Questões Militares de Português - Flexão verbal de número (singular, plural)
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Presidente filipina nomeia manicure para posto-chave
A presidente filipina Gloria Arroyo designou a própria manicure para um cargo bem remunerado em uma agência governamental de Habitação, uma decisão criticada pelo candidato favorito às eleições presidenciais por considerá-la própria de uma política do “clientelismo”.
Anita Carpon, manicure da presidente Arroyo e considerada estilista, foi nomeada no conselho de administração de uma agência responsável por financiar as casas dos funcionários, anunciou Gary Olivar, porta-voz da presidência.
Ela receberá um salário mensal equivalente a 2 900 dólares, o dobro do que recebe a presidente Arroyo, segundo a imprensa.
A nomeação foi muito criticada pelo candidato favorito às eleições presidenciais de 10 de maio, Benigno Aquino, filho da ex-presidente Corazón Aquino.
“Acentua a cultura do clientelismo político no país ao nomear as pessoas que são leais para postos delicados sem preocupação com a qualificação”, disse Butch Abad, diretor da campanha de Aquino.
(Gazeta do Povo, 22.04.2010)
Não era exatamente um trabalho muito agradável: Jordão
supervisionava o funcionamento de 20 câmeras de segurança
espalhadas numa área da cidade muito sujeita a assaltos (bancos,
lojas, joalherias etc.). Sua tarefa era certificar-se de que as câmeras
estavam captando e gravando adequadamente imagens que
poderiam servir de prova contra delinquentes.
Sandra, sua mulher, jovem e ambiciosa, achava esse trabalho um
lixo. Como o marido ganhava pouco, moravam num apartamento
minúsculo, desde que se casaram há mais de cinco anos e andavam de
ônibus, porém o sonho dela era ter uma mansão e um carro de luxo. Se
isso não acontecia era só por causa dele. “Você é um incompetente”,
dizia. Jordão optava por ignorar as observações da mulher, mesmo
porque tinha certeza de que, um dia, seu trabalho seria reconhecido.
Um dia ocorreria um assalto, ele identificaria os bandidos, seu nome
apareceria nos jornais. E aí Sandra teria de admitir seu erro. Mas,
enquanto isso, era um desagradável e irritante bate-boca atrás de
outro entre eles. Mas um dia, irritado, Jordão acabou gritando com
ela. “Vou me vingar”, ela prometeu, então, vermelha de raiva.
Um mês depois, ladrões, de madrugada, tiveram a ousadia de
entrar num banco vigiado pelas câmeras, levando todo o dinheiro.
Jordão foi chamado pela polícia e dirigiu-se, de manhã, para o
seu local de trabalho, precisava examinar e ampliar as gravações
feitas pelas câmeras. Sem demora, começou a trabalhar, e, de fato,
uma das câmeras captara o momento em que os criminosos, três,
saíam do banco com as sacolas de dinheiro. Todos estavam com
capuzes de lã preta na cabeça. Observava aquilo e então sentiu
um baque no coração: junto com os assaltantes havia uma mulher
que não usava capuz. Ao contrário, olhava de frente para a câmera
sorrindo ironicamente. Ele reconheceu: era Sandra, sua mulher.
Então deletou as imagens. À polícia disse que algum problema
acontecera com a câmera e que nada fora gravado. A tecnologia
é assim: quando menos se espera, ela nos trai.
(Moacyr Scliar, Folha de S.Paulo, 02.05.05. Adaptado)
Leia o texto para responder à questão.
Alguém, em algum beco escuro da internet, acha que os seguintes itens têm a ver comigo: saias curtas, camisetas bem cavadas, chapéus com detalhes metálicos. Tudo supermoderno, descolado e… feminino. Por quê? Sou um senhor de meia-idade, grisalho, que se veste com roupas masculinas. Não tenho filhas, nem sobrinhas, nem ninguém próximo que use esse tipo de moda. Mas esse tipo de moda me bombardeia.
Entro em um site sério de notícias e está lá um anúncio divulgando a última coleção da marca. Navego pelo site do jornal americano “The New York Times”, idem: essa mesma publicidade preenche os espaços em branco e se oferece para mim.
Mas como me transformei em uma vítima dos anúncios de moda? Vamos voltar algumas semanas no tempo.
Minha triste saga começou no Twitter, mais especificamente na conta da seção de estilo do site BuzzFeed. Cliquei em um link que dizia algo como “conheça a marca de roupas preferida da Kristen Stewart” (a jovem e bela atriz da série “Crepúsculo”). Vacilo fatal. Acabei caindo em uma suposta reportagem sobre uma grife de roupas femininas chamada Wildfang. Na verdade, tratava-se do que, na era da internet, ganhou o nome de “conteúdo patrocinado”, ou seja, era uma publicidade disfarçada de jornalismo.
Mais do que ser apenas um anúncio, o tal link trazia escondido algum dispositivo on-line que me fichou como fã da Wildfang e instalou nos meus navegadores algo que faz disparar anúncios da marca em qualquer site que eu acesse.
Ao clicar na “reportagem” do BuzzFeed sobre as roupas da Wildfang, o que se esperava era um texto feito por um(a) repórter de moda, de opiniões próprias. Mas não era nada disso: era material pago, sem nenhuma indicação de que se tratava de um comercial, e que infestou meus computadores com anúncios indesejados.
Pode ser um bobo ranço geracional, mas tenho enorme dificuldade para aceitar que conteúdo informativo e publicidade se transformem em uma coisa só.
(Álvaro Pereira Júnior. Folha de S.Paulo, 11.10.2014. Adaptado)
Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar; deveria inibir-me até de dar começo. Mas distraio-me e faço. O que consigo é um produto, em mim, não de uma aplicação de vontade, mas de uma cedência dela. Começo porque não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para suspender. Este livro é a minha cobardia.
A razão por que tantas vezes interrompo um pensamento com um trecho de paisagem, que de algum modo se integra no esquema, real ou suposto, das minhas impressões, é que essa paisagem é uma porta por onde fujo ao conhecimento da minha impotência criadora. Tenho a necessidade, em meio das conversas comigo que formam as palavras deste livro, de falar de repente com outra pessoa, e dirijo-me à luz que paira, como agora, sobre os telhados das casas, que parecem molhados de tê-la de lado; ao agitar brando das árvores altas na encosta citadina, que parecem perto, numa possibilidade de desabamento mudo; aos cartazes sobrepostos das casas ingremadas, com janelas por letras onde o sol morto doira goma húmida.
Por que escrevo, se não escrevo melhor? Mas que seria de mim se não escrevesse o que consigo escrever, por inferior a mim mesmo que nisso seja? Sou um plebeu da aspiração, porque tento realizar; não ouso o silêncio como quem receia um quarto escuro. Sou como os que prezam a medalha mais que o esforço, e gozam a glória na peliça [...].
Escrever, sim, é perder-me, mas todos se perdem, porque tudo é perda. Porém eu perco-me sem alegria, não como o rio na foz para que nasceu incógnito, mas como o lago feito na praia pela maré alta, e cuja água sumida nunca mais regressa ao mar.
(PESSOA, Fernando. Livro do Desassossego: composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. Org. Richard Zenith. 3ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.)
“Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar.”
Como ficariam as palavras destacadas no trecho acima, mantendo a coerência estilística do autor e o mesmo tempo verbal, caso seu sujeito fosse a primeira pessoa do plural?