Questões Militares de Português - Interpretação de Textos

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Q1761233 Português

O texto a seguir é referência para a questão.


‘Speed watching’: o que você perde quando acelera a velocidade do filme?


    Com a pandemia de coronavírus, uma legião de confinados passou a sentir o tempo de forma diferente. Um exemplo disso é o crescente hábito de consumir produções audiovisuais em velocidade acelerada. Cada vez mais plataformas de streaming têm oferecido ferramentas de speed watching, que permitem alterar o ritmo do que se assiste ou se escuta. Na Netflix, é possível ver um filme ou série com até o dobro da velocidade original. As possibilidades são as mesmas no Youtube e no Spotify. Isso estende a funcionalidade para podcasts, palestras e até aulas online.

    Especialistas entendem que essa tendência é uma resposta ao atual momento: mais do que nunca, a tecnologia é a principal interface das pessoas com o mundo ao redor. Isso interfere no ritmo com o qual se vive e se consomem conteúdos. O psiquiatra Adriano Aguiar lembra que, durante muito tempo, a rotina das pessoas era ditada pela natureza. Depois, com a chegada da televisão, os programas passaram a interferir no dia a dia das famílias. “Algumas iam dormir só depois da novela ou do programa do Jô Soares”, exemplifica o médico. Hoje, em meio à explosão do mercado de streaming, que dá a possibilidade de se assistir ao que se quer e quando se quer, esses limites se dissolveram. “Estamos jogados no ilimitado da informação e submetidos ao funcionamento de algoritmos que deliberadamente trabalham para gerar uma adição”, defende Aguiar.

    É diante desse fluxo frenético que as pessoas se veem impelidas a consumir em pouco tempo a maior quantidade de conteúdo possível. Isso pode levar à chamada síndrome de FOMO, sigla do inglês “fear of missing out”: aquele medo desesperado de perder alguma coisa frente a uma avalanche de dados. O “speed watching” se insere nesse contexto.

    Assistir a um filme em velocidade acelerada ajuda a ganhar tempo. Por outro lado, um hábito que serviria para descansar a mente acaba alimentando a ansiedade, conforme explica a psiquiatra e professora da Universidade Positivo, Raquel Heep. O cérebro do ansioso pode operar em um sistema de recompensa: consumindo mais em menos tempo e sentindo os ganhos disso, terá dificuldade em desfrutar de uma obra no ritmo original. Para Heep, há uma confusão entre absorver fatos e ter um momento de contemplação. O cineasta Alexandre Rafael Garcia concorda. Ele argumenta que receber informações é diferente de assimilá-las mediante a reflexão que um filme ou série promovem sob um ritmo determinado. “Eu sei que o homem de ferro morre, mas ver o homem de ferro morrendo é outra coisa. E a nossa sociedade está muito centrada no volume do que se consegue absorver”, diz Garcia, que é também professor de cinema da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

    Embora acelerar um filme atrapalhe a experiência de assistir a um grande clássico, cineastas e neurocientistas concordam que o cérebro humano pode estar ficando mais rápido e, com isso, os filmes também. O premiado diretor de cinema Fernando Meirelles está entre os que enxergam esse movimento. Para ele, o fato de nossa cabeça estar ficando mais veloz impacta a recepção das produções cinematográficas agora. “A quantidade do que processamos hoje é muitas vezes maior do que o que recebíamos há 40 anos”, diz.

    O neurocientista Marcelo de Meira Santos Lima, da Universidade Federal do Paraná, explica que, embora não haja estudos comprovando a influência do “speed watching” no cérebro, esse órgão pode, sim, sofrer impactos de longo prazo, a começar pelas sinapses. Coletivamente, a formação de novas redes neurais poderia originar cérebros mais eficientes e rápidos, embora com uma demanda de energia atípica e capaz de impulsionar quadros de ansiedade, insônia, distúrbios de atenção e depressão.

    Enquanto a ciência não decifra esse mistério, muitos seguirão acelerando conteúdos. Ao menos de vez em quando, como faz o próprio Fernando Meirelles. Ele confessa que em alguns casos, quando um filme lhe parece previsível ou desinteressante, opta por escaneá-lo, na expectativa de que alguma cena para frente o prenda. “Acelerar para mim é o estágio que vem antes de abandonar”.


(Lívia Inácio, 14/03/2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-56368238.)

De acordo com o texto, considere as seguintes afirmativas:


1. A possibilidade de se alterar a velocidade com que se assiste a vídeos e áudios surgiu com a disponibilização de acesso à informação decorrente da pandemia.

2. O crescimento na tendência de consumir produtos audiovisuais foi ocasionado pela redução nas interações físicas, que levou as pessoas a se ajustarem ao ritmo da internet.

3. A ferramenta speed watching tem criado um descompasso entre a velocidade com que recebemos informações e nossa capacidade de processá-las.

4. A síndrome de FOMO é causada pelos algoritmos da internet que atuam sobre o comportamento dos usuários.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q1761232 Português

Leia a seguinte tirinha do menino Calvin e seu tigre Haroldo:


Imagem associada para resolução da questão

(WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo: E foi assim que tudo começou. São Paulo: Conrad, 2007. p. 95.)


Com base na tira, considere as seguintes afirmativas:


1. As ações descritas pelo menino fazem parte de seu plano com relação à possível vinda de um irmão ou irmã.

2. A resposta de Calvin à pergunta de Haroldo indica que ele já pode abandonar o plano que vinha executando.

3. O menino adora sábados por se tratar de dia estratégico para dar mais visibilidade aos seus esforços.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q1761230 Português
Em entrevista à BBCNews, publicada em 21/03/2021, uma das perguntas dirigidas ao psicanalista Christian Drunker foi a seguinte:
Como a depressão chegou ao posto de diagnóstico mais frequente para se descrever as formas de sofrimento mental em nossa época?
Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta a essa pergunta.
Alternativas
Q1761228 Português

O texto a seguir é referência para a questão.




(FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. 8. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 51-2.)

Com base no texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1761227 Português

O texto a seguir é referência para a questão.




(FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. 8. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 51-2.)

Com relação ao emprego de pronomes, considere as seguintes afirmativas:


1. Em “risco de levá-lo” (linha 3), “lo” refere-se a “coletivo”.

2. Em “fazendo-o” (linha 18), “o” refere-se a “artista”.

3. Em “desvendando-lhe” (linha 21), “lhe” refere-se a “público”.

4. Em “cabia-lhe” (linha 22), “lhe” refere-se a “homem”.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q1761226 Português
Considere o seguinte início de um texto retirado da revista Aventuras na História (ed. 214. São Paulo: Editora Caras, 2021. p. 16):
Há 12 mil anos, abóboras eram refeições exclusivas de grandes mamíferos, como os mamutes, mastodontes e preguiças gigantes – a megafauna do Paleolítico.
Numere os parênteses abaixo, identificando a ordem das ideias que vêm na sequência, para que o conjunto apresente lógica textual.
( ) Quando eles foram extintos, as plantas ficaram “órfãs”, sem ter ninguém para distribuir suas sementes, o que os grandes mamíferos faziam pelas fezes. ( ) Após a extinção da megafauna americana, várias espécies de cucurbitáceas – a família da abóbora – acabaram extintas por falta de disseminação. ( ) Eram plantas amargas demais para o ser humano, mas esses bichos não tinham dificuldade em tolerá-las, pela forma diferente como percebiam os sabores. ( ) Essa é a conclusão de um estudo da University Park, dos Estados Unidos, que testou plantas modernas versus suas ancestrais e versões selvagens atuais. ( ) As adotadas por humanos prosperaram. ( ) Os humanos então adotaram as plantas, provavelmente como cabeças e boias para redes de pesca, antes de elas desenvolverem o atual sabor aceitável, por seleção artificial.
Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta dos parênteses, de cima para baixo.
Alternativas
Q1761224 Português

O texto a seguir é referência para a questão.


    A insegurança alimenta o medo. Não surpreende que a guerra contra a insegurança ocupe lugar de destaque na lista de prioridades dos planejadores urbanos; ou pelo menos estes acreditam que deveria e, se indagados, insistem nisso. O problema, porém, é que, quando a insegurança se vai, a espontaneidade, a flexibilidade, a capacidade de surpreender e a oferta de aventuras, principais atrações da vida urbana, também tendem a desaparecer das ruas da cidade. A alternativa à insegurança não é a bênção da tranquilidade, mas a maldição do tédio. É possível superar o medo e ao mesmo tempo fugir do tédio? Pode-se suspeitar __________ esse quebra-cabeça seja o maior dilema a confrontar os planejadores e arquitetos urbanos – um dilema ainda sem uma solução convincente, satisfatória e incontestada, uma questão __________ talvez não se possa achar uma resposta plenamente adequada, mas que (talvez pela mesma razão) continuará estimulando arquitetos e planejadores a produzir experimentos cada vez mais radicais e invenções cada vez mais ousadas.

