Questões de Vestibular UEM 2010 para Vestibular - Primeiro Semestre - Prova 2- Inglês

O romance Senhora pertence ao Romantismo, período literário marcado pela rejeição às regras clássicas de criação textual. Os escritores românticos escreviam livremente, sem se preocupar com modelos preestabelecidos. A liberdade criadora explica o alto nível de experimentalismo estético nesse romance em relação ao foco narrativo e à linguagem. O foco narrativo muda constantemente da primeira para a terceira pessoa, a linearidade discursiva é rompida com comentários do narrador sobre o comportamento vingativo de Aurélia, os neologismos e a pontuação inovadora produzem imagens pictóricas que lembram o Expressionismo.

José de Alencar é um dos mais importantes escritores do período romântico. O autor escreveu vários romances cujas histórias se passam em diferentes regiões brasileiras, como as selvas, os pampas, os sertões, as cidades. Apesar da diversidade dos cenários, as narrativas atendem sempre a um propósito nacionalista que consiste em enfocar determinado cenário e seus costumes para valorização da cultura brasileira, segundo o espírito nacionalista romântico.

No romance Senhora, há temas que, mais tarde, seriam também abordados no período realista, como os conflitos no casamento e a subordinação da sociedade burguesa ao dinheiro. Contudo, o romance termina com Aurélia e Fernando rendidos à força do amor, o que mostra o enquadramento do texto aos preceitos românticos.

A composição do romance apresenta quatro partes que se referem a um acordo comercial (“O preço”, “Quitação”, “Posse”, “Resgate”). Tal procedimento narrativo demonstra a falência do casamento, antes entendido como a união de duas pessoas que se amam acima de interesses materiais. A obra põe em cena a astuta Aurélia, que vê, no casamento com o aristocrata Fernando, um “negócio” que lhe garantirá visibilidade social e consideração da elite. Para conseguir seus objetivos, Aurélia não hesita em manipular o avô rico.

O casamento de Aurélia e Fernando é marcado pela troca de ultrajes, insultos, ironias e pela violência física. Embora não se amem, não aceitam a separação porque a Igreja toma o casamento como um sacramento indissolúvel e ambos querem uma boa reputação perante a sociedade burguesa e perante os representantes da Igreja Católica.