Questões de Vestibular ENCCEJA 2021 para Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação e Ciências Humanas - Ensino Médio
Foram encontradas 60 questões
Cartas dos leitores
Adoção (327/2004)
A grande família adotiva
Eu e meu marido somos um casal saudável, classe média, brancos e podemos gerar filhos. Há um ano entramos com o processo de adoção, que durou 26 dias, tempo recorde. Não exigimos recém-nascidos, brancos e não separávamos irmãos. Ganhamos duas joias raríssimas que mudaram completamente nossa vida. A Thalya, de 4 anos, e o Nathan, de 3, são irmãos, negros. Já os amávamos sem conhecê-los. Estamos juntos há um ano e a cada dia é uma surpresa e um aprendizado. Fisicamente não temos nada em comum; no restante, temos tudo um do outro. Gostaria de dizer que o sangue e a cor da pele são insignificantes. Sou mãe desde o primeiro olhar e são meus filhos desde o primeiro toque. Por fim, não fizemos favor algum para esses meninos maravilhosos. Foi exatamente o contrário: eles estão nos ensinando tudo, absolutamente tudo, e foram os dois que nos adotaram.
Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 29 out. 2019.
Essa é uma carta de leitor em resposta a uma reportagem intitulada “A grande família adotiva”, publicada em uma revista de grande circulação. A partir de um relato pessoal, essa carta funciona como um(a)
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a pagar mais do que as coisas valem. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996 (adaptado).
Nesse texto, em que a autora critica o estilo de vida imposto pela modernidade, um dos elementos responsáveis pela sua progressão é a
Palavras que ferem, palavras que salvam
“Posso ajudar?” Eis duas palavrinhas que
nos soam mais que familiares. Entra-se numa
loja e lá vem: “Posso ajudar?”
Ainda se fossem outras as palavrinhas — “Posso servi-lo? Precisa de alguma informação?” Não; o escolhido é o “posso ajudar”, traduzido direto do jargão dos atendentes americanos.
A má tradução das expressões comerciais americanas já cometeu uma devastação no idioma ao propagar o doentio surto de gerúndios (“Vou estar providenciando”, “Posso estar examinando”), que, do telemarketing, contaminou outros setores da linguagem corrente.
Veja, n. 1 225, mar. 2009.
O uso de determinadas formas linguísticas tem sido rejeitado por algumas pessoas, sem que apresentem motivos reais para essa discriminação. No texto, o autor assume essa postura ao A indicar as
Os emergentes querem dirigir
Dois mil e nove. A China assume pela primeira vez o posto de maior produtor mundial de veículos, à frente dos Estados Unidos e Japão. Um ano mais tarde, o Brasil passa a Alemanha e se torna o quarto maior mercado mundial de veículos. A crise financeira, que comprometeu o consumo nos países ricos, pode ter contribuído, mas não fez mais do que antecipar a realidade que deve imperar nas próximas décadas. Cada vez mais, as montadoras voltam seus olhos para o Oriente e para as economias em desenvolvimento. Eles serão os grandes produtores e consumidores de carros do século XXI.
FREITAS, G. Carta Capital, n. 614, set. 2010.
O fragmento de texto é parte de uma reportagem sobre a produção de automóveis no mundo. Considerando a linguagem utilizada e a funcionalidade desse gênero textual, percebe-se que, entre suas características básicas, está a utilização de
Emergência
Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
— para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.
QUINTANA, M. In: MORICONI, Í. (Org.). Os cem melhores poemas
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
O texto se articula a partir da expressão de sentimentos e sensações forjados pelo autor. Nele, ressalta-se visível preocupação com aspectos inerentes à linguagem, sua estrutura e seu ritmo. Esses elementos determinam no texto a predominância da função
TEXTO I
Opinião
Podem me prender
Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro eu não saio não
Daqui do morro eu não saio não.
ZÉ KETI. In: LEÃO, N. Opinião de Nara. Rio de Janeiro:
Phillips, 1964 (fragmento).
TEXTO II
Meu honrado marechal
dirigente da nação,
venho fazer-lhe um apelo:
não prenda Nara Leão.
[...]
Nara é pássaro, sabia?
E nem adianta prisão
para a voz que, pelos ares,
espalha sua canção.
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2003 (fragmento).
A letra da canção Opinião, interpretada por Nara Leão, e o poema de Drummond foram produzidos no período da Ditadura Militar no Brasil. Os dois textos afirmam que, mesmo que fosse presa, a cantora
Técnicas de atração
Com a internet, pedófilos criaram uma espécie de passo a passo para atrair crianças. As táticas mais comuns funcionam assim:
• Frequentam salas de bate-papo voltadas para o público infantil como se tivessem a idade do grupo, usando apelidos e o vocabulário abreviado das crianças.
• Conduzem a conversa de modo a levar a vítima para ambientes como o MSN, em que a comunicação deixa de ser pública e se torna particular.
• Pedem para ser adicionados a sites de relacionamento, como o Orkut, em que geralmente há fotos e informações pessoais da criança.
• Oferecem créditos para obter o número do celular da vítima. Pedem que seja um segredo entre eles.
• Oferecem jogos interativos com personagens de desenhos animados ou filmes, que gradativamente ganham conteúdo sexual. Em alguns, heróis de desenhos da TV aparecem em conteúdos sexuais com adultos e em cenas de abuso contra crianças.
• Passam a enviar fotos e filmes reais de crianças sendo abusadas sexualmente por adultos.
• Induzem a criança a mostrar o corpo através da webcam, argumentando que “todo mundo faz”. Oferecem presentes, passeios e até viagens para aumentar o grau de exposição.
• Para forçarem um encontro real com a vítima, ameaçam enviar as imagens capturadas aos pais ou divulgá-las na rede.
Veja, n. 28, 16 jul. 2008 (adaptado).
Os textos trazem, por vezes, objetivos implícitos. Quando isso ocorre, inferir tais objetivos
é essencial para compreender a mensagem que se deseja transmitir. Os tópicos descritos
como Técnicas de atração têm como finalidade
A ideia de Brasil como país monolíngue ainda é extremamente veiculada, seja pela escola, seja pelas instituições sociais, políticas ou religiosas, seja pela mídia. A aceitação de um Brasil monolíngue gera um grave problema, “pois na medida em que não se reconhecem os problemas de comunicação entre falantes de diferentes variedades da língua, nada se faz também para resolvê-los” (BORTONI-RICARDO, 1984, p. 9). Paradoxalmente, com tantas referências aos povos indígenas na imprensa devido à comemoração dos “500 anos do Brasil”, ainda nos esquecemos das línguas indígenas. Também não levamos em conta as variantes do português em contato com idiomas estrangeiros nas colônias de imigrantes. Por fim, não são consideradas todas as variantes linguísticas do português, sejam regionais ou sociais. Ainda dá status falar “corretamente”, na ideia ingênua de que a língua dita culta é uma ponte para a ascensão social. Quem não domina a variante padrão é marginalizado(a) e ridicularizado(a): na hora de preencher uma vaga profissional, num concurso vestibular, numa situação de conferência, na escola. Essa variante padrão, no entanto, é reservada a uma ínfima parte da população brasileira (a mesma que detém o poder econômico e político). Não é difícil perceber que o modo de falar “correto” é o dessa elite e que o modo “errado” é vinculado a grupos de desprestígio social. Conforme Marcos Bagno (1999), há no Brasil uma “mitologia” do preconceito linguístico, que prejudica toda a nossa educação e nossa formação como cidadãos para além de um termo teórico.
RODRIGUES, F. D. Disponível em: www.unicamp.br. Acesso em: 3 set. 2014 (adaptado).
O texto aborda reflexões referentes à ideia equivocada de monolinguismo e ao preconceito com os diversos falares. A exigência de que todos dominem a norma-padrão da língua como a única possibilidade de uso demonstra que o preconceito não é somente linguístico, mas pode ser ligado à
O jornalista deve “contar” os acontecimentos do cotidiano de uma maneira que toda a sociedade entenda, como se estivesse conversando com uma pessoa. É para ela que vai transmitir suas informações. Com essa ideia na cabeça, fica mais fácil escrever um texto que deve ser assimilado instantaneamente por milhões de espectadores.
PATERNOSTRO, V. Í. O texto na TV: manual de telejornalismo.
Rio de Janeiro: Campus, 2006 (adaptado).
Os meios de comunicação procuram formas específicas de se aproximar do seu público-alvo. De acordo com o texto, para cumprir esse objetivo, jornalistas de TV e rádio devem
Sistemas de informação e sociedade
A queda dos custos da tecnologia e a consequente disseminação da informática e das redes de comunicação são elementos básicos para permitir o acesso à informação a amplos setores da comunidade. O aumento do nível de conhecimento fortalece a participação e a produtividade das pessoas. Esta é a transformação essencial que estamos presenciando neste início de século.
OLIVEIRA, J. P. M. Ciência e Cultura, n. 2, abr. 2003 (adaptado).
De acordo com o texto, o acesso à informação promove a transformação da sociedade. O principal elemento para a participação das pessoas nas mudanças sociais é
MARTINS, F. Quem foi que inventou o Brasil? Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
Na primeira metade do século XX, a obra infantil apresentada na imagem manifestava o interesse de setores políticos brasileiros no debate sobre a
Os quilombolas permanecem na terra de seus antepassados e, por isso, o tempo não apagou sua memória histórica. Lá encontramos as formas tradicionais do uso da terra, seus costumes, manifestações culturais e religiosas. Acontece que em algumas regiões continua a haver ameaças de invasão, por fazendeiros, que se dizem “donos das terras”, mesmo após a garantia de posse aos quilombolas dada pela Constituição Brasileira de 1988.
BRASIL/SEDH. Direitos humanos para os quilombolas —
consciência e atitude. Brasília: Ibrap, [s.d.] (adaptado).
Os fazendeiros que atuam da maneira descrita no texto prejudicam a manutenção da identidade e memória histórica dos quilombolas, porque
Especialistas debatem influências do movimento estudantil atual. Para eles, o mais importante ato da sociedade brasileira contra a Ditadura Militar, que completou 50 anos, foi a chamada Passeata dos 100 mil, que ocorreu no Rio de Janeiro. Estudantes, políticos, intelectuais e trabalhadores enviaram sua mensagem ao governo militar. A manifestação foi pacífica, diferente de outras que aconteceram naquele ano de 1968. Para os professores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, os frutos da Passeata reverberam até hoje entre os jovens.
Disponível em: www.jornaldausp.com.br.
Acesso em: 14 set. 2019 (adaptado).
Na atualidade, o movimento descrito no texto foi importante para a construção da ideia de
O samba, ritmo musical criado pelos escravos africanos que chegavam à Bahia durante os séculos de colonização portuguesa e símbolo da tradição cultural brasileira, recentemente foi classificado como uma das mais modernas categorias de patrimônio histórico: a de “patrimônio imaterial”.
FIÚZA, B. O samba, patrimônio histórico imaterial.
Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 9 dez. 2012.
O samba foi considerado patrimônio histórico imaterial porque essa categoria de patrimônio permitiria incluir os(as)
TEXTO I
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a incomparável beleza dessa imensa luz.
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas” uma questão de fé?
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
A comparação entre o primeiro texto, publicado em 1641, e o segundo, em 2005, indica que, no cotidiano atual, as crenças religiosas
Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 30 ago. 2013.
Qual fato geográfico favorece a ocorrência mostrada na imagem?
A chamada Questão Palestina tem se constituído no mais persistente foco de tensão no Oriente Médio. Ela se refere à luta de dois povos, o judeu e o árabe-palestino, pela posse de uma área sobre a qual ambos julgam ter direitos históricos ou adquiridos. Por estar localizada numa espécie de encruzilhada entre as civilizações árabe-islâmica e ocidental, a região passou por vários domínios.
OLIC, N. B.; CANEPA, B. Oriente Médio e a Questão
Palestina.São Paulo: Moderna, 2003 (adaptado).
A motivação central do conflito entre esses dois povos, a partir do século XX, é a
Dia do Trabalho: por que se comemora o 1º de Maio?
Para conquistar um direito que hoje consideramos incontestável, a jornada trabalhista de oito horas por dia, foram precisos sangue, suor, lágrimas... e um punhado de mortos. Neste 1º de maio, é celebrado o Dia do Trabalho em quase todos os países do mundo. A data foi estabelecida durante o Congresso Operário Socialista, ocorrido em Paris, em 1889. A ideia era prestar homenagem aos Mártires de Chicago, um grupo de sindicalistas condenados nos Estados Unidos por sua participação em uma greve nacional que começou em 1º de maio de 1886. A Espanha foi o primeiro país da Europa a aprovar por decreto a jornada de oito horas, depois de uma greve. A França fez o mesmo dois meses depois.
Disponível em: https://brasil.elpais.com.
Acesso em: 11 set. 2019 (adaptado).
Na notícia, a criação do feriado foi resultado da seguinte estratégia dos trabalhadores:
Países do Mercosul decidem acabar com a cobrança de roaming
Os quatro países integrantes da organização (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) decidiram acabar com a cobrança de roaming telefônico, ou seja, o pagamento adicional pelo uso de dados e ligações no exterior. A medida, assinada pelos quatro presidentes na cúpula realizada em Santa Fé (Argentina), beneficiará 200 milhões de usuários a partir de 2020. Os custos do roaming não desaparecerão tão cedo. O acordo ainda terá que ser ratificado pelos parlamentos. Porta-vozes dos quatro países estimaram que a cobrança do roaming deveria desaparecer para os cidadãos do Mercosul em algum momento do ano que vem.
Disponível em: https://brasil.elpais.com.
Acesso em: 11 set. 2019 (adaptado).
A partir da notícia, uma razão para a demora no cumprimento imediato da decisão dos países do Mercosul é a necessidade de aprovação na escala
A Promotoria de Habitação e Urbanismo tem acompanhado os diversos movimentos de luta por moradia que atuam em São Paulo. Esses movimentos assumem um papel relevante na busca de implementação de políticas habitacionais. Eles dão voz a famílias vulneráveis que, caso contrário, não teriam condições de serem ouvidas, organizarem-se e buscarem alternativas ao enfrentamento de questões que não devem ficar restritas à esfera individual.
SILVEIRA, C. M. M. et al. Déficit habitacional e ocupações: desafios à sociedade e ao Ministério Público. Disponível em: www.folha.uol.com.br. Acesso em: 10 set. 2019 (adaptado).
O texto revela a importância desses movimentos para um