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Ano: 2016 Banca: Cepros Órgão: CESMAC Prova: Cepros - 2016 - CESMAC - Prova Medicina-2017.1- 1° DIA- PROVA TIPO 1 |
Q1331705 Português
TEXTO 2

A linguagem
A linguagem é um dos principais instrumentos na formação do mundo cultural porque nos permite transcender a nossa experiência palpável.
No momento em que damos nome a qualquer objeto da natureza, nós o individualizamos, o diferenciamos do resto que o cerca; ele passa a existir para a nossa consciência. Com esse simples ato de nomear, distanciamo-nos da inteligência concreta animal, limitada ao ‘aqui’ e ao ‘agora’, e entramos no mundo do simbólico. O nome é símbolo, é representação dos objetos que existem no mundo natural e das entidades abstratas, que só têm existência no mundo imaterial ou no mundo dos sentimentos (por exemplo, ações, estados ou qualidades, como saudade, tristeza, beleza, liberdade). O nome tem a capacidade de tornar presente para a nossa consciência o objeto que pode estar até mesmo longe de nós.
O nome, ou a palavra, retém na nossa memória, enquanto ideia aquilo que já não está ao alcance de nossos sentidos: o cheiro do mar, o perfume do jasmim numa noite de verão, o toque da mão da pessoa amada, o som da voz do pai, o rosto de um amigo querido.
O simples pronunciar de uma palavra representa, isto é, torna presente à nossa consciência o objeto a que ela se refere. Não precisamos mais da existência física das coisas para nos referirmos a elas: criamos, por meio da linguagem, um mundo (mais ou menos) estável de ideias que nos permite lembrar o que já foi e projetar o que será. Assim, é instaurada a temporalidade no existir humano. Pela linguagem, o ser humano deixa de reagir somente ao presente, ao imediato; passa a poder pensar o passado e o futuro e, com isso, a construir os seus projetos de vida.
Por transcender a situação concreta, o fluir contínuo da vida, o mundo criado pela linguagem se apresenta mais estável e sofre mudanças mais lentas do que o mundo natural. Pelas palavras, podemos transmitir o conhecimento acumulado por uma pessoa ou sociedade. Podemos passar adiante esta construção da espécie humana que se chama cultura.

(Maria Lúcia de A. Aranha; Maria Helena P. Martins. Filosofando. São Paulo: Editora Moderna, 2003, p.33. Adaptado). 
No trecho a seguir, o autor optou por usar um discurso na primeira pessoal do plural. “No momento em que damos nome a qualquer objeto da natureza, nós o individualizamos, o diferenciamos do resto que o cerca; ele passa a existir para a nossa consciência.” Com essa opção, o autor pretendeu:
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