“Vossa mercê” virou “vossemecê” que virou “vosmecê” que viro...
“Vossa mercê” virou “vossemecê” que virou “vosmecê” que virou “você” que virou “ocê” que virou “cê”. Caetano Veloso dedicou todo um álbum a essa redução brasileiríssima. Ao longo das faixas, ouvimos versos como “Mas cê foi mesmo rata demais” e “Vi cê me fazer crescer também”. Com duas letras, o pronome de segunda pessoa finalmente se igualou ao “tu” na brevidade. Assim também é a história do “cadê”, uma redução tipicamente brasileira da expressão interrogativa “que é de”, que poderia ser traduzida por “o que foi feito de” ou “onde está”. A princípio, o “e” e o “é” de “que é” se contraíram em “quede”; depois, por expressividade, a acentuação se deslocou para a sílaba final, em “quedê”; por fim, a primeira sílaba se abriu em “cadê”. Ainda considerado informal, o advérbio data do fim do século 19, e tem como principal vantagem a economia; diferente de “onde”, “cadê” dispensa o uso do verbo. É uma palavra só, de apenas quatro letras, que dá conta de todo o sentido do desaparecimento. A língua valoriza o mínimo esforço.
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/lexico/2019/09/01/tipicamente-brasileira-e-uma-das- primeiras-que-aprendemos.
Acesso em: 22 maio 2024 (fragmento).
De acordo com o texto, é correto afirmar que