A dragaA gente não sabia se aquela draga tinha nascido ali, ...

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Q1853139 Português

A draga


A gente não sabia se aquela draga tinha nascido ali, no Porto, como um pé de árvore ou uma duna.


— E que fosse uma casa de peixes?


Meia dúzia de loucos e bêbados moravam dentro dela, enraizados em suas ferragens.


Dos viventes da draga era um o meu amigo Mário-pega--sapo.


[...]


Quando Mário morreu, um literato oficial, em necrológio caprichado, chamou-o de Mário-Captura-8apo! Ai que dor!


Ao literato cujo fazia-lhe nojo a forma coloquial.


Queria captura em vez de pega para não macular (sic) a língua nacional lá dele...


[...]


Da velha draga


Abrigo de vagabundos e de bêbados, restaram as expressões: estar na draga, viver na draga por estar sem dinheiro, viver na miséria 


Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de Hollanda


Para que as registre em seus léxicos


Pois que o povo já as registrou.


BARROS, M. Gramática expositiva do chão: poesia quase toda. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1990 (fragmento).


Ao criticar o preciosismo linguístico do literato e ao sugerir a dicionarização de expressões locais, o poeta expressa uma concepção de língua que

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Olha que questão capciosa, ele afirma que o "poeta expressa uma concepção de língua que", se você piscar, ele te pega.

Letra D.

Cai na C aqui.

No enunciado, podemos observar dois trechos ‘’ ao criticar o preciosismo (significado: rebuscamento exagerado de linguagem presente no texto) linguístico’’’e ‘’’ao sugerir a dicionarização de expressões locais’’ o poeta consequentemente valoriza o uso de variedades populares, resposta certa, letra: D

A) contrapõe características da escrita e da fala.(INCORRETA)

Embora a distinção entre a escrita formal e a fala coloquial apareça no texto, essa não é a questão central. O foco do poeta está em valorizar as expressões populares, independentemente da oposição entre escrita e fala.

B) ironiza a comunicação fora da norma-padrão. (INCORRETA)

O texto não ironiza quem fala fora da norma-padrão; pelo contrário, critica quem despreza a linguagem popular. A ironia é dirigida ao literato que prefere o formalismo a respeitar o uso coloquial.

C) substitui regionalismos por registros formais.(INCORRETA)

O poeta faz exatamente o oposto: ele defende as expressões regionais e populares contra a tentativa de substituí-las por termos formais.

D) valoriza o uso de variedades populares.(CORRETA)

O poeta critica o preciosismo linguístico do literato que preferiu "captura" a "pega" por considerar a forma coloquial menos digna, mostrando um desprezo pelas expressões populares. Ao mesmo tempo, sugere que as expressões como "estar na draga" ou "viver na draga" sejam registradas nos dicionários, destacando a importância do que já foi consagrado pelo uso popular. Isso reflete uma concepção de língua que valoriza a riqueza e a legitimidade das variedades populares e regionais.

E) defende novas regras gramaticais.(INCORRETA)

O texto não propõe novas regras gramaticais, mas sim a valorização do que já é usado pelo povo, mostrando que as expressões populares têm lugar na língua, independentemente da gramática normativa.

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