    Desde o início, as cidades têm sido lugares __________ estranhos convivem em estreita proximidade, embora permanecendo estranhos. A companhia de estranhos é sempre assustadora (ainda que nem sempre temida), já que faz parte da natureza dos estranhos, diferentemente tanto dos amigos quanto dos inimigos, que suas intenções, maneiras de pensar e reações a condições comuns sejam desconhecidas ou não conhecidas o suficiente __________ se possa calcular as probabilidades de sua conduta. Uma reunião de estranhos é um lócus de imprevisibilidade endêmica e incurável. Pode-se dizer isso de outra forma: os estranhos incorporam o risco. Não há risco sem pelo menos algum resquício de medo de um dano ou perda, mas sem risco também não há chance de ganho ou triunfo. Por essa razão, os ambientes carregados de risco não podem deixar de ser vistos como locais de intensa ambiguidade, o que, por sua vez, não deixa de evocar atitudes e reações ambivalentes. Os ambientes repletos de risco simultaneamente atraem e repelem, e o ponto __________ uma reação se transforma no seu oposto é eminentemente variável e mutante, virtualmente impossível de apontar com segurança, que dirá de fixar.


(BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. Adaptado.)

Com base no texto, considere as seguintes afirmativas:


1. A origem da insegurança nas cidades está na impossibilidade de se obter ganho ou triunfo, devido à convivência com estranhos.

2. A complexidade da problemática enfrentada pelos arquitetos e planejadores urbanos na estruturação das cidades é de natureza paradoxal.

3. O que faz com que a companhia de estranhos nas cidades seja assustadora é a semelhança entre a natureza dos estranhos e a do inimigo.

4. A busca de arquitetos e planejadores urbanos em projetos mais ousados é atingir o ponto ótimo entre segurança e monotonia.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q1761223 Português

O texto a seguir é referência para a questão.


    A insegurança alimenta o medo. Não surpreende que a guerra contra a insegurança ocupe lugar de destaque na lista de prioridades dos planejadores urbanos; ou pelo menos estes acreditam que deveria e, se indagados, insistem nisso. O problema, porém, é que, quando a insegurança se vai, a espontaneidade, a flexibilidade, a capacidade de surpreender e a oferta de aventuras, principais atrações da vida urbana, também tendem a desaparecer das ruas da cidade. A alternativa à insegurança não é a bênção da tranquilidade, mas a maldição do tédio. É possível superar o medo e ao mesmo tempo fugir do tédio? Pode-se suspeitar __________ esse quebra-cabeça seja o maior dilema a confrontar os planejadores e arquitetos urbanos – um dilema ainda sem uma solução convincente, satisfatória e incontestada, uma questão __________ talvez não se possa achar uma resposta plenamente adequada, mas que (talvez pela mesma razão) continuará estimulando arquitetos e planejadores a produzir experimentos cada vez mais radicais e invenções cada vez mais ousadas.

    Desde o início, as cidades têm sido lugares __________ estranhos convivem em estreita proximidade, embora permanecendo estranhos. A companhia de estranhos é sempre assustadora (ainda que nem sempre temida), já que faz parte da natureza dos estranhos, diferentemente tanto dos amigos quanto dos inimigos, que suas intenções, maneiras de pensar e reações a condições comuns sejam desconhecidas ou não conhecidas o suficiente __________ se possa calcular as probabilidades de sua conduta. Uma reunião de estranhos é um lócus de imprevisibilidade endêmica e incurável. Pode-se dizer isso de outra forma: os estranhos incorporam o risco. Não há risco sem pelo menos algum resquício de medo de um dano ou perda, mas sem risco também não há chance de ganho ou triunfo. Por essa razão, os ambientes carregados de risco não podem deixar de ser vistos como locais de intensa ambiguidade, o que, por sua vez, não deixa de evocar atitudes e reações ambivalentes. Os ambientes repletos de risco simultaneamente atraem e repelem, e o ponto __________ uma reação se transforma no seu oposto é eminentemente variável e mutante, virtualmente impossível de apontar com segurança, que dirá de fixar.


(BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. Adaptado.)

Na última linha, a expressão “que dirá” estabelece entre as ideias uma relação de:
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IADES Órgão: PM-PA Prova: IADES - 2021 - PM-PA - Soldado - Masculino |
Q1761107 Português

Texto 3

A justiça restaurativa 




Disponível em: <https://www.mpm.mp.br/portal/wp-content/uploads

/2018/06/edicao21.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2020, com adaptações.


Conforme as ideias veiculadas no texto, no que diz respeito ao conceito de justiça restaurativa, compreende-se que
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IADES Órgão: PM-PA Prova: IADES - 2021 - PM-PA - Soldado - Masculino |
Q1761104 Português

Texto 3

A justiça restaurativa 




Disponível em: <https://www.mpm.mp.br/portal/wp-content/uploads

/2018/06/edicao21.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2020, com adaptações.


Em “A noção de reparação, de serviço comunitário e de mediação autor-vítima instam aquele a se dar conta das consequências de seus atos em prejuízo das vítimas, e o motiva a tomar vias de atuação para lograr emendar tais consequências para as vítimas e a comunidade.” (linhas de 26 a 30), a palavra sublinhada poderia ser substituída por
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IADES Órgão: PM-PA Prova: IADES - 2021 - PM-PA - Soldado - Masculino |
Q1761103 Português

Texto 2

PM prende suspeita de receptação de objetos roubados em Belém 




Disponível em: <https://www.pm.pa.gov.br/component/content/article/80-

blog/news>. Acesso em: 7 jan. 2021, com adaptações.


Caso a forma verbal “aconteceu” fosse substituída por um sinônimo, em “Isso aconteceu após os militares receberem informações, por meio de denúncias anônimas, a respeito de uma dupla que estava em um veículo sem placa e que havia escondido diversos objetos roubados em uma residência próxima ao canal da Pirajá.” (linhas de 4 a 8), a norma-padrão seria mantida em
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IADES Órgão: PM-PA Prova: IADES - 2021 - PM-PA - Soldado - Masculino |
Q1761102 Português

Texto 2

PM prende suspeita de receptação de objetos roubados em Belém 




Disponível em: <https://www.pm.pa.gov.br/component/content/article/80-

blog/news>. Acesso em: 7 jan. 2021, com adaptações.


De acordo com o texto, a mulher que foi detida no bairro da Sacramenta, em Belém, na manhã de terça-feira, foi considerada suspeita de receptação de objetos roubados
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IADES Órgão: PM-PA Prova: IADES - 2021 - PM-PA - Soldado - Masculino |
Q1761101 Português

Texto 2

PM prende suspeita de receptação de objetos roubados em Belém 




Disponível em: <https://www.pm.pa.gov.br/component/content/article/80-

blog/news>. Acesso em: 7 jan. 2021, com adaptações.


No último parágrafo, em “A suspeita foi presa e encaminhada na manhã seguinte, junto com todo o material apreendido, para a Delegacia de Polícia Civil da Sacramenta, em que foram realizados os procedimentos cabíveis.” (linhas de 14 a 17), a expressão “em que” poderia, sem alterar o sentido e nem promover incorreção ao texto, ser substituída por
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IADES Órgão: PM-PA Prova: IADES - 2021 - PM-PA - Soldado - Masculino |
Q1761099 Português
Texto 1


Disponível em: <https://www.mpm.mp.br/portal/wp-content/uploads/2018/06/edicao21.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2020,
com adaptações.
Mantendo-se o sentido original e a correção do texto quanto à regência e à pontuação, o trecho “Assistimos, nos últimos anos, à mercê de um fantástico avanço tecnológico, a um processo acelerado de transformações que provocaram a criação de um novo paradigma social” (linhas de 1 a 4) poderia ser substituído por
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IADES Órgão: PM-PA Prova: IADES - 2021 - PM-PA - Soldado - Masculino |
Q1761098 Português
Texto 1


Disponível em: <https://www.mpm.mp.br/portal/wp-content/uploads/2018/06/edicao21.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2020,
com adaptações.
No que se refere à estrutura e à organização do texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1752225 Português
Texto 1A2-II

   Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. A cachorra Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dele, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na caatinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra.
    As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam.
   Num cotovelo do caminho, avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar a força.
   Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra. 

Graciliano Ramos. Vidas secas. 107.ª edição (com adaptações).
De acordo com o texto 1A2-II, após a morte do papagaio, Fabiano e sua família
Alternativas
Q1752223 Português
Texto 1A2-II

   Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. A cachorra Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dele, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na caatinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra.
    As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam.
   Num cotovelo do caminho, avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar a força.
   Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra. 

Graciliano Ramos. Vidas secas. 107.ª edição (com adaptações).
No texto 1A2-II, o segmento “como cascos”, em “Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam” (segundo parágrafo), expressa uma
Alternativas
Q1752222 Português
Texto 1A2-II

   Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. A cachorra Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dele, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na caatinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra.
    As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam.
   Num cotovelo do caminho, avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar a força.
   Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra. 

Graciliano Ramos. Vidas secas. 107.ª edição (com adaptações).
Infere-se do texto 1A2-II que
Alternativas
Q1752221 Português
Texto 1A2-I

   O papel da polícia militar é exclusivamente o patrulhamento ostensivo. É por isso que essa é a polícia que anda fardada e caracterizada, mostrando sua presença ostensiva e passando segurança à sociedade.
   Nesse contexto, a polícia militar tem papel de relevância, uma vez que se destaca, também, como força pública, primando pelo zelo, pela honestidade e pela correção de propósitos com a finalidade de proteger o cidadão, a sociedade e os bens públicos e privados, coibindo os ilícitos penais e as infrações administrativas.
   Nos dias atuais, a polícia militar, além de suas atribuições constitucionais, desempenha várias outras atribuições que, direta ou indiretamente, influenciam no cotidiano das pessoas, na medida em que colabora com todos os segmentos da sociedade, diminuindo conflitos e gerando a sensação de segurança que a comunidade anseia.
  De uma forma bem simples, a polícia militar cuida daquilo que está acontecendo ou que acabou de acontecer, enquanto a polícia civil cuida daquilo que já aconteceu e que demanda investigação, ou seja, a polícia militar é aquela que cuida e previne, e a polícia civil é aquela que busca quem fez.

Internet: <www.pm.to.gov.br> (com adaptações).
Cada uma das próximas opções apresenta uma proposta de reescrita para o seguinte trecho do texto 1A2-I: “Nos dias atuais, a polícia militar, além de suas atribuições constitucionais, desempenha várias outras atribuições que, direta ou indiretamente, influenciam no cotidiano das pessoas” (terceiro parágrafo). Assinale a opção em que a proposta de reescrita apresentada mantém a correção gramatical e o sentido do texto.
Alternativas
Q1752216 Português
Texto 1A1-I

  Apenas dez anos atrás, ainda havia em Nova York (onde moro) muitos espaços públicos mantidos coletivamente nos quais cidadãos demonstravam respeito pela comunidade ao poupá-la das suas intimidades banais. Há dez anos, o mundo não havia sido totalmente conquistado por essas pessoas que não param de tagarelar no celular. Telefones móveis ainda eram usados como sinal de ostentação ou para macaquear gente afluente. Afinal, a Nova York do final dos anos 90 do século passado testemunhava a transição inconsútil da cultura da nicotina para a cultura do celular. Num dia, o volume no bolso da camisa era o maço de cigarros; no dia seguinte, era um celular. Num dia, a garota bonitinha, vulnerável e desacompanhada ocupava as mãos, a boca e a atenção com um cigarro; no dia seguinte, ela as ocupava com uma conversa importante com uma pessoa que não era você.
Num dia, viajantes acendiam o isqueiro assim que saíam do avião; no dia seguinte, eles logo acionavam o celular. O custo de um maço de cigarros por dia se transformou em contas mensais de centenas de dólares na operadora. A poluição atmosférica se transformou em poluição sonora. Embora o motivo da irritação tivesse mudado de uma hora para outra, o sofrimento da maioria contida, provocado por uma minoria compulsiva em restaurantes, aeroportos e outros espaços públicos, continuou estranhamente constante. Em 1998, não muito tempo depois que deixei de fumar, observava, sentado no metrô, as pessoas abrindo e fechando nervosamente seus celulares, mordiscando as anteninhas. Ou apenas os segurando como se fossem a mão de uma mãe, e eu quase sentia pena delas. Para mim, era difícil prever até onde chegaria essa tendência: Nova York queria verdadeiramente se tornar uma cidade de viciados em celulares deslizando pelas calçadas sob desagradáveis nuvenzinhas de vida privada, ou de alguma maneira iria prevalecer a noção de que deveria haver um pouco de autocontrole em público? 

Jonathan Franzen. Como ficar sozinho. São Paulo:
Companhia das Letras, 2012, p. 17-18 (com adaptações).
No último período do texto 1A1-I, com o uso do diminutivo no vocábulo “nuvenzinhas”, o autor
Alternativas
Respostas
1241: C
1242: C
1243: E
1244: D
1245: A
1246: C
1247: C
1248: A
1249: E
1250: B
1251: E
1252: C
1253: A
1254: E
1255: D
1256: E
1257: B
1258: D
1259: B
1260: A