Questões Militares de Português - Interpretação de Textos

Foram encontradas 7.530 questões

Ano: 2021 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2021 - CFN - Soldado |
Q1865758 Português
O texto 2 apresenta elementos de sentido conotativo, figurado. Com base nisso, assinale a alternativa em que as palavras NÃO foram utilizadas no sentido figurado:
Alternativas
Ano: 2021 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2021 - CFN - Soldado |
Q1865751 Português
No trecho “– Saiam por ali e virem à esquerda.” (linha 31), a linguagem é utilizada com o objetivo de informar o caminho em direção à saída. Esse é um exemplo de que função da linguagem?
Alternativas
Ano: 2021 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2021 - CFN - Soldado |
Q1865749 Português
No trecho “A administração do labirinto teve que procurar um novo zelador, depois que o desaparecimento do outro completou um mês.” (linhas 54 a 56), a palavra sublinhada se refere a qual opção?
Alternativas
Ano: 2021 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2021 - CFN - Soldado |
Q1865748 Português
Leia o trecho a seguir:

“(…) vendo onde precisava um retoque, talvez uma mão de tinta, etc.” (linhas 6 e 7).

As palavras sublinhadas são um exemplo de cacofonia, um vício de linguagem que ocorre quando a junção de sons entre palavras ecoa de forma desagradável.

Marque a alternativa que representa um exemplo de cacofonia.
Alternativas
Ano: 2021 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2021 - CFN - Soldado |
Q1865747 Português
Leia o período:
“O zelador atirou o papel e o lápis no chão como se estivesse pegando fogo.” (linhas 44 e 45).

Selecione a alternativa que nomeia a figura de linguagem identificada na expressão sublinhada acima.
Alternativas
Ano: 2021 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2021 - CFN - Soldado |
Q1865745 Português
Em relação ao trecho “Queriam saber como sair dali. O zelador não entendeu bem.” (linhas 18 e 19), por que o zelador não entendeu bem o motivo das pessoas quererem saber como sair do labirinto? 
Alternativas
Q1865662 Português
TEXTO 2

Leia o texto abaixo e responda à questão.

PROVÉRBIOS MAGIARES  

  Seria ingenuidade procurar nos provérbios de qualquer povo uma filosofia coerente, uma arte de viver. É coisa sabida que a cada provérbio, por assim dizer, responde outro, de sentido oposto. À quem preconiza O sábio limite das despesas, porque '“vintém poupado, vintém ganhado”, replicará o vizinho farrista, com razão igual: “Da vida nada se leva.”. À experiência popular tanto fornece bons conselhos aos indecisos quanto justificativas para os velhacos, e um código baseado nos rifões não estaria menos cheio de contradições do que os códigos compilados pelos jurisconsultos. 
   Mais aconselhável procurarmos nos anexins não a sabedoria de um povo, mas sim o espelho de seus costumes peculiares, os sinais de seu ambiente físico e de sua história. As diferenças na expressão de uma sentença observáveis de uma terra para outra, podem divertir o curioso e, às vezes, até instruir o etnógrafo.
   Povo marítimo, o português assinala semelhança grande entre pai e filho, lembrando que “filho de peixe, peixinho é". Já os húngaros, ao formularem a mesma verdade, não pensavam nem em peixe, nem em mar, ao olhar para o quintal, notaram que "a maçã não cai longe da árvore”.  
   Desconfiado das classes superiores, O caboclo inventou o preceito: “Cada macaco no seu galho”, o húngaro foi achar inspiração no pomar para advertir que “não se devem comer cerejas com os fidalgos no mesmo prato" e acrescentar, caso alguém lhe perguntasse O porquê, “pois eles comem a fruta e cospem-te o caroço na cara”. 
   Sem sair do quintal, o camponês magiar encontra na contemplação de seus animais muitos motivos de meditação: “Quem se mistura com o farelo, os porcos o comem, afirma para condenar as más companhias (ao passo que o português, segundo me informa meu amigo Aurélio Buarque de Holanda, declara o contrário para dizer a mesma coisa: "Quem com porcos se mistura, farelo come”). “Até a cabra velha lambe o sal”, cita ele para explicar, se não para desculpar, o comportamento de algum velhote mulherengo (caracterizado em português por um ditado parecido: “Cavalo velho, capim novo”). Às mais vezes, os fenômenos do quintal servem-lhe de consolação na sua filosofia de resignado: “Quando não há cavalo, serve o burro” (tradução portuguesa: "Quem não tem cão, caça com gato”); “O raio não parte a urtiga” (isto é: “Vaso ruim não quebra”); “Até a galinha cega encontra o grão" e “Muita gente boa cabe em pouco lugar”.  
   Ao querer juntar o maior número possível de adágios húngaros, surpreende-me quão poucas são as exortações diretas a praticar o bem. A mais usada delas parece possuir, até, um matiz irônico: “Em troca de um benefício, espera o bem”, e nos lembra o nosso “esperar sentado”. Com maior frequência recomenda-se a abstenção do mal em vista das possíveis complicações. “Quem cava uma fossa para o outro, ele mesmo cairá dentro.” Como esperar, aliás, bondade do gênero humano, quando “até os santos têm as mãos viradas para si”. Se a Hungria fosse à beira-mar, puxariam para si as sardinhas. Por isso, nada de colaborações, de cooperativismo: “Cavalo de dois donos tem a costas esfoladas.” A solidariedade, aliás, é antes uma virtude de espertos: “Um corvo não fura o olho de outro corvo.”
   A pobreza do povo, naturalmente, é uma das principais inspiradoras do adágio: “Pobre cozinha com água” enquanto vive, e mesmo que se enforque, “até o galho puxa o pobre”, ao passo que “o senhor é senhor até no Inferno”. O pobre também gosta de comida boa, pois sabe que “carne barata tem o suco ralo”, mas é obrigado a limitar seus apetites, pois “dias há mais que salsichas”. Pelo menos sonha melhor alimentação, o que é bastante compreensível, pois, como diria o próprio Freud, “porco faminto sonha com bolota”. Interessante a fórmula usada principalmente por pessoas abastadas ao oferecerem um farto banquete: "Somos pobres, mas vivemos bem”, que parece quase um esconjuro para reconciliar altos poderes ciumentos. [...] 
   O espetáculo do mundo, que na Hungria “é do sabido" (e no Brasil “dos mais espertos”), não oferece muito conforto. É melhor a gente cuidar do que é nosso, não se meter com as coisas dos outros “varrer na frente da própria casa” e calar-se o mais possível: “Minha boca não fales, minha cabeça não há de doer.” Muito falar não adianta, pois “muita conversa tem muita borra”, e “até cem palavras acabam numa só”. 
   Se, apesar de tanta coisa errada que a gente vê no imundo, a sorte. dos velhacos não deve despertar inveja, é porque “o chicote estala é na ponta”. Essa frase, compreensível apenas para quem sabe que os pastores da estepe húngara tangem o gado com chicotes compridos, terminados numa ponta de crina, cujos estalos metem medo à bicharada, serve para lembrar-nos que um destino só é completo quando chegou ao fim, ou, então, que “ri melhor quem ri por último”. Sem dúvida, os caminhos da justiça divina são muitas vezes obscuros: “Deus não bate com bordão” (ou, o que dá no mesmo, "escreve certo por linhas tortas”); mas, “o que demora, não falha”, (isto é, “a justiça divina tarda, mas não falha”), porque, “se Deus quer, até o cabo da enxada dá tiro” (enquanto no Brasil “quando Deus quer, água fria é remédio”. 

RÓNAI, Paulo. Como aprendi o português e outras aventuras.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. (Texto adaptado)  
Leia o trecho a seguir.

“[...] e um código baseado nos rifões não estaria menos cheio de contradições do que os códigos compilados pelos jurisconsultos.” (1º§)

A partir da leitura do trecho, pode-se afirmar que os códigos compilados pelos jurisconsultos: 
Alternativas
Q1865661 Português
TEXTO 2

Leia o texto abaixo e responda à questão.

PROVÉRBIOS MAGIARES  

  Seria ingenuidade procurar nos provérbios de qualquer povo uma filosofia coerente, uma arte de viver. É coisa sabida que a cada provérbio, por assim dizer, responde outro, de sentido oposto. À quem preconiza O sábio limite das despesas, porque '“vintém poupado, vintém ganhado”, replicará o vizinho farrista, com razão igual: “Da vida nada se leva.”. À experiência popular tanto fornece bons conselhos aos indecisos quanto justificativas para os velhacos, e um código baseado nos rifões não estaria menos cheio de contradições do que os códigos compilados pelos jurisconsultos. 
   Mais aconselhável procurarmos nos anexins não a sabedoria de um povo, mas sim o espelho de seus costumes peculiares, os sinais de seu ambiente físico e de sua história. As diferenças na expressão de uma sentença observáveis de uma terra para outra, podem divertir o curioso e, às vezes, até instruir o etnógrafo.
   Povo marítimo, o português assinala semelhança grande entre pai e filho, lembrando que “filho de peixe, peixinho é". Já os húngaros, ao formularem a mesma verdade, não pensavam nem em peixe, nem em mar, ao olhar para o quintal, notaram que "a maçã não cai longe da árvore”.  
   Desconfiado das classes superiores, O caboclo inventou o preceito: “Cada macaco no seu galho”, o húngaro foi achar inspiração no pomar para advertir que “não se devem comer cerejas com os fidalgos no mesmo prato" e acrescentar, caso alguém lhe perguntasse O porquê, “pois eles comem a fruta e cospem-te o caroço na cara”. 
   Sem sair do quintal, o camponês magiar encontra na contemplação de seus animais muitos motivos de meditação: “Quem se mistura com o farelo, os porcos o comem, afirma para condenar as más companhias (ao passo que o português, segundo me informa meu amigo Aurélio Buarque de Holanda, declara o contrário para dizer a mesma coisa: "Quem com porcos se mistura, farelo come”). “Até a cabra velha lambe o sal”, cita ele para explicar, se não para desculpar, o comportamento de algum velhote mulherengo (caracterizado em português por um ditado parecido: “Cavalo velho, capim novo”). Às mais vezes, os fenômenos do quintal servem-lhe de consolação na sua filosofia de resignado: “Quando não há cavalo, serve o burro” (tradução portuguesa: "Quem não tem cão, caça com gato”); “O raio não parte a urtiga” (isto é: “Vaso ruim não quebra”); “Até a galinha cega encontra o grão" e “Muita gente boa cabe em pouco lugar”.  
   Ao querer juntar o maior número possível de adágios húngaros, surpreende-me quão poucas são as exortações diretas a praticar o bem. A mais usada delas parece possuir, até, um matiz irônico: “Em troca de um benefício, espera o bem”, e nos lembra o nosso “esperar sentado”. Com maior frequência recomenda-se a abstenção do mal em vista das possíveis complicações. “Quem cava uma fossa para o outro, ele mesmo cairá dentro.” Como esperar, aliás, bondade do gênero humano, quando “até os santos têm as mãos viradas para si”. Se a Hungria fosse à beira-mar, puxariam para si as sardinhas. Por isso, nada de colaborações, de cooperativismo: “Cavalo de dois donos tem a costas esfoladas.” A solidariedade, aliás, é antes uma virtude de espertos: “Um corvo não fura o olho de outro corvo.”
   A pobreza do povo, naturalmente, é uma das principais inspiradoras do adágio: “Pobre cozinha com água” enquanto vive, e mesmo que se enforque, “até o galho puxa o pobre”, ao passo que “o senhor é senhor até no Inferno”. O pobre também gosta de comida boa, pois sabe que “carne barata tem o suco ralo”, mas é obrigado a limitar seus apetites, pois “dias há mais que salsichas”. Pelo menos sonha melhor alimentação, o que é bastante compreensível, pois, como diria o próprio Freud, “porco faminto sonha com bolota”. Interessante a fórmula usada principalmente por pessoas abastadas ao oferecerem um farto banquete: "Somos pobres, mas vivemos bem”, que parece quase um esconjuro para reconciliar altos poderes ciumentos. [...] 
   O espetáculo do mundo, que na Hungria “é do sabido" (e no Brasil “dos mais espertos”), não oferece muito conforto. É melhor a gente cuidar do que é nosso, não se meter com as coisas dos outros “varrer na frente da própria casa” e calar-se o mais possível: “Minha boca não fales, minha cabeça não há de doer.” Muito falar não adianta, pois “muita conversa tem muita borra”, e “até cem palavras acabam numa só”. 
   Se, apesar de tanta coisa errada que a gente vê no imundo, a sorte. dos velhacos não deve despertar inveja, é porque “o chicote estala é na ponta”. Essa frase, compreensível apenas para quem sabe que os pastores da estepe húngara tangem o gado com chicotes compridos, terminados numa ponta de crina, cujos estalos metem medo à bicharada, serve para lembrar-nos que um destino só é completo quando chegou ao fim, ou, então, que “ri melhor quem ri por último”. Sem dúvida, os caminhos da justiça divina são muitas vezes obscuros: “Deus não bate com bordão” (ou, o que dá no mesmo, "escreve certo por linhas tortas”); mas, “o que demora, não falha”, (isto é, “a justiça divina tarda, mas não falha”), porque, “se Deus quer, até o cabo da enxada dá tiro” (enquanto no Brasil “quando Deus quer, água fria é remédio”. 

RÓNAI, Paulo. Como aprendi o português e outras aventuras.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. (Texto adaptado)  
Assinale a opção que apresenta a correta relação entre o título e o texto de Paulo Rónai. 
Alternativas
Q1865659 Português
TEXTO 2

Leia o texto abaixo e responda à questão.

PROVÉRBIOS MAGIARES  

  Seria ingenuidade procurar nos provérbios de qualquer povo uma filosofia coerente, uma arte de viver. É coisa sabida que a cada provérbio, por assim dizer, responde outro, de sentido oposto. À quem preconiza O sábio limite das despesas, porque '“vintém poupado, vintém ganhado”, replicará o vizinho farrista, com razão igual: “Da vida nada se leva.”. À experiência popular tanto fornece bons conselhos aos indecisos quanto justificativas para os velhacos, e um código baseado nos rifões não estaria menos cheio de contradições do que os códigos compilados pelos jurisconsultos. 
   Mais aconselhável procurarmos nos anexins não a sabedoria de um povo, mas sim o espelho de seus costumes peculiares, os sinais de seu ambiente físico e de sua história. As diferenças na expressão de uma sentença observáveis de uma terra para outra, podem divertir o curioso e, às vezes, até instruir o etnógrafo.
   Povo marítimo, o português assinala semelhança grande entre pai e filho, lembrando que “filho de peixe, peixinho é". Já os húngaros, ao formularem a mesma verdade, não pensavam nem em peixe, nem em mar, ao olhar para o quintal, notaram que "a maçã não cai longe da árvore”.  
   Desconfiado das classes superiores, O caboclo inventou o preceito: “Cada macaco no seu galho”, o húngaro foi achar inspiração no pomar para advertir que “não se devem comer cerejas com os fidalgos no mesmo prato" e acrescentar, caso alguém lhe perguntasse O porquê, “pois eles comem a fruta e cospem-te o caroço na cara”. 
   Sem sair do quintal, o camponês magiar encontra na contemplação de seus animais muitos motivos de meditação: “Quem se mistura com o farelo, os porcos o comem, afirma para condenar as más companhias (ao passo que o português, segundo me informa meu amigo Aurélio Buarque de Holanda, declara o contrário para dizer a mesma coisa: "Quem com porcos se mistura, farelo come”). “Até a cabra velha lambe o sal”, cita ele para explicar, se não para desculpar, o comportamento de algum velhote mulherengo (caracterizado em português por um ditado parecido: “Cavalo velho, capim novo”). Às mais vezes, os fenômenos do quintal servem-lhe de consolação na sua filosofia de resignado: “Quando não há cavalo, serve o burro” (tradução portuguesa: "Quem não tem cão, caça com gato”); “O raio não parte a urtiga” (isto é: “Vaso ruim não quebra”); “Até a galinha cega encontra o grão" e “Muita gente boa cabe em pouco lugar”.  
   Ao querer juntar o maior número possível de adágios húngaros, surpreende-me quão poucas são as exortações diretas a praticar o bem. A mais usada delas parece possuir, até, um matiz irônico: “Em troca de um benefício, espera o bem”, e nos lembra o nosso “esperar sentado”. Com maior frequência recomenda-se a abstenção do mal em vista das possíveis complicações. “Quem cava uma fossa para o outro, ele mesmo cairá dentro.” Como esperar, aliás, bondade do gênero humano, quando “até os santos têm as mãos viradas para si”. Se a Hungria fosse à beira-mar, puxariam para si as sardinhas. Por isso, nada de colaborações, de cooperativismo: “Cavalo de dois donos tem a costas esfoladas.” A solidariedade, aliás, é antes uma virtude de espertos: “Um corvo não fura o olho de outro corvo.”
   A pobreza do povo, naturalmente, é uma das principais inspiradoras do adágio: “Pobre cozinha com água” enquanto vive, e mesmo que se enforque, “até o galho puxa o pobre”, ao passo que “o senhor é senhor até no Inferno”. O pobre também gosta de comida boa, pois sabe que “carne barata tem o suco ralo”, mas é obrigado a limitar seus apetites, pois “dias há mais que salsichas”. Pelo menos sonha melhor alimentação, o que é bastante compreensível, pois, como diria o próprio Freud, “porco faminto sonha com bolota”. Interessante a fórmula usada principalmente por pessoas abastadas ao oferecerem um farto banquete: "Somos pobres, mas vivemos bem”, que parece quase um esconjuro para reconciliar altos poderes ciumentos. [...] 
   O espetáculo do mundo, que na Hungria “é do sabido" (e no Brasil “dos mais espertos”), não oferece muito conforto. É melhor a gente cuidar do que é nosso, não se meter com as coisas dos outros “varrer na frente da própria casa” e calar-se o mais possível: “Minha boca não fales, minha cabeça não há de doer.” Muito falar não adianta, pois “muita conversa tem muita borra”, e “até cem palavras acabam numa só”. 
   Se, apesar de tanta coisa errada que a gente vê no imundo, a sorte. dos velhacos não deve despertar inveja, é porque “o chicote estala é na ponta”. Essa frase, compreensível apenas para quem sabe que os pastores da estepe húngara tangem o gado com chicotes compridos, terminados numa ponta de crina, cujos estalos metem medo à bicharada, serve para lembrar-nos que um destino só é completo quando chegou ao fim, ou, então, que “ri melhor quem ri por último”. Sem dúvida, os caminhos da justiça divina são muitas vezes obscuros: “Deus não bate com bordão” (ou, o que dá no mesmo, "escreve certo por linhas tortas”); mas, “o que demora, não falha”, (isto é, “a justiça divina tarda, mas não falha”), porque, “se Deus quer, até o cabo da enxada dá tiro” (enquanto no Brasil “quando Deus quer, água fria é remédio”. 

RÓNAI, Paulo. Como aprendi o português e outras aventuras.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. (Texto adaptado)  
Considerando as estratégias argumentativas empregadas pelo autor e sua intencionalidade discursiva, marque a opção indicativa do recurso que fundamenta a construção do texto “Provérbios Magiares”. 
Alternativas
Q1865658 Português
TEXTO 2

Leia o texto abaixo e responda à questão.

PROVÉRBIOS MAGIARES  

  Seria ingenuidade procurar nos provérbios de qualquer povo uma filosofia coerente, uma arte de viver. É coisa sabida que a cada provérbio, por assim dizer, responde outro, de sentido oposto. À quem preconiza O sábio limite das despesas, porque '“vintém poupado, vintém ganhado”, replicará o vizinho farrista, com razão igual: “Da vida nada se leva.”. À experiência popular tanto fornece bons conselhos aos indecisos quanto justificativas para os velhacos, e um código baseado nos rifões não estaria menos cheio de contradições do que os códigos compilados pelos jurisconsultos. 
   Mais aconselhável procurarmos nos anexins não a sabedoria de um povo, mas sim o espelho de seus costumes peculiares, os sinais de seu ambiente físico e de sua história. As diferenças na expressão de uma sentença observáveis de uma terra para outra, podem divertir o curioso e, às vezes, até instruir o etnógrafo.
   Povo marítimo, o português assinala semelhança grande entre pai e filho, lembrando que “filho de peixe, peixinho é". Já os húngaros, ao formularem a mesma verdade, não pensavam nem em peixe, nem em mar, ao olhar para o quintal, notaram que "a maçã não cai longe da árvore”.  
   Desconfiado das classes superiores, O caboclo inventou o preceito: “Cada macaco no seu galho”, o húngaro foi achar inspiração no pomar para advertir que “não se devem comer cerejas com os fidalgos no mesmo prato" e acrescentar, caso alguém lhe perguntasse O porquê, “pois eles comem a fruta e cospem-te o caroço na cara”. 
   Sem sair do quintal, o camponês magiar encontra na contemplação de seus animais muitos motivos de meditação: “Quem se mistura com o farelo, os porcos o comem, afirma para condenar as más companhias (ao passo que o português, segundo me informa meu amigo Aurélio Buarque de Holanda, declara o contrário para dizer a mesma coisa: "Quem com porcos se mistura, farelo come”). “Até a cabra velha lambe o sal”, cita ele para explicar, se não para desculpar, o comportamento de algum velhote mulherengo (caracterizado em português por um ditado parecido: “Cavalo velho, capim novo”). Às mais vezes, os fenômenos do quintal servem-lhe de consolação na sua filosofia de resignado: “Quando não há cavalo, serve o burro” (tradução portuguesa: "Quem não tem cão, caça com gato”); “O raio não parte a urtiga” (isto é: “Vaso ruim não quebra”); “Até a galinha cega encontra o grão" e “Muita gente boa cabe em pouco lugar”.  
   Ao querer juntar o maior número possível de adágios húngaros, surpreende-me quão poucas são as exortações diretas a praticar o bem. A mais usada delas parece possuir, até, um matiz irônico: “Em troca de um benefício, espera o bem”, e nos lembra o nosso “esperar sentado”. Com maior frequência recomenda-se a abstenção do mal em vista das possíveis complicações. “Quem cava uma fossa para o outro, ele mesmo cairá dentro.” Como esperar, aliás, bondade do gênero humano, quando “até os santos têm as mãos viradas para si”. Se a Hungria fosse à beira-mar, puxariam para si as sardinhas. Por isso, nada de colaborações, de cooperativismo: “Cavalo de dois donos tem a costas esfoladas.” A solidariedade, aliás, é antes uma virtude de espertos: “Um corvo não fura o olho de outro corvo.”
   A pobreza do povo, naturalmente, é uma das principais inspiradoras do adágio: “Pobre cozinha com água” enquanto vive, e mesmo que se enforque, “até o galho puxa o pobre”, ao passo que “o senhor é senhor até no Inferno”. O pobre também gosta de comida boa, pois sabe que “carne barata tem o suco ralo”, mas é obrigado a limitar seus apetites, pois “dias há mais que salsichas”. Pelo menos sonha melhor alimentação, o que é bastante compreensível, pois, como diria o próprio Freud, “porco faminto sonha com bolota”. Interessante a fórmula usada principalmente por pessoas abastadas ao oferecerem um farto banquete: "Somos pobres, mas vivemos bem”, que parece quase um esconjuro para reconciliar altos poderes ciumentos. [...] 
   O espetáculo do mundo, que na Hungria “é do sabido" (e no Brasil “dos mais espertos”), não oferece muito conforto. É melhor a gente cuidar do que é nosso, não se meter com as coisas dos outros “varrer na frente da própria casa” e calar-se o mais possível: “Minha boca não fales, minha cabeça não há de doer.” Muito falar não adianta, pois “muita conversa tem muita borra”, e “até cem palavras acabam numa só”. 
   Se, apesar de tanta coisa errada que a gente vê no imundo, a sorte. dos velhacos não deve despertar inveja, é porque “o chicote estala é na ponta”. Essa frase, compreensível apenas para quem sabe que os pastores da estepe húngara tangem o gado com chicotes compridos, terminados numa ponta de crina, cujos estalos metem medo à bicharada, serve para lembrar-nos que um destino só é completo quando chegou ao fim, ou, então, que “ri melhor quem ri por último”. Sem dúvida, os caminhos da justiça divina são muitas vezes obscuros: “Deus não bate com bordão” (ou, o que dá no mesmo, "escreve certo por linhas tortas”); mas, “o que demora, não falha”, (isto é, “a justiça divina tarda, mas não falha”), porque, “se Deus quer, até o cabo da enxada dá tiro” (enquanto no Brasil “quando Deus quer, água fria é remédio”. 

RÓNAI, Paulo. Como aprendi o português e outras aventuras.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. (Texto adaptado)  
Leia o trecho a seguir.

“A quem preconiza o sábio limite das despesas, porque “vintém poupado, vintém ganhado”, replicará o vizinho farrista, com razão igual: “Da vida nada se leva.” (1º§)

Marque a opção em que a reescritura do trecho citado mantém o seu sentido original e respeita a norma-padrão da língua. 
Alternativas
Q1865657 Português
TEXTO 2

Leia o texto abaixo e responda à questão.

PROVÉRBIOS MAGIARES  

  Seria ingenuidade procurar nos provérbios de qualquer povo uma filosofia coerente, uma arte de viver. É coisa sabida que a cada provérbio, por assim dizer, responde outro, de sentido oposto. À quem preconiza O sábio limite das despesas, porque '“vintém poupado, vintém ganhado”, replicará o vizinho farrista, com razão igual: “Da vida nada se leva.”. À experiência popular tanto fornece bons conselhos aos indecisos quanto justificativas para os velhacos, e um código baseado nos rifões não estaria menos cheio de contradições do que os códigos compilados pelos jurisconsultos. 
   Mais aconselhável procurarmos nos anexins não a sabedoria de um povo, mas sim o espelho de seus costumes peculiares, os sinais de seu ambiente físico e de sua história. As diferenças na expressão de uma sentença observáveis de uma terra para outra, podem divertir o curioso e, às vezes, até instruir o etnógrafo.
   Povo marítimo, o português assinala semelhança grande entre pai e filho, lembrando que “filho de peixe, peixinho é". Já os húngaros, ao formularem a mesma verdade, não pensavam nem em peixe, nem em mar, ao olhar para o quintal, notaram que "a maçã não cai longe da árvore”.  
   Desconfiado das classes superiores, O caboclo inventou o preceito: “Cada macaco no seu galho”, o húngaro foi achar inspiração no pomar para advertir que “não se devem comer cerejas com os fidalgos no mesmo prato" e acrescentar, caso alguém lhe perguntasse O porquê, “pois eles comem a fruta e cospem-te o caroço na cara”. 
   Sem sair do quintal, o camponês magiar encontra na contemplação de seus animais muitos motivos de meditação: “Quem se mistura com o farelo, os porcos o comem, afirma para condenar as más companhias (ao passo que o português, segundo me informa meu amigo Aurélio Buarque de Holanda, declara o contrário para dizer a mesma coisa: "Quem com porcos se mistura, farelo come”). “Até a cabra velha lambe o sal”, cita ele para explicar, se não para desculpar, o comportamento de algum velhote mulherengo (caracterizado em português por um ditado parecido: “Cavalo velho, capim novo”). Às mais vezes, os fenômenos do quintal servem-lhe de consolação na sua filosofia de resignado: “Quando não há cavalo, serve o burro” (tradução portuguesa: "Quem não tem cão, caça com gato”); “O raio não parte a urtiga” (isto é: “Vaso ruim não quebra”); “Até a galinha cega encontra o grão" e “Muita gente boa cabe em pouco lugar”.  
   Ao querer juntar o maior número possível de adágios húngaros, surpreende-me quão poucas são as exortações diretas a praticar o bem. A mais usada delas parece possuir, até, um matiz irônico: “Em troca de um benefício, espera o bem”, e nos lembra o nosso “esperar sentado”. Com maior frequência recomenda-se a abstenção do mal em vista das possíveis complicações. “Quem cava uma fossa para o outro, ele mesmo cairá dentro.” Como esperar, aliás, bondade do gênero humano, quando “até os santos têm as mãos viradas para si”. Se a Hungria fosse à beira-mar, puxariam para si as sardinhas. Por isso, nada de colaborações, de cooperativismo: “Cavalo de dois donos tem a costas esfoladas.” A solidariedade, aliás, é antes uma virtude de espertos: “Um corvo não fura o olho de outro corvo.”
   A pobreza do povo, naturalmente, é uma das principais inspiradoras do adágio: “Pobre cozinha com água” enquanto vive, e mesmo que se enforque, “até o galho puxa o pobre”, ao passo que “o senhor é senhor até no Inferno”. O pobre também gosta de comida boa, pois sabe que “carne barata tem o suco ralo”, mas é obrigado a limitar seus apetites, pois “dias há mais que salsichas”. Pelo menos sonha melhor alimentação, o que é bastante compreensível, pois, como diria o próprio Freud, “porco faminto sonha com bolota”. Interessante a fórmula usada principalmente por pessoas abastadas ao oferecerem um farto banquete: "Somos pobres, mas vivemos bem”, que parece quase um esconjuro para reconciliar altos poderes ciumentos. [...] 
   O espetáculo do mundo, que na Hungria “é do sabido" (e no Brasil “dos mais espertos”), não oferece muito conforto. É melhor a gente cuidar do que é nosso, não se meter com as coisas dos outros “varrer na frente da própria casa” e calar-se o mais possível: “Minha boca não fales, minha cabeça não há de doer.” Muito falar não adianta, pois “muita conversa tem muita borra”, e “até cem palavras acabam numa só”. 
   Se, apesar de tanta coisa errada que a gente vê no imundo, a sorte. dos velhacos não deve despertar inveja, é porque “o chicote estala é na ponta”. Essa frase, compreensível apenas para quem sabe que os pastores da estepe húngara tangem o gado com chicotes compridos, terminados numa ponta de crina, cujos estalos metem medo à bicharada, serve para lembrar-nos que um destino só é completo quando chegou ao fim, ou, então, que “ri melhor quem ri por último”. Sem dúvida, os caminhos da justiça divina são muitas vezes obscuros: “Deus não bate com bordão” (ou, o que dá no mesmo, "escreve certo por linhas tortas”); mas, “o que demora, não falha”, (isto é, “a justiça divina tarda, mas não falha”), porque, “se Deus quer, até o cabo da enxada dá tiro” (enquanto no Brasil “quando Deus quer, água fria é remédio”. 

RÓNAI, Paulo. Como aprendi o português e outras aventuras.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. (Texto adaptado)  
Leia o trecho a seguir.

"Essa frase, compreensível apenas para quem sabe que os pastores da estepe húngara tangem o gado com chicotes compridos, terminados numa ponta de crina, cujos estalos metem medo à bicharada [...]" (9º§)

Marque a opção que apresenta um sinônimo da palavra destacada acima.  
Alternativas
Q1865652 Português
TEXTO 1

Leia o texto abaixo e responda à questão.

A CADEIRINHA 

   Naquele fundo de sacristia, escondida ou arredada como se fora uma imagem quebrada cuja ausência do altar o decoro do culto exige, encontrei a cadeirinha azul, forrada de damasco cor de ouro velho. Na frente e no fundo, dois pequenos painéis pintados em madeira com traços finos e expressivos. Representava cada qual uma dama do antigo regime. A da frente, vestida de seda branca, contrastava a alvura do vestido e o tênue colorido da pele com o negrume dos cabelos repuxados em trunfa alta e o vivo carmim dos lábios; tinha um ar desdenhoso e fatigado de fidalga elegante para quem os requintes da etiqueta e galanteios dos salões são já coisas velhas e comezinhas. A outra, mais antiga ainda, trazia as melenas em cachos artísticos sobre as fontes e as pequeninas orelhas; um leque de marfim semiaberto comprimia-lhe os lábios rebeldes que queriam expandir-se num riso franco; os olhos grandes e negros tinham mais paixão e mais alma. Esta contemporânea de La Valliêre, que o artista anônimo perpetuou na madeira da cadeirinha, não se parecia muito com aquela meiga vítima da régia concupiscência: ao contrário, um certo arregaçado das narinas, uma ponta de ironia que lhe voejava na comissura da boca breve e enérgica — tudo isso mostrava estar ali naquele painel: representada uma mulher meridional, ardente e vivaz, pronta ao amor apaixonado ou à luta odienta. [...] 
   Sem querer acrescentar mais ao já dito sobre as damas, perguntava de mim para mim se o pintor do século passado, ao traçar com tanta correção e finura os dois retratos de mulher, transmitindo-lhes em cada cabelo do pincel uma chama de vida, não estaria realmente diante de dois espécimens raros de filhas de Eva, de duas heroínas que por serem de comédia ou de ópera nem por isso deixam de o ser da vida real?
         — Quem sabe se a Fontagens e a Montespan?
         — Qual! Impossível!
     — Impossível, não! Porque a cadeirinha podia perfeitamente ter sido pintada em França e era até mais natural crê-lo; porquanto a finura das tintas e a correção dos traços pareciam indicar um artista das grandes cortes da época.
   E assim, em tais conjeturas, pus-me a examinar mais detidamente o velho e delicado veículo, relíquia do século passado, sobrevivendo não sei por que na sacristia da igreja de um modesto arraial mineiro. Os varais, conformes à moda bizarra do tempo, terminavam em cabeças de dragões com as faces abertas e sanguentas e os olhos com uma expressão de ferocidade estúpida. O forro de cima formava um pequeno docel de torno senhorial; e o ouro velho do damasco quê alcatifava também os dois assentos fronteiriços não tem igual nas casas de modas de agora.
   Qual das matronas de Ouro Preto, ou das cidades que como esta alcançam mais de um século, não terá visto, ou pelo menos ouvido falar com insistência, quando meninas, nas cadeirinhas conduzidas por lacaios de libre, onde as moçoilas e as damas de outrora se faziam delicadamente transportar? 
   Quem não fará reviver na imaginação uma das cenas galantes da cortesia antiga em que, através da portinhola cortada de caprichosos lavores de talha, passava um rostozinho enrubescido e dois olhos de veludo a pousarem de leve sobre o cavalheiro de espadim com quem a misteriosa dama cruzava na passagem?
    Também, ó pobre cadeirinha, lá terias o teu dia de caiporismo: havia de chegar a hora em que, em vez dos saltos vermelhos de um sapatinho de cetim calçando um pezinho delicado, teu fundo fosse calcado pela chanca esparramada de alguma cetácea obesa e tabaquista. [...]
    Nem foram desses os teus piores dias, ó saudosa cadeirinha! Já pelos anos de tua velhice, quando, como agora, sobrevivias ao teu belo tempo passado, quando, perdidos teus antigos donos, alguém se lembrou de carregar-te para a sacristia da igreja, não te davam outro serviço que não o de transportares, como esquife, cadáveres de anjinhos pobres ao cemitério, ou semelhante às macas das ambulâncias militares, o de conduzires ao hospital feridos ou enfermos desvalidos.
    Que cruel vingança não toma aquela época longínqua por lhe teres sobrevivido! Coisa inteiramente fora da moda, o contraste flagrante que formas com o mundo circundante é uma prova evidente de tua próxima eliminação, 6 velha cadeirinha dos tempos mortos!
   Mas é assim a vida: as espécies, como os indivíduos, vão desaparecendo ou se transformando em outras espécies e em outros indivíduos mais perfeitos, mais complicados, mais aptos para o meio atual, porém muito menos grandiosos que os passados. Que figura faria o elefante de hoje, resto exótico da fauna terciária, ao lado do megatério? A de um filhote deste. E no entanto, bem cedo, talvez nos nossos dias, desaparecerá o elefante, por já estar em desarmonia com a fauna atual, por constituir já aquele doloroso contraste de que falamos acima e que é o primeiro sintoma da próxima eliminação do grande paquiderme. Parece que o progresso marcha para a dispersão, a desagregação e o formigamento. Um grande organismo tomba e se decompõe e vai formar uma inumerável quantidade de seres ávidos de vida. A morte, essa grande ilusão humana, é o início daquela dispersão, ou antes a fonte de muitas vidas. E que grande consoladora!
  Lembra-me ter visto, há tempos, um octogenário de passo trôpego e cara rapada passeando em trajes domingueiros a pedir uma carícia ao sol. Dirigilhe a palavra e detivemo-nos largo espaço a falar dos costumes, das coisas e dos homens de outro tempo. Nisso surpreendeu-nos um magote de garotos que escaramuçou o velho a vaias. O pobre do ancião já ia seguindo seu caminho quando o abordou a meninada, não apressou o passo nem perdeu aquela serenidade de quem já tinha domado as fúrias das paixões com o vencer os anos. Vi-o ainda voltar-se com o rosto engelhado numa risada tristíssima, a comprida japona abanando ao vento e dizer, em tom de convicção profunda: “Ai dos velhos, se não “fosse a morte!” Parecia uma banalidade, mas não era senão o apelo supremo, a prece fervente que esse exilado fazia a Deus para que pusesse termo ao seu exílio, onde ele estava fora dos seus amigos, dos seus costumes, de tudo quanto lhe podia falar ao coração. [...].
   Por que, pois, a pobre cadeirinha, esse mimo de graça, esse traste casquilho, essa fiel companheira da vida de sociedade, da vida palaciana, da vida de corte com seus apuros e suas intrigas, suas vinganças pequeninas, seus amores, todavia sobrevive e por que a não pôs em pedaços um braço robusto empunhando um machado benfazejo? Ao menos evitaria esse dolorosíssimo ridículo, essa exposição indecorosa de nudez de velha!
   Já tiveste dias de glória, cadeirinha de outros tempos! Pois bem: desaparece agora, vai ao fogo e pede que te reduza a cinzas! É mil vezes preferível a essa decadência em que te achas e até mesmo à hipótese mais lisonjeira de te perpetuarem num museu. Deves preferir a paz do aniquilamento à glória de figurares numa coleção de objetos antigos, exposta à curiosidade dos papalvos e às lorpas considerações dos burgueses, mofada e tristonha. Morre, desaparece, que talvez — por que não? — a tua dona mais gentil, aquela para quem tuas alcatifas tinham mais delicada carícia ao receber-lhe o corpinho mimoso, aquela que recendia um perfume longínquo de roseira do Chiraz te conduza para alguma região ideal, dourada e fugidia, inacessível aos homens... [...].

ARINOS, Affonso. Pelo Sertão. Minas Gerais: Itatiaia, 1981. (Texto adaptado) 
arque a opção que apresenta a função “de linguagem predominante no último parágrafo do texto I.  
Alternativas
Q1865651 Português
TEXTO 1

Leia o texto abaixo e responda à questão.

A CADEIRINHA 

   Naquele fundo de sacristia, escondida ou arredada como se fora uma imagem quebrada cuja ausência do altar o decoro do culto exige, encontrei a cadeirinha azul, forrada de damasco cor de ouro velho. Na frente e no fundo, dois pequenos painéis pintados em madeira com traços finos e expressivos. Representava cada qual uma dama do antigo regime. A da frente, vestida de seda branca, contrastava a alvura do vestido e o tênue colorido da pele com o negrume dos cabelos repuxados em trunfa alta e o vivo carmim dos lábios; tinha um ar desdenhoso e fatigado de fidalga elegante para quem os requintes da etiqueta e galanteios dos salões são já coisas velhas e comezinhas. A outra, mais antiga ainda, trazia as melenas em cachos artísticos sobre as fontes e as pequeninas orelhas; um leque de marfim semiaberto comprimia-lhe os lábios rebeldes que queriam expandir-se num riso franco; os olhos grandes e negros tinham mais paixão e mais alma. Esta contemporânea de La Valliêre, que o artista anônimo perpetuou na madeira da cadeirinha, não se parecia muito com aquela meiga vítima da régia concupiscência: ao contrário, um certo arregaçado das narinas, uma ponta de ironia que lhe voejava na comissura da boca breve e enérgica — tudo isso mostrava estar ali naquele painel: representada uma mulher meridional, ardente e vivaz, pronta ao amor apaixonado ou à luta odienta. [...] 
   Sem querer acrescentar mais ao já dito sobre as damas, perguntava de mim para mim se o pintor do século passado, ao traçar com tanta correção e finura os dois retratos de mulher, transmitindo-lhes em cada cabelo do pincel uma chama de vida, não estaria realmente diante de dois espécimens raros de filhas de Eva, de duas heroínas que por serem de comédia ou de ópera nem por isso deixam de o ser da vida real?
         — Quem sabe se a Fontagens e a Montespan?
         — Qual! Impossível!
     — Impossível, não! Porque a cadeirinha podia perfeitamente ter sido pintada em França e era até mais natural crê-lo; porquanto a finura das tintas e a correção dos traços pareciam indicar um artista das grandes cortes da época.
   E assim, em tais conjeturas, pus-me a examinar mais detidamente o velho e delicado veículo, relíquia do século passado, sobrevivendo não sei por que na sacristia da igreja de um modesto arraial mineiro. Os varais, conformes à moda bizarra do tempo, terminavam em cabeças de dragões com as faces abertas e sanguentas e os olhos com uma expressão de ferocidade estúpida. O forro de cima formava um pequeno docel de torno senhorial; e o ouro velho do damasco quê alcatifava também os dois assentos fronteiriços não tem igual nas casas de modas de agora.
   Qual das matronas de Ouro Preto, ou das cidades que como esta alcançam mais de um século, não terá visto, ou pelo menos ouvido falar com insistência, quando meninas, nas cadeirinhas conduzidas por lacaios de libre, onde as moçoilas e as damas de outrora se faziam delicadamente transportar? 
   Quem não fará reviver na imaginação uma das cenas galantes da cortesia antiga em que, através da portinhola cortada de caprichosos lavores de talha, passava um rostozinho enrubescido e dois olhos de veludo a pousarem de leve sobre o cavalheiro de espadim com quem a misteriosa dama cruzava na passagem?
    Também, ó pobre cadeirinha, lá terias o teu dia de caiporismo: havia de chegar a hora em que, em vez dos saltos vermelhos de um sapatinho de cetim calçando um pezinho delicado, teu fundo fosse calcado pela chanca esparramada de alguma cetácea obesa e tabaquista. [...]
    Nem foram desses os teus piores dias, ó saudosa cadeirinha! Já pelos anos de tua velhice, quando, como agora, sobrevivias ao teu belo tempo passado, quando, perdidos teus antigos donos, alguém se lembrou de carregar-te para a sacristia da igreja, não te davam outro serviço que não o de transportares, como esquife, cadáveres de anjinhos pobres ao cemitério, ou semelhante às macas das ambulâncias militares, o de conduzires ao hospital feridos ou enfermos desvalidos.
    Que cruel vingança não toma aquela época longínqua por lhe teres sobrevivido! Coisa inteiramente fora da moda, o contraste flagrante que formas com o mundo circundante é uma prova evidente de tua próxima eliminação, 6 velha cadeirinha dos tempos mortos!
   Mas é assim a vida: as espécies, como os indivíduos, vão desaparecendo ou se transformando em outras espécies e em outros indivíduos mais perfeitos, mais complicados, mais aptos para o meio atual, porém muito menos grandiosos que os passados. Que figura faria o elefante de hoje, resto exótico da fauna terciária, ao lado do megatério? A de um filhote deste. E no entanto, bem cedo, talvez nos nossos dias, desaparecerá o elefante, por já estar em desarmonia com a fauna atual, por constituir já aquele doloroso contraste de que falamos acima e que é o primeiro sintoma da próxima eliminação do grande paquiderme. Parece que o progresso marcha para a dispersão, a desagregação e o formigamento. Um grande organismo tomba e se decompõe e vai formar uma inumerável quantidade de seres ávidos de vida. A morte, essa grande ilusão humana, é o início daquela dispersão, ou antes a fonte de muitas vidas. E que grande consoladora!
  Lembra-me ter visto, há tempos, um octogenário de passo trôpego e cara rapada passeando em trajes domingueiros a pedir uma carícia ao sol. Dirigilhe a palavra e detivemo-nos largo espaço a falar dos costumes, das coisas e dos homens de outro tempo. Nisso surpreendeu-nos um magote de garotos que escaramuçou o velho a vaias. O pobre do ancião já ia seguindo seu caminho quando o abordou a meninada, não apressou o passo nem perdeu aquela serenidade de quem já tinha domado as fúrias das paixões com o vencer os anos. Vi-o ainda voltar-se com o rosto engelhado numa risada tristíssima, a comprida japona abanando ao vento e dizer, em tom de convicção profunda: “Ai dos velhos, se não “fosse a morte!” Parecia uma banalidade, mas não era senão o apelo supremo, a prece fervente que esse exilado fazia a Deus para que pusesse termo ao seu exílio, onde ele estava fora dos seus amigos, dos seus costumes, de tudo quanto lhe podia falar ao coração. [...].
   Por que, pois, a pobre cadeirinha, esse mimo de graça, esse traste casquilho, essa fiel companheira da vida de sociedade, da vida palaciana, da vida de corte com seus apuros e suas intrigas, suas vinganças pequeninas, seus amores, todavia sobrevive e por que a não pôs em pedaços um braço robusto empunhando um machado benfazejo? Ao menos evitaria esse dolorosíssimo ridículo, essa exposição indecorosa de nudez de velha!
   Já tiveste dias de glória, cadeirinha de outros tempos! Pois bem: desaparece agora, vai ao fogo e pede que te reduza a cinzas! É mil vezes preferível a essa decadência em que te achas e até mesmo à hipótese mais lisonjeira de te perpetuarem num museu. Deves preferir a paz do aniquilamento à glória de figurares numa coleção de objetos antigos, exposta à curiosidade dos papalvos e às lorpas considerações dos burgueses, mofada e tristonha. Morre, desaparece, que talvez — por que não? — a tua dona mais gentil, aquela para quem tuas alcatifas tinham mais delicada carícia ao receber-lhe o corpinho mimoso, aquela que recendia um perfume longínquo de roseira do Chiraz te conduza para alguma região ideal, dourada e fugidia, inacessível aos homens... [...].

ARINOS, Affonso. Pelo Sertão. Minas Gerais: Itatiaia, 1981. (Texto adaptado) 
Marque a opção que apresenta, de acordo com o texto, a visão do narrador sobre a cadeirinha. 
Alternativas
Ano: 2020 Banca: Exército Órgão: EsSA Prova: Exército - 2020 - EsSA - Sargento |
Q1862814 Português

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Segundo o texto, a praticidade do cotidiano atual deve-se, em especial, à:

Alternativas
Ano: 2020 Banca: Exército Órgão: EsSA Prova: Exército - 2020 - EsSA - Sargento |
Q1862807 Português
Leia o texto abaixo:


Importância e vantagens da reciclagem

A segunda metade do século XX foi marcada pelo surgimento de uma série de produtos que contribuíram para a praticidade do nosso cotidiano. A ascensão da indústria de materiais descartáveis foi uma das protagonistas desse desenvolvimento como, por exemplo, a invenção do PET (Politereftalato de etileno). Inicialmente empregado na indústria têxtil, esse tipo de plástico logo revolucionou o setor de armazenamento e transporte de alimentos e bebidas, com as vantagens de ser inquebrável, leve e de fácil manuseio-substituindo o vidro, pesado e frágil. 

O consumo em grande escala dos plásticos gerou um problema em relação ao meio ambiente: o descarte desses resíduos. Nas últimas décadas, instituições defensoras da sustentabilidade passaram a pressionar os governos e as indústrias por posturas mais responsáveis: o crescimento econômico em detrimento do meio ambiente virou objeto de pesquisa de cientistas, tomou as manchetes das revistas especializadas e dos jornais e ganhou o apelo da população.

 O fim do uso de materiais descartáveis é inviável, tampouco os ambientalistas clamam por isso. O desenvolvimento sustentável consiste em 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. A indústria fica encarregada da terceira etapa. O processo de reciclagem não só preserva o meio ambiente, mas também gera riquezas e reduz os custos de produção das empresas que investem na prática, além de promover o marketing social de "empresa eco-friendly" ou "empresa verde" (amigável ao meio ambiente).

(Disponível em: <https://www.simperj.org.br/blog/2018/09/27 /a-importancia-e-vantagens-da-reciclagem/>. Acesso em 13
jun. 2019. Adaptado.) 
Segundo o texto, a indústria, quanto ao desenvolvimento sustentável, deve:
Alternativas
Q1846852 Português
Relacione as colunas observando os pronomes em destaque nas frases abaixo e as determinações de seu emprego. Em seguida, assinale a alternativa com a sequência correta.   1 – Esse mesmo é o perfume que desejo comprar.  2 – Aquilo é que é demonstração de coragem.  3 – Era impressionante que a bela mulher fosse agora transformada naquilo.  4 – O senhor quer que eu pague uma fortuna por isto?   5 – Chegaram noiva, noivo, padrinhos... E o padre? Essa agora!  ( ) Indica apreço.  ( ) Indica desprezo.  ( ) Indica ênfase. ( ) Indica comiseração. ( ) Indica surpresa. 
Alternativas
Q1846842 Português
Leia: I- “Esta vida é uma viagem     Pena eu estar     Só de passagem.” (Paulo Leminski) II- “Aceite uma ajuda do seu futuro amor      Pro aluguel.      Devolva o Neruda que você me tomou      E nunca leu.” (Chico Buarque e Francis Hime) III- “Que roseira bonita       Que me olha tão aflita        Pela chuva que não vem.” (J. Mautner e Gilberto Gil) IV- “A mão que toca o violão,        Se for preciso, vai à guerra.” (Marcos e Paulo Valle) Quanto às figuras de linguagem, assinale a alternativa com a afirmação correta.
Alternativas
Q1846834 Português
Os filhos do quarto!
Cassiana Tardivo – Psicopedagoga (Texto adaptado)
    Antes perdíamos filhos nos rios, nos matos, nos mares; hoje os temos perdido dentro do quarto! Quando brincavam nos quintais, ouvíamos suas vozes, escutávamos suas fantasias e, ao ouvi-los, mesmo a distância, sabíamos o que se passava em suas mentes. Quando entravam em casa, não existia uma TV em cada quarto, nem dispositivos eletrônicos em suas mãos. Hoje não escutamos suas vozes, não ouvimos seus pensamentos e fantasias; as crianças estão ali, dentro de seus quartos, e por isso pensamos estarem em segurança. Quanta imaturidade a nossa!
    Agora ficam com seus fones de ouvido, trancados em seus mundos, construindo seus saberes sem que saibamos o que é… Perdem literalmente a vida, ainda vivos em corpos, mas mortos em seus relacionamentos com seus pais, fechados num mundo global de tanta informação e estímulos, de modismos passageiros, que em nada contribuem para a formação de crianças seguras e fortes para tomarem decisões moralmente corretas e de acordo com seus valores familiares. Dentro de seus quartos, perdemos os filhos, pois não sabem nem mais quem são ou o que pensam suas famílias, já estão mortos de sua identidade familiar… Tornam-se uma mistura de tudo aquilo pelo qual eles têm sido influenciados, e pais nem sempre já sabem o que seus filhos são. (...)
    (...) tenho visto tantas famílias doentes com filhos mortos dentro do quarto. (...) Convido você a tirar seu filho do quarto, do tablet, do celular (...), a comprar jogos de mesa, tabuleiros e ter filhos na sala, ao seu lado por, no mínimo, dois dias estabelecidos na sua semana à noite (...). E jogue, divirta-se com eles, escute as vozes, as falas, os pensamentos e tenha a grande oportunidade de tê-los vivos, “dando trabalho”, e que eles aprendam a viver em família, sintam-se pertencentes no lar para que não precisem se aventurar nessas brincadeiras malucas para se sentirem alguém ou terem um pouco de adrenalina, que antes tinham com as brincadeiras no quintal!
https://www.docelimao.com.br/site/especial-kids/educacao/3049-os-filhosdo-quarto.html

A questão refere-se ao texto acima.
Leia: I- “Nenhuma criança nasce folgada, ela aprende a ser.” (Içami Tiba) II- “O grande mito de nosso tempo é que tecnologia é comunicação.” (Libby Larsen) III- “Torna-se aparentemente óbvio que nossa tecnologia excedeu nossa humanidade.” (Albert Einstein) IV- “O problema da internet é que ela produz muito ruído, pois há muita gente a falar ao mesmo tempo.” (Umberto Eco) Assinale a alternativa que contém os pensamentos que podem ser associados ao conteúdo do texto. 
Alternativas
Q1846833 Português
Os filhos do quarto!
Cassiana Tardivo – Psicopedagoga (Texto adaptado)
    Antes perdíamos filhos nos rios, nos matos, nos mares; hoje os temos perdido dentro do quarto! Quando brincavam nos quintais, ouvíamos suas vozes, escutávamos suas fantasias e, ao ouvi-los, mesmo a distância, sabíamos o que se passava em suas mentes. Quando entravam em casa, não existia uma TV em cada quarto, nem dispositivos eletrônicos em suas mãos. Hoje não escutamos suas vozes, não ouvimos seus pensamentos e fantasias; as crianças estão ali, dentro de seus quartos, e por isso pensamos estarem em segurança. Quanta imaturidade a nossa!
    Agora ficam com seus fones de ouvido, trancados em seus mundos, construindo seus saberes sem que saibamos o que é… Perdem literalmente a vida, ainda vivos em corpos, mas mortos em seus relacionamentos com seus pais, fechados num mundo global de tanta informação e estímulos, de modismos passageiros, que em nada contribuem para a formação de crianças seguras e fortes para tomarem decisões moralmente corretas e de acordo com seus valores familiares. Dentro de seus quartos, perdemos os filhos, pois não sabem nem mais quem são ou o que pensam suas famílias, já estão mortos de sua identidade familiar… Tornam-se uma mistura de tudo aquilo pelo qual eles têm sido influenciados, e pais nem sempre já sabem o que seus filhos são. (...)
    (...) tenho visto tantas famílias doentes com filhos mortos dentro do quarto. (...) Convido você a tirar seu filho do quarto, do tablet, do celular (...), a comprar jogos de mesa, tabuleiros e ter filhos na sala, ao seu lado por, no mínimo, dois dias estabelecidos na sua semana à noite (...). E jogue, divirta-se com eles, escute as vozes, as falas, os pensamentos e tenha a grande oportunidade de tê-los vivos, “dando trabalho”, e que eles aprendam a viver em família, sintam-se pertencentes no lar para que não precisem se aventurar nessas brincadeiras malucas para se sentirem alguém ou terem um pouco de adrenalina, que antes tinham com as brincadeiras no quintal!
https://www.docelimao.com.br/site/especial-kids/educacao/3049-os-filhosdo-quarto.html

A questão refere-se ao texto acima.
De acordo com o texto, “os filhos do quarto” estão em perigo porque 
Alternativas
Q1846832 Português
Os filhos do quarto!
Cassiana Tardivo – Psicopedagoga (Texto adaptado)
    Antes perdíamos filhos nos rios, nos matos, nos mares; hoje os temos perdido dentro do quarto! Quando brincavam nos quintais, ouvíamos suas vozes, escutávamos suas fantasias e, ao ouvi-los, mesmo a distância, sabíamos o que se passava em suas mentes. Quando entravam em casa, não existia uma TV em cada quarto, nem dispositivos eletrônicos em suas mãos. Hoje não escutamos suas vozes, não ouvimos seus pensamentos e fantasias; as crianças estão ali, dentro de seus quartos, e por isso pensamos estarem em segurança. Quanta imaturidade a nossa!
    Agora ficam com seus fones de ouvido, trancados em seus mundos, construindo seus saberes sem que saibamos o que é… Perdem literalmente a vida, ainda vivos em corpos, mas mortos em seus relacionamentos com seus pais, fechados num mundo global de tanta informação e estímulos, de modismos passageiros, que em nada contribuem para a formação de crianças seguras e fortes para tomarem decisões moralmente corretas e de acordo com seus valores familiares. Dentro de seus quartos, perdemos os filhos, pois não sabem nem mais quem são ou o que pensam suas famílias, já estão mortos de sua identidade familiar… Tornam-se uma mistura de tudo aquilo pelo qual eles têm sido influenciados, e pais nem sempre já sabem o que seus filhos são. (...)
    (...) tenho visto tantas famílias doentes com filhos mortos dentro do quarto. (...) Convido você a tirar seu filho do quarto, do tablet, do celular (...), a comprar jogos de mesa, tabuleiros e ter filhos na sala, ao seu lado por, no mínimo, dois dias estabelecidos na sua semana à noite (...). E jogue, divirta-se com eles, escute as vozes, as falas, os pensamentos e tenha a grande oportunidade de tê-los vivos, “dando trabalho”, e que eles aprendam a viver em família, sintam-se pertencentes no lar para que não precisem se aventurar nessas brincadeiras malucas para se sentirem alguém ou terem um pouco de adrenalina, que antes tinham com as brincadeiras no quintal!
https://www.docelimao.com.br/site/especial-kids/educacao/3049-os-filhosdo-quarto.html

A questão refere-se ao texto acima.
O texto tenciona
Alternativas
Respostas
901: C
902: A
903: E
904: B
905: C
906: A
907: A
908: D
909: C
910: B
911: E
912: A
913: A
914: B
915: B
916: D
917: B
918: B
919: C
920: B