Questões de Vestibular UFMS 2018 para Vestibular
Foram encontradas 60 questões
Leia o texto seguir.
Você tem treze anos. Os membros crescem em uma relação díspar, como se estivessem competindo entre si, mas fossem muito diferentes nas competências que os fazem avançar. Os pés crescem mais rápido que as próprias pernas; o nariz dispara com larga vantagem em relação ao resto dos demais elementos que constituem a face; os braços se alongam de uma maneira que faz o tronco parecer pequeno demais para os anexos que carrega. Aqui e ali, pelos começam a surgir sem um padrão aparentemente definido: pernas, braços, axilas. A sombra de uma barba começa a se pronunciar timidamente. Na barriga, um rastilho de pólvora. Com treze anos, talvez você pense em garotas. Talvez você pense em garotos. Talvez você não saiba muito bem o que pensar ou, até mesmo, pensar seja a última coisa que você cogite quando o assunto são garotas. Ou garotos. Talvez seus pés enormes e desproporcionais ainda não estejam crescidos o suficiente para chegar do outro lado da linha. O lado que você tem convicção de certas coisas, o lado em que você já avançou o suficiente para não sentir falta daquilo que precisa deixar para trás ou para se sentir atraído por tudo aquilo que está por vir. Talvez você ainda não tenha avançado o suficiente, mesmo com seus pés enormes, para saber o que é a língua de uma garota, ou de um garoto, operando movimentos circulares e molhados dentro da sua boca. Vagando por essa área nebulosa em que você já não é mais exatamente o que era, mas também não é plenamente o que pode vir a ser [...].
TIMM, André. Modos inacabados de morrer. Rio de Janeiro: Oito e meio, 2016, p. 13. (Fragmento)
O romance Modos inacabados de morrer (2016), do gaúcho, radicado em Santa Catarina, André
Timm, destaca-se no cenário da literatura brasileira, tendo sido finalista do Prêmio São Paulo de
Literatura em 2017. Com base no fragmento apresentado, é INCORRETO afirmar que:
Leia os textos a seguir.
Caiu da escada e foi para o andar de cima MYRTES, Adrienne. Sem título. In.: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004, p. 02. Uma vida inteira pela frente. O tiro veio por trás. MOSCOVICH, Cíntia. Sem título. In.: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004, p. 16 Não podendo eliminar o resto da humanidade, suicidou-se. MATTOSO, Glauco. O eutanazista. In.: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004, p. 02.Diz-se com frequência que a linguagem contemporânea é dinâmica, rápida. Com o uso constante de mídias digitais, principalmente por meio dos aparelhos celulares, nos comunicamos com maior frequência por meio de mensagens rápidas, curtas. Algumas redes sociais, como o Twitter, exploram essa característica e limitam o usuário a postagens de até 140 caracteres. Em 2004, o escritor Marcelino Freire desafiou ficcionistas e poetas a criarem histórias inéditas, fazendo uso de até cinquenta letras (sem contar título e pontuação). Com base nos três textos acima, retirados da obra intitulada Os cem menores contos brasileiros do século, é possível afirmar que, no que tange ao leitor, os microcontos exigem:
Considerando a norma culta da língua portuguesa, assinale a alternativa em que a concordância está correta:
Leia o texto a seguir.
Último poema
Agora deixa o livro volta os olhos para a janela a cidade a rua o chão o corpo mais próximo tuas próprias mãos: aí também se lêMARQUES, Ana Martins. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 29
Em O livro das semelhanças (2015), a poeta Ana Martins Marques aproxima-se de uma espécie
de estética do cotidiano, em poemas nos quais a sensibilidade pode ser objeto da poesia a partir
de relações estabelecidas com sensações ou objetos do senso comum. Em “Último poema”, o eu
lírico:
Leia o texto a seguir.
Delírio ao olhar pras Cagarras
Pupila, kajal tão verde Esmeralda, manchada de som Onda, dedilhar que afoga E desaba O meu temporalArrepio ao cantar das cigarras
Cabelo, silêncio da noite Negrume, cintura de raio Bicho, seu dançar me engole E desabotoa O meu ato fina Deslizo ao chorar das guitarras (E ao cantar das cigarras) Fumaça! Manchada de som Fumaça! Na pista a luz de cigarros Eu sou do tipo que também passa mal Com ciúmes do sabor da fumaça Que penetra sua boca Esse amor marginal[...]
NOPORN. Fumaça. In: NOPORN. Boca. São Paulo: Tratore Distribuidora dos Independentes, 2016. 1 CD. Faixa 3 (4’48”)
A canção “Fumaça”, do duo NoPorn, composto por Liana Padilha e Luca Lauri, emprega dois
recursos caros a duas poéticas da virada do século XIX para o século XX: primeiro, a
aproximação de elementos distantes, criando novas realidades, por vezes oníricas, como a
imagem de uma “pedra, com plumagem de ave”; segundo, a sinestesia, que promove o
cruzamento de sensações, perceptível em construções como “manchada de som” e “sabor da
fumaça”. O primeiro e o segundo recursos criativos expostos podem ser associados,
respectivamente, ao: