Questões Militares Sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português

Foram encontradas 3.598 questões

Q2469250 Português
O espelho



João Guimarães Rosa (texto adaptado)



        Se quer seguir-me, narro-lhe; não uma aventura, mas experiência, a que me induziram, alternadamente, séries de raciocínios e intuições. Tomou-me tempo, desânimos, esforços.

         — Foi num lavatório de edifício público, por acaso. Eu era moço, comigo contente, vaidoso. Descuidado, avistei... Explico-lhe: dois espelhos — um de parede, o outro de porta lateral, aberta em ângulo propício — faziam jogo. E o que enxerguei, por instante, foi uma figura, perfil humano. Deu-me náusea, aquele homem, causava-me ódio e susto. E era — logo descobri... era eu, mesmo!

       Desde aí, comecei a procurar-me — ao eu por detrás de mim — à tona dos espelhos, em sua funda lâmina. Concluí que, interpenetrando-se no disfarce do rosto externo diversas componentes, meu problema seria o de submetê-las a um bloqueio “visual”, desde as mais rudimentares. Tomei o elemento animal, para começo. Meu sósia inferior na escala era — a onça. E, então, eu teria que aprender a não ver, no espelho, os traços que em mim recordavam o grande felino. Atirei-me a tanto.

         Prossegui... O elemento hereditário — as parecenças com os pais e avós — que são também, nos nossos rostos, um lastro evolutivo residual. E, em seguida, o que se deveria ao contágio das paixões, manifestadas ou latentes, o que ressaltava das desordenadas pressões psicológicas transitórias. E, ainda, o que, em nossas caras, materializa ideias e sugestões de outrem; e os efêmeros interesses...

       Um dia... Simplesmente lhe digo que me olhei num espelho e não me vi. Não vi nada. Só o campo, liso. Eu não tinha formas, rosto? Apalpei-me, em muito... Aturdi-me, a ponto de me deixar cair numa poltrona. Voltei a querer encarar-me. Nada. Eu não via os meus olhos... Não haveria em mim uma existência central, pessoal, autônoma? Seria eu um... desalmado?

      Pois foi que, mais tarde, anos, ao fim de uma ocasião de sofrimentos grandes, de novo me defrontei — não rosto a rosto. O espelho mostrou-me. Que luzinha, aquela, que de mim se emitia, para deter-se acolá, refletida, surpresa? Sim, vi, a mim mesmo, mal emergindo... E era não mais que rostinho de menino, de menos-que-menino, só. Só... E o julgamento-problema: “Você chegou a existir?” [...]


Primeiras estórias - Nova Fronteira, 2001.  
Leia as afirmativas a seguir que tratam das ideias do conto, adaptado, de Guimarães Rosa.


I- A identidade é um conceito fixo e imutável.

II- A construção da identidade se dá exclusivamente por meio da interação social.

III- O conto discorre sobre a necessidade de se buscar uma identidade única independente de influências externas.

IV- A constituição da identidade, em essência, é uma tarefa solitária e individual, que depende apenas da vontade do sujeito.


Está correto o que se afirma em 
Alternativas
Q2469249 Português
O espelho



João Guimarães Rosa (texto adaptado)



        Se quer seguir-me, narro-lhe; não uma aventura, mas experiência, a que me induziram, alternadamente, séries de raciocínios e intuições. Tomou-me tempo, desânimos, esforços.

         — Foi num lavatório de edifício público, por acaso. Eu era moço, comigo contente, vaidoso. Descuidado, avistei... Explico-lhe: dois espelhos — um de parede, o outro de porta lateral, aberta em ângulo propício — faziam jogo. E o que enxerguei, por instante, foi uma figura, perfil humano. Deu-me náusea, aquele homem, causava-me ódio e susto. E era — logo descobri... era eu, mesmo!

       Desde aí, comecei a procurar-me — ao eu por detrás de mim — à tona dos espelhos, em sua funda lâmina. Concluí que, interpenetrando-se no disfarce do rosto externo diversas componentes, meu problema seria o de submetê-las a um bloqueio “visual”, desde as mais rudimentares. Tomei o elemento animal, para começo. Meu sósia inferior na escala era — a onça. E, então, eu teria que aprender a não ver, no espelho, os traços que em mim recordavam o grande felino. Atirei-me a tanto.

         Prossegui... O elemento hereditário — as parecenças com os pais e avós — que são também, nos nossos rostos, um lastro evolutivo residual. E, em seguida, o que se deveria ao contágio das paixões, manifestadas ou latentes, o que ressaltava das desordenadas pressões psicológicas transitórias. E, ainda, o que, em nossas caras, materializa ideias e sugestões de outrem; e os efêmeros interesses...

       Um dia... Simplesmente lhe digo que me olhei num espelho e não me vi. Não vi nada. Só o campo, liso. Eu não tinha formas, rosto? Apalpei-me, em muito... Aturdi-me, a ponto de me deixar cair numa poltrona. Voltei a querer encarar-me. Nada. Eu não via os meus olhos... Não haveria em mim uma existência central, pessoal, autônoma? Seria eu um... desalmado?

      Pois foi que, mais tarde, anos, ao fim de uma ocasião de sofrimentos grandes, de novo me defrontei — não rosto a rosto. O espelho mostrou-me. Que luzinha, aquela, que de mim se emitia, para deter-se acolá, refletida, surpresa? Sim, vi, a mim mesmo, mal emergindo... E era não mais que rostinho de menino, de menos-que-menino, só. Só... E o julgamento-problema: “Você chegou a existir?” [...]


Primeiras estórias - Nova Fronteira, 2001.  
Qual a principal mensagem transmitida pelo conto O espelho? 
Alternativas
Ano: 2024 Banca: FGV Órgão: CBM-RJ Prova: FGV - 2024 - CBM-RJ - Cadete do Corpo de Bombeiro |
Q2463471 Português
Assinale a frase cujo vocabulário tem relação com a religiosidade. 
Alternativas
Ano: 2024 Banca: FGV Órgão: CBM-RJ Prova: FGV - 2024 - CBM-RJ - Cadete do Corpo de Bombeiro |
Q2463467 Português
Assinale a frase que não mostra uma oposição em sua estrutura.
Alternativas
Ano: 2024 Banca: FGV Órgão: CBM-RJ Prova: FGV - 2024 - CBM-RJ - Cadete do Corpo de Bombeiro |
Q2463462 Português
Um dicionário de citações traz o seguinte pensamento:

A vida é como uma escada rolante: você pode se mover para frente ou para trás, mas não pode permanecer parado.

A mensagem mais importante desse pensamento é:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: FGV Órgão: PM-RJ Prova: FGV - 2024 - PM-RJ - Soldado |
Q2447695 Português
Observe o trecho abaixo, que aborda diferenças entre a língua escrita e a língua falada:
“Mas por que falamos de um modo, na fala propriamente dita, e falamos, na escrita, de outro, tão diferente do registro anterior, que afinal lhe deu origem? É consenso que as dificuldades principais são oferecidas pela gramática, cujo conceito dominante é de que seja um rol de regras...”

A afirmação correta sobre a estruturação e o significado desse pequeno texto, é:
Alternativas
Q2354382 Português

Texto 1A1


        Nos anos 70, quando eu estudava na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), um dos poemas mais lidos e comentados por estudantes e professores era Fábula de um arquiteto, de João Cabral de Melo Neto: “O arquiteto: o que abre para o homem / (tudo se sanearia desde casas abertas) / portas por-onde, jamais portas-contra; / por onde, livres: ar luz razão certa.”.

        Esses versos pareciam nortear a concepção e a organização do espaço, trabalho do arquiteto. A utopia possível de vários estudantes era transformar habitações precárias (eufemismo para favelas) em moradias dignas. O exemplo mais famoso naquele tempo era o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado (Parque Cecap) em Guarulhos. Esse projeto de Vilanova Artigas era um dos poucos exemplos de habitação social decente, mas seus moradores não eram ex-favelados.

        Em geral, a política de habitação popular no Brasil consiste em construir pequenos e opressivos apartamentos ou casas de baixo padrão tecnológico, sem senso estético, sem relação orgânica com a cidade, às vezes sem infraestrutura e longe de áreas comerciais e serviços públicos. Vários desses conjuntos são construídos em áreas ermas, cuja paisagem desoladora lembra antes uma colônia penal. 

        Mas há mudanças e avanços significativos na concepção de projetos de habitação social, infraestrutura, lazer e paisagismo, projetos que, afinal, dizem respeito à democracia e ao fim da exclusão social. Um desses avanços é o trabalho da Usina. Fundada em 1990 por profissionais paulistas, a Usina tem feito projetos de arquitetura e planos urbanísticos criteriosos e notáveis. Trata-se de uma experiência de autogestão na construção, cujos projetos, soluções técnicas e o próprio processo construtivo são discutidos coletivamente, envolvendo os futuros moradores e uma equipe de arquitetos, engenheiros e outros profissionais.

        Acompanhei jornalistas do Estadão em visitas a conjuntos habitacionais em Heliópolis e na Billings, onde está sendo implantado o Programa Mananciais. Em Heliópolis, Ruy Ohtake projetou edifícios em forma cilíndrica, daí o apelido de redondinhos. A planta dos apartamentos de 50 m² é bem resolvida, os materiais de construção e o acabamento são apropriados, todos os ambientes recebem luz natural. Esse projeto de Ohtake e o de Hector Vigliecca (ainda em construção) revelam avanço notável na concepção da moradia para camadas populares.

        Um dos projetos do Programa Mananciais é uma ousada e bem-sucedida intervenção urbana numa das áreas mais pobres e também mais belas da metrópole. Situado às margens da Represa Billings, o Parque Linear é, em última instância, um projeto de cidadania que contempla milhares de famílias. Não por acaso esse projeto da equipe do arquiteto Marcos Boldarini recebeu prêmios no Brasil e no exterior. 

        Além do enorme alcance social, o projeto foi pensado para preservar a Billings e suas espécies nativas. Sem ser monumental, o Parque Linear é uma obra grandiosa e extremamente necessária, concebida com sensibilidade estética e funcional que dá dignidade a brasileiros que sempre foram desprezados pelo poder público. É também um exemplo de como os governos federal, estadual e municipal podem atuar em conjunto, deixando de lado as disputas e mesquinharias político-partidárias. 

        Além de arquitetos e engenheiros competentes, o Brasil possui recursos para financiar projetos de habitação popular em larga escala. Mas é preciso aliar vontade política a uma concepção de moradia que privilegie a vida dos moradores e sua relação com o ambiente e o espaço urbano. Porque morar é muito mais que sobreviver em estado precário e provisório.

Milton Hatoum. Moradia e (in)dignidade.

In: O Estado de S. Paulo, 28/8/2011, p. C8 (com adaptações).

No texto 1A1, a utilização da forma verbal “pareciam” (início do segundo parágrafo) faz referência 
Alternativas
Q2354381 Português

Texto 1A1


        Nos anos 70, quando eu estudava na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), um dos poemas mais lidos e comentados por estudantes e professores era Fábula de um arquiteto, de João Cabral de Melo Neto: “O arquiteto: o que abre para o homem / (tudo se sanearia desde casas abertas) / portas por-onde, jamais portas-contra; / por onde, livres: ar luz razão certa.”.

        Esses versos pareciam nortear a concepção e a organização do espaço, trabalho do arquiteto. A utopia possível de vários estudantes era transformar habitações precárias (eufemismo para favelas) em moradias dignas. O exemplo mais famoso naquele tempo era o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado (Parque Cecap) em Guarulhos. Esse projeto de Vilanova Artigas era um dos poucos exemplos de habitação social decente, mas seus moradores não eram ex-favelados.

        Em geral, a política de habitação popular no Brasil consiste em construir pequenos e opressivos apartamentos ou casas de baixo padrão tecnológico, sem senso estético, sem relação orgânica com a cidade, às vezes sem infraestrutura e longe de áreas comerciais e serviços públicos. Vários desses conjuntos são construídos em áreas ermas, cuja paisagem desoladora lembra antes uma colônia penal. 

        Mas há mudanças e avanços significativos na concepção de projetos de habitação social, infraestrutura, lazer e paisagismo, projetos que, afinal, dizem respeito à democracia e ao fim da exclusão social. Um desses avanços é o trabalho da Usina. Fundada em 1990 por profissionais paulistas, a Usina tem feito projetos de arquitetura e planos urbanísticos criteriosos e notáveis. Trata-se de uma experiência de autogestão na construção, cujos projetos, soluções técnicas e o próprio processo construtivo são discutidos coletivamente, envolvendo os futuros moradores e uma equipe de arquitetos, engenheiros e outros profissionais.

        Acompanhei jornalistas do Estadão em visitas a conjuntos habitacionais em Heliópolis e na Billings, onde está sendo implantado o Programa Mananciais. Em Heliópolis, Ruy Ohtake projetou edifícios em forma cilíndrica, daí o apelido de redondinhos. A planta dos apartamentos de 50 m² é bem resolvida, os materiais de construção e o acabamento são apropriados, todos os ambientes recebem luz natural. Esse projeto de Ohtake e o de Hector Vigliecca (ainda em construção) revelam avanço notável na concepção da moradia para camadas populares.

        Um dos projetos do Programa Mananciais é uma ousada e bem-sucedida intervenção urbana numa das áreas mais pobres e também mais belas da metrópole. Situado às margens da Represa Billings, o Parque Linear é, em última instância, um projeto de cidadania que contempla milhares de famílias. Não por acaso esse projeto da equipe do arquiteto Marcos Boldarini recebeu prêmios no Brasil e no exterior. 

        Além do enorme alcance social, o projeto foi pensado para preservar a Billings e suas espécies nativas. Sem ser monumental, o Parque Linear é uma obra grandiosa e extremamente necessária, concebida com sensibilidade estética e funcional que dá dignidade a brasileiros que sempre foram desprezados pelo poder público. É também um exemplo de como os governos federal, estadual e municipal podem atuar em conjunto, deixando de lado as disputas e mesquinharias político-partidárias. 

        Além de arquitetos e engenheiros competentes, o Brasil possui recursos para financiar projetos de habitação popular em larga escala. Mas é preciso aliar vontade política a uma concepção de moradia que privilegie a vida dos moradores e sua relação com o ambiente e o espaço urbano. Porque morar é muito mais que sobreviver em estado precário e provisório.

Milton Hatoum. Moradia e (in)dignidade.

In: O Estado de S. Paulo, 28/8/2011, p. C8 (com adaptações).

Assinale a opção que apresenta corretamente uma característica de um dos projetos dos conjuntos habitacionais que o autor do texto 1A1 relata ter visitado. 
Alternativas
Q2354380 Português

Texto 1A1


        Nos anos 70, quando eu estudava na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), um dos poemas mais lidos e comentados por estudantes e professores era Fábula de um arquiteto, de João Cabral de Melo Neto: “O arquiteto: o que abre para o homem / (tudo se sanearia desde casas abertas) / portas por-onde, jamais portas-contra; / por onde, livres: ar luz razão certa.”.

        Esses versos pareciam nortear a concepção e a organização do espaço, trabalho do arquiteto. A utopia possível de vários estudantes era transformar habitações precárias (eufemismo para favelas) em moradias dignas. O exemplo mais famoso naquele tempo era o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado (Parque Cecap) em Guarulhos. Esse projeto de Vilanova Artigas era um dos poucos exemplos de habitação social decente, mas seus moradores não eram ex-favelados.

        Em geral, a política de habitação popular no Brasil consiste em construir pequenos e opressivos apartamentos ou casas de baixo padrão tecnológico, sem senso estético, sem relação orgânica com a cidade, às vezes sem infraestrutura e longe de áreas comerciais e serviços públicos. Vários desses conjuntos são construídos em áreas ermas, cuja paisagem desoladora lembra antes uma colônia penal. 

        Mas há mudanças e avanços significativos na concepção de projetos de habitação social, infraestrutura, lazer e paisagismo, projetos que, afinal, dizem respeito à democracia e ao fim da exclusão social. Um desses avanços é o trabalho da Usina. Fundada em 1990 por profissionais paulistas, a Usina tem feito projetos de arquitetura e planos urbanísticos criteriosos e notáveis. Trata-se de uma experiência de autogestão na construção, cujos projetos, soluções técnicas e o próprio processo construtivo são discutidos coletivamente, envolvendo os futuros moradores e uma equipe de arquitetos, engenheiros e outros profissionais.

        Acompanhei jornalistas do Estadão em visitas a conjuntos habitacionais em Heliópolis e na Billings, onde está sendo implantado o Programa Mananciais. Em Heliópolis, Ruy Ohtake projetou edifícios em forma cilíndrica, daí o apelido de redondinhos. A planta dos apartamentos de 50 m² é bem resolvida, os materiais de construção e o acabamento são apropriados, todos os ambientes recebem luz natural. Esse projeto de Ohtake e o de Hector Vigliecca (ainda em construção) revelam avanço notável na concepção da moradia para camadas populares.

        Um dos projetos do Programa Mananciais é uma ousada e bem-sucedida intervenção urbana numa das áreas mais pobres e também mais belas da metrópole. Situado às margens da Represa Billings, o Parque Linear é, em última instância, um projeto de cidadania que contempla milhares de famílias. Não por acaso esse projeto da equipe do arquiteto Marcos Boldarini recebeu prêmios no Brasil e no exterior. 

        Além do enorme alcance social, o projeto foi pensado para preservar a Billings e suas espécies nativas. Sem ser monumental, o Parque Linear é uma obra grandiosa e extremamente necessária, concebida com sensibilidade estética e funcional que dá dignidade a brasileiros que sempre foram desprezados pelo poder público. É também um exemplo de como os governos federal, estadual e municipal podem atuar em conjunto, deixando de lado as disputas e mesquinharias político-partidárias. 

        Além de arquitetos e engenheiros competentes, o Brasil possui recursos para financiar projetos de habitação popular em larga escala. Mas é preciso aliar vontade política a uma concepção de moradia que privilegie a vida dos moradores e sua relação com o ambiente e o espaço urbano. Porque morar é muito mais que sobreviver em estado precário e provisório.

Milton Hatoum. Moradia e (in)dignidade.

In: O Estado de S. Paulo, 28/8/2011, p. C8 (com adaptações).

O autor do texto 1A1 considera que a política de habitação popular do Brasil 
Alternativas
Q2354379 Português

Texto 1A1


        Nos anos 70, quando eu estudava na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), um dos poemas mais lidos e comentados por estudantes e professores era Fábula de um arquiteto, de João Cabral de Melo Neto: “O arquiteto: o que abre para o homem / (tudo se sanearia desde casas abertas) / portas por-onde, jamais portas-contra; / por onde, livres: ar luz razão certa.”.

        Esses versos pareciam nortear a concepção e a organização do espaço, trabalho do arquiteto. A utopia possível de vários estudantes era transformar habitações precárias (eufemismo para favelas) em moradias dignas. O exemplo mais famoso naquele tempo era o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado (Parque Cecap) em Guarulhos. Esse projeto de Vilanova Artigas era um dos poucos exemplos de habitação social decente, mas seus moradores não eram ex-favelados.

        Em geral, a política de habitação popular no Brasil consiste em construir pequenos e opressivos apartamentos ou casas de baixo padrão tecnológico, sem senso estético, sem relação orgânica com a cidade, às vezes sem infraestrutura e longe de áreas comerciais e serviços públicos. Vários desses conjuntos são construídos em áreas ermas, cuja paisagem desoladora lembra antes uma colônia penal. 

        Mas há mudanças e avanços significativos na concepção de projetos de habitação social, infraestrutura, lazer e paisagismo, projetos que, afinal, dizem respeito à democracia e ao fim da exclusão social. Um desses avanços é o trabalho da Usina. Fundada em 1990 por profissionais paulistas, a Usina tem feito projetos de arquitetura e planos urbanísticos criteriosos e notáveis. Trata-se de uma experiência de autogestão na construção, cujos projetos, soluções técnicas e o próprio processo construtivo são discutidos coletivamente, envolvendo os futuros moradores e uma equipe de arquitetos, engenheiros e outros profissionais.

        Acompanhei jornalistas do Estadão em visitas a conjuntos habitacionais em Heliópolis e na Billings, onde está sendo implantado o Programa Mananciais. Em Heliópolis, Ruy Ohtake projetou edifícios em forma cilíndrica, daí o apelido de redondinhos. A planta dos apartamentos de 50 m² é bem resolvida, os materiais de construção e o acabamento são apropriados, todos os ambientes recebem luz natural. Esse projeto de Ohtake e o de Hector Vigliecca (ainda em construção) revelam avanço notável na concepção da moradia para camadas populares.

        Um dos projetos do Programa Mananciais é uma ousada e bem-sucedida intervenção urbana numa das áreas mais pobres e também mais belas da metrópole. Situado às margens da Represa Billings, o Parque Linear é, em última instância, um projeto de cidadania que contempla milhares de famílias. Não por acaso esse projeto da equipe do arquiteto Marcos Boldarini recebeu prêmios no Brasil e no exterior. 

        Além do enorme alcance social, o projeto foi pensado para preservar a Billings e suas espécies nativas. Sem ser monumental, o Parque Linear é uma obra grandiosa e extremamente necessária, concebida com sensibilidade estética e funcional que dá dignidade a brasileiros que sempre foram desprezados pelo poder público. É também um exemplo de como os governos federal, estadual e municipal podem atuar em conjunto, deixando de lado as disputas e mesquinharias político-partidárias. 

        Além de arquitetos e engenheiros competentes, o Brasil possui recursos para financiar projetos de habitação popular em larga escala. Mas é preciso aliar vontade política a uma concepção de moradia que privilegie a vida dos moradores e sua relação com o ambiente e o espaço urbano. Porque morar é muito mais que sobreviver em estado precário e provisório.

Milton Hatoum. Moradia e (in)dignidade.

In: O Estado de S. Paulo, 28/8/2011, p. C8 (com adaptações).

O texto 1A1 estabelece entre o ideal dos estudantes de arquitetura dos anos 1970, representado pelo poema de João Cabral, e a realidade dos conjuntos habitacionais populares da época uma relação de
Alternativas
Q2350466 Português
Texto 1A1-II


        Há uma diferença fundamental entre a cognição de crianças humanas e de cachorros: quando uma pessoa aponta para uma bola, os bebês sabem que esta é um objeto que está a uma certa distância, enquanto os cães, em geral, entendem a mão da pessoa como instrução sobre a direção na qual eles devem andar.

       Essas características são o que os cientistas cognitivos denominam vieses, e não verdades constantes. Ou seja: os cachorros também conseguem navegar o mundo em termos de objetos, e não de direções. Contudo, nesse caso, o aprendizado é mais lento e menos intuitivo.
 
          Um estudo com 82 cachorros não só comprovou a dificuldade canina com o conceito de objeto como descobriu que ela é um ótimo indicador de inteligência: cãezinhos mais espertos, em geral, também têm uma concepção de objeto mais parecida com a humana. Essa descoberta é um passo importante para entender como se deu a evolução da inteligência ímpar exibida pelo ser humano, e em quais aspectos cruciais a nossa cognição difere da de outros animais.

Internet:<super.abril.com.br/ciencia>  (com adaptações).
De acordo com as ideias do texto 1A1-II, um dos aspectos cognitivos que difere os seres humanos dos cães é  
Alternativas
Q3232272 Português

Para responder à questão, considere o texto abaixo.



Incêndios Florestais e Aquecimento Global


Airton Bodstein


   Todos aqueles que acompanham diariamente o noticiário nacional e internacional, através dos principais meios de comunicação, têm se deparado com imagens impressionantes de grandes incêndios florestais que estão ocorrendo em várias partes do mundo, principalmente no hemisfério norte. Todos sabemos que incêndios em florestas sempre ocorreram em função de diversos fatores, como queimadas de vegetação nativa utilizadas na pecuária e na agricultura, acidentes envolvendo crianças brincando com fogo, turistas descuidados fazendo fogueiras para um acampamento provisório ou ainda atos criminosos que provocam os incêndios de maneira intencional. De acordo com o Ministério da Ecologia francês, o país tem, em média, 4 mil incêndios florestais por ano, sendo 90% provocados por atividade humana, geralmente por desconhecimento dos riscos ou imprudência; desse total, 10% são criminosos.

    Entretanto, os incêndios florestais podem também ocorrer devido a causas naturais. A queda de um raio sobre uma vegetação seca pode provocar um incêndio localizado, mas, se houver ventos fortes e baixa umidade do ar, pode rapidamente se espalhar, dependendo da topografia do terreno, de forma a atingir grandes áreas de vegetação e até zonas habitadas. Vale lembrar que, na maioria dos casos, os raios ocorrem durante o período de chuvas que podem dificultar a propagação do fogo.

    Os incêndios florestais se caracterizam por um fogo intenso fora de controle, capaz de produzir graves danos ao meio ambiente pela destruição da vegetação nativa, liberação de grande quantidade de fumaça com gases tóxicos, além de provocar a morte de muitos animais selvagens. Quando ocorrem nas proximidades de áreas habitadas, podem destruir casas e outras instalações, causar a morte de animais domésticos e colocar em risco a vida de pessoas, que, por qualquer razão, não tenham sido evacuadas a tempo; ou ainda provocar sérios acidentes rodoviários por falta de visibilidade nas estradas ocasionada pela fumaça intensa. Aviões e helicópteros utilizados no combate a incêndios também já sofreram acidentes, bem como outros veículos, voluntários e bombeiros que foram cercados pelas chamas em função da mudança repentina de direção dos ventos. O tipo de vegetação também pode influenciar na propagação do fogo. Algumas plantas produzem óleos que atuam como combustível, aumentando a disseminação das chamas. Nos períodos de calor intenso, nos quais aumentam as emissões de radiações UV, pode ocorrer a ignição espontânea da vegetação seca produzindo fogo, sem intervenção humana. Os grandes incêndios florestais podem provocar a morte de muitas pessoas, mas o calor intenso, nas áreas urbanas, produz um número bem maior de vítimas. Neste verão europeu, já perderam a vida, por excesso de calor, mais de 1.700 pessoas, segundo o escritório europeu da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os mais vulneráveis são os bebês, as crianças e os idosos.

    O verão, no hemisfério norte, neste ano, vem apresentando temperaturas muito elevadas, bem acima das médias de verões anteriores naqueles países, superando recordes de séculos. Portugal, Espanha, Reino Unido, França e Estados Unidos têm sido submetidos a temperaturas que ultrapassam os 40ºC e que têm causado mortes por calor e incêndios florestais. No dia 16 de julho deste ano, a agência de meteorologia francesa, a Météo France, divulgou um mapa mostrando temperaturas acima da média em todo o território francês, que variavam dos 32ºC até valores extremos para os padrões franceses, de 42ºC. É o que eles chamam de canicule ou onda de calor. Os especialistas atribuem essas altas temperaturas às mudanças climáticas, e a tendência é de elevação na próxima década. A climatologista Françoise Vimeu, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, não descarta temperaturas em torno de 50°C em futuro próximo. O efeito dessas temperaturas elevadas sobre a população europeia é bastante danoso, uma vez que esses países, acostumados com o frio, não possuem as estruturas de minimização dos efeitos do calor, como nos países de clima quente. As habitações são pouco ventiladas, com os telhados revestidos de material escuro que absorve calor e há quase total ausência de aparelhos de ar-condicionado nas residências, as quais possuem apenas os clássicos aquecedores.

    Na mesma semana de julho, o Brasil também apresentou temperaturas bem elevadas para a estação do inverno, conforme apresentado no mapa do Instituto Nacional de Meteorologia. Apesar de os brasileiros já estarem bem acostumados com o calor e o uso de ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado ser comum em nossas residências, com moradias bem adaptadas para temperaturas altas, vale lembrar que as médias acima de 40ºC ocorrem no verão, geralmente nos meses de dezembro a fevereiro, e com duração de alguns dias, sendo logo amenizadas pelas fortes chuvas tropicais, também comuns no verão do país. E, dado o que vem ocorrendo no hemisfério norte, neste ano, é de se esperar temperaturas extremamente elevadas no próximo verão, agora no hemisfério sul. Então, precisamos nos preparar para o enfrentamento de grandes incêndios florestais, tanto em recursos humanos quanto em equipamentos e, principalmente, estabelecer os protocolos de saúde pública necessários para reduzir os riscos de mortes por calor junto às nossas crianças e idosos.

    Como dito anteriormente, 90% dos incêndios florestais são ocasionados por ação humana, daí a grande importância da prevenção por parte da população. Além de evitar as práticas já citadas, não coloque fogo em lixo e nem solte balões. Esta semana, um cidadão norte-americano de 26 anos foi preso em Utah, por provocar um grande incêndio florestal ao queimar uma aranha com um isqueiro na mata. Proteja as nossas florestas e a nossa população.


https://www.revistaemergencia.com.br/blogs/incendios-florestais-e-aquecimento-global/ [Adaptado]

De acordo com o texto, deve-se concluir que
Alternativas
Q3232271 Português

Para responder à questão, considere o texto abaixo.



Incêndios Florestais e Aquecimento Global


Airton Bodstein


   Todos aqueles que acompanham diariamente o noticiário nacional e internacional, através dos principais meios de comunicação, têm se deparado com imagens impressionantes de grandes incêndios florestais que estão ocorrendo em várias partes do mundo, principalmente no hemisfério norte. Todos sabemos que incêndios em florestas sempre ocorreram em função de diversos fatores, como queimadas de vegetação nativa utilizadas na pecuária e na agricultura, acidentes envolvendo crianças brincando com fogo, turistas descuidados fazendo fogueiras para um acampamento provisório ou ainda atos criminosos que provocam os incêndios de maneira intencional. De acordo com o Ministério da Ecologia francês, o país tem, em média, 4 mil incêndios florestais por ano, sendo 90% provocados por atividade humana, geralmente por desconhecimento dos riscos ou imprudência; desse total, 10% são criminosos.

    Entretanto, os incêndios florestais podem também ocorrer devido a causas naturais. A queda de um raio sobre uma vegetação seca pode provocar um incêndio localizado, mas, se houver ventos fortes e baixa umidade do ar, pode rapidamente se espalhar, dependendo da topografia do terreno, de forma a atingir grandes áreas de vegetação e até zonas habitadas. Vale lembrar que, na maioria dos casos, os raios ocorrem durante o período de chuvas que podem dificultar a propagação do fogo.

    Os incêndios florestais se caracterizam por um fogo intenso fora de controle, capaz de produzir graves danos ao meio ambiente pela destruição da vegetação nativa, liberação de grande quantidade de fumaça com gases tóxicos, além de provocar a morte de muitos animais selvagens. Quando ocorrem nas proximidades de áreas habitadas, podem destruir casas e outras instalações, causar a morte de animais domésticos e colocar em risco a vida de pessoas, que, por qualquer razão, não tenham sido evacuadas a tempo; ou ainda provocar sérios acidentes rodoviários por falta de visibilidade nas estradas ocasionada pela fumaça intensa. Aviões e helicópteros utilizados no combate a incêndios também já sofreram acidentes, bem como outros veículos, voluntários e bombeiros que foram cercados pelas chamas em função da mudança repentina de direção dos ventos. O tipo de vegetação também pode influenciar na propagação do fogo. Algumas plantas produzem óleos que atuam como combustível, aumentando a disseminação das chamas. Nos períodos de calor intenso, nos quais aumentam as emissões de radiações UV, pode ocorrer a ignição espontânea da vegetação seca produzindo fogo, sem intervenção humana. Os grandes incêndios florestais podem provocar a morte de muitas pessoas, mas o calor intenso, nas áreas urbanas, produz um número bem maior de vítimas. Neste verão europeu, já perderam a vida, por excesso de calor, mais de 1.700 pessoas, segundo o escritório europeu da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os mais vulneráveis são os bebês, as crianças e os idosos.

    O verão, no hemisfério norte, neste ano, vem apresentando temperaturas muito elevadas, bem acima das médias de verões anteriores naqueles países, superando recordes de séculos. Portugal, Espanha, Reino Unido, França e Estados Unidos têm sido submetidos a temperaturas que ultrapassam os 40ºC e que têm causado mortes por calor e incêndios florestais. No dia 16 de julho deste ano, a agência de meteorologia francesa, a Météo France, divulgou um mapa mostrando temperaturas acima da média em todo o território francês, que variavam dos 32ºC até valores extremos para os padrões franceses, de 42ºC. É o que eles chamam de canicule ou onda de calor. Os especialistas atribuem essas altas temperaturas às mudanças climáticas, e a tendência é de elevação na próxima década. A climatologista Françoise Vimeu, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, não descarta temperaturas em torno de 50°C em futuro próximo. O efeito dessas temperaturas elevadas sobre a população europeia é bastante danoso, uma vez que esses países, acostumados com o frio, não possuem as estruturas de minimização dos efeitos do calor, como nos países de clima quente. As habitações são pouco ventiladas, com os telhados revestidos de material escuro que absorve calor e há quase total ausência de aparelhos de ar-condicionado nas residências, as quais possuem apenas os clássicos aquecedores.

    Na mesma semana de julho, o Brasil também apresentou temperaturas bem elevadas para a estação do inverno, conforme apresentado no mapa do Instituto Nacional de Meteorologia. Apesar de os brasileiros já estarem bem acostumados com o calor e o uso de ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado ser comum em nossas residências, com moradias bem adaptadas para temperaturas altas, vale lembrar que as médias acima de 40ºC ocorrem no verão, geralmente nos meses de dezembro a fevereiro, e com duração de alguns dias, sendo logo amenizadas pelas fortes chuvas tropicais, também comuns no verão do país. E, dado o que vem ocorrendo no hemisfério norte, neste ano, é de se esperar temperaturas extremamente elevadas no próximo verão, agora no hemisfério sul. Então, precisamos nos preparar para o enfrentamento de grandes incêndios florestais, tanto em recursos humanos quanto em equipamentos e, principalmente, estabelecer os protocolos de saúde pública necessários para reduzir os riscos de mortes por calor junto às nossas crianças e idosos.

    Como dito anteriormente, 90% dos incêndios florestais são ocasionados por ação humana, daí a grande importância da prevenção por parte da população. Além de evitar as práticas já citadas, não coloque fogo em lixo e nem solte balões. Esta semana, um cidadão norte-americano de 26 anos foi preso em Utah, por provocar um grande incêndio florestal ao queimar uma aranha com um isqueiro na mata. Proteja as nossas florestas e a nossa população.


https://www.revistaemergencia.com.br/blogs/incendios-florestais-e-aquecimento-global/ [Adaptado]

A partir da leitura do texto em sua totalidade, depreende-se a intenção comunicativa prioritária de
Alternativas
Ano: 2023 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2023 - PM-SP - Sargento |
Q2567495 Português
O aumento da população idosa tem desafiado ________ planejadores de políticas públicas, pois se trata de uma faixa etária com demandas específicas, como saúde e previdência, _________ exigem legislações compatíveis  ________ tempos _________ vivemos.
As lacunas do texto são, correta e respectivamente, completadas por:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2023 - PM-SP - Sargento |
Q2567490 Português
Quando estava entrando na adolescência, no início dos anos 90, era um hábito passar vários finais de semana na casa do meu avô, uma pessoa extremamente sistemática.

     Tinha dias que eu ficava com ele enquanto ele “catava milho”, como minha avó chamava seu hábito de ficar datilografando. Eu gostava muito de fazer companhia para ele. Lembro-me, como se fosse hoje, das histórias que me contava. Eram histórias verídicas, fatos que ele havia vivido e que ele me contava e recontava diversas vezes, como se fossem inéditas a cada vez. E eu sempre as ouvia com muita atenção e admiração, afinal, ele foi meu único referencial de pai.

      Foi o meu avô quem me ensinou a ser íntegro, respeitar os mais velhos e batalhar para ser alguém na vida. Ele sempre usava como exemplo de fracasso pessoas muito próximas, geralmente membros da nossa família, que ele tentou aconselhar, ajudar e dar um direcionamento, mas que foram teimosos e estavam colhendo os frutos ruins de sua teimosia, de não o terem ouvido.

      Agora adulto, vejo que muitas coisas no meu caráter herdei dele: sou sistemático, gosto de estudar, ler e escrever. E algo de que sempre gostei e aprendi, nas tardes e noites ao lado dele, foi a conversar com os mais velhos e a saber ouvi-los.


      Os mais velhos têm muito a contribuir com nossas vidas, independentemente da classe social e origem. Deles podemos extrair momentos preciosos de sabedoria e vivência, porém, para isso, é importante tentar compreendê-los e imaginar como as coisas seriam na época deles, ou na perspectiva deles.

 
      Eu trabalho há quase 10 anos na Previdência Social. Lá atendo, predominantemente, idosos. Pessoas que, na maioria das vezes, além de serem atendidas, querem ser ouvidas. O tempo que passei com o meu avô me auxilia no meu trabalho hoje.

 
     Atendi um senhor de cerca de 70 anos que me inspirou a escrever este texto. Tive necessidade de escrever isso porque, por incrível e estranho que pareça, senti nele o cheiro do meu avô.



(Ruy Carneiro Giraldes Neto. O cheiro do meu avô.
www.folhadelondrina.com.br, 04.03.2014. Adaptado)

Assinale a alternativa em que as relações entre as ideias da frase estão em conformidade com o que é afirmado no texto.
Alternativas
Ano: 2023 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2023 - PM-SP - Sargento |
Q2567489 Português
Quando estava entrando na adolescência, no início dos anos 90, era um hábito passar vários finais de semana na casa do meu avô, uma pessoa extremamente sistemática.

     Tinha dias que eu ficava com ele enquanto ele “catava milho”, como minha avó chamava seu hábito de ficar datilografando. Eu gostava muito de fazer companhia para ele. Lembro-me, como se fosse hoje, das histórias que me contava. Eram histórias verídicas, fatos que ele havia vivido e que ele me contava e recontava diversas vezes, como se fossem inéditas a cada vez. E eu sempre as ouvia com muita atenção e admiração, afinal, ele foi meu único referencial de pai.

      Foi o meu avô quem me ensinou a ser íntegro, respeitar os mais velhos e batalhar para ser alguém na vida. Ele sempre usava como exemplo de fracasso pessoas muito próximas, geralmente membros da nossa família, que ele tentou aconselhar, ajudar e dar um direcionamento, mas que foram teimosos e estavam colhendo os frutos ruins de sua teimosia, de não o terem ouvido.

      Agora adulto, vejo que muitas coisas no meu caráter herdei dele: sou sistemático, gosto de estudar, ler e escrever. E algo de que sempre gostei e aprendi, nas tardes e noites ao lado dele, foi a conversar com os mais velhos e a saber ouvi-los.


      Os mais velhos têm muito a contribuir com nossas vidas, independentemente da classe social e origem. Deles podemos extrair momentos preciosos de sabedoria e vivência, porém, para isso, é importante tentar compreendê-los e imaginar como as coisas seriam na época deles, ou na perspectiva deles.

 
      Eu trabalho há quase 10 anos na Previdência Social. Lá atendo, predominantemente, idosos. Pessoas que, na maioria das vezes, além de serem atendidas, querem ser ouvidas. O tempo que passei com o meu avô me auxilia no meu trabalho hoje.

 
     Atendi um senhor de cerca de 70 anos que me inspirou a escrever este texto. Tive necessidade de escrever isso porque, por incrível e estranho que pareça, senti nele o cheiro do meu avô.



(Ruy Carneiro Giraldes Neto. O cheiro do meu avô.
www.folhadelondrina.com.br, 04.03.2014. Adaptado)

Ao falar de membros da família que teriam fracassado, o avô ensinava ao neto que
Alternativas
Ano: 2023 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2023 - PM-SP - Sargento |
Q2567488 Português
Quando estava entrando na adolescência, no início dos anos 90, era um hábito passar vários finais de semana na casa do meu avô, uma pessoa extremamente sistemática.

     Tinha dias que eu ficava com ele enquanto ele “catava milho”, como minha avó chamava seu hábito de ficar datilografando. Eu gostava muito de fazer companhia para ele. Lembro-me, como se fosse hoje, das histórias que me contava. Eram histórias verídicas, fatos que ele havia vivido e que ele me contava e recontava diversas vezes, como se fossem inéditas a cada vez. E eu sempre as ouvia com muita atenção e admiração, afinal, ele foi meu único referencial de pai.

      Foi o meu avô quem me ensinou a ser íntegro, respeitar os mais velhos e batalhar para ser alguém na vida. Ele sempre usava como exemplo de fracasso pessoas muito próximas, geralmente membros da nossa família, que ele tentou aconselhar, ajudar e dar um direcionamento, mas que foram teimosos e estavam colhendo os frutos ruins de sua teimosia, de não o terem ouvido.

      Agora adulto, vejo que muitas coisas no meu caráter herdei dele: sou sistemático, gosto de estudar, ler e escrever. E algo de que sempre gostei e aprendi, nas tardes e noites ao lado dele, foi a conversar com os mais velhos e a saber ouvi-los.


      Os mais velhos têm muito a contribuir com nossas vidas, independentemente da classe social e origem. Deles podemos extrair momentos preciosos de sabedoria e vivência, porém, para isso, é importante tentar compreendê-los e imaginar como as coisas seriam na época deles, ou na perspectiva deles.

 
      Eu trabalho há quase 10 anos na Previdência Social. Lá atendo, predominantemente, idosos. Pessoas que, na maioria das vezes, além de serem atendidas, querem ser ouvidas. O tempo que passei com o meu avô me auxilia no meu trabalho hoje.

 
     Atendi um senhor de cerca de 70 anos que me inspirou a escrever este texto. Tive necessidade de escrever isso porque, por incrível e estranho que pareça, senti nele o cheiro do meu avô.



(Ruy Carneiro Giraldes Neto. O cheiro do meu avô.
www.folhadelondrina.com.br, 04.03.2014. Adaptado)

A partir da leitura do texto, é correto afirmar que seu autor nele revela
Alternativas
Ano: 2023 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2023 - PM-SP - Sargento |
Q2567485 Português
Assinale a alternativa em que a expressão é corretamente substituída pelo termo entre parênteses.
Alternativas
Ano: 2023 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2023 - PM-SP - Sargento |
Q2567481 Português
       Em 2020, o historiador e professor Mário Sérgio de Moraes teve que interromper uma ação que já tinha virado rotina na casa onde vive com a esposa. Sempre que recebia o neto Mateus, o casal fazia, logo após o almoço, uma sessão colaborativa de contação de histórias. “Inventamos a historinha de três. Eu começava, ele continuava e depois minha mulher”, relembra Moraes.

        A pandemia, contudo, acabou cortando o hábito pela raiz. Em isolamento, a única forma que o casal tinha para conversar com o neto era através das telas do computador e celular. Porém, em pouco tempo, o avô encontrou uma forma de prosseguir o contato com Mateus por meio de histórias. “Para não perder essa relação, eu começava a história no computador, mandava para ele pelo pai e, com aquela letrinha de quarta série, o Mateus continuava e a enviava de volta para mim”, conta o avô. O projeto acabou crescendo tanto que o avô decidiu oferecê-lo a uma editora. Pouco depois saiu o volume “Tudo acaba em 10”, que, segundo o avô, vende bem melhor que seus próprios livros acadêmicos.

      A história de Moraes e Mateus está longe de ser um exemplo único de como avôs e netos vêm se relacionando no mundo contemporâneo. Em vez disso, ela ajuda a escancarar a multiplicidade de experiências e possibilidades familiares. Muitos idosos estão buscando coisas novas e sobretudo entender seu lugar no mundo.


    Hoje, há aproximadamente 1,5 bilhão de avós no mundo, segundo pesquisa da revista The Economist. Com o aumento da expectativa de vida mundial e o envelhecimento da população, dá para arriscar dizer que a importância deles será enorme ao longo do século 21. E isso considerando que seu grande impacto já vem sendo tema de estudos, que apontam que a relação avós/netos foi essencial para a evolução humana ao longo dos séculos.


(Leonardo Neiva. A relação de avós e netos hoje.
https://gamarevista.uol.com.br, 23.07.2023. Adaptado)
O aumento do tempo médio de vida da população e o seu consequente envelhecimento são elementos que levam o autor do texto a concluir que
Alternativas
Ano: 2023 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2023 - PM-SP - Sargento |
Q2567480 Português
       Em 2020, o historiador e professor Mário Sérgio de Moraes teve que interromper uma ação que já tinha virado rotina na casa onde vive com a esposa. Sempre que recebia o neto Mateus, o casal fazia, logo após o almoço, uma sessão colaborativa de contação de histórias. “Inventamos a historinha de três. Eu começava, ele continuava e depois minha mulher”, relembra Moraes.

        A pandemia, contudo, acabou cortando o hábito pela raiz. Em isolamento, a única forma que o casal tinha para conversar com o neto era através das telas do computador e celular. Porém, em pouco tempo, o avô encontrou uma forma de prosseguir o contato com Mateus por meio de histórias. “Para não perder essa relação, eu começava a história no computador, mandava para ele pelo pai e, com aquela letrinha de quarta série, o Mateus continuava e a enviava de volta para mim”, conta o avô. O projeto acabou crescendo tanto que o avô decidiu oferecê-lo a uma editora. Pouco depois saiu o volume “Tudo acaba em 10”, que, segundo o avô, vende bem melhor que seus próprios livros acadêmicos.

      A história de Moraes e Mateus está longe de ser um exemplo único de como avôs e netos vêm se relacionando no mundo contemporâneo. Em vez disso, ela ajuda a escancarar a multiplicidade de experiências e possibilidades familiares. Muitos idosos estão buscando coisas novas e sobretudo entender seu lugar no mundo.


    Hoje, há aproximadamente 1,5 bilhão de avós no mundo, segundo pesquisa da revista The Economist. Com o aumento da expectativa de vida mundial e o envelhecimento da população, dá para arriscar dizer que a importância deles será enorme ao longo do século 21. E isso considerando que seu grande impacto já vem sendo tema de estudos, que apontam que a relação avós/netos foi essencial para a evolução humana ao longo dos séculos.


(Leonardo Neiva. A relação de avós e netos hoje.
https://gamarevista.uol.com.br, 23.07.2023. Adaptado)
É correto afirmar, a partir da leitura do texto, que a dinâmica de contar histórias entre Mateus e seu avô
Alternativas
Respostas
121: D
122: C
123: D
124: D
125: D
126: A
127: E
128: C
129: E
130: B
131: A
132: A
133: A
134: B
135: A
136: B
137: D
138: C
139: A
140: D