Questões Militares de Português - Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

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Q2098778 Português

Texto 1A1-I 


    A aparência científica de um sistema de crença não necessariamente o torna científico. Os defensores da astrologia utilizam uma coleção de argumentos comuns para defender o status científico da disciplina, como o fato de ela estudar o movimento dos planetas, basear-se em cálculos matemáticos para a compreensão do movimento dos astros, possuir softwares específicos para a constituição das predições, além de ter um conjunto rebuscado de pressupostos e relações complexas entre eventos, apresentados de forma racionalmente articulada. Além disso, também é comum em muitas pseudociências os seus defensores desqualificarem os críticos, argumentando que eles desconhecem a matéria e não estão aptos a criticá-la. Saber reconhecer os parâmetros que caracterizam o conhecimento científico é suficiente, na maioria dos casos, para identificar a qualidade da produção das evidências por meio da aplicação do método, para compreender a qualidade do que produzem a astrologia e outras pseudociências. É claro que somada a isso está a robusta falta de evidências para sustentar que as predições astrológicas sejam de alguma valia para explicar a realidade. 


    Por motivos como esse, julgo fundamental que os cientistas devam sempre se esforçar para divulgar as características de como a ciência funciona. Estou seguro de que, se tais princípios pudessem ser amplamente compreendidos pela população geral, mesmo aquela que não tem oportunidade de passar por uma formação científica, diversas crenças em sistemas pseudocientíficos seriam tratadas com maior ceticismo. As pessoas poderiam ser capazes de julgar com maior relatividade as próprias crenças, o que é um dos motivos mais relevantes de por que a ciência é um empreendimento tão eficiente em melhorar nossa condição de vida e nos dar ferramentas úteis para responder as questões que fazemos sobre o universo. Associo-me a Sagan quando ele argumenta, em O mundo assombrado pelos demônios, que faltam, nas escolas de nossas crianças e de nossos adolescentes, estratégias que permitam admirar a ciência, mais do que simplesmente decorar o conhecimento científico. É fundamental ensinar desde cedo a identificar as características essenciais de falseabilidade e a buscar evidências que validem nossas crenças.


Ronaldo Pilati. Ciência e pseudociência: por que acreditamos apenas naquilo em que queremos acreditar. São Paulo: Contexto, 2018, p. 110 (com adaptações)

Julgue os itens a seguir, acerca dos sentidos veiculados no texto 1A1-I.
I  O autor defende que as pessoas leigas tenham acesso à metodologia de produção do conhecimento científico em vez de apenas memorizarem seus conteúdos. II  Depreende-se do texto que o conhecimento científico proporciona benefícios para a humanidade porque, entre outras razões, fornece verdades absolutas sobre o universo. III  Infere-se do texto que admirar a ciência relaciona-se à compreensão dos princípios do conhecimento científico.
Assinale a opção correta.
Alternativas
Q2098777 Português

Texto 1A1-I 


    A aparência científica de um sistema de crença não necessariamente o torna científico. Os defensores da astrologia utilizam uma coleção de argumentos comuns para defender o status científico da disciplina, como o fato de ela estudar o movimento dos planetas, basear-se em cálculos matemáticos para a compreensão do movimento dos astros, possuir softwares específicos para a constituição das predições, além de ter um conjunto rebuscado de pressupostos e relações complexas entre eventos, apresentados de forma racionalmente articulada. Além disso, também é comum em muitas pseudociências os seus defensores desqualificarem os críticos, argumentando que eles desconhecem a matéria e não estão aptos a criticá-la. Saber reconhecer os parâmetros que caracterizam o conhecimento científico é suficiente, na maioria dos casos, para identificar a qualidade da produção das evidências por meio da aplicação do método, para compreender a qualidade do que produzem a astrologia e outras pseudociências. É claro que somada a isso está a robusta falta de evidências para sustentar que as predições astrológicas sejam de alguma valia para explicar a realidade. 


    Por motivos como esse, julgo fundamental que os cientistas devam sempre se esforçar para divulgar as características de como a ciência funciona. Estou seguro de que, se tais princípios pudessem ser amplamente compreendidos pela população geral, mesmo aquela que não tem oportunidade de passar por uma formação científica, diversas crenças em sistemas pseudocientíficos seriam tratadas com maior ceticismo. As pessoas poderiam ser capazes de julgar com maior relatividade as próprias crenças, o que é um dos motivos mais relevantes de por que a ciência é um empreendimento tão eficiente em melhorar nossa condição de vida e nos dar ferramentas úteis para responder as questões que fazemos sobre o universo. Associo-me a Sagan quando ele argumenta, em O mundo assombrado pelos demônios, que faltam, nas escolas de nossas crianças e de nossos adolescentes, estratégias que permitam admirar a ciência, mais do que simplesmente decorar o conhecimento científico. É fundamental ensinar desde cedo a identificar as características essenciais de falseabilidade e a buscar evidências que validem nossas crenças.


Ronaldo Pilati. Ciência e pseudociência: por que acreditamos apenas naquilo em que queremos acreditar. São Paulo: Contexto, 2018, p. 110 (com adaptações)

Infere-se das ideias do texto 1A1-I que uma diferença entre conhecimento pseudocientífico e conhecimento científico reside no fato de este último se
Alternativas
Q2098440 Português
Leia o texto a seguir para responder a questão.

Asas que absorvem o som

Revista Pesquisa FAPESP

Estruturas microscópicas na escama das asas de duas espécies de mariposa – a chinesa Antheraea pernyi e a africana Dactyloceras lucina – são capazes de absorver grande parte das ondas de ultrassom emitidas por seus principais predadores, os morcegos, constataram pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido (PNAS, 8 de dezembro). Em suas caçadas noturnas, os morcegos emitem silvos e guinchos ultrassônicos. Essas ondas batem no corpo das presas e retornam ao ouvido desses mamíferos alados, permitindo-lhes localizar o jantar. A equipe liderada pelo biólogo acústico Marc Holderied, de Bristol, observou que as escamas das asas das mariposas vibram e abafam as ondas ultrassônicas – cada escama tem 1 milímetro de comprimento e 200 micrômetros de espessura. Combinadas, as dezenas de milhares de escamas absorvem mais ultrassom que a soma de suas partes, abafando uma faixa de frequências entre 20 quilohertz (kHz) e 160 kHz e criando uma camuflagem sonora que dificulta a localização das mariposas. A nanoestrutura descoberta pode inspirar o desenvolvimento de novos materiais redutores de ruídos.

Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/wpcontent/uploads/2021/01/012-017_notas_299.pdf. Acesso em: 09 jun. 2022. 
Considerando o uso das classes de palavras, analise o excerto retirado do texto: “Combinadas, as dezenas de milhares de escamas absorvem mais ultrassom que a soma de suas partes, abafando uma faixa de frequências entre 20 quilohertz (kHz) e 160 kHz e criando uma camuflagem sonora que dificulta a localização das mariposas. A nanoestrutura descoberta pode inspirar o desenvolvimento de novos materiais redutores de ruídos.” e assinale a alternativa correta.
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Q2098428 Português
Leia a tirinha a seguir para responder a questão.



Disponível em: https://www.instagram.com/p/CeMpjlyrwZd/. Acesso em: 09 jun.2022.
Assinale a alternativa correta em relação ao uso das classes de palavras na tirinha e aos sentidos produzidos por elas.
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Ano: 2023 Banca: FCC Órgão: PM-BA Prova: FCC - 2023 - PM-BA - Soldado |
Q2085902 Português
Atenção: Leia o texto do economista Ignacy Sachs para responder à questão.

     Será o Brasil o eterno país do futuro? Quase sessenta após ...I... publicação do conhecido livro de Stefan Zweig, não obstante um século de crescimento econômico sobremodo rápido e de modernização espetacular no decurso do qual a sua produção decuplicou e o PIB foi multiplicado por quarenta, o Brasil não consegue superar o seu fantástico atraso social. Graças ...II... bem- -sucedida industrialização substitutiva das importações, conduzida nas décadas de 1950, 1960 e 1970, o Brasil se ergueu ...III... posição de nona potência econômica do mundo. É hoje um país mal desenvolvido por ter adotado um padrão de crescimento socialmente perverso. Ostenta uma das mais regressivas repartições da renda no mundo, com diferenças abismais entre a minoria dos ganhadores e a massa dos sacrificados.

(Adaptado de: PINHEIRO, Paulo Sérgio et al. (orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001)
É hoje um país mal desenvolvido por ter adotado um padrão de crescimento socialmente perverso. Em relação ao trecho que o antecede, o segmento sublinhado expressa ideia de
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Ano: 2023 Banca: FCC Órgão: PM-BA Prova: FCC - 2023 - PM-BA - Soldado |
Q2085896 Português

Atenção: Para responder à questão, leia a crônica O importuno, de Carlos Drummond de Andrade, publicada originalmente em 13/07/1966


1.     − Que negócio é esse? Ninguém me atende?

2.     A muito custo, atenderam; isto é, confessaram que não podiam atender, por causa do jogo com a Bulgária.

3. − Mas que tenho eu com o jogo com a Bulgária, façam-me o favor? E os senhores por acaso foram escalados para jogar?

4.     O chefe da seção aproximou-se, apaziguador:

5.   − Desculpe, cavalheiro. Queira voltar na quinta-feira, 14. Quinta-feira não haverá jogo, estaremos mais tranquilos.

6.     − Mas prometeram que meu papel ficaria pronto hoje sem falta.

7.     − Foi um lapso do funcionário que lhe prometeu tal coisa. Ele não se lembrou da Bulgária. O Brasil lutando com a Bulgária, o senhor quer que o nosso pessoal tenha cabeça fria para informar papéis?

8.     − Perdão, o jogo vai ser logo mais, às quinze horas. É meio-dia, e já estão torcendo?

9.     − Ah, meu caro senhor, não critique nossos bravos companheiros, que fizeram o sacrifício de vir à repartição trabalhar quando podiam ficar em casa ou na rua, participando da emoção do povo…

10.     − Se vieram trabalhar, por que não trabalham?

11.     − Porque não podem, ouviu? Porque não podem. O senhor está ficando impertinente. Aliás, disse logo de saída que não tinha nada com o jogo com a Bulgária! O Brasil em guerra − porque é uma verdadeira guerra, como revelam os jornais − nos campos da Europa, e o senhor, indiferente, alienado, perguntando por um vago papel, uma coisinha individual, insignificante, em face dos interesses da pátria!

12.     − Muito bem! Muito bem! − funcionários batiam palmas.

13.     − Mas, perdão, eu… eu…

14.    − Já sei que vai se desculpar. O momento não é para dissensões. O momento é de união nacional, cérebros e corações uníssonos. Vamos, cavalheiro, não perturbe a preparação espiritual dos meus colegas, que estão analisando a Seleção Búlgara e descobrindo meios de frustrar a marcação de Pelé. O senhor acha bem o 4-2-4 ou prefere o 4-3-3?

15.     − Bem, eu… eu…

16.    − Compreendo que não queira opinar. É muita responsabilidade. Eu aliás não forço opinião de ninguém. Esta algazarra que o senhor está vendo resulta da ampla liberdade de opinião com que se discute a formação do selecionado. Todos querem ajudar, por isso cada um tem sua ideia própria, que não se ajusta com a ideia do outro, mas o resultado é admirável. A unidade pela diversidade. Na hora da batalha, formamos uma frente única.

17.     − Está certo, mas será que, voltando na quinta-feira, eu encontro o meu papel pronto mesmo?

18.     − Ah, o senhor é terrível, nem numa hora dessas esquece o seu papelzinho! Eu disse quinta-feira? Sim, certamente, pois é dia de folga no campeonato. Mas espere aí, com quatro jogos na quarta-feira, e o gasto de energia que isso determina, como é que eu posso garantir o seu papel para quinta-feira? Quer saber de uma coisa? Seja razoável, meu amigo, procure colaborar. Procure ser bom brasileiro, volte em agosto, na segunda quinzena de agosto é melhor, depois de comemorarmos a conquista do Tri.

19.     − E… se não conquistarmos?

20.   − Não diga uma besteira dessas! Sai, azar! Vá-se embora, antes que eu perca a cabeça e… 21.     Vozes indignadas:

22.     − Fora! Fora!

23.     O servente sobe na cadeira e comanda o coro:

24.     − Bra-sil! Bra-sil! Bra-sil!

25.     Estava salva a honra da torcida, e o importuno retirou-se precipitadamente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Quando é dia de futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 2014)

Foi um lapso do funcionário que lhe prometeu tal coisa. (7ºparágrafo)
Vamos, cavalheiro, não perturbe a preparação espiritual dos meus colegas, que estão analisando a Seleção Búlgara e descobrindo meios de frustrar a marcação de Pelé. (14º parágrafo)
Os pronomes sublinhados no texto referem-se, respectivamente, a
Alternativas
Ano: 2023 Banca: FCC Órgão: PM-BA Prova: FCC - 2023 - PM-BA - Soldado |
Q2085894 Português

Atenção: Para responder à questão, leia a crônica O importuno, de Carlos Drummond de Andrade, publicada originalmente em 13/07/1966


1.     − Que negócio é esse? Ninguém me atende?

2.     A muito custo, atenderam; isto é, confessaram que não podiam atender, por causa do jogo com a Bulgária.

3. − Mas que tenho eu com o jogo com a Bulgária, façam-me o favor? E os senhores por acaso foram escalados para jogar?

4.     O chefe da seção aproximou-se, apaziguador:

5.   − Desculpe, cavalheiro. Queira voltar na quinta-feira, 14. Quinta-feira não haverá jogo, estaremos mais tranquilos.

6.     − Mas prometeram que meu papel ficaria pronto hoje sem falta.

7.     − Foi um lapso do funcionário que lhe prometeu tal coisa. Ele não se lembrou da Bulgária. O Brasil lutando com a Bulgária, o senhor quer que o nosso pessoal tenha cabeça fria para informar papéis?

8.     − Perdão, o jogo vai ser logo mais, às quinze horas. É meio-dia, e já estão torcendo?

9.     − Ah, meu caro senhor, não critique nossos bravos companheiros, que fizeram o sacrifício de vir à repartição trabalhar quando podiam ficar em casa ou na rua, participando da emoção do povo…

10.     − Se vieram trabalhar, por que não trabalham?

11.     − Porque não podem, ouviu? Porque não podem. O senhor está ficando impertinente. Aliás, disse logo de saída que não tinha nada com o jogo com a Bulgária! O Brasil em guerra − porque é uma verdadeira guerra, como revelam os jornais − nos campos da Europa, e o senhor, indiferente, alienado, perguntando por um vago papel, uma coisinha individual, insignificante, em face dos interesses da pátria!

12.     − Muito bem! Muito bem! − funcionários batiam palmas.

13.     − Mas, perdão, eu… eu…

14.    − Já sei que vai se desculpar. O momento não é para dissensões. O momento é de união nacional, cérebros e corações uníssonos. Vamos, cavalheiro, não perturbe a preparação espiritual dos meus colegas, que estão analisando a Seleção Búlgara e descobrindo meios de frustrar a marcação de Pelé. O senhor acha bem o 4-2-4 ou prefere o 4-3-3?

15.     − Bem, eu… eu…

16.    − Compreendo que não queira opinar. É muita responsabilidade. Eu aliás não forço opinião de ninguém. Esta algazarra que o senhor está vendo resulta da ampla liberdade de opinião com que se discute a formação do selecionado. Todos querem ajudar, por isso cada um tem sua ideia própria, que não se ajusta com a ideia do outro, mas o resultado é admirável. A unidade pela diversidade. Na hora da batalha, formamos uma frente única.

17.     − Está certo, mas será que, voltando na quinta-feira, eu encontro o meu papel pronto mesmo?

18.     − Ah, o senhor é terrível, nem numa hora dessas esquece o seu papelzinho! Eu disse quinta-feira? Sim, certamente, pois é dia de folga no campeonato. Mas espere aí, com quatro jogos na quarta-feira, e o gasto de energia que isso determina, como é que eu posso garantir o seu papel para quinta-feira? Quer saber de uma coisa? Seja razoável, meu amigo, procure colaborar. Procure ser bom brasileiro, volte em agosto, na segunda quinzena de agosto é melhor, depois de comemorarmos a conquista do Tri.

19.     − E… se não conquistarmos?

20.   − Não diga uma besteira dessas! Sai, azar! Vá-se embora, antes que eu perca a cabeça e… 21.     Vozes indignadas:

22.     − Fora! Fora!

23.     O servente sobe na cadeira e comanda o coro:

24.     − Bra-sil! Bra-sil! Bra-sil!

25.     Estava salva a honra da torcida, e o importuno retirou-se precipitadamente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Quando é dia de futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 2014)

O cronista expressa uma retificação no seguinte trecho: 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: FCC Órgão: PM-BA Prova: FCC - 2023 - PM-BA - Soldado |
Q2085893 Português

Atenção: Para responder à questão, leia a crônica O importuno, de Carlos Drummond de Andrade, publicada originalmente em 13/07/1966


1.     − Que negócio é esse? Ninguém me atende?

2.     A muito custo, atenderam; isto é, confessaram que não podiam atender, por causa do jogo com a Bulgária.

3. − Mas que tenho eu com o jogo com a Bulgária, façam-me o favor? E os senhores por acaso foram escalados para jogar?

4.     O chefe da seção aproximou-se, apaziguador:

5.   − Desculpe, cavalheiro. Queira voltar na quinta-feira, 14. Quinta-feira não haverá jogo, estaremos mais tranquilos.

6.     − Mas prometeram que meu papel ficaria pronto hoje sem falta.

7.     − Foi um lapso do funcionário que lhe prometeu tal coisa. Ele não se lembrou da Bulgária. O Brasil lutando com a Bulgária, o senhor quer que o nosso pessoal tenha cabeça fria para informar papéis?

8.     − Perdão, o jogo vai ser logo mais, às quinze horas. É meio-dia, e já estão torcendo?

9.     − Ah, meu caro senhor, não critique nossos bravos companheiros, que fizeram o sacrifício de vir à repartição trabalhar quando podiam ficar em casa ou na rua, participando da emoção do povo…

10.     − Se vieram trabalhar, por que não trabalham?

11.     − Porque não podem, ouviu? Porque não podem. O senhor está ficando impertinente. Aliás, disse logo de saída que não tinha nada com o jogo com a Bulgária! O Brasil em guerra − porque é uma verdadeira guerra, como revelam os jornais − nos campos da Europa, e o senhor, indiferente, alienado, perguntando por um vago papel, uma coisinha individual, insignificante, em face dos interesses da pátria!

12.     − Muito bem! Muito bem! − funcionários batiam palmas.

13.     − Mas, perdão, eu… eu…

14.    − Já sei que vai se desculpar. O momento não é para dissensões. O momento é de união nacional, cérebros e corações uníssonos. Vamos, cavalheiro, não perturbe a preparação espiritual dos meus colegas, que estão analisando a Seleção Búlgara e descobrindo meios de frustrar a marcação de Pelé. O senhor acha bem o 4-2-4 ou prefere o 4-3-3?

15.     − Bem, eu… eu…

16.    − Compreendo que não queira opinar. É muita responsabilidade. Eu aliás não forço opinião de ninguém. Esta algazarra que o senhor está vendo resulta da ampla liberdade de opinião com que se discute a formação do selecionado. Todos querem ajudar, por isso cada um tem sua ideia própria, que não se ajusta com a ideia do outro, mas o resultado é admirável. A unidade pela diversidade. Na hora da batalha, formamos uma frente única.

17.     − Está certo, mas será que, voltando na quinta-feira, eu encontro o meu papel pronto mesmo?

18.     − Ah, o senhor é terrível, nem numa hora dessas esquece o seu papelzinho! Eu disse quinta-feira? Sim, certamente, pois é dia de folga no campeonato. Mas espere aí, com quatro jogos na quarta-feira, e o gasto de energia que isso determina, como é que eu posso garantir o seu papel para quinta-feira? Quer saber de uma coisa? Seja razoável, meu amigo, procure colaborar. Procure ser bom brasileiro, volte em agosto, na segunda quinzena de agosto é melhor, depois de comemorarmos a conquista do Tri.

19.     − E… se não conquistarmos?

20.   − Não diga uma besteira dessas! Sai, azar! Vá-se embora, antes que eu perca a cabeça e… 21.     Vozes indignadas:

22.     − Fora! Fora!

23.     O servente sobe na cadeira e comanda o coro:

24.     − Bra-sil! Bra-sil! Bra-sil!

25.     Estava salva a honra da torcida, e o importuno retirou-se precipitadamente.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Quando é dia de futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 2014)

Na crônica, o chefe da seção acusa o homem que foi à repartição em busca de um documento de ser
Alternativas
Ano: 2023 Banca: IDECAN Órgão: PM-CE Prova: IDECAN - 2023 - PM-CE - Soldado |
Q2073693 Português
Metano pode ser a chave para detectar vida alienígena em um planeta distante

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(Will Dunham. https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2022/03/metano-pode-ser-a-chave-para-detectar-vida-alienigena-em-um-planeta-distante.shtml. 31.mar.2022)
"Mas é importante apontar que a diversidade de ambientes planetários em outros sistemas é provavelmente vasta, e pode haver outros processos não biológicos de produção de metano que ninguém considerou até agora." (linhas 50 e 51)
Assinale a alternativa em que a estrutura indicada pode substituir corretamente, do ponto de vista da norma culta, o sublinhado no período acima. Não leve em conta alterações de sentido.
Alternativas
Q2070306 Português
Como evitar a ansiedade e as relações
tóxicas e alcançar um novo estilo de vida

Publicado: 18/06/2021

A realidade que estamos vivendo, somada às novas formas de trabalho e ansiedades, implicaram, igualmente, em mudanças significativas no comportamento das relações pessoais e interpessoais dos indivíduos. Esse contexto serviu para revelar, com maior intensidade, as relações tóxicas, tema que exige um cuidadoso debate e, sobretudo, assistência psicológica especializada. Mas, afinal, o que é uma relação tóxica? Como identificá-la e quais são os tratamentos? "São questionamentos que precisam de esclarecimento da nossa sociedade. Vale destacar que cada caso é tratado de forma diferente. No entanto, algumas características se tornam similares nas relações tóxicas. Podem ser resumidas pelo desejo de controlar o(a) parceiro(a) e de tê-lo(la) apenas para si. Esse comportamento surge aos poucos, sutilmente, e vai passando dos limites, causando sofrimento e dor", explica a psicóloga gaúcha, Ilda Nocchi.
Membro da Sociedade Brasileira de Psicologia, Ilda possui ampla experiência de atuação nas áreas social, comportamental e humana. A profissional tem observado, nos últimos meses, um gradual crescimento nos seus atendimentos no Brasil e no exterior, por pessoas que estão em crise ou estão passando por momentos difíceis, afastadas de seus familiares. De acordo com ela, cresceu o número de pacientes que relatam um contexto que envolve relações tóxicas. "O(a) agressor(a) após o fato ocorrido pede desculpas, dizendo que isso não irá mais acontecer. Entre as características mais comuns das relações tóxicas estão o ciúmes exacerbado, a desconfiança, a possessividade, o controle exagerado sobre uma pessoa, as agressões verbais, entre outros", explica Ilda.
Ainda de acordo com a profissional da psicologia, agir com superioridade, com desrespeito e diminuindo a pessoa – tanto em âmbito profissional quanto pessoal – pode acabar causando sintomas na vítima, entre eles: isolamento social, vergonha dos amigos e da família, além de sensações como humilhação e desprezo, que podem provocar graves mudanças de humor. "Todas essas situações acabam por afetar a saúde mental e emocional do outro", adianta Ilda. [...] 
No contexto das relações tóxicas, a profissional de saúde destaca ainda que a parte mais difícil é aceitar a necessidade de se denunciar o(a) abusivo(a) e tomar medidas legais, quando necessário for. "Esse contexto exige muita ajuda psicológica, atendimento e apoio especializado, sempre com a condução de um profissional capacitado, que tenha sensibilidade e experiência no assunto e que possa, de forma bastante responsável, apresentar e fornecer todos os vieses e a orientação necessária, especialmente, em casos mais graves", diz Ilda.


Adaptado de: https://www.sbponline.org.br/2021/06/como-evitar-a-ansiedade-e-as-relacoes-toxicas-e-alcancar-um-novo-estilo-devida. Acesso em: 10 fev. 2022.
Sobre o termo destacado em “[...] apresentar e fornecer todos os vieses [...]”, assinale a alternativa correta. 
Alternativas
Q2070301 Português
Como evitar a ansiedade e as relações
tóxicas e alcançar um novo estilo de vida

Publicado: 18/06/2021

A realidade que estamos vivendo, somada às novas formas de trabalho e ansiedades, implicaram, igualmente, em mudanças significativas no comportamento das relações pessoais e interpessoais dos indivíduos. Esse contexto serviu para revelar, com maior intensidade, as relações tóxicas, tema que exige um cuidadoso debate e, sobretudo, assistência psicológica especializada. Mas, afinal, o que é uma relação tóxica? Como identificá-la e quais são os tratamentos? "São questionamentos que precisam de esclarecimento da nossa sociedade. Vale destacar que cada caso é tratado de forma diferente. No entanto, algumas características se tornam similares nas relações tóxicas. Podem ser resumidas pelo desejo de controlar o(a) parceiro(a) e de tê-lo(la) apenas para si. Esse comportamento surge aos poucos, sutilmente, e vai passando dos limites, causando sofrimento e dor", explica a psicóloga gaúcha, Ilda Nocchi.
Membro da Sociedade Brasileira de Psicologia, Ilda possui ampla experiência de atuação nas áreas social, comportamental e humana. A profissional tem observado, nos últimos meses, um gradual crescimento nos seus atendimentos no Brasil e no exterior, por pessoas que estão em crise ou estão passando por momentos difíceis, afastadas de seus familiares. De acordo com ela, cresceu o número de pacientes que relatam um contexto que envolve relações tóxicas. "O(a) agressor(a) após o fato ocorrido pede desculpas, dizendo que isso não irá mais acontecer. Entre as características mais comuns das relações tóxicas estão o ciúmes exacerbado, a desconfiança, a possessividade, o controle exagerado sobre uma pessoa, as agressões verbais, entre outros", explica Ilda.
Ainda de acordo com a profissional da psicologia, agir com superioridade, com desrespeito e diminuindo a pessoa – tanto em âmbito profissional quanto pessoal – pode acabar causando sintomas na vítima, entre eles: isolamento social, vergonha dos amigos e da família, além de sensações como humilhação e desprezo, que podem provocar graves mudanças de humor. "Todas essas situações acabam por afetar a saúde mental e emocional do outro", adianta Ilda. [...] 
No contexto das relações tóxicas, a profissional de saúde destaca ainda que a parte mais difícil é aceitar a necessidade de se denunciar o(a) abusivo(a) e tomar medidas legais, quando necessário for. "Esse contexto exige muita ajuda psicológica, atendimento e apoio especializado, sempre com a condução de um profissional capacitado, que tenha sensibilidade e experiência no assunto e que possa, de forma bastante responsável, apresentar e fornecer todos os vieses e a orientação necessária, especialmente, em casos mais graves", diz Ilda.


Adaptado de: https://www.sbponline.org.br/2021/06/como-evitar-a-ansiedade-e-as-relacoes-toxicas-e-alcancar-um-novo-estilo-devida. Acesso em: 10 fev. 2022.
Quanto ao excerto “Membro da Sociedade Brasileira de Psicologia, Ilda possui ampla experiência de atuação nas áreas social, comportamental e humana.”, assinale a alternativa INCORRETA.
Alternativas
Ano: 2022 Banca: FCC Órgão: CBM-AP Prova: FCC - 2022 - CBM-AP - Soldado |
Q2063096 Português
      Atualmente, a maioria das considerações sobre a violência se concentra na criminalidade, cujo aumento quer denunciar. Mas essa progressão da violência criminal não foi provada e o que se assiste é, ao contrário, uma pacificação progressiva da sociedade; admitindo-se ou não, os costumes se civilizaram. O fato de a opinião pública preocupar-se com uma crescente insegurança não tem entretanto nada a ver com o volume efetivo da criminalidade, mas sim com as normas a partir das quais concebemos os fenômenos criminosos. Ao contrário das sociedades do passado, as nossas estão habituadas a uma segurança cada vez maior, que não depende só dos números da criminalidade, mas também e até mais da organização dos seguros e da previdência social, da homogeneidade de um espaço de livre circulação, da regulação de múltiplos aspectos da vida através do Estado. Sobre o pano de fundo de uma segurança crescente, os comportamentos criminosos são percebidos com uma ansiedade desproporcional em relação ao seu volume real. No entanto, isso não significa que a mudança das normas possa ser subestimada.

     Do ponto de vista histórico, é difícil dispor de informações quantitativas certas sobre um passado distante, mas nossa ignorância não é total; em todo caso, tudo o que sabemos vai na mesma direção: a violência é a marca registrada de períodos inteiros do passado.

(Adaptado de: MICHAUD, Yves. A violência. Tradução de L. Garcia. São Paulo: Editora Ática,1989)

O fato de a opinião pública preocupar-se com uma crescente insegurança não tem entretanto nada a ver com o volume efetivo da criminalidade... (1° parágrafo)


O pronome sublinhado no texto refere-se a

Alternativas
Ano: 2022 Banca: FCC Órgão: CBM-AP Prova: FCC - 2022 - CBM-AP - Soldado |
Q2063089 Português
       Apesar de as garantias fundamentais do cidadão estarem bem definidas pela maioria das constituições democráticas, o exercício da cidadania plena no Brasil sempre foi limitado para a maior parte da população. E poderia ter sido diferente? Desde a Antiguidade, a constituição de um Estado finca suas raízes no sistema social. Ao largo dos ideais presentes nas constituições, os procedimentos jurídicos e o funcionamento da lei refletem as cruéis realidades da sociedade brasileira e não conseguem temperar as sesquipedais diferenças entre pobres e ricos. O sistema jurídico é um instrumento e um reflexo da sociedade e, portanto, da desigualdade social: o direito não se situa fora e acima da sociedade e das realidades sociais, sem essência própria, sem lógica autônoma ou existência independente. O Estado não pode ser diferente da própria sociedade: não é nele que se afrontam os interesses em conflito, as lutas de classe? As formas de governar dependem da estrutura particular da sociedade, pois um governo não pode operar democraticamente num lugar onde, em diversos períodos constitucionais, as mulheres e os analfabetos não votavam, os trabalhadores rurais e os empregados domésticos não estavam assistidos pelos direitos sociais, um racismo estrutural predominava e os órgãos do Estado jamais renunciavam ao arbítrio.

         Nenhum regime pode ser efetivamente democrático se camadas desfavorecidas não têm acesso a direitos básicos. Ao lado dos requisitos minimalistas de um constitucionalismo democrático – liberdade de reunião e de expressão, sufrágio universal, eleições regulares e limpas, independência dos poderes –, a democracia requer a realização de um elenco mais alargado de exigências. São essas o estado de direito, o devido processo da lei ou o direito a um julgamento justo e equânime, o respeito à integridade física dos cidadãos. Essas últimas exigências, independentemente do regime político vigente, foram atendidas na República de forma limitada.

(Adaptado de: PINHEIRO, Paulo Sérgio et al. (orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001) 
De acordo com o autor, em relação a um elenco mais alargado de exigências (2° parágrafo) requeridas pela democracia, pode-se dizer que a República brasileira atendeu essas exigências de modo 
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Ano: 2022 Banca: FCC Órgão: CBM-AP Prova: FCC - 2022 - CBM-AP - Soldado |
Q2063088 Português
       Apesar de as garantias fundamentais do cidadão estarem bem definidas pela maioria das constituições democráticas, o exercício da cidadania plena no Brasil sempre foi limitado para a maior parte da população. E poderia ter sido diferente? Desde a Antiguidade, a constituição de um Estado finca suas raízes no sistema social. Ao largo dos ideais presentes nas constituições, os procedimentos jurídicos e o funcionamento da lei refletem as cruéis realidades da sociedade brasileira e não conseguem temperar as sesquipedais diferenças entre pobres e ricos. O sistema jurídico é um instrumento e um reflexo da sociedade e, portanto, da desigualdade social: o direito não se situa fora e acima da sociedade e das realidades sociais, sem essência própria, sem lógica autônoma ou existência independente. O Estado não pode ser diferente da própria sociedade: não é nele que se afrontam os interesses em conflito, as lutas de classe? As formas de governar dependem da estrutura particular da sociedade, pois um governo não pode operar democraticamente num lugar onde, em diversos períodos constitucionais, as mulheres e os analfabetos não votavam, os trabalhadores rurais e os empregados domésticos não estavam assistidos pelos direitos sociais, um racismo estrutural predominava e os órgãos do Estado jamais renunciavam ao arbítrio.

         Nenhum regime pode ser efetivamente democrático se camadas desfavorecidas não têm acesso a direitos básicos. Ao lado dos requisitos minimalistas de um constitucionalismo democrático – liberdade de reunião e de expressão, sufrágio universal, eleições regulares e limpas, independência dos poderes –, a democracia requer a realização de um elenco mais alargado de exigências. São essas o estado de direito, o devido processo da lei ou o direito a um julgamento justo e equânime, o respeito à integridade física dos cidadãos. Essas últimas exigências, independentemente do regime político vigente, foram atendidas na República de forma limitada.

(Adaptado de: PINHEIRO, Paulo Sérgio et al. (orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001) 
De acordo com o 1° parágrafo, 
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Q2056251 Português
Atenção: Para responde à questão, considere o texto a seguir.

      No Brasil, genialidade e improviso aparecem como características fundamentais para se alcançar o sucesso. Isto se torna ainda mais evidente no universo do esporte. A seleção brasileira que conquistou o tricampeonato em 1970, por exemplo, é até hoje idealizada como uma equipe que não precisava treinar, quando sabemos que, na verdade, a comissão técnica daquela seleção se utilizou de métodos de preparação física dos mais modernos da época. Já a seleção que conquistou o tetracampeonato em 1994 foi criticada na mídia justamente por utilizar “marcação forte” e “disciplina rígida”.
     As narrativas que retratam as trajetórias de vida dos ídolos esportivos frequentemente ressaltam características que os transformam em heróis, mas as dos ídolos da música ou dramaturgia, por exemplo, raramente salientam estas qualidades. A explicação para este fato reside no aspecto de luta que permeia o universo do esporte. A competição é inerente ao próprio espetáculo.
      Os estudiosos Edgar Morin e Joseph Campbell chamam a atenção para a diferença entre celebridades e heróis. Enquanto as celebridades vivem para si, os heróis devem agir para redimir a sociedade. A saga clássica do herói fala de um ser que parte do mundo cotidiano e se aventura a enfrentar obstáculos considerados intransponíveis, vence-os e retorna à casa, trazendo benefícios aos seus semelhantes. Esta característica do “ídolo-herói” transforma o universo do esporte em terreno fértil para a produção de mitos relevantes para a comunidade.

(Adaptado de: HELAL, Ronaldo. A construção de narrativas de idolatria no futebol brasileiro
Já a seleção que conquistou o tetracampeonato em 1994 foi criticada na mídia justamente por utilizar de “marcação forte” e “disciplina rígida”.
O autor recorre ao exemplo acima para embasar o seguinte argumento:
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Q2056246 Português
Atenção: Para responder à questão, considere o texto a seguir.

A charada do consumo

     Atacar a espiral consumista é fácil; o desafio é entender a natureza do seu poder sobre a psicologia humana. A busca por respostas remonta ao mundo antigo. “A riqueza demandada pela natureza”, sentenciou Epicuro no século IV a.C., “é limitada e fácil de obter; a demandada pela vã imaginação estende-se ao infinito e é difícil de obter”. A centralidade da imaginação como mola propulsora do consumo reaparece, 2 mil anos mais tarde, na observação do crítico social inglês John Ruskin: “Três quartos das demandas existentes no mundo são românticas; e a regulagem da bolsa é, em essência, a regulagem da imaginação e do coração”.
   O espectro dos desejos de consumo, todavia, não conhece divisões absolutas. As exigências da natureza, é certo, impõem limites e têm de ser atendidas; mas seria ingênuo supor que nossas necessidades básicas de consumo possam ser demarcadas por um critério rigidamente biológico: artigos de consumo de primeira necessidade hoje em dia, como anestésicos, escovas de dente e geladeiras, eram simplesmente desconhecidos nos tempos de Epicuro.
      Que o rol das coisas indispensáveis à vida cresceu na história é ponto pacífico. A pergunta inicial, porém, permanece: supridas as exigências básicas, o que move o consumo? O bombardeio de estímulos publicitários a que estamos submetidos é, sem dúvida, parte da resposta, mas é difícil acreditar que ele tenha o dom de criar do nada os desejos que insufla; se funciona, é porque encontra solo fértil em nossa imaginação. A gama das fantasias que nos impelem a consumir não é menor que a pletora de artigos disponíveis no mercado.
      Há, não obstante, um aspecto peculiar da nossa “vã imaginação” que remete ao nervo do consumo no mundo moderno. Quando os meios de vida já foram obtidos, há dois tipos de riqueza que podemos demandar. Uma delas é a riqueza democrática: são os bens cujo valor reside na satisfação direta que nos proporcionam. Coisa muito distinta, porém, é a demanda por riqueza oligárquica: o desejo de desfrutar daquilo que nos permite “ocupar um lugar de honra na mente dos nossos semelhantes” − os chamados “bens posicionais”. A satisfação proporcionada por esse tipo de bem depende essencialmente do fato de que sua posse é privilégio de poucos no grupo de referência.
      Daí que na contenda por bens posicionais, onde o sucesso de alguns é por definição a exclusão da maioria, há apetites de consumo que se estendem ao infinito (dos tênis de marca, novos gadgets e cosméticos às obras de arte). A moeda escassa nesse jogo sisífico é a atenção respeitosa e o afeto das pessoas que nos cercam.

(GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. Companhia das Letras. Edição do Kindle) 

O espectro dos desejos de consumo, todavia, não conhece divisões absolutas. (2º parágrafo)

No contexto em que se encontra, o termo sublinhado indica 

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Q2046364 Português
CLÍNICA VIRTUAL

Empresas brasileiras criam serviços para melhorar o
trabalho dos médicos

Thiago Tanji – 18 SET 2015

  Um consultório médico de porte médio, com até dez profissionais, conta com aproximadamente 20 mil cadastros de pacientes, que geram pilhas de prontuários acumuladas em caixas de papelão. Para resolver essa questão física e transformar toda essa quantidade de dados em informações úteis para o diagnóstico, o publicitário Tiago Delgado criou em 2012 o Medicina Direta, plataforma para criação de sites médicos, prontuários eletrônicos e prescrições digitais de receitas. “Com um banco de dados digital e melhor qualidade de processamento, o corpo clínico consegue transformar dados em informações que podem ajudar no tratamento e beneficiar os pacientes”, afirma Delgado. Com mais de 500 clientes, a empresa também desenvolveu um aplicativo para iOS e pretende lançar um serviço para que o médico analise os exames dos pacientes diretamente na plataforma.
    Outro serviço voltado para a comunidade médica foi desenvolvido em 2012 por três colegas que se formaram em medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF). Batizada de PEBmed, a startup já criou 20 aplicativos que têm conteúdo direcionado a diferentes práticas de medicina, como guias de anatomia humana e de medicamentos. Até agora, mais de 325 mil downloads foram realizados para iOS e Android. “Os médicos vão para os plantões com um caderno de anotações, mas queremos que eles tenham informações precisas”, diz Bruno Lagoeiro, um dos sócios da empresa. “O profissional terá segurança na hora de checar uma dose de medicamento ou verificar um tratamento novo”.

Disponível em:
https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/09/como-odoutor-google-esta-criando-uma-legiao-de-cibercondriacos.html.
Acesso em: 10 jun. 2022.
A partir da leitura do texto, é correto afirmar que
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Q2046361 Português
COMO O DOUTOR GOOGLE ESTÁ CRIANDO UMA
LEGIÃO DE CIBERCONDRÍACOS

Thiago Tanji – 18 SET 2015

   “Sintomas”, “dor de cabeça”, “sonolência”, “estou com sorte”. Uma busca despretensiosa usando essas palavras-chave leva a um endereço que indica os sinais e sintomas de um tumor cerebral. Definitivamente, não era um dia de sorte. Mas é possível encontrar outros diagnósticos virtuais para essa busca, como anemia, distúrbios do sono, meningite e virose, é claro. Já escolheu a doença que mais se encaixa no seu caso? Provavelmente, você decidirá pela pior dessa lista. “Depois de checar os sintomas no Google, a maior parte das pessoas tende a associar sua situação a doenças sérias e raras”, diz Dengfeng Yan, professor do departamento de marketing da Universidade do Texas em San Antonio, Estados Unidos. É verdade que o dr. Google é prático e pode ajudar em alguns casos, mas seu curso de medicina é baseado em algoritmos que podem te transformar em um cibercondríaco (é sério, essa palavra já é utilizada por cientistas).
    Em 2012, quando era pesquisador na Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, na China, Yan realizou um trabalho para estudar as escolhas irracionais de consumidores com base na ideia de que as pessoas tendem a superestimar seus problemas de saúde. Em uma entrevista, ele perguntava a um grupo sobre a possibilidade de contrair doenças como gripe aviária, câncer de mama e AIDS. “As pessoas costumam ignorar a chance real de ocorrências de uma doença e acabam confiando demais apenas nos sintomas que estão sentindo”, afirma. O problema é que, ao buscar os sintomas pela internet, nosso medo de contrair doenças graves é potencializado, já que essas enfermidades rendem um maior número de discussões e tendem a aparecer com maior frequência no resultado das buscas. “As informações mostradas no Google não são uma representação da realidade, já que a maior parte das pessoas não costuma discutir a ocorrência de doenças normais”, diz Yan.
    De acordo com um relatório do Google, uma em cada 20 pesquisas do serviço de buscas está relacionada a questões ligadas à saúde. Mas o problema é que quantidade não representa qualidade. “Há um conteúdo muito bom que é cuidadosamente checado e publicado por especialistas. No entanto, também há um conteúdo extremamente pobre, com informações incorretas”, afirma Guido Zuccon, pesquisador de sistemas de informação da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália. “Também observamos que há conteúdo de alta qualidade, como pesquisas divulgadas pela comunidade médica, mas que os usuários em geral têm muita dificuldade de entender”. Em março deste ano, a equipe do pesquisador conduziu um estudo para avaliar a qualidade das informações médicas disponíveis nas buscas do Google, a partir da experiência de um grupo de entrevistados. No relatório, Zuccon indica que as ferramentas virtuais melhoraram sua engenharia de busca nos últimos anos, mas a pesquisa por termos abrangentes – como os sintomas descritos no início da matéria – ainda não consegue retornar resultados satisfatórios para os usuários.

Adaptado de:
https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/09/como-odoutor-google-esta-criando-uma-legiao-de-cibercondriacos.html.
Acesso em: 10 jun. 2022.
Referente ao termo “cibercondríaco”, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q2046360 Português
COMO O DOUTOR GOOGLE ESTÁ CRIANDO UMA
LEGIÃO DE CIBERCONDRÍACOS

Thiago Tanji – 18 SET 2015

   “Sintomas”, “dor de cabeça”, “sonolência”, “estou com sorte”. Uma busca despretensiosa usando essas palavras-chave leva a um endereço que indica os sinais e sintomas de um tumor cerebral. Definitivamente, não era um dia de sorte. Mas é possível encontrar outros diagnósticos virtuais para essa busca, como anemia, distúrbios do sono, meningite e virose, é claro. Já escolheu a doença que mais se encaixa no seu caso? Provavelmente, você decidirá pela pior dessa lista. “Depois de checar os sintomas no Google, a maior parte das pessoas tende a associar sua situação a doenças sérias e raras”, diz Dengfeng Yan, professor do departamento de marketing da Universidade do Texas em San Antonio, Estados Unidos. É verdade que o dr. Google é prático e pode ajudar em alguns casos, mas seu curso de medicina é baseado em algoritmos que podem te transformar em um cibercondríaco (é sério, essa palavra já é utilizada por cientistas).
    Em 2012, quando era pesquisador na Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, na China, Yan realizou um trabalho para estudar as escolhas irracionais de consumidores com base na ideia de que as pessoas tendem a superestimar seus problemas de saúde. Em uma entrevista, ele perguntava a um grupo sobre a possibilidade de contrair doenças como gripe aviária, câncer de mama e AIDS. “As pessoas costumam ignorar a chance real de ocorrências de uma doença e acabam confiando demais apenas nos sintomas que estão sentindo”, afirma. O problema é que, ao buscar os sintomas pela internet, nosso medo de contrair doenças graves é potencializado, já que essas enfermidades rendem um maior número de discussões e tendem a aparecer com maior frequência no resultado das buscas. “As informações mostradas no Google não são uma representação da realidade, já que a maior parte das pessoas não costuma discutir a ocorrência de doenças normais”, diz Yan.
    De acordo com um relatório do Google, uma em cada 20 pesquisas do serviço de buscas está relacionada a questões ligadas à saúde. Mas o problema é que quantidade não representa qualidade. “Há um conteúdo muito bom que é cuidadosamente checado e publicado por especialistas. No entanto, também há um conteúdo extremamente pobre, com informações incorretas”, afirma Guido Zuccon, pesquisador de sistemas de informação da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália. “Também observamos que há conteúdo de alta qualidade, como pesquisas divulgadas pela comunidade médica, mas que os usuários em geral têm muita dificuldade de entender”. Em março deste ano, a equipe do pesquisador conduziu um estudo para avaliar a qualidade das informações médicas disponíveis nas buscas do Google, a partir da experiência de um grupo de entrevistados. No relatório, Zuccon indica que as ferramentas virtuais melhoraram sua engenharia de busca nos últimos anos, mas a pesquisa por termos abrangentes – como os sintomas descritos no início da matéria – ainda não consegue retornar resultados satisfatórios para os usuários.

Adaptado de:
https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/09/como-odoutor-google-esta-criando-uma-legiao-de-cibercondriacos.html.
Acesso em: 10 jun. 2022.
Sobre a expressão destacada em “No entanto, também há um conteúdo extremamente pobre [...]”, no último parágrafo, assinale a alternativa correta. 
Alternativas
Q2046357 Português
COMO O DOUTOR GOOGLE ESTÁ CRIANDO UMA
LEGIÃO DE CIBERCONDRÍACOS

Thiago Tanji – 18 SET 2015

   “Sintomas”, “dor de cabeça”, “sonolência”, “estou com sorte”. Uma busca despretensiosa usando essas palavras-chave leva a um endereço que indica os sinais e sintomas de um tumor cerebral. Definitivamente, não era um dia de sorte. Mas é possível encontrar outros diagnósticos virtuais para essa busca, como anemia, distúrbios do sono, meningite e virose, é claro. Já escolheu a doença que mais se encaixa no seu caso? Provavelmente, você decidirá pela pior dessa lista. “Depois de checar os sintomas no Google, a maior parte das pessoas tende a associar sua situação a doenças sérias e raras”, diz Dengfeng Yan, professor do departamento de marketing da Universidade do Texas em San Antonio, Estados Unidos. É verdade que o dr. Google é prático e pode ajudar em alguns casos, mas seu curso de medicina é baseado em algoritmos que podem te transformar em um cibercondríaco (é sério, essa palavra já é utilizada por cientistas).
    Em 2012, quando era pesquisador na Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, na China, Yan realizou um trabalho para estudar as escolhas irracionais de consumidores com base na ideia de que as pessoas tendem a superestimar seus problemas de saúde. Em uma entrevista, ele perguntava a um grupo sobre a possibilidade de contrair doenças como gripe aviária, câncer de mama e AIDS. “As pessoas costumam ignorar a chance real de ocorrências de uma doença e acabam confiando demais apenas nos sintomas que estão sentindo”, afirma. O problema é que, ao buscar os sintomas pela internet, nosso medo de contrair doenças graves é potencializado, já que essas enfermidades rendem um maior número de discussões e tendem a aparecer com maior frequência no resultado das buscas. “As informações mostradas no Google não são uma representação da realidade, já que a maior parte das pessoas não costuma discutir a ocorrência de doenças normais”, diz Yan.
    De acordo com um relatório do Google, uma em cada 20 pesquisas do serviço de buscas está relacionada a questões ligadas à saúde. Mas o problema é que quantidade não representa qualidade. “Há um conteúdo muito bom que é cuidadosamente checado e publicado por especialistas. No entanto, também há um conteúdo extremamente pobre, com informações incorretas”, afirma Guido Zuccon, pesquisador de sistemas de informação da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália. “Também observamos que há conteúdo de alta qualidade, como pesquisas divulgadas pela comunidade médica, mas que os usuários em geral têm muita dificuldade de entender”. Em março deste ano, a equipe do pesquisador conduziu um estudo para avaliar a qualidade das informações médicas disponíveis nas buscas do Google, a partir da experiência de um grupo de entrevistados. No relatório, Zuccon indica que as ferramentas virtuais melhoraram sua engenharia de busca nos últimos anos, mas a pesquisa por termos abrangentes – como os sintomas descritos no início da matéria – ainda não consegue retornar resultados satisfatórios para os usuários.

Adaptado de:
https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/09/como-odoutor-google-esta-criando-uma-legiao-de-cibercondriacos.html.
Acesso em: 10 jun. 2022.
Qual é a relação sintático-semântica estabelecida entre os trechos “[...] ao buscar os sintomas pela internet [...]” e “[...] nosso medo de contrair doenças graves é potencializado [...]”?
Alternativas
Respostas
41: B
42: D
43: E
44: C
45: E
46: A
47: D
48: B
49: E
50: D
51: E
52: C
53: B
54: A
55: E
56: C
57: D
58: B
59: C
60: A