A partir da leitura do texto anterior, retirado do livro Ang...
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Q1265331
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Quando eu ainda não sabia nadar, meu pai me levava para ali, segurava-me um braço e atirava-me num lugar fundo. Puxava-me para cima e deixava-me respirar um instante. Em seguida repetia a tortura. Com o correr do tempo aprendi natação com os bichos e livrei-me disso.Mais tarde, na escola de mestre Antônio Justino, li a história de um pintor e de um cachorro que morria afogado. Pois para mim era no poço da Pedra que se dava o desastre. Sempre imaginei o pintor com a cara de Camilo Pereira da Silva, e o cachorro parecia-se comigo.
Se eu pudesse fazer o mesmo com Marina, afogá-la devagar, trazendo-a para a superfície quando ela estivesse perdendo o fôlego, prolongar o suplício um dia inteiro...
Debaixo da chuva, a mangueira do quintal está toda branca. O papagaio na cozinha bate as asas, sacudindo os salpicos que vêm da biqueira. Afago o pelo macio do meu gato mourisco, que dorme enroscado numa cadeira. As ideias ruins desaparecem. Marina desaparece.
Ponho-me a vagabundear em pensamento pela vila distante, entro na igreja, escuto os sermões e os desaforos que padre Inácio pregava aos matutos: – “Arreda, povo, raça de cachorro com porco.” Sento-me no paredão do açude, ouço a cantilena dos sapos. Vejo a figura sinistra de seu Evaristo enforcado e os homens que iam para a cadeia amarrados de cordas. Lembro-me de um fato, de outro fato anterior ou posterior ao primeiro, mas os dois vêm juntos. E os tipos que evoco não têm relevo. Tudo empastado, confuso. Em seguida os dois acontecimentos se distanciam e entre eles nascem outros acontecimentos que vão crescendo até me darem sofrível noção de realidade. As feições das pessoas ganham nitidez. De toda aquela vida havia no meu espírito vagos indícios. Saíram do entorpecimento recordações que a imaginação completou.
A escola era triste. Mas, durante as lições, em pé, de braços cruzados, escutando as emboanças de mestre Antônio Justino, eu via, no outro lado da rua, uma casa que tinha sempre a porta escancarada mostrando a sala, o corredor e o quintal cheio de roseiras. Moravam ali três mulheres velhas que pareciam formigas.
A partir da leitura do texto anterior, retirado do livro Angústia, de Graciliano Ramos, pode-se afirmar:
I. O primeiro parágrafo traz o transtorno emocional do narrador em sua relação com o pai. A brincadeira no poço não o ensinara a nadar, antes, era uma tortura. O narrador explica que aprendeu a nadar com os bichos. II. O narrador é um homem atormentado, de ideias agressivas, até mesmo homicidas, como se vê no segundo parágrafo, o que se justifica pelo tratamento recebido na infância. III. Ao observar e acarinhar seus bichos de estimação “as ideias ruins desaparecem. Marina desaparece”. Esse trecho comprova que Marina é a causa primeira de tudo o que atormenta Luís da Silva. IV. Apesar da relação difícil com o pai, as memórias da infância do narrador são afáveis: a vida farta na fazenda, os belos sermões do padre Inácio e as lições inesquecíveis do mestre Antônio Justino. V. A metáfora produzida com animais demonstra a inferioridade com que Luís percebe a si e aos outros.
I. O primeiro parágrafo traz o transtorno emocional do narrador em sua relação com o pai. A brincadeira no poço não o ensinara a nadar, antes, era uma tortura. O narrador explica que aprendeu a nadar com os bichos. II. O narrador é um homem atormentado, de ideias agressivas, até mesmo homicidas, como se vê no segundo parágrafo, o que se justifica pelo tratamento recebido na infância. III. Ao observar e acarinhar seus bichos de estimação “as ideias ruins desaparecem. Marina desaparece”. Esse trecho comprova que Marina é a causa primeira de tudo o que atormenta Luís da Silva. IV. Apesar da relação difícil com o pai, as memórias da infância do narrador são afáveis: a vida farta na fazenda, os belos sermões do padre Inácio e as lições inesquecíveis do mestre Antônio Justino. V. A metáfora produzida com animais demonstra a inferioridade com que Luís percebe a si e aos outros.