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Ano: 2009
Banca:
UFCG
Órgão:
UFCG
Provas:
UFCG - 2009 - UFCG - Vestibular - Segunda Etapa - Dia 1 - Língua Inglesa
|
UFCG - 2009 - UFCG - Vestibular - Segunda Etapa - Dia 1 - Língua Espanhola |
Q1368855
Não definido
Texto associado
TEXTO II
ENTREVISTA: Gravidez na adolescência: a cada 18 minutos, uma menina de 10 a 14 anos dá à luz uma criança, no
Brasil
qua, 02/09/09
por Emily Sasson |
Entrevista concedida pela coordenadora da Casa do Adolescente, Dra. Albertina Duarte.
/.../
Com que idade os jovens de hoje dão início à vida sexual? Como comparar essa geração com a anterior, quer dizer,
como os pais desses jovens se comportavam sexualmente quando eram jovens?
As estatísticas mostram que a idade do início da atividade sexual ocorre entre 14 e 17 anos. Temos, porém, que a primeira
relação amorosa está acontecendo antes dos 14, isto é, o primeiro desejo, o primeiro encantamento. Hoje, ser BV - boca virgem -
aos 14 anos pode ser um fator de discriminação ou de insegurança entre os adolescentes. Em relação à atividade sexual, a
idade cronológica e o tempo de relacionamento são precoces. Desde os anos 90, as pesquisas apontam que o relacionamento
sexual faz parte do namoro, portanto houve uma mudança. A atividade sexual que antes se iniciava com profissionais do sexo,
hoje acontece com o namorado, amigos ou conhecidos, o que gera mais insegurança. Os pais de antigamente tinham relações
com profissionais do sexo, de forma clandestina, sem conhecimento dos pais, e o homem era aprovado na sua atuação sexual. A
mulher era mantida culturalmente virgem.
Se os jovens têm acesso à informação, por que ocorrem ainda tantos casos de gravidez? Eles dizem que usam
preservativo e engravidam mesmo assim… Isso é possível?
A informação não garante a mudança de comportamento. A insegurança dificulta a negociação com o parceiro para o uso do
preservativo. As pesquisas feitas junto com a OMS - Organização Mundial da Saúde - mostraram que a menina tem insegurança
e medo de não agradar o parceiro e o menino tem medo de falhar./.../Mais de 90% dos adolescentes conhecem os preservativos
e algum método anticoncepcional e 30% usam esses métodos nas primeiras relações sexuais. O uso do preservativo aumentou
entre os jovens, mas eles deixam de usá-lo conforme aumenta o tempo de relacionamento. Muito tempo pode ser dois meses.
Como prova de carinho ou de fidelidade, o adolescente pode deixar de usar o preservativo ou algumas vezes usar e outras não.
Em geral, como reagem os pais das adolescentes grávidas? Existe um trabalho também com a família na Casa do
Adolescente?
Apesar dos pais hoje “aceitarem”, isso não garante que sejam parceiros nessa gravidez. O trabalho que é feito na Casa do
Adolescente com a família é justamente discutir o processo de gravidez na adolescência, como será esse apoio, preparar os pais
para que eles não culpem e cobrem dos adolescentes, mas que ajudem nessa fase. É discutida a importância de voltar à escola,
de facilitar que os adolescentes tenham um grupo de amigos, possam fazer atividades, dividam as tarefas e não fiquem o tempo
todo sendo rotulados. Isto vai fazer com que a adolescente se sinta segura, possa exercer suas atividades de mãe, previna uma
segunda gravidez e possa se relacionar com ela e com o mundo numa perspectiva de um futuro feliz.
Na sua opinião, os problemas dos adolescentes são causados mais por fatores externos, como a sociedade e o meio, ou
mais por fatores pessoais e familiares?
A sociedade gera uma cultura de desafios para o adolescente em relação ao mundo adulto. Se a sociedade que impõe esses
desafios e riscos não gera uma rede de proteção, estímulos e perspectivas, os adolescentes se sentirão abandonados e as
famílias sozinhas não poderão enfrentar as situações de conflitos. Os adolescentes são vítimas e não culpados pelo mundo em
que vivem. Eles podem ter uma grande força de mudança. Para isso, é preciso gerar uma cultura de acolhimento e participação.
Se os adolescentes têm tendência grupal e gostam de viver em grupo, cabe à sociedade, ao país, estimular serviços, leis,
espaços que possam acolher, atender e promover a participação dos adolescentes. /.../
(http://especiais.fantastico.globo.com/ligadasmulheres/2009/09/02/gravidez-na-adolescencia)
O uso de aspas, em “aceitarem”, na terceira resposta,
reforça a ideia de