No exercício poético do eu-lírico (“Eu faço versos como que...

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Q1367088 Português

Leia atentamente o texto abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.


Desencanto


Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.


Meu verso é sangue. Volúpia ardente...

Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.


E nestes versos de angústia rouca

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.


Eu faço versos como quem morre.

(Teresópolis, 1912)


(BANDEIRA, Manuel. Melhores Poemas de Manuel Bandeira. Seleção de Francisco de Assis Barbosa. 16. ed. São Paulo: Global, 2004, p.17)


Vocabulário

volúpia: sensualidade

esparsa: espalhada; distribuída

acre: amargo; azedo

No exercício poético do eu-lírico (“Eu faço versos como quem chora / De desalento (...) Eu faço versos como quem morre.”), o poema passa a representar um desconsolo e um desabafo da dor existencial sentida.
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