Questões de Vestibular Para unespar
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Soneto “Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!...já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece... Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive!”
(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos Vinte Anos (1853), São Paulo: Martin Claret, 1999. p. 187)
“Escrever: fingir que não está acontecendo nada, e escrever. Refugiado nesse silêncio, ele voltava à literatura, à maneira de antigamente. Uma roda de amigos- o retorno a tribo- e ele lê em voz alta o capítulo quatro do Ensaio da Paixão, que continua a escrever para esquecer o resto. Ler em voz alta: um ritual que jamais repetiu na vida. Naquele momento, ouvir a própria voz e rir de seus próprios achados, com a plateia exata, é um bálsamo. E ele escreve de outras coisas, não de seu filho ou de sua vida- em nenhum momento, ao longo de mais de vinte anos, a síndrome de Down entrará em seu texto. Esse é um problema seu, ele repete, não dos outros, e você terá que resolvê-lo sozinho.” (TEZZA, Cristovão. Rio de Janeiro: Record, 2009. p.63)