A respeito do trecho selecionado e da obra de Guimarães Ros...
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Ano: 2023
Banca:
PUC - RS
Órgão:
PUC - RS
Provas:
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PUC - RS - 2023 - PUC - RS - Vestibular - Medicina |
Q2092757
Português
Texto associado
INSTRUÇÃO: Responder à questão com
base no texto a seguir, que consiste no trecho inicial
do conto Conversa de bois, que integra o livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (1908-1967).
Que já houve um tempo em que eles conversavam,
entre si e com os homens, é certo e indiscutível, pois
que bem comprovado nos livros das fadas carochas.
Mas, hoje-em-dia, agora, agorinha mesmo, aqui, aí,
ali e em toda a parte, poderão os bichos falar e serem
entendidos, por você, por mim, por todo o mundo, por
qualquer um filho de Deus?!
– Falam, sim senhor, falam!... – afirma o Manuel Timborna, das Porteirinhas, – filho do Timborna velho, pegador de passarinhos, e pai dessa infinidade de Timborninhas barrigudos, que arrastam calças compridas e simulam todos o mesmo tamanho, a mesma idade e o mesmo bom-parecer; – Manuel Timborna, que, em vez de caçar serviço para fazer, vive falando invenções só lá dele mesmo, coisas que as outras pessoas não sabem e nem querem escutar.
– Falam, sim senhor, falam!... – afirma o Manuel Timborna, das Porteirinhas, – filho do Timborna velho, pegador de passarinhos, e pai dessa infinidade de Timborninhas barrigudos, que arrastam calças compridas e simulam todos o mesmo tamanho, a mesma idade e o mesmo bom-parecer; – Manuel Timborna, que, em vez de caçar serviço para fazer, vive falando invenções só lá dele mesmo, coisas que as outras pessoas não sabem e nem querem escutar.
– Pode ser que seja, Timborna. Isso não é de hoje:
... “Visa sub obscurum noctis pecudesque locutae. Infandum!...” Mas, e os bois? Os bois também?...
– Ora, ora!... Esses é que são os mais!... Boi fala o
tempo todo. Eu até posso contar um caso acontecido
que se deu.
– Só se eu tiver licença de recontar diferente, enfeitado e acrescentado ponto e pouco...
– Feito! Eu acho que assim até fica mais merecido,
que não seja.
E começou o caso, na encruzilhada da Ibiúva, logo
após a cava do Mata-Quatro, onde, com a palhada de
milho e o algodoal do pompons frouxos, se truncam as derradeiras roças da Fazenda dos Caetanos e o mato de
terra ruim começa dos dois lados; ali, uma irara rolava
e rodopiava, acabando de tomar banho de sol e poeira – o primeiro dos quatro ou cinco que ela saracoteia
cada manhã.
GUIMARÃES ROSA, João. Sagarana. Rio de Janeiro; São Paulo:
Record, 1984. p. 303-304.
A respeito do trecho selecionado e da obra de Guimarães
Rosa, assinale a alternativa correta: