Questões de Vestibular UPE 2016 para Vestibular - 1º Dia

Foram encontradas 42 questões

Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267808 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
Do ponto de vista temático, o Texto 1 se constrói tendo como foco a abordagem
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267809 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
O autor do Texto 1 traz vários argumentos para a defesa de seus pontos de vista. Assinale a alternativa que sintetiza CORRETAMENTE um desses argumentos.
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267810 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
No Texto 1, o autor emprega diferentes recursos para argumentar a favor de seus pontos de vista. Analise, nas proposições abaixo, a correspondência entre o recurso empregado e o efeito obtido.
I. Aspas – marca discordância e ironia, como em: “método” (2º parágrafo); “cuidar do indígena” e “benevolência” (4º parágrafo). II. Iniciar vários parágrafos com a mesma forma (“Advém daí...”) – indica persistência para convencer o leitor. III. Aportar vozes socialmente reconhecidas ao texto (Como as de Bosi e Castro, no 4º parágrafo) – aufere prestígio e autoridade ao discurso. IV. Seleção vocabular erudita (como em ‘truísmo’, no 1º parágrafo; e em ‘nietzschiana’, no 4º parágrafo) – delimita o público leitor a intelectuais e especialistas.
Estão CORRETAS, apenas:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267811 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
Quanto aos aspectos semânticos do vocabulário empregado no Texto 1, assinale a alternativa que identifica CORRETAMENTE o efeito de sentido obtido com o uso do termo destacado.
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267812 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
Acerca das relações lógico-discursivas que se identificam no Texto 1, assinale a alternativa CORRETA.
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267813 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
No que se refere a alguns aspectos formais presentes no Texto 1, analise as proposições a seguir.
I. No trecho: “(...) e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.” (2º parágrafo), a substituição da forma verbal ‘acalentava’ por ‘nutria’ acarretará a seguinte alteração na regência: ‘(...) e da sua ama de leite (a mãe preta), em cujo leite afro nutria seu filho branco.’. II. No trecho: “Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros.” (3º parágrafo), a forma verbal destacada está no plural em concordância com o predicativo plural ‘negros’. III. No trecho: “Ouvimos muitos comentários (...) de que o grande mal do Brasil é o ‘jeitinho brasileiro’, que é atrelado à corrupção.” (1º parágrafo), o sinal indicativo de crase é opcional, já que o verbo ‘atrelar’, no contexto em que se insere, pode também ser transitivo direto. IV. O segmento destacado no trecho: “Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país.” (6º parágrafo) exemplifica um caso de próclise; a forma enclítica correspondente é ‘fazem-no’.
Estão CORRETAS:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267814 Português
O Texto 2 dialoga com o leitor apresentando-se como um “cartaz”. Para aceitar essa identidade do gênero cartaz como verdadeira, o leitor deve considerar, principalmente:

Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267815 Português
Dentre os valores e/ou opiniões veiculados pelo Texto 2, encontra-se a defesa de que
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267816 Português
O início do século XX, compreendido entre 1902 a 1922, foi muito significativo para a fase de transição da literatura brasileira. As Vanguardas Europeias e a Semana de 1922 representaram mudanças importantíssimas no fazer artístico e literário, no Brasil. Acerca desse período, analise as proposições a seguir e assinale com V as Verdadeiras e com F as Falsas.
( ) O ano de 1902, marcado pela publicação de Os Sertões, de Euclides da Cunha, foi decisivo para a liberdade intelectual brasileira. Essa obra foi importante porque lançou, de um só golpe, a realidade brasileira até então disfarçada. Isso mantinha os escritores da época presos à visão europeia, em razão de sentimentos de inferioridade, motivados pelo status colonial vivenciado. ( ) O Futurismo, um dos movimentos de vanguarda, foi lançado por Marinetti. Tal movimento estético caracterizou-se mais por manifestos que por obras; assim, os futuristas exaltavam a vida moderna, cultuavam a máquina e a velocidade. ( ) Os romances de Lima Barreto têm muito de crônica, pois neles se encontram cenas do cotidiano, de jornal, sobre a vida burocrática, tudo numa linguagem fluente e sem muitas ambições. Isso pode ser percebido no seguinte trecho de sua obra Recordações do Escrivão Isaías Caminha: “Almocei, saí até à cidade próxima para fazer as minhas despedidas, jantei e, sempre, aquela visão doutoral que me não deixava”. ( ) Augusto dos Anjos é um poeta eloquente; assim, encontram-se, em sua obra, palavras do jargão científico e termos técnicos, que não podem ser ignorados, porque tais palavras fazem parte do contexto de produção do poeta. Pode-se conferir isso no seguinte trecho de seu poema A ideia: “Vem do encéfalo absconso que a constringe, / Chega em seguida às cordas do laringe, / Tísica, tênue, mínima, raquítica ...” ( ) A Semana de 22 ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. A ideia da Semana era a de destruir, escandalizar e, especialmente, criticar. Acerca dessa postura, Aníbal Machado diz a seguinte frase: “Não sabemos definir o que queremos, mas sabemos discernir o que não queremos”.
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
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Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267817 Português
Texto 3

Retrato de Novembro

I
Os trabalhadores protestam na rua,
Excelência.
Não me incomodam!
Como?!
Não vou sair para essas bandas!
Querem avistar-se com Vossa Excelência.
Não os conheço!
Já estão a fazer barulho.
Manda-os embora!
Não abalam.
Manda-os calar!

Não nos escutam, Excelência.
Bom, somos um país livre!
Mas a gritaria vai-nos incomodar.
Fecha as portas e as janelas!
Mesmo assim os ouviremos.
Tapa os ouvidos!
Também não resulta, Excelência.
Então, ignora-os!
Como?!
Finge que não existem!
Vai ser difícil, Excelência.
Mas não impossível!
II
E os massacres no Alentejo, Excelência?
Oh nada de extraordinário a assinalar
Senão os coveiros já teriam reclamado
Horas suplementares!

(Mário de Andrade)


Texto 4

Alerta

Lá vem o lança-chamas
Pega a garrafa de gasolina
Atira
Eles querem matar todo amor
Corromper o polo
Estancar a sede que eu tenho doutro ser
Vem de flanco, de lado
Por cima, por trás
Atira
Atira
Resiste
Defende
De pé
De pé
De pé
O futuro será de toda a humanidade
(Oswald de Andrade)
Acerca dos Textos 3 e 4, bem como dos seus autores e do contexto histórico e literário em que estão inscritos, analise as seguintes proposições.
I. O Texto 3 é um poema em que o autor se revela comprometido com as causas sociais de seu tempo, e em que um eu lírico questionador faz vir à tona imagens da indiferença de quem está no poder, subjugando o oprimido. II. Mário de Andrade foi o autor de Macunaíma, cujo protagonista é um “herói sem nenhum caráter”, uma espécie de mito grego, nascido na selva amazônica que vai até São Paulo, em busca de um valioso talismã. Sobre o nascimento desse mito, confira o seguinte trecho: “No fundo do matovirgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite”. III. O Texto 4 é um poema, cujo eu lírico é um revolucionário, em luta por sua liberdade. A sua causa, isto é, o seu ideal, é a humanidade. IV.Para Oswald de Andrade, no seu Manifesto da Poesia Pau-brasil, “a poesia existe nos fatos”. Isso faz entender que ele conseguiu reunir, na sua poesia e na sua prosa, elementos para um olhar crítico sobre a realidade brasileira.
Estão CORRETAS:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267818 Português
Texto 5

Mapa de anatomia: O Olho

O Olho é uma espécie de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas,
naufrágios e peixes de ouro.

Mas por dentro há outras pinturas,
que não se veem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.

O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.
(Cecília Meireles)

Texto 6

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
(Carlos Drummond de Andrade)

Texto 7

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo
de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de
me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer
coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e
em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria
terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos
desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do
passado.

Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em
outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu
desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da
noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da
névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do
teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos
silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque
poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do
céu, das aves, das estrelas. Serão a tua voz presente, a
tua voz ausente, a
tua voz serenizada.
(Vinícius de Moraes) 
Após a leitura dos poemas, analise as proposições a seguir.
I. O Texto 5 é um poema, cujo eu lírico trata das ausências, recorrendo aos sentidos, e fala de seus sentimentos, valendo-se da forma e da cor que as imagens poéticas sugerem. II. Os três poemas falam de ausência ou de saudade na mesma proporção, como também de relações amorosas frustradas. III. No Texto 6, o eu lírico questiona a ausência de quem partiu, sem sequer anunciar sua partida. Percebe-se que a morte foi o motivo da ausência da amizade sugerida pelas imagens poéticas. IV. Vinícius de Moraes é dono de um lirismo de caráter confidencial, com uma visão familiar do mundo; é um poeta singular. No Texto 7, percebe-se um eu lírico carregado de sentimentos de afeto por uma amada, entre o universo espiritual e físico.
Estão CORRETAS:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267819 Português
Texto 8

Meu pai

meu pai foi
ao Rio se tratar de
um câncer (que
o mataria) mas
perdeu os óculos
na viagem

quando lhe levei
os óculos novos
comprados na Ótica
Fluminense ele
examinou o estojo com
o nome da loja dobrou
a nota de compra guardou-a
no bolso e falou:
quero ver
agora qual é o
sacana que vai dizer
que eu nunca estive
no Rio de Janeiro

(Ferreira Gullar) 

Texto 9

O mapa

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

(Mário Quintana)

Texto 10

Impressionista

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

(Adélia Prado)




Considerando os Textos 8, 9, 10 e 11 bem como os autores e seus respectivos contextos históricos e literários, analise as proposições a seguir.
I. O Texto 8 apresenta um eu lírico ligado ao cotidiano, pois Ferreira Gullar, poeta também neoconcretista, tem como um de seus temas a realidade social. II. No Texto 9, encontra-se um eu lírico que tematiza o cotidiano, situações corriqueiras, com uma percepção aguda das coisas simples da vida; no entanto, há um certo pessimismo em relação à cidade que o faz evadir-se, criando, em sonho, outra cidade. III. Adélia Prado é dona de uma linguagem simples, e preocupada com uma temática feminina, ligada à família e à religiosidade. No Texto 10, percebe-se um eu lírico que se mostra incompatível com o clima da imagem da casa desejada, a ponto de não se sentir bem com a cor alaranjada de suas paredes. IV. Pignatari possui uma linguagem que valoriza os esquemas e diagramas, fazendo de seus versos um projeto de designer. No poema, há um texto duplo, uma fusão de imagens, cujos significados se revelam por essa duplicidade, como um espelho que projeta uma imagem invertida.
Estão CORRETAS:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267820 Matemática
No plano cartesiano, a reta s: 4x – 3y +12 = 0 intersecta o eixo das abscissas no ponto A e o eixo das ordenadas no ponto B. Nessas condições, qual é a distância entre os pontos A e B?
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267821 Matemática
Em qual das alternativas a seguir, o ponto P pertence à circunferência ẞ?
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267822 Matemática Financeira
Patrícia aplicou, num investimento bancário, determinado capital que, no regime de juro composto, durante um ano e seis meses, à taxa de 8% ao mês, gerou um juro de R$ 11 960,00. Qual é o capital aplicado por ela nesse investimento? Utilize (1,08)18 = 3,99.
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267823 Matemática
No triângulo SRT, representado a seguir, os lados RT e RS tem medidas iguais. Sabendo que o segmento RU mede 6 cm e o segmento ST mede 8√2 cm, a área do triângulo SRU é quantos por cento da área do triângulo SRT?
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Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267824 Matemática
Dois vasilhames A e B, representados ao lado, possuem a mesma capacidade e foram cheios por duas torneiras que mantiveram a mesma vazão de água no mesmo intervalo de tempo. Identifique qual dos gráficos melhor representa o momento em que os dois vasilhames estavam sendo cheios e atingiram a altura h.
Imagem associada para resolução da questão
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267825 Matemática
Rafael decidiu colocar cerâmicas com a forma de hexágonos regulares no piso da sala de seu escritório. Sabendo que a área do piso do escritório mede 25,5 m², que a cerâmica mede 10 cm de lado, desconsiderando a área ocupada pelos rejuntes, quantas pedras de cerâmica serão necessárias para cobrir todo o piso dessa sala?
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Considere √3=1,7
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267826 Raciocínio Lógico
Num sistema de engrenagens, cada uma tem seu raio, de forma que a engrenagem “A” tem raio com medida R; a “B” tem raio com medida igual à metade do raio da engrenagem “A”, e a “C” tem raio com medida igual a um quarto do raio da engrenagem “A”. Sendo a medida do raio de “A” igual a 4 cm, quantas voltas “A” dará, quando “C” percorrer o equivalente a 3600 cm?
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Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267827 Matemática
Analise as sentenças a seguir:
I. Se 23a = 729, o resultado de 2-a é igual a 1/3 II. O resultado da operação (1,25.10-4 – 1,16.10-7 ) é igual a 1,09.10-4 III. Se x2= 2512 ; y6 = 2512 ; w7 = 2563. O valor da expressão (x.y.w)12 é a igual a 25168
Com base nelas, é CORRETO afirmar que
Alternativas
Respostas
1: E
2: B
3: B
4: A
5: C
6: D
7: A
8: E
9: C
10: B
11: C
12: A
13: A
14: A
15: B
16: C
17: A
18: D
19: E
20: E