte da casa. Estava ali, mas tinha caprichos, mudava de lugar, não se aquietava, era uma coisa vagabunda.  



Graciliano Ramos. Infância.

Rio de Janeiro: Record, 2003, pp. 14 e 15. 

Considerando as imagens apresentadas e o texto precedente, extraído de Infância, obra em que o escritor Graciliano Ramos narra suas memórias infantis, julgue o item seguinte. 

A forma narrativa em primeira pessoa impede o narrador - um escritor experiente - de se aproximar da perspectiva infantil do personagem, uma vez que é impossível, mesmo para um artista, representar esteticamente o seu outro de classe, gênero ou etnia. 
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Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327076 Português
Leia as duas citações a seguir, extraídas do início e do final de O Ateneu:

“Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores.
Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma (...)”.
“Aqui suspendo a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez, se ponderarmos que o tempo é a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo — o funeral para sempre das horas.”
(POMPEIA, Raul. O Atheneu (Chronica de saudades). Rio de Janeiro: Tipografia de Gazeta de Notícias, p 3-4 e 368, 1888.)

Com base nessas duas citações, é possível afirmar que, ao fim da narrativa de Sérgio sobre sua vida no colégio, o narrador
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Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327075 Português
Em 1921, Mário de Andrade, escrevendo a série de artigos “Mestres do passado”, publicados no Jornal do Comércio (edição de São Paulo), observou:
"Tarde [de Olavo Bilac] foi uma promessa de anos seguidos. Tais são, tão salientes os artifícios e tão repetidos que muito bem provam o esforço do poeta decaído da poesia e a sua parca inspiração (...).”
(ANDRADE, M. Mestres do passado – Olavo Bilac. In: BRITO, M.S. História do modernismo brasileiro. Antecedentes da Semana de Arte Moderna. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p. 288-289, 1978.)
Relacione, ao poema a seguir, o trecho da crítica anterior, assinalando a alternativa que coincide com a ideia geral de Mário sobre a obra de Bilac.

As estrelas Olavo Bilac
Desenrola-se a sombra no regaço Da morna tarde, no esmaiado anil; Dorme, no ofego do calor febril, A natureza, mole de cansaço.
Vagarosas estrelas! passo a passo, O aprisco desertando, às mil e às mil, Vindes do ignoto seio do redil Num compacto rebanho, e encheis o espaço...
E, enquanto, lentas, sobre a paz terrena, Vos tresmalhais tremulamente a flux, – Uma divina música serena
Desce rolando pela vossa luz: Cuida-se ouvir, ovelhas de ouro: a avena Do invisível pastor que vos conduz...
(BILAC, Olavo. Tarde. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, p. 42-43, 1919.)
Esmaiado: esmaecido, pálido Aprisco: curral Redil: curral para o gado ovino ou caprino; rebanho de ovelhas Tresmalhar: Afastar-se, perder-se do rebanho Flux: fluxo Avena: flauta pastoril 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327074 Português
“Um deles viu umas contas brancas de rosário, acenou que lhas dessem e divertiu-se muito com elas. Enrolou-as ao pescoço, depois tirou-as e embrulhou-as no braço, e acenava para a terra e depois para as contas, e em seguida para o colar do capitão, dando a entender que eles dariam ouro por aquilo. Isto nós entendíamos assim porque queríamos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto nós não queríamos entender, porque não lho daríamos."
(CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento do Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP, p. 108, 2001.)

Em seu relato de viagem, Pero Vaz de Caminha
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Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327073 Português
No início da novela Casa Velha, de Machado de Assis, o cônego da Capela Imperial, um personagem da história, assumindo a voz narrativa dela, conta a seus interlocutores:

“– Não desejo ao meu maior inimigo o que me aconteceu no mês de abril de 1839.”
(MACHADO DE ASSIS. Casa Velha. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986, p. 11.)


De acordo com o texto, o acontecimento desagradável que vitimou o religioso faz com que ele possa ser considerado, ao final da narrativa, como
Alternativas
Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327072 Português
Leia o trecho da reportagem:

“Mulher espancada após boatos em rede social morre no Guarujá, SP
(...)
A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (5), dois dias após ter sido espancada por dezenas de moradores do Guarujá, no litoral de São Paulo. Segundo a família, ela foi agredida a partir de um boato gerado por uma página em uma rede social (...)”
(G1, Santos, 05/05/2014. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html. Acessado em 04/07/2023.)


Assinale o trecho de um dos contos a seguir – extraídos de EVARISTO, Conceição. Olhos d’Água. Rio de Janeiro: Pallas; Fundação Biblioteca Nacional, 2016 –, trecho este que relaciona o acontecimento da reportagem ao texto de ficção: 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327071 Português
Texto 1
“Que século, meus Deus! – exclamaram os ratos E começaram a roer o edifício”.
(“Edifício Esplendor” (1955), de Carlos Drummond de Andrade, epígrafe do conto “Seminário dos Ratos”, de Lygia Fagundes Telles.)

Texto 2
Epígrafe é um paratexto (um texto que acompanha o texto principal), que pode justificar ou comentar um título ou texto; referenciar a relação entre o autor do texto e o da epígrafe; criar um efeito por meio do qual a presença da epígrafe já evoca a identificação do autor do texto com uma época ou movimento.
(Adaptado de: GENETTE, G. Paratextos Editoriais. Tradução de Álvaro Faleiros. Cotia: Ateliê Editorial, 2009.)


Considerando os textos 1 e 2, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327070 Português

je ne parle pas bien*

je ne parle pas bien

je ne parle pas bien

je ne parle pas bien 

eu tenho uma língua solta

que não me deixa esquecer

que cada palavra minha

é resquício da colonização

cada verbo que aprendi conjugar

foi ensinado com a missão

de me afastar de quem veio antes

nossas escolas não nos ensinam

a dar voos

[...]

reinvenção

nossa revolução surge e urge

das nossas bocas

das falas aprendidas

que são ensinadas

e muitas não compreendidas

salve, a cada gíria

je ne parle pas bien

[...]

o que era pra ser arma de colonizador

está virando revide de ex colonizado

estamos aprendendo as suas línguas

e descolonizando os pensamento

* Je ne parle pas bien, do francês, significa “Eu não falo direito”.



Podemos afirmar que o uso repetido do verso Je ne parle pas bien no poema slam de Luz Ribeiro

Alternativas
Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327069 Português
O texto a seguir é um trecho da canção Pantanal, que foi tema de abertura da novela com o mesmo nome, exibida originalmente pela TV Manchete em 1990 e regravada pela TV Globo em 2022.

Lendas de raças, cidades perdidas nas selvas do coração do Brasil.
Contam os índios de deuses que descem do espaço no coração do Brasil.
Redescobrindo as Américas quinhentos anos depois, Lutar com unhas e dentes pra termos direito a um depois. Fim do milênio, resgate da vida, do sonho, do bem. A terra é tão verde e azul. Os filhos dos filhos dos filhos dos nossos filhos verão.
(Pantanal, letra de Marcus Viana, gravada pelo grupo Sagrado Coração da Terra na coletânea em LP Sagrado Farol da Liberdade, lançada em 1991 pelo selo Sonhos & Sons.)

Nesse trecho da canção, podemos identificar
Alternativas
Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327068 Português
Texto 1


Vivemos no limiar de uma transição, em que a automação ocupará cada vez mais espaços na sociedade. Neste novo cenário, há um componente atuando com desenvoltura entre nós. Suas ações e decisões, invisíveis e muitas vezes autônomas, estão cada vez mais presentes no dia a dia da vida contemporânea. Seu comportamento, no entanto, é opaco e pouco compreendido. Trata-se dos algoritmos. São eles que, muitas vezes, decidem se você é contratado ou demitido, se você vai ter acesso a um benefício social, se seu visto de imigração vai ser concedido ou negado, quais notícias você vai ver nas redes sociais, qual o melhor trajeto do trabalho para casa ou qual o parceiro mais apropriado para um relacionamento.

(Adaptado de: MENDONÇA, R.F.; FIGUEIRAS, F.; ALMEIDA, V. Algoritmos controlam sociedade e tomam decisões de vida ou morte. Folha de S. Paulo, 7 abr. 2021.)





Texto 2





(Quadrinhos com o personagem laranja e amarelo, que representa um algoritmo, da série criada por André Dahmer. Disponível em: https://diplomatique.org.br/novas-tirinhas-de-andre-dahmer-transformam-algoritmo-em-personagem-intrometido/. Acesso em 28/07/2023.)
O anúncio (Texto 1) reproduzido a seguir foi postado nas redes sociais da Portela, escola de samba carioca, para divulgar uma festa literária. A escola, que traz a águia como símbolo em todos os seus desfiles (Texto 2), completou 100 anos em 2023. 


Imagem associada para resolução da questão



Considerando a imagem no texto 2, podemos afirmar que o texto 1 promove uma
Alternativas
Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327067 Português
Texto 1


Vivemos no limiar de uma transição, em que a automação ocupará cada vez mais espaços na sociedade. Neste novo cenário, há um componente atuando com desenvoltura entre nós. Suas ações e decisões, invisíveis e muitas vezes autônomas, estão cada vez mais presentes no dia a dia da vida contemporânea. Seu comportamento, no entanto, é opaco e pouco compreendido. Trata-se dos algoritmos. São eles que, muitas vezes, decidem se você é contratado ou demitido, se você vai ter acesso a um benefício social, se seu visto de imigração vai ser concedido ou negado, quais notícias você vai ver nas redes sociais, qual o melhor trajeto do trabalho para casa ou qual o parceiro mais apropriado para um relacionamento.

(Adaptado de: MENDONÇA, R.F.; FIGUEIRAS, F.; ALMEIDA, V. Algoritmos controlam sociedade e tomam decisões de vida ou morte. Folha de S. Paulo, 7 abr. 2021.)





Texto 2





(Quadrinhos com o personagem laranja e amarelo, que representa um algoritmo, da série criada por André Dahmer. Disponível em: https://diplomatique.org.br/novas-tirinhas-de-andre-dahmer-transformam-algoritmo-em-personagem-intrometido/. Acesso em 28/07/2023.)
A partir do texto 1, é possível afirmar que o texto 2 explora o fato de que os algoritmos
Alternativas
Respostas
161: C
162: C
163: C
164: C
165: C
166: C
167: E
168: C
169: E
170: E
171: C
172: C
173: B
174: D
175: C
176: C
177: D
178: D
179: A
180: C