Questões do Enem Sobre variação linguística em português

Foram encontradas 43 questões

Q3160583 Português

Dois países, três cidades, uma só comunidade 


     Cidades separadas por fronteira seca reúnem paranaenses, catarinenses e argentinos em uma integração. Essa irmandade entre os municípios é perceptível não apenas pela relação geográfica. Nas ruas ou no comércio, é fácil encontrar quem trabalhe em uma cidade e viva na outra. É comum perceber um sotaque quase indefinido, misturando português e espanhol, resultado da convivência entre brasileiros e argentinos. Palavras como camiáu (caminhão) não são encontradas nem no espanhol nem no português vernáculos, apenas no portunhol. Tal situação, de contato linguístico, é muito comum nas fronteiras de países ou até mesmo dentro de um país em que duas línguas coexistem, em regiões próximas a países fronteiriços ou em comunidades bilíngues. 


Disponível em: www.gazetadopovo.com.br.

Acesso em: 12 dez. 2023 (adaptado).



De acordo com esse texto, a palavra “camiáu” é um exemplo de fenômeno que revela a



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Q3160559 Português
Cotidiano

[...]

Seis da tarde como era de se esperar Ela pega e me espera no portão Diz que está muito louca pra beijar E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar Meia-noite ela jura eterno amor E me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã

CHICO BUARQUE. Construção. São Paulo: Phonogram / Philips, 1971 (fragmento).



Nessa letra de canção, que retrata o cotidiano de um casal, há marca de uso coloquial da língua portuguesa em
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Q3159757 Português
Falar errado é uma arte, Arnesto!
          No dia 6 de agosto de 1910, Emma Riccini Rubinato pariu um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome de João Rubinato. Na escola, João não passou do terceiro ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez o que apareceu. Foi ser garçom, metalúrgico, até virar radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e compositor. De samba.
    Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome, mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone da música brasileira, o mais paulista de todos, falando errado e irritando Vinicius de Moraes, que ficou de bico fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para a letra Bom dia, tristeza, de autoria do Poetinha. Coisa de arrepiar.
      Para toda essa gente que implicava, Adoniran tinha uma resposta neoerudita: “Gosto de samba e não foi fácil, pra mim, ser aceito como compositor, porque ninguém queria nada com as minhas letras que falavam ‘nóis vai’, ‘nóis fumo’, ‘nóis fizemo’, ‘nóis peguemo’. Acontece que é preciso saber falar errado. Falar errado é uma arte, senão vira deboche”.
      Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado era uma arte. A sua arte. Escolhida a dedo porque casava com seu tipo. O Samba do Arnesto é um monumento à fala errada, assim como Tiro ao Álvaro. O erudito podia resmungar, mas o povo se identificava.

PEREIRA, E. Disponível em: www.tribunapr.com.br. Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).


O “falar errado” a que o texto se refere constitui um preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa fazia da língua em suas composições, pois esse uso
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Q3159732 Português
Maranhenses que moram longe matam a saudade da terra natal usando expressões próprias do estado. Se o maranhês impressiona e desperta a curiosidade de quem mora no próprio Maranhão, imagine de quem vem de outros estados e países? A variedade linguística local é enorme e o modo de falar tão próprio e característico dos maranhenses vem conquistando muita gente e inspirando títulos e muito conteúdo digital com a criação de podcasts, blogs, perfis na internet, além de estampar diversos tipos de produtos e serviços de empresas locais.
Com saudades do Maranhão, morando há 16 anos no Rio de Janeiro, um fotógrafo maranhense criou um perfil na internet no qual compartilha a culinária, brincadeiras e o ‘dicionário’ maranhês. “A primeira vez que fui a uma padaria no Rio, na inocência, pedi 3 reais de ‘pães misturados’. Quando falei isso, as pessoas pararam e me olharam de uma forma bem engraçada, aí já fiquei ‘encabulado, ó’ e o atendente sorriu e explicou que lá não existia pão misturado e, sim, pão francês e suíço. Depois foi a minha vez de explicar sobre os pães ‘massa grossa e massa fina’”, contou o fotógrafo, com humor.

Disponível em: https://oimparcial.com.br. Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado).

A vivência relatada no texto evidencia que as variedades linguísticas
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Q3159730 Português
A Língua da Tabatinga, falada na cidade de Bom Despacho, Minas Gerais, foi por muito tempo estigmatizada devido à sua origem e à própria classe social de seus falantes, pois, segundo uma pesquisadora, era falada por “meninos pobres vindos da Tabatinga ou de Cruz de Monte — ruas da periferia da cidade cujos habitantes sempre foram tidos por marginais”. Conhecida por antigos como a “língua dos engraxates”, pois muitos trabalhadores desse ofício conversavam nessa língua enquanto lustravam sapatos na praça da matriz, a Língua da Tabatinga era utilizada por negros escravizados como uma espécie de “língua secreta”, um código para trocarem informações de como conseguir alimentos, ou para planejar fugas de seus senhores sem risco de serem descobertos por eles.
De acordo com um documento do Iphan (2011), os falantes da língua apresentam uma forte consciência de sua relação com a descendência africana e da importância de preservar a “fala que os identifica na região”. Essa mudança de compreensão tangencia aspectos de pertencimento, pois, à medida que o falante da Língua da Tabatinga se identifica com a origem afro-brasileira, ele passa a ver essa língua como um legado recebido e tem o cuidado de transmiti-la para outras gerações. A concentração de falantes dessa língua está na faixa entre 21 e 60 anos de idade.

Disponível em: www.historiaeparcerias2019.rj.anpuh.org. Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).

A Língua da Tabatinga tem sido preservada porque o(a)
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Q3159729 Português
    Evanildo Bechara prepara a sua aposentadoria de pouco em pouco, como se a adiasse ao máximo. Aos 95 anos, o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) alcançou um status de astro pop no mundo da filologia e da gramática. Quando ainda tinha saúde para viagens mais longas, o filólogo lotava plateias em suas palestras na Europa e no Brasil, que não raro terminavam com filas para selfies.
     A idade acentuou o lado “cientista” e professoral de Bechara, que adota um tom técnico na conversa até mesmo diante das perguntas mais pessoais. — “Qual o seu tipo preferido de leitura?”. — “A minha leitura está dividida em duas partes, a científica e a literária, estabelecendo uma relação de causa e efeito entre elas.” — responde.
  Ainda adolescente, Bechara descobriu a lexicologia. Um “novo mundo” se abriu para o pernambucano, que se mantém atento às metamorfoses do nosso idioma. Seu colega de ABL, o filólogo Ricardo Cavaliere, se lembra de quando deu carona para o mestre e este encucou com os estrangeirismos do aplicativo de navegação instalado no veículo. — “A vozinha do aplicativo avisou que havia um radar de velocidade ‘reportado’ à frente”, lembra Cavaliere. — “Esse ‘reportado’ é uma importação, né?”, notou Bechara.
Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 3 jan. 2024 (adaptado).

Nesse texto, as falas atribuídas a Evanildo Bechara são representativas da variedade linguística 
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Q3159724 Português
Expressões e termos utilizados no Amazonas são retratados em livro e em camisetas


“Na linguagem, podemos nos ver da forma mais verdadeira: nossas crenças, nossos valores, nosso lugar no mundo”, afirmou o doutor em linguística e professor da Ufam em seu livro Amazonês: expressões e termos usados no Amazonas. Portanto, o amazonense, com todas as suas “cunhantãs” e “curumins”, acaba por encontrar um lugar no mundo e formar uma unidade linguística, informalmente denominada de português “caboco”, que muito se diferencia do português “mineiro”, “gaúcho”, “carioca” e de tantos outros espalhados pelo Brasil. O livro, que conta com cerca de 1100 expressões e termos típicos do falar amazonense, levou dez anos para ser construído. Para o autor, o principal objetivo da obra é registrar a linguagem.
Um designer amazonense também acha o amazonês “xibata”, tanto é que criou uma série de camisetas estampadas com o nome de Caboquês Ilustrado, que mistura o bom humor com as expressões típicas da região. A coleção conta com sete modelos já lançados, entre eles: Leseira Baré, Xibata no Balde e Até o Tucupi, e 43 ainda na fila de espera. Para o criador, as camisas têm como objetivo “resgatar o orgulho do povo manauara, do povo do Norte”.
Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).

A reportagem apresenta duas iniciativas: o livro Amazonês e as camisetas do Caboquês Ilustrado. Com temática em comum, essas iniciativas
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Q3159722 Inglês
   I remember being caught speaking Spanish at recess [...] I remember being sent to the corner of the classroom for “talking back” to the Anglo teacher when all I was trying to do was tell her how to pronounce my name. “If you want to be American, speak ‘American’. If you don’t like it, go back to Mexico where you belong”.
   “I want you to speak English […]”, my mother would say, mortified that I spoke English like a Mexican. At Pan American University, I and all Chicano students were required to take two speech classes. Their purpose: to get rid of our accents.
ANZALDÚA, G. Borderlands/La Frontera: The New Mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1987.

O problema abordado nesse texto sobre imigrantes residentes nos Estados Unidos diz respeito aos prejuízos gerados pelo(a) 
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Q2546411 Português
Proclamação do amor antigramática

“Dá-me um beijo”, ela me disse, E eu nunca mais voltei lá. Quem fala “dá-me” não ama, Quem ama fala “me dá” “Dá-me um beijo” é que é correto, É linguagem de doutor, Mas “me dá” tem mais afeto, Beijo me-dado é melhor. A gramática foi feita Por um velho professor, Por isso é tão má receita Pra dizer coisas de amor. O mestre pune com zero Quem não diz “amo-te”. Aposto Que em casa ele é mais sincero E diz pra mulher: “te gosto” Delírio dos olhos meus, Estás ficando antipática. Pelo diabo ou por deus Manda às favas a gramática. Fala, meu cheiro de rosa, Do jeito que estou pedindo: “Hoje estou menas formosa, Com licença, vou se indo”. Comete miles de erros, Mistura tu com você, E eu proclamarei aos berros: “Vós és o meu bem querer”.

LAGO, M. Disponível em: www.mariolago.com.br. Acesso em: 30 out. 2021.


Nesse poema, o eu lírico defende o uso de algumas estruturas consideradas inadequadas na norma-padrão da língua. Esse uso, exemplificado por “me dá” e “te gosto”, é legitimado
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Q2546404 Português

Imagem associada para resolução da questão



Disponível em: https://twitter.com/emicida. Acesso em: 23 out. 2021.



Nessa postagem dirigida aos seus seguidores de rede social, o autor utiliza uma linguagem

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Q1863076 Português

Gírias das redes sociais caem na boca do povo

Nem adianta fazer a egípcia! Entendeu? Veja o glossário

com as principais expressões da internet


            Lacrou, biscoiteiro, crush. Quem nunca se deparou com ao menos uma dessas palavras não passa muito tempo nas redes sociais. Do dia para a noite, palavras e frases começaram a definir sentimentos e acontecimentos, e o sucesso desse tour foi parar no vocabulário de muita gente. O dialeto já não se restringe só à web. O contato constante com palavras do ambiente on-line acaba rompendo a barreira entre o mundo virtual e o mundo real. Quando menos se espera, começamos a repetir, em conversas do dia a dia, o que aprendemos na internet. A partir daí, juntamos palavras já conhecidas do nosso idioma às novas expressões.


Glossário de expressões

Biscoiteiro: alguém que faz de tudo para ter atenção o tempo inteiro, para ter curtidas.

Chamar no probleminha: conversar no privado.

Crush: alguém que desperta interesse.

Divou: estar muito produzida, sair bem em uma foto, assim como uma diva.

Fazer a egípcia: ignorar algo.

Lacrou/sambou: ganhar uma discussão com bons argumentos a ponto de não haver possibilidade de resposta.

Stalkear : investigar sobre a vida de alguém nas redes sociais.


Disponível em: https://odia.ig.com.br. Acesso em: 19 jun. 2019 (adaptado).



Embora migrando do ambiente on-line para o vocabulário das pessoas fora da rede, essas expressões não são consideradas como características do uso padrão da língua porque

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Q1853351 Português
Falso moralista

Você condena o que a moçada anda fazendo
e não aceita o teatro de revista
arte moderna pra você não vale nada
e até vedete você diz não ser artista

Você se julga um tanto bom e até perfeito
Por qualquer coisa deita logo falação
Mas eu conheço bem o seu defeito
e não vou fazer segredo não

Você é visto toda sexta no Joá
e não é só no Carnaval que vai pros bailes se acabar
Fim de semana você deixa a companheira
e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira

Segunda-feira chega na repartição
pede dispensa para ir ao oculista
e vai curar sua ressaca simplesmente
Você não passa de um falso moralista

NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista. São Paulo: Eldorado, 1979.
As letras de samba normalmente se caracterizam por apresentarem marcas informais do uso da língua. Nessa letra de Nelson Sargento, são exemplos dessas marcas
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Q1853154 Português
    Os linguistas têm notado a expansão do tratamento informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor, mas meus alunos mais jovens me tratam por você", diz o professor Ataliba Castilho, aparentemente sem se incomodar com a informalidade, inconcebível em seus tempos de estudante. O você, porém, não reinará sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line de uma instituição universitária, quase todas de poetas, políticos e outras personalidades do final do século XIX e início do XX.
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: 21 abr. 2015 (adaptado).
No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram ao longo do tempo e que atualmente têm empregos diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que
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Q1853145 Português
Imagem associada para resolução da questão HENFIL.Disponível em: https:medium.com. Acesso em: 29 out.2018(adaptado).

Nessa tirinha, produzida na década de 1970, os recursos verbais e não verbais sinalizam a finalidade de
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Q1689034 Português

Imagem associada para resolução da questão

O Globo, 12 fev. 2012 (adaptado).


Considerando-se os contextos de uso de “Todas chora”, essa expressão é um exemplo de variante linguística

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Q1677461 Português

Caso pluvioso

A chuva me irritava. Até que um dia

descobri que maria é que chovia.


A chuva era maria. E cada pingo

de maria ensopava o meu domingo.


E meus ossos molhando, me deixava

como terra que a chuva lavra e lava.


E eu era todo barro, sem verdura...

maria, chuvosíssima criatura!


Ela chovia em mim, em cada gesto,

pensamento, desejo, sono, e o resto.


Era chuva fininha e chuva grossa,

Matinal e noturna, ativa... Nossa!


ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952 (fragmento).


Considerando-se a exploração das palavras “maria” e “chuvosíssima” no poema, conclui-se que tal recurso expressivo é um(a)

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Q1669915 Português
    Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso pais, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma — usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.  BARRETO. L Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em www.dominiopúblico.gov.br   Acesso em 26 jun. 2012
Nessa petição da pitoresca personagem do romance de Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela
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Q1669896 Português

Imagem associada para resolução da questão


A frase, titulo do filme, reproduz uma variedade linguística recorrente na fala de muitos brasileiros.

Essa estrutura caracteriza-se pelo(a)

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Q1274830 Português
Prezada senhorita,    Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo útil para os deveres conjugais.    Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar.    Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador,     Sabugosa de Castro
CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu Bergatim não atravessou o Rubicon. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.
A exploração da variação linguística é um elemento que pode provocar situações cômicas. Nesse texto, o tom de humor decorre da incompatibilidade entre
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Q876323 Português

Pela primeira vez na vida teve pena de haver tantos assuntos no mundo que não compreendia e esmoreceu. Mas uma mosca fez um ângulo reto no ar, depois outro, além disso, os seis anos são uma idade de muitas coisas pela primeira vez, mais do que uma por dia e, por isso, logo depois, arribou. Os assuntos que não compreendia eram uma espécie de tontura, mas o Ilídio era forte.

Se calhar estava a falar de tratar da cabra: nunca esqueças de tratar da cabra. O Ilídio não gostava que a mãe o mandasse tratar da cabra. Se estava ocupado a contar uma história a um guarda-chuva, não queria ser interrompido. Às vezes, a mãe escolhia os piores momentos para chamá-lo, ele podia estar a contemplar um segredo, por isso, assustava-se e, depois, irritava-se. Às vezes, fazia birras no meio da rua. A mãe envergonhava-se e, mais tarde, em casa, dizia que as pessoas da vila nunca tinham visto um menino tão velhaco. O Ilídio ficava enxofrado, mas lembrava-se dos homens que lhe chamavam reguila, diziam ah, reguila de má raça. Com essa memória, recuperava o orgulho. Era reguila, não era velhaco. Essa certeza dava-lhe forças para protestar mais, para gritar até, se lhe apetecesse.

PEIXOTO, J. L. Livro. São Paulo: Cia. das Letras, 2012.


No texto, observa-se o uso característico do português de Portugal, marcadamente diferente do uso do português do Brasil. O trecho que confirma essa afirmação é:

Alternativas
Respostas
1: D
2: A
3: E
4: C
5: D
6: E
7: E
8: A
9: A
10: D
11: B
12: A
13: B
14: C
15: B
16: C
17: A
18: E
19: B
20: D