Os ombros suportam o mundoChega um tempo em que não se diz m...
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Ano: 2015
Banca:
PUC - SP
Órgão:
PUC - SP
Prova:
PUC - SP - 2015 - PUC - SP - Vestibular - Segundo Semestre |
Q533813
Português
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, Mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo E ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios Provam apenas que a vida prossegue E nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo, Prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.
O poema acima integra a obra Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade. Considerando-o como um todo, NÃO é correto afirmar que é um poema
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, Mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo E ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios Provam apenas que a vida prossegue E nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo, Prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.
O poema acima integra a obra Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade. Considerando-o como um todo, NÃO é correto afirmar que é um poema