Há quem desdenhe das imagens e das representações visuais. H...
Há quem desdenhe das imagens e das representações visuais. Há quem alegue que elas não passam de “ilustrações” que simplesmente decoram e alegram os ambientes, os jornais, as paredes das casas e dos museus – seriam inocentes. Da minha parte, sou dessas pessoas que vivem tomadas pela potência das imagens e pelo poder que elas têm de revelar e criar valores, ideias, concepções de mundo. Por isso, não raro, viram elas mesmas a própria realidade.
É esse o poder reflexivo das imagens e das obras visuais, pois ao reproduzir um contexto elas acabam, ao fim e ao cabo, por criá-lo. Transformam-se em parte constitutiva da imaginação. Muitas vezes lembramos, ou achamos que lembramos, de um evento a partir e por causa de uma imagem guardada num canto da memória.
É possível dizer que nossa imaginação histórica é feita a partir de imaginários alheios; das construções visuais feitas por outras pessoas com seus interesses, contextos e especificidades.
LILIA SCHWARCZ
Adaptado de nexojornal.com.br, 22/11/2021.
Uma imagem que exemplifica a capacidade de construção da imaginação histórica, conforme
enfatizado pela autora, é: