“Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, es...
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Ano: 2011
Banca:
UFAC
Órgão:
UFAC
Prova:
UFAC - 2011 - UFAC - Vestibular - PRIMEIRO DIA - CADERNO A |
Q1375643
Português
“Ficava no canto da maloca, trepado no jirau
de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e
principalmente os dois manos que tinha, Maanape já
velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento
dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas
si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava
pra ganhar vintém. E também espertava quando a
família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus.
[...] No mucambo si alguma cunhatã se aproximava
dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas
graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia
na cara. Porém respeitava os velhos, e freqüentava
com aplicação a murua a poracê o torê o bacorocô a
cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.
[...] Nas conversas das mulheres no pino do dia o
assunto eram sempre as peraltagens do herói. As
mulheres se riam muito simpatizadas, falando que
‘espinho que pinica, de pequeno já traz ponta’, e
numa pagelança Rei Nagô fez um discurso e avisou
que o herói era inteligente. Nem bem teve seis anos
deram água num chocalho pra ele e Macunaíma
principiou falando como todos. E pediu pra mãe que
largasse da mandioca ralando na cevadeira e levasse
ele passear no mato. A mãe não quis porque não podia largar da mandioca não. Macunaíma
choramingou dia inteiro. De noite continuou
chorando [...]. A mãe [...] pediu pra nora,
companheira de Jiguê que levasse o menino. A
companheira de Jiguê era bem moça e chamava
Sofará. Foi se aproximando ressabiada porém desta
vez Macunaíma ficou muito quieto sem botar a mão
na graça de ninguém. A moça carregou o piá nas
costas e foi até o pé de aninga na beira do rio. [...] A
moça botou Macunaíma na praia porém ele
principiou choramingando, que tinha muita
formiga!... e pediu pra Sofará que o levasse até o
derrame do morro lá dentro do mato, a moça fez.
Mas assim que deitou o curumim nas tiriricas, tajás
e trapoerabas da serrapilheira, ele botou corpo num
átimo e ficou um príncipe lindo. Andaram por lá
muito.”
ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 30. ed. Belo Horizonte: Villa Rica, 1997, p. 9-10. (Fragmento).
Considerando que o romance Macunaíma, de Mário de Andrade, tem por subtítulo “o herói sem nenhum caráter”, assinale a alternativa incorreta:
ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 30. ed. Belo Horizonte: Villa Rica, 1997, p. 9-10. (Fragmento).
Considerando que o romance Macunaíma, de Mário de Andrade, tem por subtítulo “o herói sem nenhum caráter”, assinale a alternativa incorreta: