A volta do marido pródigo
— Bom dia, seu Marrinha! Como passou de ontem?
— Bem. Já sabe, não é? Só ganha meio dia. […]
Lá além, Generoso cotuca Tercino:
— […] Vai em festa, dorme que-horas, e, quando
chega, ainda é todo enfeitado e salamistrão!…
— Que é que hei de fazer, seu Marrinha… Amanheci
com uma nevralgia… Fiquei com cisma de apanhar
friagem…
— Hum…
— Mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço
e ainda faço este povo trabalhar…
[…]
Pintão suou para desprender um pedrouço, e teve de
pular para trás, para que a laje lhe não esmagasse um
pé. Pragueja:
— Quem não tem brio engorda!
— É… Esse sujeito só é isso, e mais isso… — opina
Sidu.
— Também, tudo p’ra ele sai bom, e no fim dá certo…
— diz Correia, suspirando e retomando o enxadão. —
“P’ra uns, as vacas morrem … p’ra outros até boi pega
a parir…”.
Seu Marra já concordou:
— Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por doença,
eu aponto o dia todo. Que é a última vez!… E agora, deixa
de conversa fiada e vai pegando a ferramenta!
ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.