José Salgado Santos, que assina os seus versos como Salgado...
1) Das estrias que a mão
esculpe
só o que brilha
sobrevive.
Nômade a manhã
despe o sol
à flor
da carne,
múltipla,
à vertigem da linguagem.
2) Nem o acre sabor das uvas
nos aplaca. Nem a chuva
nos olhos incendiados
devolve o que é vivido.
3) E no entanto lume
no verbo encarnado
sob a cesura que se esgarça
ao indefinível.
E no entanto é nome,
persona,
hologramas no vácuo
que são sem o Ser.
4) A mulher do fim do mundo
Dá de comer às roseiras,
Dá de comer às estátuas,
Dá de comer aos poetas.
5) Se diz a palo seco
O cante sem guitarra;
O cante sem; o cante;
O cante em mais nada
São do poeta maranhense os excertos: