O século XIX foi a época das maiores
conquistas que as mulheres tiveram ao longo de
sua história; a luta pelo direito de votar, opinar,
igualdade de trabalho, frequentar universidades. A
sociedade abriu espaço para elas serem livres, mas,
no século XX, vimos que a indústria do consumo, que
tanto ajudamos a construir, tem feito as mulheres
escravas de um padrão inatingível de beleza.
A indústria do consumo tem o objetivo
de vender seus produtos, sejam eles cigarros,
carros, cervejas, roupas, calçados, ou até mesmo
comidas, com o corpo da mulher. Hoje o corpo
feminino vende tudo, mas essa imagem de corpo
perfeito e a espetacularização da moda, têm trazido
consequências drásticas à nossa sociedade, com
milhares de pessoas insatisfeitas consigo mesmas,
uma vez que seu perfil em frente ao espelho só lhes
mostra defeitos, pois não enxergam mais sua beleza
interior, e sentem um vazio enorme dentro de si,
porque querem ser o que não são, querem ser como
as modelos das capas de revistas e comerciais.
Esses efeitos, causados pela indústria
do consumo na sociedade, são promotores de
crescimento e sucesso industrial, porque pessoas
insatisfeitas correm às lojas para comprar objetos
a fim de satisfazer seus desejos, acabar com a
ansiedade, aumentar sua autoestima. Mas esses
prazeres são passageiros, pois, logo após alguns
segundos, já querem outro produto, pois o que
compraram há pouco tempo já se tornou obsoleto,
tudo isso devido à vida líquida que vivemos nesta
sociedade moderna, onde nada se firma, não há
tempo para as coisas tomarem forma, por causa dos
avanços constantes, das modas passageiras e do
surgimento, a cada minuto, de uma nova tecnologia.
A indústria do consumo tem o objetivo de
promover, inconscientemente, a insatisfação e não a
satisfação, como muitas pessoas pensam e se deixam
influenciar. Pessoas satisfeitas, bem humoradas,
com autoestima não precisam da paranoia de viver
comprando desenfreadamente, ou viver correndo
atrás das coisas que estão na moda, a qual muda
todo dia, trazendo, assim, um desgaste constante,
por viver trocando carro, celular, roupas, calçados.
Pessoas bem resolvidas consomem mais ideias do
que estética. A cada dia, os seres humanos estão
sendo vistos por essa indústria de consumo como
mais um número de cartão de crédito, mais um
comprador em potencial, e não como alguém que
deve ser valorizado por sua inteligência, capacidades
e beleza interior. Não importa o que as indústrias
da moda, da beleza, do consumo e os meios de comunicações nos impõem, ou os produtos que
colocam no mercado, prometendo milagres de
beleza, de rejuvenescimento, dizendo que isso fará o
indivíduo ser bem aceito na sociedade e ter ascensão
social. Não adianta estar se matando para atingir o
inatingível, pois cada pessoa tem uma beleza única
e deve ser aceita como é. Cuidar-se e ser vaidosa
faz parte da natureza de cada mulher, mas não
deve chegar ao ponto de se deixar escravizar por
isso. O envelhecer é nosso destino, viver feliz e com
dignidade deve ser nossa meta.
SILVA, Henriette Valéria da. O padrão de beleza imposto pela mídia. Disponível em: <http:/observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em: nov. 2018. Adaptado.