As metamorfoses experimentadas pelo herói no percurso da obr...
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Q2081772
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Leia o trecho do Cap. 1 para responder à questão.
Capítulo I
[...]
Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e Macunaíma principiou falando como
todos. E pediu pra mãe que largasse da mandioca ralando na cevadeira e levasse ele passear no mato.
A mãe não quis porque não podia largar da mandioca não. Macunaíma choramingou dia inteiro.
De-noite continuou chorando. No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo que a mãe
principiasse o trabalho. Então pediu pra ela que largasse de tecer o paneiro de guarumá-membeca e
levasse ele no mato passear. A mãe não quis porque não podia largar o paneiro não. E pediu pra nora,
companheira de Jiguê, que levasse o menino. A companheira de Jiguê era bem moça e chamava
Sofará. Foi se aproximando ressabiada porém desta vez Macunaíma ficou muito quieto sem botar
a mão na graça de ninguém. A moça carregou o piá nas costas e foi até o pé de aninga na beira do
rio. A água parara pra inventar um ponteio de gozo nas folhas do javari. O longe estava bonito com
muitos biguás e biguatingas avoando na estrada do furo. A moça botou Macunaíma na praia porém
ele principiou choramingando, que tinha muita formiga!... e pediu pra Sofará que o levasse até o
derrame do morro lá dentro do mato. A moça fez. Mas assim que deitou o curumim nas tiriricas, tajás
e trapoerabas da serrapilheira, ele botou corpo num átimo e ficou um príncipe lindo. Andaram por
lá muito.
[...]
Andrade, M. Macunaíma. São Paulo: Ótima, 2015.
As metamorfoses experimentadas pelo herói no percurso da obra concorrem para a solidez do epíteto
“herói sem nenhum caráter”. Além dessas transformações, Macunaíma apresenta, ao longo da narrativa,
indícios de sua falta de caráter, tal como se comprova no trecho: