Questões Militares Comentadas sobre morfologia - pronomes em português

Foram encontradas 310 questões

Q1874325 Português
Instrução: Leia o texto a seguir para responder à questão.

A linguagem corporal é uma forma de expressão tão poderosa quanto as palavras – em alguns casos, sua força é até maior. Afinal, você pode tentar passar uma ideia diferente da que está sentindo através da fala, mas, se não for um especialista no assunto, dificilmente vai conseguir disfarçar os sinais que o seu corpo transmite. Ou seja, não é só a nossa boca que comunica: nossos gestos, olhares, expressões e posturas também. Um simples cruzar de pernas, uma mão colocada próximo da boca e uma contração na testa podem dizer muito mais sobre você e a sua situação de momento do que se pode imaginar. Não à toa, a linguagem não verbal é um dos elementos analisados pelas autoridades policiais para saber se um suspeito está mentindo ou não durante um depoimento, por exemplo.

(Disponível em: htpps://fia.com.br/blog/linguagem corporal. Acesso em: 12/11/2021.)
Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do texto, analise as afirmativas.

I- Na linha 1, a expressão tão poderosa quanto indica um comparativo de igualdade.
II- A palavra Afinal, na linha 2, é uma preposição que pode ser substituída por Finalmente.
III- Com o uso dos pronomes você, nossa e nossos, o autor intende maior aproximação com o leitor.
IV- A locução adverbial Não à toa (linha 6) significa que não foi ao acaso, ao léu.

Estão corretas as afirmativas 
Alternativas
Q1874206 Português
Os pronomes relativos têm basicamente a função de unir orações cujas ideias se complementam e, com isso, evitar repetições desnecessárias. Quanto ao uso do pronome relativo, preposicionado ou não, assinale a alternativa que apresenta junção correta das orações.
Alternativas
Q1872303 Português
Todas as frases a seguir mostram repetições de vocábulos.

Assinale a opção que apresenta forma adequada de evitar-se uma dessas repetições. 
Alternativas
Ano: 2021 Banca: Marinha Órgão: EAM Prova: Marinha - 2021 - EAM - Marinheiro |
Q1870269 Português

Texto 1

Eu sei, mas não devia

        Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

        A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

        A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

        A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

         Agente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando - precisava tanto ser visto.

        A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

        A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. À ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, tançado na infindável catarata dos produtos.

        A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

        A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

        A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Jornal do Brasil, 1972.

Em “A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.” (3º) e “Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.” (10º8), as palavras destacadas foram empregadas, respectivamente, como:  
Alternativas
Q1867714 Português
Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados na questão.



(Texto especialmente adaptado para esta prova).
Em relação à frase: ‘Quem for diferente da sua tribo lhes parecerá sem noção’ (l. 28), afirma-se que:

I. ‘Quem for diferente da sua tribo’ exerce a função de sujeito da forma verbal ‘parecerá’; é, pois, uma oração subordinada subjetiva.
II. ‘Quem’ é um pronome indefinido, exercendo a função de sujeito indeterminado.
III. ‘lhes’ funciona como objeto direto e se refere a ‘os caquéticos’, termo citado na linha 27.

Quais estão corretas? 
Alternativas
Ano: 2021 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2021 - CFN - Soldado |
Q1865757 Português
Em relação à colocação do pronome antes do verbo mover em “Mas o sentido de morrer não me move,” (linha 2), qual é a alternativa correta?
Alternativas
Q1865656 Português
TEXTO 1

Leia o texto abaixo e responda à questão.

A CADEIRINHA 

   Naquele fundo de sacristia, escondida ou arredada como se fora uma imagem quebrada cuja ausência do altar o decoro do culto exige, encontrei a cadeirinha azul, forrada de damasco cor de ouro velho. Na frente e no fundo, dois pequenos painéis pintados em madeira com traços finos e expressivos. Representava cada qual uma dama do antigo regime. A da frente, vestida de seda branca, contrastava a alvura do vestido e o tênue colorido da pele com o negrume dos cabelos repuxados em trunfa alta e o vivo carmim dos lábios; tinha um ar desdenhoso e fatigado de fidalga elegante para quem os requintes da etiqueta e galanteios dos salões são já coisas velhas e comezinhas. A outra, mais antiga ainda, trazia as melenas em cachos artísticos sobre as fontes e as pequeninas orelhas; um leque de marfim semiaberto comprimia-lhe os lábios rebeldes que queriam expandir-se num riso franco; os olhos grandes e negros tinham mais paixão e mais alma. Esta contemporânea de La Valliêre, que o artista anônimo perpetuou na madeira da cadeirinha, não se parecia muito com aquela meiga vítima da régia concupiscência: ao contrário, um certo arregaçado das narinas, uma ponta de ironia que lhe voejava na comissura da boca breve e enérgica — tudo isso mostrava estar ali naquele painel: representada uma mulher meridional, ardente e vivaz, pronta ao amor apaixonado ou à luta odienta. [...] 
   Sem querer acrescentar mais ao já dito sobre as damas, perguntava de mim para mim se o pintor do século passado, ao traçar com tanta correção e finura os dois retratos de mulher, transmitindo-lhes em cada cabelo do pincel uma chama de vida, não estaria realmente diante de dois espécimens raros de filhas de Eva, de duas heroínas que por serem de comédia ou de ópera nem por isso deixam de o ser da vida real?
         — Quem sabe se a Fontagens e a Montespan?
         — Qual! Impossível!
     — Impossível, não! Porque a cadeirinha podia perfeitamente ter sido pintada em França e era até mais natural crê-lo; porquanto a finura das tintas e a correção dos traços pareciam indicar um artista das grandes cortes da época.
   E assim, em tais conjeturas, pus-me a examinar mais detidamente o velho e delicado veículo, relíquia do século passado, sobrevivendo não sei por que na sacristia da igreja de um modesto arraial mineiro. Os varais, conformes à moda bizarra do tempo, terminavam em cabeças de dragões com as faces abertas e sanguentas e os olhos com uma expressão de ferocidade estúpida. O forro de cima formava um pequeno docel de torno senhorial; e o ouro velho do damasco quê alcatifava também os dois assentos fronteiriços não tem igual nas casas de modas de agora.
   Qual das matronas de Ouro Preto, ou das cidades que como esta alcançam mais de um século, não terá visto, ou pelo menos ouvido falar com insistência, quando meninas, nas cadeirinhas conduzidas por lacaios de libre, onde as moçoilas e as damas de outrora se faziam delicadamente transportar? 
   Quem não fará reviver na imaginação uma das cenas galantes da cortesia antiga em que, através da portinhola cortada de caprichosos lavores de talha, passava um rostozinho enrubescido e dois olhos de veludo a pousarem de leve sobre o cavalheiro de espadim com quem a misteriosa dama cruzava na passagem?
    Também, ó pobre cadeirinha, lá terias o teu dia de caiporismo: havia de chegar a hora em que, em vez dos saltos vermelhos de um sapatinho de cetim calçando um pezinho delicado, teu fundo fosse calcado pela chanca esparramada de alguma cetácea obesa e tabaquista. [...]
    Nem foram desses os teus piores dias, ó saudosa cadeirinha! Já pelos anos de tua velhice, quando, como agora, sobrevivias ao teu belo tempo passado, quando, perdidos teus antigos donos, alguém se lembrou de carregar-te para a sacristia da igreja, não te davam outro serviço que não o de transportares, como esquife, cadáveres de anjinhos pobres ao cemitério, ou semelhante às macas das ambulâncias militares, o de conduzires ao hospital feridos ou enfermos desvalidos.
    Que cruel vingança não toma aquela época longínqua por lhe teres sobrevivido! Coisa inteiramente fora da moda, o contraste flagrante que formas com o mundo circundante é uma prova evidente de tua próxima eliminação, 6 velha cadeirinha dos tempos mortos!
   Mas é assim a vida: as espécies, como os indivíduos, vão desaparecendo ou se transformando em outras espécies e em outros indivíduos mais perfeitos, mais complicados, mais aptos para o meio atual, porém muito menos grandiosos que os passados. Que figura faria o elefante de hoje, resto exótico da fauna terciária, ao lado do megatério? A de um filhote deste. E no entanto, bem cedo, talvez nos nossos dias, desaparecerá o elefante, por já estar em desarmonia com a fauna atual, por constituir já aquele doloroso contraste de que falamos acima e que é o primeiro sintoma da próxima eliminação do grande paquiderme. Parece que o progresso marcha para a dispersão, a desagregação e o formigamento. Um grande organismo tomba e se decompõe e vai formar uma inumerável quantidade de seres ávidos de vida. A morte, essa grande ilusão humana, é o início daquela dispersão, ou antes a fonte de muitas vidas. E que grande consoladora!
  Lembra-me ter visto, há tempos, um octogenário de passo trôpego e cara rapada passeando em trajes domingueiros a pedir uma carícia ao sol. Dirigilhe a palavra e detivemo-nos largo espaço a falar dos costumes, das coisas e dos homens de outro tempo. Nisso surpreendeu-nos um magote de garotos que escaramuçou o velho a vaias. O pobre do ancião já ia seguindo seu caminho quando o abordou a meninada, não apressou o passo nem perdeu aquela serenidade de quem já tinha domado as fúrias das paixões com o vencer os anos. Vi-o ainda voltar-se com o rosto engelhado numa risada tristíssima, a comprida japona abanando ao vento e dizer, em tom de convicção profunda: “Ai dos velhos, se não “fosse a morte!” Parecia uma banalidade, mas não era senão o apelo supremo, a prece fervente que esse exilado fazia a Deus para que pusesse termo ao seu exílio, onde ele estava fora dos seus amigos, dos seus costumes, de tudo quanto lhe podia falar ao coração. [...].
   Por que, pois, a pobre cadeirinha, esse mimo de graça, esse traste casquilho, essa fiel companheira da vida de sociedade, da vida palaciana, da vida de corte com seus apuros e suas intrigas, suas vinganças pequeninas, seus amores, todavia sobrevive e por que a não pôs em pedaços um braço robusto empunhando um machado benfazejo? Ao menos evitaria esse dolorosíssimo ridículo, essa exposição indecorosa de nudez de velha!
   Já tiveste dias de glória, cadeirinha de outros tempos! Pois bem: desaparece agora, vai ao fogo e pede que te reduza a cinzas! É mil vezes preferível a essa decadência em que te achas e até mesmo à hipótese mais lisonjeira de te perpetuarem num museu. Deves preferir a paz do aniquilamento à glória de figurares numa coleção de objetos antigos, exposta à curiosidade dos papalvos e às lorpas considerações dos burgueses, mofada e tristonha. Morre, desaparece, que talvez — por que não? — a tua dona mais gentil, aquela para quem tuas alcatifas tinham mais delicada carícia ao receber-lhe o corpinho mimoso, aquela que recendia um perfume longínquo de roseira do Chiraz te conduza para alguma região ideal, dourada e fugidia, inacessível aos homens... [...].

ARINOS, Affonso. Pelo Sertão. Minas Gerais: Itatiaia, 1981. (Texto adaptado) 
Observe o emprego do pronome átono na frase abaixo:

“Esta contemporânea de La Valliêre, que o artista anônimo perpetuou na madeira da cadeirinha, não se parecia muito com aquela meiga vitima da régia concupiscência, [...] (1º§)

Marque a opção em que, diferentemente da frase acima, NÃO se observa um elemento que faça com que a próclise do pronome átono destacado seja preferível, respeitando-se a norma culta da língua.  
Alternativas
Q1865649 Português
TEXTO 1

Leia o texto abaixo e responda à questão.

