Em 1961, o poeta António Gedeão publica o livro Máquina de ...
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Ano: 2019
Banca:
COMVEST - UNICAMP
Órgão:
UNICAMP
Prova:
COMVEST - UNICAMP - 2019 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos gerais |
Q1298104
Português
Em 1961, o poeta António Gedeão publica o livro Máquina
de Fogo. Um dos poemas é “Lágrima de Preta”. Musicado
por José Niza, foi gravado por Adriano Correia de Oliveira,
em 1970, e incluído no seu álbum “Cantaremos”. A canção
foi censurada pelo governo português.
Lágrima de preta Encontrei uma preta que estava a chorar, pedi-lhe uma lágrima para a analisar
Recolhi a lágrima com todo o cuidado num tubo de ensaio bem esterilizado.
Olhei-a de um lado, do outro e de frente: tinha um ar de gota muito transparente.
Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais.
Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio.
(António Gedeão, Máquina de fogo. Coimbra: Tipografia da Atlântida,1961, p. 187.)
Os versos anteriores articulam as linguagens literária e científica com questões de ordem ética e política. Considerando o contexto de produção e recepção de “Lágrima de Preta” (anos 1960 e 1970, em Portugal), o propósito artístico desse poema é
Lágrima de preta Encontrei uma preta que estava a chorar, pedi-lhe uma lágrima para a analisar
Recolhi a lágrima com todo o cuidado num tubo de ensaio bem esterilizado.
Olhei-a de um lado, do outro e de frente: tinha um ar de gota muito transparente.
Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais.
Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio.
(António Gedeão, Máquina de fogo. Coimbra: Tipografia da Atlântida,1961, p. 187.)
Os versos anteriores articulam as linguagens literária e científica com questões de ordem ética e política. Considerando o contexto de produção e recepção de “Lágrima de Preta” (anos 1960 e 1970, em Portugal), o propósito artístico desse poema é