O pronome “te”, empregado no segundo verso da última estrof...
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Ano: 2016
Banca:
VUNESP
Órgão:
UNIFESP
Provas:
VUNESP - 2016 - UNIFESP - 1º dia - Prova de Língua Portuguesa, Língua Inglesa
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VUNESP - 2016 - UNIFESP - Vestibular - Português \ Inglês \ Redação |
Q1342606
Português
Texto associado
Para responder à, leia o poema
“Dissolução”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-
1987), que integra o livro Claro enigma, publicado originalmente em 1951.
Escurece, e não me seduz
tatear sequer uma lâmpada.
Pois que aprouve1
ao dia findar,
aceito a noite.
E com ela aceito que brote
uma ordem outra de seres
e coisas não figuradas.
Braços cruzados.
Vazio de quanto amávamos,
mais vasto é o céu. Povoações
surgem do vácuo.
Habito alguma?
E nem destaco minha pele
da confluente escuridão.
Um fim unânime concentra-se
e pousa no ar. Hesitando.
E aquele agressivo espírito
que o dia carreia2
consigo,
já não oprime. Assim a paz,
destroçada.
Vai durar mil anos, ou
extinguir-se na cor do galo?
Esta rosa é definitiva,
ainda que pobre.
Imaginação, falsa demente,
já te desprezo. E tu, palavra.
No mundo, perene trânsito,
calamo-nos.
E sem alma, corpo, és suave.
(Claro enigma, 2012.)
1 aprazer: causar ou sentir prazer; contentar(-se).
2 carrear: carregar.
O pronome “te”, empregado no segundo verso da última
estrofe, refere-se a