Questões de Vestibular PUC - RS 2023 para Vestibular - Medicina

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Q2092755 Português
O poema a seguir integra o livro Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927), de Oswald de Andrade (1890-1954). 
Meus oito anos
Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da Rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais
Eu tinha doces visões Da cocaína da infância Nos banhos de astro-rei Do quintal de minha ânsia A cidade progredia Em roda de minha casa Que os anos não trazem mais Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais
ANDRADE, Oswald de. Caderno de poesia do aluno Oswald (Poesias reunidas). São Paulo: Círculo do Livro, 1985. p. 158-159.
Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as afirmações a respeito do poema e de seu autor.
( ) O poema de Oswald de Andrade faz uma releitura, em tom de paródia, do poema homônimo de Casimiro de Abreu, poeta romântico. ( ) A agramaticalidade do verso “Sem nenhum laranjais” relaciona-se com o projeto modernista brasileiro, que considerava o coloquialismo e a fala popular, entre outros elementos, como contribuições importantes para a construção de uma língua e uma literatura genuinamente brasileiras. ( ) A oposição entre o “quintal de terra/ Da Rua de Santo Antônio” e a cidade que “progredia/ Em roda de minha casa” assinala o processo de migração do campo para a cidade, antecipando uma temática que será recorrente no Romance de 30.
O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Alternativas
Q2092756 Português
INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto a seguir, que consiste no trecho inicial do conto Conversa de bois, que integra o livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (1908-1967). 

  Que já houve um tempo em que eles conversavam, entre si e com os homens, é certo e indiscutível, pois que bem comprovado nos livros das fadas carochas. Mas, hoje-em-dia, agora, agorinha mesmo, aqui, aí, ali e em toda a parte, poderão os bichos falar e serem entendidos, por você, por mim, por todo o mundo, por qualquer um filho de Deus?!
    – Falam, sim senhor, falam!... – afirma o Manuel Timborna, das Porteirinhas, – filho do Timborna velho, pegador de passarinhos, e pai dessa infinidade de Timborninhas barrigudos, que arrastam calças compridas e simulam todos o mesmo tamanho, a mesma idade e o mesmo bom-parecer; – Manuel Timborna, que, em vez de caçar serviço para fazer, vive falando invenções só lá dele mesmo, coisas que as outras pessoas não sabem e nem querem escutar.
    – Pode ser que seja, Timborna. Isso não é de hoje: ... “Visa sub obscurum noctis pecudesque locutae. Infandum!...” Mas, e os bois? Os bois também?...
   – Ora, ora!... Esses é que são os mais!... Boi fala o tempo todo. Eu até posso contar um caso acontecido que se deu.
   – Só se eu tiver licença de recontar diferente, enfeitado e acrescentado ponto e pouco...
    – Feito! Eu acho que assim até fica mais merecido, que não seja.
   E começou o caso, na encruzilhada da Ibiúva, logo após a cava do Mata-Quatro, onde, com a palhada de milho e o algodoal do pompons frouxos, se truncam as derradeiras roças da Fazenda dos Caetanos e o mato de terra ruim começa dos dois lados; ali, uma irara rolava e rodopiava, acabando de tomar banho de sol e poeira – o primeiro dos quatro ou cinco que ela saracoteia cada manhã.

GUIMARÃES ROSA, João. Sagarana. Rio de Janeiro; São Paulo:
Record, 1984. p. 303-304.
No trecho apresentado, registra-se o encontro entre dois universos contrastantes: o ________, na figura ________, que representa um cenário ________; e o ________, na figura ________, que representa um cenário ________.
Alternativas
Q2092757 Português
INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto a seguir, que consiste no trecho inicial do conto Conversa de bois, que integra o livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (1908-1967). 

  Que já houve um tempo em que eles conversavam, entre si e com os homens, é certo e indiscutível, pois que bem comprovado nos livros das fadas carochas. Mas, hoje-em-dia, agora, agorinha mesmo, aqui, aí, ali e em toda a parte, poderão os bichos falar e serem entendidos, por você, por mim, por todo o mundo, por qualquer um filho de Deus?!
    – Falam, sim senhor, falam!... – afirma o Manuel Timborna, das Porteirinhas, – filho do Timborna velho, pegador de passarinhos, e pai dessa infinidade de Timborninhas barrigudos, que arrastam calças compridas e simulam todos o mesmo tamanho, a mesma idade e o mesmo bom-parecer; – Manuel Timborna, que, em vez de caçar serviço para fazer, vive falando invenções só lá dele mesmo, coisas que as outras pessoas não sabem e nem querem escutar.
    – Pode ser que seja, Timborna. Isso não é de hoje: ... “Visa sub obscurum noctis pecudesque locutae. Infandum!...” Mas, e os bois? Os bois também?...
   – Ora, ora!... Esses é que são os mais!... Boi fala o tempo todo. Eu até posso contar um caso acontecido que se deu.
   – Só se eu tiver licença de recontar diferente, enfeitado e acrescentado ponto e pouco...
    – Feito! Eu acho que assim até fica mais merecido, que não seja.
   E começou o caso, na encruzilhada da Ibiúva, logo após a cava do Mata-Quatro, onde, com a palhada de milho e o algodoal do pompons frouxos, se truncam as derradeiras roças da Fazenda dos Caetanos e o mato de terra ruim começa dos dois lados; ali, uma irara rolava e rodopiava, acabando de tomar banho de sol e poeira – o primeiro dos quatro ou cinco que ela saracoteia cada manhã.

GUIMARÃES ROSA, João. Sagarana. Rio de Janeiro; São Paulo:
Record, 1984. p. 303-304.
A respeito do trecho selecionado e da obra de Guimarães Rosa, assinale a alternativa correta:
Alternativas
Q2092758 Português
O texto a seguir consiste no trecho inicial do conto Além do ponto, que integra o livro Morangos Mofados (1982), de Caio Fernando Abreu (1948-1996).  
     Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia no meio da chuva, uma garrafa de conhaque e um maço de cigarros molhados no bolso. Teve uma hora que eu podia ter tomado um táxi, mas não era muito longe, e se eu tomasse o táxi não poderia comprar cigarros nem conhaque, e eu pensei com força que seria melhor chegar molhado, porque então beberíamos o conhaque, fazia frio, nem tanto frio, mais umidade que entrava pelo pano das roupas, pela sola fina dos sapatos, e fumaríamos beberíamos sem medidas, haveria discos, sempre aquelas vozes roucas, aquele sax gemido e o olho dele posto em cima de mim, ducha morna distendendo meus músculos. Mas chovia ainda, meus olhos ardiam de frio e o nariz começava a escorrer, eu limpava com as costas da mão e o líquido do nariz endurecia logo sobre os pelos, eu enfiava as mãos avermelhadas nos bolsos e ia indo, eu ia indo pulando as poças d’água com as pernas geladas.
ABREU, Caio Fernando. Morangos Mofados. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 34.
Sobre o trecho, assinale a alternativa correta:
Alternativas
Respostas
9: C
10: D
11: B
12: D