Releia o trecho “Viver, sentir o presente como verdade [....

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Ano: 2011 Banca: PUC - GO Órgão: PUC-GO Prova: PUC - GO - 2011 - PUC-GO - Vestibular - Prova 1 |
Q1261782 Não definido
   Firme vontade de viver, de navegar na transparência da verdade, na criação do instante presente. Sentir a força dos segundos transformados em horas, meses, em eternidade histórica do ser. Viver, sentir o presente como verdade, como instante único e imponderável é recuperar na irrecuperabilidade do rio que passa, a força das águas, a memória que jamais deixa de ser ela mesma – é o recomeço dos tempos a cada minuto corporificado, vivido intensamente com sua energia, sem voltar-se lacrimosamente ao passado; sem projetar-se também para o futuro, esquecendo o agora. Sintonizar-se no presente, recuperar sua força, não deixá-lo esvair-se, escorrer em vãs suposições é marca original do homem que se faz e se reconhece historicamente nos passos da humanidade, no correr do rio, no vôo das aves; ouvir sua voz no ciciar dos ramos, na sinfonia do amanhecer primeiro: virginal manhã de sua criação e do recomeço do universo.
    [...]
   Traço letras, as histórias se embaralham nas páginas soltas, as personagens cruzam-se nos enredos diversos misturando seus papéis. Penélope e Páris. Helena e Ulisses. José, esposo de Maria, impulsivamente não quer representar o marido exemplar. Olhos, braços e devaneios deslocam-no para outros amores. A troca é nítida, as personagens esfumaçam-se na trama existencial. A vida não é tida como absolutamente irremediável. A leveza nos atos das trocas não altera o valor do câmbio. Na roda viva nem sempre o balé é sutil, há também marchas militares e nupciais. Há o desencontro harmonioso na dança da capoeira, os corpos não se tocam. Os parceiros se avaliam, espreitam-se e batem em retirada. O duelo corporal e verbal é abandonado. Dos corpos sensíveis e expressivos ficam ecos e imagens fugidias nas lembranças que se esvaem ao menor aceno do presente. O passado não possui consistência, não houve emoção no ato vivido, só a gratuidade do descompromisso, do non-sense tacitamente aceito por todos... 

(MARTINS, Maria Teresinha. Rapto de memória. 2. ed. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2010. p. 18 e 40.)
Releia o trecho “Viver, sentir o presente como verdade [...] esquecendo o agora.”, retirado do texto 02, e examine cada assertiva a seguir, a fim de verificar se a seleção de ideias e palavras traduz a relação correta entre forma e conteúdo do trecho destacado. Depois, marque a alternativa verdadeira: I  -  As orações “Viver, sentir o presente” foram elaboradas com o recurso sintático de justaposição, característica da coordenação. A falta do conectivo entre as orações obriga o leitor a construir a coerência textual, estabelecendo, mentalmente, as relações de sentido. II  -  O adjetivo “imponderável” foi utilizado como sinônimo de único, caracterizando a palavra “instante”. Dessa forma, criou-se um efeito de sentido ambíguo, ferindo a construção do texto. III  -  A passagem “é recuperar na irrecuperabilidade do rio” constitui um recurso avaliativo da autora, expressando seu sentimento desolador e desesperançoso. IV  -  As expressões “a força das águas” e “a memória” são complementos da forma verbal “recuperar”, que é um verbo transitivo. Os complementos distanciados produzem no leitor a sensação de que esses fatos representam elementos de uma sequência argumentativa em desenvolvimento.
Alternativas