Eis a fábrica. Entrei de novo, sem licença. Eu andava a ...
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Ano: 2014
Banca:
UNEB
Órgão:
UNEB
Prova:
UNEB - 2014 - UNEB - Vestibular - Português/Inglês/Ciências |
Q1284504
Português
Eis a fábrica. Entrei de novo, sem licença. Eu andava a
esmo, pelo meio do salão de trabalho, tropeçando nos matos
rasteiros. Eu só queria repor as peças em seus lugares,
ligar as máquinas, aquecer o forno e despertar a chaminé. O
menino de novo me observava, talvez curioso ante minha
empreitada. Eu perscrutava-lhe uma pergunta que ele não
alcançou formular. Eu, também funcionário, em certo depois,
minha função era a última de todas. Enfim, eu agora a exercia.
Ouvi que a fábrica apitava e me senti arrepiar inteiro. Estava
findo esse turno de trabalho. Então eu fui saindo.
— Esta fábrica está morta.
O menino disse isso e retomou sua bicicleta. Deu uma
última olhada, foi-se a guiar para longe, fazendo girar o tempo
presente. Era já o cair da tarde; e dentro de mim o apito da
fábrica chorava. Eu via de novo a fumaça formando nuvens e
provava o cheiro morno dos biscoitos. Continuei caminhando,
sem olhar para trás, os matos já não me incomodavam. Era
hora, e eu ia saindo pelo mesmo portão aberto, por onde as
minhas lágrimas passavam.
FONSECA, Aleilton. O sabor das nuvens. O desterro dos mortos:
contos. 3. ed. Itabuna: Via Litterarum, 2012. p. 51.
No conto O sabor das nuvens, que faz parte da obra “O desterro dos mortos”, metaforiza-se a morte através da perda
No conto O sabor das nuvens, que faz parte da obra “O desterro dos mortos”, metaforiza-se a morte através da perda