A CADEIRINHA 

   Naquele fundo de sacristia, escondida ou arredada como se fora uma imagem quebrada cuja ausência do altar o decoro do culto exige, encontrei a cadeirinha azul, forrada de damasco cor de ouro velho. Na frente e no fundo, dois pequenos painéis pintados em madeira com traços finos e expressivos. Representava cada qual uma dama do antigo regime. A da frente, vestida de seda branca, contrastava a alvura do vestido e o tênue colorido da pele com o negrume dos cabelos repuxados em trunfa alta e o vivo carmim dos lábios; tinha um ar desdenhoso e fatigado de fidalga elegante para quem os requintes da etiqueta e galanteios dos salões são já coisas velhas e comezinhas. A outra, mais antiga ainda, trazia as melenas em cachos artísticos sobre as fontes e as pequeninas orelhas; um leque de marfim semiaberto comprimia-lhe os lábios rebeldes que queriam expandir-se num riso franco; os olhos grandes e negros tinham mais paixão e mais alma. Esta contemporânea de La Valliêre, que o artista anônimo perpetuou na madeira da cadeirinha, não se parecia muito com aquela meiga vítima da régia concupiscência: ao contrário, um certo arregaçado das narinas, uma ponta de ironia que lhe voejava na comissura da boca breve e enérgica — tudo isso mostrava estar ali naquele painel: representada uma mulher meridional, ardente e vivaz, pronta ao amor apaixonado ou à luta odienta. [...] 
   Sem querer acrescentar mais ao já dito sobre as damas, perguntava de mim para mim se o pintor do século passado, ao traçar com tanta correção e finura os dois retratos de mulher, transmitindo-lhes em cada cabelo do pincel uma chama de vida, não estaria realmente diante de dois espécimens raros de filhas de Eva, de duas heroínas que por serem de comédia ou de ópera nem por isso deixam de o ser da vida real?
         — Quem sabe se a Fontagens e a Montespan?
         — Qual! Impossível!
     — Impossível, não! Porque a cadeirinha podia perfeitamente ter sido pintada em França e era até mais natural crê-lo; porquanto a finura das tintas e a correção dos traços pareciam indicar um artista das grandes cortes da época.
   E assim, em tais conjeturas, pus-me a examinar mais detidamente o velho e delicado veículo, relíquia do século passado, sobrevivendo não sei por que na sacristia da igreja de um modesto arraial mineiro. Os varais, conformes à moda bizarra do tempo, terminavam em cabeças de dragões com as faces abertas e sanguentas e os olhos com uma expressão de ferocidade estúpida. O forro de cima formava um pequeno docel de torno senhorial; e o ouro velho do damasco quê alcatifava também os dois assentos fronteiriços não tem igual nas casas de modas de agora.
   Qual das matronas de Ouro Preto, ou das cidades que como esta alcançam mais de um século, não terá visto, ou pelo menos ouvido falar com insistência, quando meninas, nas cadeirinhas conduzidas por lacaios de libre, onde as moçoilas e as damas de outrora se faziam delicadamente transportar? 
   Quem não fará reviver na imaginação uma das cenas galantes da cortesia antiga em que, através da portinhola cortada de caprichosos lavores de talha, passava um rostozinho enrubescido e dois olhos de veludo a pousarem de leve sobre o cavalheiro de espadim com quem a misteriosa dama cruzava na passagem?
    Também, ó pobre cadeirinha, lá terias o teu dia de caiporismo: havia de chegar a hora em que, em vez dos saltos vermelhos de um sapatinho de cetim calçando um pezinho delicado, teu fundo fosse calcado pela chanca esparramada de alguma cetácea obesa e tabaquista. [...]
    Nem foram desses os teus piores dias, ó saudosa cadeirinha! Já pelos anos de tua velhice, quando, como agora, sobrevivias ao teu belo tempo passado, quando, perdidos teus antigos donos, alguém se lembrou de carregar-te para a sacristia da igreja, não te davam outro serviço que não o de transportares, como esquife, cadáveres de anjinhos pobres ao cemitério, ou semelhante às macas das ambulâncias militares, o de conduzires ao hospital feridos ou enfermos desvalidos.
    Que cruel vingança não toma aquela época longínqua por lhe teres sobrevivido! Coisa inteiramente fora da moda, o contraste flagrante que formas com o mundo circundante é uma prova evidente de tua próxima eliminação, 6 velha cadeirinha dos tempos mortos!
   Mas é assim a vida: as espécies, como os indivíduos, vão desaparecendo ou se transformando em outras espécies e em outros indivíduos mais perfeitos, mais complicados, mais aptos para o meio atual, porém muito menos grandiosos que os passados. Que figura faria o elefante de hoje, resto exótico da fauna terciária, ao lado do megatério? A de um filhote deste. E no entanto, bem cedo, talvez nos nossos dias, desaparecerá o elefante, por já estar em desarmonia com a fauna atual, por constituir já aquele doloroso contraste de que falamos acima e que é o primeiro sintoma da próxima eliminação do grande paquiderme. Parece que o progresso marcha para a dispersão, a desagregação e o formigamento. Um grande organismo tomba e se decompõe e vai formar uma inumerável quantidade de seres ávidos de vida. A morte, essa grande ilusão humana, é o início daquela dispersão, ou antes a fonte de muitas vidas. E que grande consoladora!
  Lembra-me ter visto, há tempos, um octogenário de passo trôpego e cara rapada passeando em trajes domingueiros a pedir uma carícia ao sol. Dirigilhe a palavra e detivemo-nos largo espaço a falar dos costumes, das coisas e dos homens de outro tempo. Nisso surpreendeu-nos um magote de garotos que escaramuçou o velho a vaias. O pobre do ancião já ia seguindo seu caminho quando o abordou a meninada, não apressou o passo nem perdeu aquela serenidade de quem já tinha domado as fúrias das paixões com o vencer os anos. Vi-o ainda voltar-se com o rosto engelhado numa risada tristíssima, a comprida japona abanando ao vento e dizer, em tom de convicção profunda: “Ai dos velhos, se não “fosse a morte!” Parecia uma banalidade, mas não era senão o apelo supremo, a prece fervente que esse exilado fazia a Deus para que pusesse termo ao seu exílio, onde ele estava fora dos seus amigos, dos seus costumes, de tudo quanto lhe podia falar ao coração. [...].
   Por que, pois, a pobre cadeirinha, esse mimo de graça, esse traste casquilho, essa fiel companheira da vida de sociedade, da vida palaciana, da vida de corte com seus apuros e suas intrigas, suas vinganças pequeninas, seus amores, todavia sobrevive e por que a não pôs em pedaços um braço robusto empunhando um machado benfazejo? Ao menos evitaria esse dolorosíssimo ridículo, essa exposição indecorosa de nudez de velha!
   Já tiveste dias de glória, cadeirinha de outros tempos! Pois bem: desaparece agora, vai ao fogo e pede que te reduza a cinzas! É mil vezes preferível a essa decadência em que te achas e até mesmo à hipótese mais lisonjeira de te perpetuarem num museu. Deves preferir a paz do aniquilamento à glória de figurares numa coleção de objetos antigos, exposta à curiosidade dos papalvos e às lorpas considerações dos burgueses, mofada e tristonha. Morre, desaparece, que talvez — por que não? — a tua dona mais gentil, aquela para quem tuas alcatifas tinham mais delicada carícia ao receber-lhe o corpinho mimoso, aquela que recendia um perfume longínquo de roseira do Chiraz te conduza para alguma região ideal, dourada e fugidia, inacessível aos homens... [...].

ARINOS, Affonso. Pelo Sertão. Minas Gerais: Itatiaia, 1981. (Texto adaptado) 
Observe o trecho a seguir.

“[...] alguém se lembrou de carregar-te para a sacristia da igreja, não te davam outro serviço que não o de transportares, como esquife, cadáveres de anjinhos pobres ao cemitério, [...].” (10º§)

Marque a opção que apresenta a classe morfológica do termo destacado.  
Alternativas
Ano: 2020 Banca: Exército Órgão: EsSA Prova: Exército - 2020 - EsSA - Sargento |
Q1862808 Português
Leia o texto abaixo:


Importância e vantagens da reciclagem

A segunda metade do século XX foi marcada pelo surgimento de uma série de produtos que contribuíram para a praticidade do nosso cotidiano. A ascensão da indústria de materiais descartáveis foi uma das protagonistas desse desenvolvimento como, por exemplo, a invenção do PET (Politereftalato de etileno). Inicialmente empregado na indústria têxtil, esse tipo de plástico logo revolucionou o setor de armazenamento e transporte de alimentos e bebidas, com as vantagens de ser inquebrável, leve e de fácil manuseio-substituindo o vidro, pesado e frágil. 

O consumo em grande escala dos plásticos gerou um problema em relação ao meio ambiente: o descarte desses resíduos. Nas últimas décadas, instituições defensoras da sustentabilidade passaram a pressionar os governos e as indústrias por posturas mais responsáveis: o crescimento econômico em detrimento do meio ambiente virou objeto de pesquisa de cientistas, tomou as manchetes das revistas especializadas e dos jornais e ganhou o apelo da população.

 O fim do uso de materiais descartáveis é inviável, tampouco os ambientalistas clamam por isso. O desenvolvimento sustentável consiste em 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. A indústria fica encarregada da terceira etapa. O processo de reciclagem não só preserva o meio ambiente, mas também gera riquezas e reduz os custos de produção das empresas que investem na prática, além de promover o marketing social de "empresa eco-friendly" ou "empresa verde" (amigável ao meio ambiente).

(Disponível em: <https://www.simperj.org.br/blog/2018/09/27 /a-importancia-e-vantagens-da-reciclagem/>. Acesso em 13
jun. 2019. Adaptado.) 
Leia o parágrafo abaixo e. em seguida, marque a alternativa que apresenta, respectivamente, a classificação quanto à classe gramatical das palavras em negrito.
 "Embora haja um número crescente de estudos sobre o uso de celulares e suas consequências, nenhum deles provou definitivamente que o consumo excessivo do aparelho causa problemas de saúde mental."
Alternativas
Q1833613 Português
Para responder a questão, leia o trecho do romance de Érico Veríssimo – Olhai os lírios do campo.

Olhai os lírios do campo
   [...] Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles? [...]
   [...] É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu. [...]
   [...] Há, na terra, um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços. [...]
    [...] É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as do amor e da persuasão. [...]
   [...] Quando falo em conquistas, quero dizer a conquista duma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação. [...]
Érico Veríssimo
Na frase “De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?”, o termo em destaque trata-se de um: 
Alternativas
Q1833608 Português
Para responder a questão, leia o texto “Cobrança” de Moacyr Scliar.

Cobrança
Moacyr Scliar
   Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de um lado para outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes: “Aqui mora uma devedora inadimplente”.
    — Você não pode fazer isso comigo — protestou ela.
  — Claro que posso — replicou ele. — Você comprou, não pagou. Você é uma devedora inadimplente. E eu sou cobrador. Por diversas vezes tentei lhe cobrar, você não pagou.
    — Não paguei porque não tenho dinheiro. Esta crise...
   — Já sei — ironizou ele. — Você vai me dizer que por causa daquele ataque lá em Nova York seus negócios ficaram prejudicados. Problema seu, ouviu? Problema seu. Meu problema é lhe cobrar. E é o que estou fazendo.
   — Mas você podia fazer isso de uma forma mais discreta...
  — Negativo. Já usei todas as formas discretas que podia. Falei com você, expliquei, avisei. Nada. Você fazia de conta que nada tinha a ver com o assunto. Minha paciência foi se esgotando, até que não me restou outro recurso: vou ficar aqui, carregando este cartaz, até você saldar sua dívida.
   Neste momento começou a chuviscar.
   — Você vai se molhar — advertiu ela. — Vai acabar ficando doente.
   Ele riu, amargo: 
   — E daí? Se você está preocupada com minha saúde, pague o que deve.
   — Posso lhe dar um guarda-chuva...
   — Não quero. Tenho de carregar o cartaz, não um guarda-chuva.
   Ela agora estava irritada:
   — Acabe com isso, Aristides, e venha para dentro. Afinal, você é meu marido, você mora aqui.
   — Sou seu marido — retrucou ele — e você é minha mulher, mas eu sou cobrador profissional e você é devedora. Eu a avisei: não compre essa geladeira, eu não ganho o suficiente para pagar as prestações. Mas não, você não me ouviu. E agora o pessoal lá da empresa de cobrança quer o dinheiro. O que quer você que eu faça? Que perca meu emprego? De jeito nenhum. Vou ficar aqui até você cumprir sua obrigação.
   Chovia mais forte, agora. Borrada, a inscrição tornara-se ilegível. A ele, isso pouco importava: continuava andando de um lado para outro, diante da casa, carregando o seu cartaz. 
In: O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2001.
© by herdeiros de Moacyr Scliar.
Um recurso muito utilizado, para que o texto tenha fluidez, é o pronome. Moacyr Scliar lançou mão de vários pronomes, a fim de tornar o seu texto claro e objetivo.
Nesse sentido, indique a alternativa que apresenta um pronome relativo.
Alternativas
Q1831819 Português

Após a leitura atenta do texto apresentado a seguir, responda à questão proposta.

E a indústria de alimentos na pandemia?


    O editorial da edição de 10 de junho do British Medical Journal, assinado por professores da Queen Mary University of London, na Inglaterra, propõe uma reflexão tão interessante que vale provocá-la entre nós, aqui também: a pandemia de Covid-19 deveria tornar ainda mais urgente o combate à outra pandemia, a de obesidade.

    O excesso de peso, por si só, já é um fator de risco importante para o agravamento da infecção pelo Sars-CoV 2, como lembram os autores. A probabilidade de uma pessoa com obesidade severa morrer de Covid-19 chega a ser 27% maior do que a de indivíduos com obesidade grau 1, isto é, com um índice de massa corporal entre 30 e 34,9 quilos por metro quadrado, de acordo com a plataforma de registros OpenSAFELY.

    O editorial cita uma série de outros dados e possíveis razões para a associação entre a má evolução de certos casos de Covid-19 e a obesidade. No entanto, o que mais destaca é o ambiente obesogênico que o novo coronavírus encontrou no planeta. 

    Nos Estados Unidos e no Reino Unido, para citar dois exemplos, entre 65% e 70% da população apresentam um peso maior do que o recomendado para o bem da saúde. E, assim, os autores apontam o dedo para a indústria de alimentos que, em sua opinião, em todo o globo não parou de promover produtos ultraprocessados, com muito açúcar, uma quantidade excessiva de sódio e gorduras além da conta. 

    A crítica do editorial é mesmo cortante: “Fica claro que a indústria de alimentos divide a culpa não apenas pela pandemia de obesidade como pelos casos mais graves de Covid-19 e suas consequências devastadoras”, está escrito. 

    E os autores cobram medidas, lembrando que o confinamento exigido pela Covid-19 aparentemente piorou o estado nutricional das pessoas, em parte pela falta de acesso a alimentos frescos, em outra parte porque o pânico fez muita gente estocar itens ultraprocessados em casa, já que esses costumam ter maior vida de prateleira, inclusive na despensa.

    Mas o que deixou os autores realmente desconfortáveis foram as ações de marketing de algumas marcas nesses tempos desafiadores. Todas, claro, querendo demonstrar o seu envolvimento com iniciativas de responsabilidade social, mas dando tiros que, para olhos mais atentos, decididamente saíram pela culatra. Por exemplo, quando uma indústria bem popular na Inglaterra distribuiu nada menos do que meio milhão de calóricos donuts para profissionais na linha de frente do National Health Service britânico.

    A impressão é de que as indústrias de alimentos verdadeiramente preocupadas com a população, cada vez mais acometida pela obesidade, deveriam aproveitar a crise atual para botar a mão na consciência, parar de promover itens pouco saudáveis e reformular boa parte do seu portfólio. As mortes por Covid-19 dão a pista de que essa é a maior causa que elas poderiam abraçar no momento.

Fonte: Adaptado de https://abeso.org.br/e-a-industria-de-alimentos-na-pandemia. Publicado em 30 de junho de 2020. Acessado em 09 Mar 21.

    GLOSSÁRIO: O termo “ambiente obesogênico” foi criado pelo professor de Bioengenharia da Universidade da Califórnia, nos EUA, Bruce Blumberg. Segundo ele, são os Obesogênicos os responsáveis por contribuir no ganho de peso sem que o indivíduo tenha consciência de que está engordando.

Em “…a pandemia de Covid-19 deveria tornar ainda mais urgente o combate à outra pandemia, a da obesidade”, a classe de palavra a que pertence o vocábulo destacado é
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Q1828532 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão.

Torre de Babel – história baseada em fatos reais (só que ao contrário)
   O mito da Torre de Babel conta por que existem tantas línguas no mundo. Nele, uma população unida e monolíngue decide construir uma torre que alcance o céu. Deus, irritado com a prepotência das pessoas, confunde a língua delas para que não se entendam mais e espalha as línguas pelo mundo.
   Mito linguístico por trás dessa história: falar uma língua é o ideal. Falar muitas línguas é ruim, pois confunde e separa.
   A narrativa de Babel talvez seja uma alegoria do que realmente pode ter ocorrido com as línguas humanas, só que os autores entenderam errado: não foram as muitas línguas que causaram a separação das pessoas, mas a separação é que deu origem a muitas línguas. 
   Quanto mais falantes uma língua houver e mais espalhados geograficamente estiverem, mais distantes se tornarão seus jeitos de se comunicar. Grupos separados e em contextos diferentes acabam adaptando a língua às suas realidades particulares e, com o tempo, a diferença entre seus dialetos se torna tão grande que um grupo já não compreende mais o outro. Temos, então, duas novas línguas. Foi mais ou menos assim que o latim se tornou português, espanhol, francês, italiano e outras vinte e poucas línguas. O processo é acelerado quando falantes de línguas diferentes entram em contato, pois elas incorporam elementos umas das outras, e daí às vezes nascem novas línguas. A língua crioula haitiana surgiu mais ou menos assim.
   De volta ao mito, é importante esclarecer que, ainda que todas as línguas do mundo venham de uma só língua (não a de Babel, claro), isso ocorreu muito antes do surgimento de qualquer sociedade organizada. E é muito provável que tenham sido diversas “línguas-originais”, já que por mais de 2 milhões de anos (95,5% da existência dos humanos), fomos apenas vários bandos pequenos de caçadores-coletores nômades e desencontrados. A escrita só surgiu há 5 mil anos. Se a história da humanidade fosse uma pessoa completando 70 anos hoje, é como se ela só tivesse aprendido a ler e escrever um mês e meio antes desse aniversário.
   A crença por trás de “uma língua = ordem; mais de uma língua = desordem” tem a ver com poder e dominação. É mais fácil controlar os subjugados se todos falam uma só língua – melhor ainda se for a do dominador. Essa crença alimenta outro mito: o de uma nação, uma língua. Embora a maior parte do mundo seja bilíngue e praticamente todos os países tenham mais de uma língua, a ideia que querem que compremos é a de que cada país fala uma língua: no Reino Unido é o inglês, na Itália é o italiano e no Brasil é o português. Deixemos essas fake news de lado e prestemos atenção aos fatos: no Reino Unido se fala inglês e outras 15 línguas, na Itália se fala italiano e outras 34 línguas e no Brasil se fala português, pomerano, talian, kaingang e outras 214 línguas. Sim, mais de duzentas!
[...]
   Ah! Só mais uma coisinha: no mito de Babel, Deus não amaldiçoou as pessoas ao lhes dar muitas línguas. Ele as salvou do tirano monolíngue que queria que construíssem uma torre para chegar a lugar nenhum.
Autor: Renan Castro Ferreira. Graduado em Letras – Licenciatura em Língua Inglesa e Literatura (2010) e Mestre em Letras – Estudos da Linguagem (2018) pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/tesouro-linguistico/2021/06/. 
Sobre o primeiro parágrafo do texto, NÃO se pode dizer que:
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Q1821646 Português
Leia o texto para responder a questão.

Mesa farta
    A alimentação, além de necessidade biológica, é um complexo sistema simbólico de significados sociais. Em “A Divina Comédia”, Dante* definiu a fome como o pior desastre. Ele sabia do que falava, pois viu a Europa ser varrida pela Peste Negra no século 14. O desespero levava pessoas a comer de tudo, muitas morrendo com a boca cheia de capim. Outro crucial evento histórico, a Revolução Francesa, teria sido detonado pela falta de comida.
    Nos séculos 16 e 17, os livros trazem justificativas médicas para o consumo de certos alimentos. É o caso das frutas. Antes servidas como “entradas” para acalmar o estômago, quando misturadas ao açúcar passam a sobremesas. É o momento em que o açúcar, anteriormente consumido como remédio, invade a Europa por força das exportações portuguesas. De especiaria, ele passa a aditivo de três bebidas que vão estourar na Europa: o chocolate, o café e o chá.
    O café, por exemplo, era recomendado pelo médico de dom João V, rei de Portugal, por sua capacidade de “confortar a memória e alegrar o ânimo”. Os cafés se multiplicaram e se tornaram lugares onde se bebia numa verdadeira liturgia: em silêncio, entre pessoas cultas, jogando damas ou cartas.
    A Europa dos séculos 16 ao 19 consumiu café, chá e chocolate acompanhados de bolos e outros doces, o que impulsionou o consumo de açúcar. Nascia, assim, a noção de gosto na culinária. Um saber sobre a cozinha se formalizava e livros especializados batiam os 300 mil exemplares.
    O comer tornou-se menos encher o estômago e mais escolher segundo o gosto. Certos alimentos passaram de um nível a outro: a batata, primeiramente servida aos porcos, depois de alimentar massas de camponeses, ganhou status de alimento fino, graças às receitas do chef francês Parmentier.
     Antigamente, o comer acontecia em momentos regrados e reunia pessoas em torno da mesa, com grande carga simbólica. Hoje, comemos abundante e individualmente. Nessa dinâmica, o lugar da televisão (ou celular) exerce fundamental importância.
    Em muitas casas e restaurantes, as pessoas comem na frente da TV, ou seja, ingerindo comida sem investimento simbólico, sem prazer de estar junto na descoberta da refeição. Em todas as esferas da vida, encontramos metáforas alimentares: em relação ao sexo, falamos na doçura do amor, em lua de mel e, em relação aos textos e aos livros, dizemos que podem ser saboreados, digeridos. Vale lembrar que saber e sabor são palavras derivadas do mesmo radical: sapere, ter gosto.
(Mary Del Priore. Aventuras na História. Julho de 2014. Adaptado)

* Dante Alighieri, escritor italiano.
Considere o texto.
Café, chocolate e chá tornaram-se bebidas muito apreciadas quando ________o açúcar. Já as frutas, alguns estudiosos__________, até então, apenas um remédio; porém, associadas ao açúcar, passaram a saborosas sobremesas.
De acordo com a colocação dos pronomes e com o emprego do sinal indicativo de crase determinados pela norma-padrão, as lacunas desse texto devem ser preenchidas, respectivamente, por:
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Q1820762 Português

Leia o texto para responder à questão.


Mesa farta


    A alimentação, além de necessidade biológica, é um complexo sistema simbólico de significados sociais. Em “A Divina Comédia”, Dante* definiu a fome como o pior desastre. Ele sabia do que falava, pois viu a Europa ser varrida pela Peste Negra no século 14. O desespero levava pessoas a comer de tudo, muitas morrendo com a boca cheia de capim. Outro crucial evento histórico, a Revolução Francesa, teria sido detonado pela falta de comida.
    Nos séculos 16 e 17, os livros trazem justificativas médicas para o consumo de certos alimentos. É o caso das frutas. Antes servidas como “entradas” para acalmar o estômago, quando misturadas ao açúcar passam a sobremesas. É o momento em que o açúcar, anteriormente consumido como remédio, invade a Europa por força das exportações portuguesas. De especiaria, ele passa a aditivo de três bebidas que vão estourar na Europa: o chocolate, o café e o chá.
    O café, por exemplo, era recomendado pelo médico de dom João V, rei de Portugal, por sua capacidade de “confortar a memória e alegrar o ânimo”. Os cafés se multiplicaram e se tornaram lugares onde se bebia numa verdadeira liturgia: em silêncio, entre pessoas cultas, jogando damas ou cartas.
    A Europa dos séculos 16 ao 19 consumiu café, chá e chocolate acompanhados de bolos e outros doces, o que impulsionou o consumo de açúcar. Nascia, assim, a noção de gosto na culinária. Um saber sobre a cozinha se formalizava e livros especializados batiam os 300 mil exemplares.
    O comer tornou-se menos encher o estômago e mais escolher segundo o gosto. Certos alimentos passaram de um nível a outro: a batata, primeiramente servida aos porcos, depois de alimentar massas de camponeses, ganhou status de alimento fino, graças às receitas do chef francês Parmentier.
    Antigamente, o comer acontecia em momentos regrados e reunia pessoas em torno da mesa, com grande carga simbólica. Hoje, comemos abundante e individualmente. Nessa dinâmica, o lugar da televisão (ou celular) exerce fundamental importância. Em muitas casas e restaurantes, as pessoas comem na frente da TV, ou seja, ingerindo comida sem investimento simbólico, sem prazer de estar junto na descoberta da refeição.
    Em todas as esferas da vida, encontramos metáforas alimentares: em relação ao sexo, falamos na doçura do amor, em lua de mel e, em relação aos textos e aos livros, dizemos que podem ser saboreados, digeridos. Vale lembrar que saber e sabor são palavras derivadas do mesmo radical: sapere, ter gosto.

