Para desenvolver sua tese, a autora do Texto 6 se respalda n...
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Ano: 2021
Banca:
UPENET/IAUPE
Órgão:
UPE
Prova:
UPENET/IAUPE - 2021 - UPE - Vestibular - 3º Fase - 1º Dia |
Q1679715
Português
Texto associado
Com a vida em xeque diante da COVID-19, ser humano descobre a empatia e a solidariedade
como atos de preservação da espécie
Um olhar voltado para o cuidado e a atenção com o outro
"Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?" A indagação é
de Henry David Thoreau, historiador e filósofo americano, que morreu em 1862. No mundo
individualista do século 21, será que ainda há lugar para o ser humano praticar a empatia? Ser
solidário? Ter olhar para a cooperação social? Sim. Ainda bem. Caso contrário, a espécie estaria com
os dias contados. Não está. Ela sobrevive porque em toda parte há pessoas que espalham o antídoto
do amor e da generosidade ao ajudar quem precisa. E não só para quem está à margem da
sociedade.
Philia, termo tirado do tratado Ética a Nicômaco, de Aristóteles, pode ser traduzido como amizade,
amor e também empatia, ou seja, uma espécie de afeição e apreço por outra pessoa. O modo como o
filósofo aplicava o termo é uma inspiração para o tempo atual: ―Fazer o bem; fazer sem que seja
solicitado‖. Assim agem muitos brasileiros diante dos desafios provocados pela pandemia do novo
coronavírus. É um trabalho de formiguinha, incansável, com cada um fazendo um pouco, que somado
a outro pouco leva esperança e alento a muitas pessoas.
O filósofo australiano Roman Krznaric, fundador da The School of Life de Londres (badalada escola
inglesa que oferece cursos livres na área de Humanidades) e descrito pelo Observer com um dos mais
importantes pensadores britânicos dedicados ao estudo dos estilos de vida, acredita que a empatia
pode criar uma grande mudança social. Em seu livro Empathy – A handbook for revolution ("O poder
da empatia – A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo‖, Editora Zahar), ele
escreveu sobre o que chama de ―a tragédia da Era da Introspecção‖, com o intenso foco no eu.
Para o filósofo, é hora de tentar algo diferente. ―Há mais de 2 mil anos, Sócrates aconselhou que o
melhor caminho para viver bem e com sabedoria era o 'conhece-te a ti mesmo'‖. Pensam
convencionalmente que isso exige autorreflexão: que olhemos para dentro de nós e contemplemos
nossas almas. Mas podemos também passar a nos conhecer saindo de nós mesmos e aprendendo
sobre vidas e culturas diferentes das nossas. É hora de forjar a 'Era da Outrospecção', e a empatia é
nossa maior esperança para fazer isso.‖
Não que a empatia seja uma panaceia universal para todos os problemas do mundo, nem para todas
as lutas da vida, mas ela faz a diferença na vida do outro e na própria existência. São ações diversas,
inspiradoras e que podem despertar a mesma atitude em mais pessoas em dias tão difíceis. [...]
O mundo vive um sofrimento global, talvez sem precedentes na história. Diante de um inimigo comum,
todos são afetados. Logo, a única alternativa é enfrentá-lo juntos e com esperança de que tudo ―dará
certo‖, como tem sido o lema mundial. O momento é, portanto, de comunhão. A psicóloga clínica Maria
Clara Jost, pós-doutora em Psicologia, professora da Faculdade de Ciências Médicas e pós-graduada
em Filosofia, lembra que quanto mais a pessoa se fecha em um casulo menos descobre sobre si e
sobre os seus valores mais próprios, acabando por intensificar sofrimentos já existentes, tendendo ao
adoecimento em diversas esferas do ser.
Por outro lado, ressalta Maria Clara, se somos constituídos na relação que estabelecemos com os
outros, desde o útero, então, quanto mais nos posicionarmos no sentido de abertura ao mundo, ao
outro e à coletividade, em um movimento autotranscendente, maior a possibilidade de encontrar quem,
muitas vezes, estava escondido num turbilhão de afazeres, por vezes sem sentido: nós mesmos.
Lilian Monteiro. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2020/04/26/interna_bem_viver,1141208/com-avida-em-xeque-diante-da-covid-19-ser-humano-descobre-a-empatia.shtml Acesso em: 30/06/2020. (Adaptado)
Para desenvolver sua tese, a autora do Texto 6 se respalda no pensamento de alguns filósofos.
Em relação a Roman Krznaric, por exemplo, a autora demonstra sua adesão à seguinte ideia: