A respeito do processo de narração de Grande sertão: veredas...
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Q1353363
Literatura
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Leia os trechos da obra Grande sertão: veredas, publicada há 50 anos, do escritor mineiro
Guimarães Rosa – geração de 45 –
Eu ouvi aquilo demais. O pacto! Se diz – o senhor sabe. Bobéia. Ao que a pessoa vai, em meia-noite, a uma encruzilhada,
e chama fortemente o Cujo – e espera. Se sendo, há-de que vem um pé-de-vento, sem razão, e arre se comparece uma
porca com ninhada de pintos, se não for uma galinha puxando barrigada de leitões. Tudo errado, remedante, sem
completação... O senhor imaginalmente percebe? O crespo – a gente se retém – então dá um cheiro de breu queimado. E o
dito – o Coxo – toma espécie, se forma! Carece de se conservar coragem. Se assina o pacto. Se assina com o sangue de
pessoa. O pagar é alma. Muito mais depois. O senhor vê, superstição parva? Estornadas!... Provei. Introduzi. (p.45)
O demo, tive raiva dele? Pensei nele? Em vezes. O que era em mim valentia, não pensava; e o que pensava produzia era
dúvidas de me-enleios. Repensava, no esfriar do dia. A quando é o do sol entrar, que então até é o dia mesmo, por seu
remorso. Ou então, ainda melhor, no madrugal, logo no instante em que eu acordava e ainda não abria os olhos: eram só
os minutos, e, ali durante, em minha rede, eu preluzia tudo claro e explicado. Assim: – Tu vigia, Riobaldo, não deixa o
diabo te pôr sela... – isto eu divulgava. Aí eu queria fazer um projeto: como havia de escapulir dele, do Temba, que eu
tinha mal chamado. Ele rondava por me governar? (p.458)
(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.)
A respeito do processo de narração de Grande sertão: veredas, pode-se afirmar que Riobaldo, o narrador,