A visão do eu-lírico no texto I 

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Ano: 2021 Banca: FUVEST Órgão: USP Prova: FUVEST - 2021 - USP - Vestibular - Edital 2022 |
Q1858867 Português

LEIA OS SEGUINTES TEXTOS DE MACHADO DE ASSIS PARA RESPONDER À QUESTÃO.


I.

        Suave mari magno*

Lembra-me que, em certo dia,

Na rua, ao sol de verão,

Envenenado morria

        Um pobre cão.


Arfava, espumava e ria,

De um riso espúrio e bufão,

Ventre e pernas sacudia

        Na convulsão.


Nenhum, nenhum curioso

Passava, sem se deter,

        Silencioso,


Junto ao cão que ia morrer,

Como se lhe desse gozo

        Ver padecer.

                                                Machado de Assis. Ocidentais


*Expressão latina, retirada de Lucrécio (Da natureza das coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari magno, turbantibus aequora ventis/ E terra magnum alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da terra os grandes esforços de um outro.”). 


II.

    Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.

Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.


III.

     Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido:

      – Que foi? perguntou ele.

      – Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?

                                     (...)

   – Sonhei que estavam matando você. Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele, ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma piedade gostosa, um sentimento particular, íntimo, profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela gritasse angustiada, convulsa, cheia de dor e de pavor.

Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.  

A visão do eu-lírico no texto I 
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