(Mary Del Priore. Aventuras na História. Julho de 2014. Adaptado)

* Dante Alighieri, escritor italiano.

Considere o texto.
Café, chocolate e chá tornaram-se bebidas muito apreciadas quando ____________ o açúcar. Já as frutas, alguns estudiosos ____________, até então, apenas um remédio; porém, associadas ao açúcar, passaram a saborosas sobremesas.
De acordo com a colocação dos pronomes e com o emprego do sinal indicativo de crase determinados pela norma-padrão, as lacunas desse texto devem ser preenchidas, respectivamente, por:
Alternativas
Ano: 2021 Banca: VUNESP Órgão: EsFCEx Prova: VUNESP - 2021 - EsFCEx - Veterinário |
Q1820507 Português
Leia o texto para responder à questão.

Mesa farta
   A alimentação, além de necessidade biológica, é um complexo sistema simbólico de significados sociais. Em “A Divina Comédia”, Dante* definiu a fome como o pior desastre. Ele sabia do que falava, pois viu a Europa ser varrida pela Peste Negra no século 14. O desespero levava pessoas a comer de tudo, muitas morrendo com a boca cheia de capim. Outro crucial evento histórico, a Revolução Francesa, teria sido detonado pela falta de comida.
   Nos séculos 16 e 17, os livros trazem justificativas médicas para o consumo de certos alimentos. É o caso das frutas. Antes servidas como “entradas” para acalmar o estômago, quando misturadas ao açúcar passam a sobremesas. É o momento em que o açúcar, anteriormente consumido como remédio, invade a Europa por força das exportações portuguesas. De especiaria, ele passa a aditivo de três bebidas que vão estourar na Europa: o chocolate, o café e o chá.
   O café, por exemplo, era recomendado pelo médico de dom João V, rei de Portugal, por sua capacidade de “confortar a memória e alegrar o ânimo”. Os cafés se multiplicaram e se tornaram lugares onde se bebia numa verdadeira liturgia: em silêncio, entre pessoas cultas, jogando damas ou cartas. 
   A Europa dos séculos 16 ao 19 consumiu café, chá e chocolate acompanhados de bolos e outros doces, o que impulsionou o consumo de açúcar. Nascia, assim, a noção de gosto na culinária. Um saber sobre a cozinha se formalizava e livros especializados batiam os 300 mil exemplares.
   O comer tornou-se menos encher o estômago e mais escolher segundo o gosto. Certos alimentos passaram de um nível a outro: a batata, primeiramente servida aos porcos, depois de alimentar massas de camponeses, ganhou status de alimento fino, graças às receitas do chef francês Parmentier. 
   Antigamente, o comer acontecia em momentos regrados e reunia pessoas em torno da mesa, com grande carga simbólica. Hoje, comemos abundante e individualmente. Nessa dinâmica, o lugar da televisão (ou celular) exerce fundamental importância. Em muitas casas e restaurantes, as pessoas comem na frente da TV, ou seja, ingerindo comida sem investimento simbólico, sem prazer de estar junto na descoberta da refeição.
   Em todas as esferas da vida, encontramos metáforas alimentares: em relação ao sexo, falamos na doçura do amor, em lua de mel e, em relação aos textos e aos livros, dizemos que podem ser saboreados, digeridos. Vale lembrar que saber e sabor são palavras derivadas do mesmo radical: sapere, ter gosto.
(Mary Del Priore. Aventuras na História. Julho de 2014. Adaptado)
* Dante Alighieri, escritor italiano.
Considere o texto. Café, chocolate e chá tornaram-se bebidas muito apreciadas quando _____________ o açúcar. Já as frutas, alguns estudiosos ______________ , até então, apenas um remédio; porém, associadas ao açúcar, passaram a saborosas sobremesas. De acordo com a colocação dos pronomes e com o emprego do sinal indicativo de crase determinados pela norma-padrão, as lacunas desse texto devem ser preenchidas, respectivamente, por:
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Q1818887 Português

Leia o texto para responder à questão.


Mesa farta


    A alimentação, além de necessidade biológica, é um complexo sistema simbólico de significados sociais. Em “A Divina Comédia”, Dante* definiu a fome como o pior desastre. Ele sabia do que falava, pois viu a Europa ser varrida pela Peste Negra no século 14. O desespero levava pessoas a comer de tudo, muitas morrendo com a boca cheia de capim. Outro crucial evento histórico, a Revolução Francesa, teria sido detonado pela falta de comida.

    Nos séculos 16 e 17, os livros trazem justificativas médicas para o consumo de certos alimentos. É o caso das frutas. Antes servidas como “entradas” para acalmar o estômago, quando misturadas ao açúcar passam a sobremesas. É o momento em que o açúcar, anteriormente consumido como remédio, invade a Europa por força das exportações portuguesas. De especiaria, ele passa a aditivo de três bebidas que vão estourar na Europa: o chocolate, o café e o chá.

    O café, por exemplo, era recomendado pelo médico de dom João V, rei de Portugal, por sua capacidade de “confortar a memória e alegrar o ânimo”. Os cafés se multiplicaram e se tornaram lugares onde se bebia numa verdadeira liturgia: em silêncio, entre pessoas cultas, jogando damas ou cartas.

    A Europa dos séculos 16 ao 19 consumiu café, chá e chocolate acompanhados de bolos e outros doces, o que impulsionou o consumo de açúcar. Nascia, assim, a noção de gosto na culinária. Um saber sobre a cozinha se formalizava e livros especializados batiam os 300 mil exemplares.

    O comer tornou-se menos encher o estômago e mais escolher segundo o gosto. Certos alimentos passaram de um nível a outro: a batata, primeiramente servida aos porcos, depois de alimentar massas de camponeses, ganhou status de alimento fino, graças às receitas do chef francês Parmentier.

    Antigamente, o comer acontecia em momentos regrados e reunia pessoas em torno da mesa, com grande carga simbólica. Hoje, comemos abundante e individualmente. Nessa dinâmica, o lugar da televisão (ou celular) exerce fundamental importância. Em muitas casas e restaurantes, as pessoas comem na frente da TV, ou seja, ingerindo comida sem investimento simbólico, sem prazer de estar junto na descoberta da refeição.

    Em todas as esferas da vida, encontramos metáforas alimentares: em relação ao sexo, falamos na doçura do amor, em lua de mel e, em relação aos textos e aos livros, dizemos que podem ser saboreados, digeridos. Vale lembrar que saber e sabor são palavras derivadas do mesmo radical: sapere, ter gosto.


(Mary Del Priore. Aventuras na História. Julho de 2014. Adaptado)


* Dante Alighieri, escritor italiano.

Considere o texto.


Café, chocolate e chá tornaram-se bebidas muito apreciadas quando ___________ o açúcar. Já as frutas, alguns estudiosos ___________, até então, apenas um remédio; porém, associadas ao açúcar, passaram a saborosas sobremesas.


De acordo com a colocação dos pronomes e com o emprego do sinal indicativo de crase determinados pela norma-padrão, as lacunas desse texto devem ser preenchidas, respectivamente, por:

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Q1818607 Português
Uma das formas de deixar implícito o sujeito de um enunciado está presente no texto da tira. Trata-se do emprego do verbo flexionado na terceira pessoa do plural, construção equivalente à que emprega
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Ano: 2021 Banca: VUNESP Órgão: EsFCEx Prova: VUNESP - 2021 - EsFCEx - Informática |
Q1815145 Português
Leia o texto para responder à questão.

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  A alimentação, além de necessidade biológica, é um complexo sistema simbólico de significados sociais. Em “A Divina Comédia”, Dante* definiu a fome como o pior desastre. Ele sabia do que falava, pois viu a Europa ser varrida pela Peste Negra no século 14. O desespero levava pessoas a comer de tudo, muitas morrendo com a boca cheia de capim. Outro crucial evento histórico, a Revolução Francesa, teria sido detonado pela falta de comida.
   Nos séculos 16 e 17, os livros trazem justificativas médicas para o consumo de certos alimentos. É o caso das frutas. Antes servidas como “entradas” para acalmar o estômago, quando misturadas ao açúcar passam a sobremesas. É o momento em que o açúcar, anteriormente consumido como remédio, invade a Europa por força das exportações portuguesas. De especiaria, ele passa a aditivo de três bebidas que vão estourar na Europa: o chocolate, o café e o chá.
   O café, por exemplo, era recomendado pelo médico de dom João V, rei de Portugal, por sua capacidade de “confortar a memória e alegrar o ânimo”. Os cafés se multiplicaram e se tornaram lugares onde se bebia numa verdadeira liturgia: em silêncio, entre pessoas cultas, jogando damas ou cartas. 
   A Europa dos séculos 16 ao 19 consumiu café, chá e chocolate acompanhados de bolos e outros doces, o que impulsionou o consumo de açúcar. Nascia, assim, a noção de gosto na culinária. Um saber sobre a cozinha se formalizava e livros especializados batiam os 300 mil exemplares.
   O comer tornou-se menos encher o estômago e mais escolher segundo o gosto. Certos alimentos passaram de um nível a outro: a batata, primeiramente servida aos porcos, depois de alimentar massas de camponeses, ganhou status de alimento fino, graças às receitas do chef francês Parmentier.
   Antigamente, o comer acontecia em momentos regrados e reunia pessoas em torno da mesa, com grande carga simbólica. Hoje, comemos abundante e individualmente. Nessa dinâmica, o lugar da televisão (ou celular) exerce fundamental importância. Em muitas casas e restaurantes, as pessoas comem na frente da TV, ou seja, ingerindo comida sem investimento simbólico, sem prazer de estar junto na descoberta da refeição.
   Em todas as esferas da vida, encontramos metáforas alimentares: em relação ao sexo, falamos na doçura do amor, em lua de mel e, em relação aos textos e aos livros, dizemos que podem ser saboreados, digeridos. Vale lembrar que saber e sabor são palavras derivadas do mesmo radical: sapere, ter gosto. 
(Mary Del Priore. Aventuras na História. Julho de 2014. Adaptado)
* Dante Alighieri, escritor italiano.
Considere o texto. Café, chocolate e chá tornaram-se bebidas muito apreciadas quando___________ o açúcar. Já as frutas, alguns estudiosos _____________ , até então, apenas um remédio; porém, associadas ao açúcar, passaram a saborosas sobremesas. De acordo com a colocação dos pronomes e com o emprego do sinal indicativo de crase determinados pela norma-padrão, as lacunas desse texto devem ser preenchidas, respectivamente, por:
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Q1815012 Português
À procura da infância

Procuro ouvir na voz do vento
o eco perdido da minha infância.
E no riso franco das criancinhas
eu vislumbro o meu riso antigo.
Procuro nas ruas desertas e silenciosas
o canto alegre das cirandas
e as minhas correrias do tempo recuado.
Dentro daquela avenida asfaltada,
onde rolam automóveis de luxo,
eu busco a minha ruazinha feia e pobre.
Procuro ver nas bonecas de hoje,
tão lindas, de tranças sedosas, a bonequinha de trapo que eu
embalei nos meus braços.
Procuro encontrar no rosto das neocomungantes
traços de minha inocência e a primeira emoção daquela que ficou
no tempo.
Procuro descobrir, desesperada,
na face ingênua das crianças,
a minha pureza perdida.
Procuro em vão, pois não encontrarei jamais vestígios da minha
infância feliz,
que os anos guardaram no seu abismo. 

Anilda Leão. In: Chão de pedras. Maceió: Caetés, 1961. 

A partir da leitura do poema precedente, escrito por Anilda Leão, poetisa alagoana, julgue o item a seguir, relativos às ideias e aos aspectos linguísticos do texto.


O termo “seu”, no último verso do poema, refere-se a “minha infância feliz”, ou seja, o trecho “no seu abismo” significa no abismo da minha infância feliz.

Alternativas
Respostas
41: A
42: E
43: A
44: E
45: A
46: B
47: D
48: E
49: A
50: A
51: B
52: A
53: A
54: D
55: B
56: B
57: C
58: C
59: E
60: E