Questões Militares Sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português

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Q1134648 Português
Leia o texto para responder à questão.

O início

    O ato da criação da Polícia Militar pode ser confirmado pelos registros da reunião do conselho da Província de São Paulo, presidida pelo Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, realizada em 15 de dezembro de 1831. O efetivo inicial era composto por 100 homens a pé e 30 a cavalo. A partir de março de 1832, a Instituição, pela falta de aquartelamento próprio, foi instalada na ala térrea do Convento do Carmo, situada no quadrilátero da Sé e, hoje, demolida.
    A milícia paulista, nos seus 185 anos de existência, foi organizada e reorganizada diversas vezes.
    Inicialmente, recebeu o nome de Guarda Municipal Permanente. No século 20, foi denominada Força Policial, Força Pública, entre outras denominações. Em 1926, foi criada a Guarda-Civil de São Paulo, como instituição auxiliar da Força Pública, mas sem o caráter militar desta.
    A menor unidade da Guarda Municipal Permanente, em 1831, era a esquadra, formada por um cabo e 24 soldados.
(http://www.policiamilitar.sp.gov. – Acesso em: 08.12.2019. Adaptado)
Da leitura do trecho – ... pela falta de aquartelamento próprio, foi instalada na ala térrea do Convento do Carmo... –, entende-se que
Alternativas
Q1134647 Português
Leia o texto para responder à questão.

O início

    O ato da criação da Polícia Militar pode ser confirmado pelos registros da reunião do conselho da Província de São Paulo, presidida pelo Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, realizada em 15 de dezembro de 1831. O efetivo inicial era composto por 100 homens a pé e 30 a cavalo. A partir de março de 1832, a Instituição, pela falta de aquartelamento próprio, foi instalada na ala térrea do Convento do Carmo, situada no quadrilátero da Sé e, hoje, demolida.
    A milícia paulista, nos seus 185 anos de existência, foi organizada e reorganizada diversas vezes.
    Inicialmente, recebeu o nome de Guarda Municipal Permanente. No século 20, foi denominada Força Policial, Força Pública, entre outras denominações. Em 1926, foi criada a Guarda-Civil de São Paulo, como instituição auxiliar da Força Pública, mas sem o caráter militar desta.
    A menor unidade da Guarda Municipal Permanente, em 1831, era a esquadra, formada por um cabo e 24 soldados.
(http://www.policiamilitar.sp.gov. – Acesso em: 08.12.2019. Adaptado)
O texto tem como finalidade principal transmitir
Alternativas
Q1134645 Português
Para responder à questão, leia a charge, considerando que as personagens sentadas à mesa sejam marido e mulher.



(http://www.chargesbruno.blogspot.com – Acesso em: 08.12.2019)
É correto concluir que a mensagem enviada ao celular da mulher é aceita como verdade
Alternativas
Ano: 2020 Banca: IBFC Órgão: CBM-BA Prova: IBFC - 2020 - CBM-BA - Soldado |
Q1134205 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão.

Inspeções de segurança geram benefícios para empresas e trabalhadores
Por Paulo Ribeiro Neres

    Uma das atividades mais comuns entre os profissionais de saúde e segurança do trabalho são as inspeções de segurança. Estas podem ser específicas, como por exemplo, em equipamentos de combate a incêndio ou gerais como: ordem, arrumação e limpeza. Normalmente, alguns de seus objetivos são: reconhecer e antecipar as condições ou procedimentos que se encontram abaixo dos padrões de segurança estabelecidos, ou ainda detectar situações perigosas que possam acarretar perdas materiais ou pessoais no ambiente ocupacional.
    Seja qual for o propósito ou tipo das inspeções, de rotina ou periódica, é de extrema relevância que o próprio trabalhador, “aquele que põe a mão na massa”, participe dessas atividades e que sua opinião seja considerada e avaliada no momento da conclusão. Desta forma, espera-se aumentar o interesse e motivação dos trabalhadores com as questões de saúde e segurança no ambiente de trabalho e, paralelo a isso, desenvolver uma cultura que promova a ideia de que a prevenção de perdas seja de interesse de todos e não apenas uma responsabilidade do Departamento de Segurança, como é comum em diversas organizações. [...]
    O melhor e mais vantajoso de tudo isso é que podemos usar o conhecimento e experiência prática de quem realmente sabe onde estão as condições perigosas e desvios que mais ocorrem naquele ambiente de trabalho. Geralmente, as inspeções de segurança são realizadas sem a participação dos trabalhadores do chão de fábrica. Precisamos quebrar esse paradigma. [...] Não será demérito para os profissionais do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) adicionar os trabalhadores nas suas inspeções de segurança. Para isso, será necessário capacitá-los, treiná-los e orientá-los para que sejam capazes de auxiliar na identificação e avaliação dos perigos. [...]
    Se realizarmos inspeções com o auxílio dos próprios trabalhadores, é bem provável que as medidas de controle, que serão sugeridas para mitigar os riscos detectados, sejam mais coerentes e próximas da realidade do dia a dia. Assim, o bom resultado prático virá pela união do conhecimento técnico do profissional da segurança com a opinião e visão de quem realmente fica exposto, que são os trabalhadores.
http://revistacipa.com.br/inspecoes-de-seguranca-geram-beneficios-para-empresas-e-trabalhadores/ acesso em 14/11/2019 (adaptado)
De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2020 Banca: IBFC Órgão: PM-BA Prova: IBFC - 2020 - PM-BA - Soldado |
Q1121517 Português
Segurança
          O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia as mais belas casas, os jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, segurança. Toda a área era cercada por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam tudo por um circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes devidamente identificados e crachados. Mas os assaltos começaram assim mesmo. Os ladrões pulavam os muros. Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro lados. [...] Agora não só os visitantes eram obrigados a usar crachá. Os proprietários e seus familiares também. Não passava ninguém pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês. Mas os assaltos continuaram. Decidiram eletrificar os muros. Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais importante era a segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordens de atirar para matar. Mas os assaltos continuaram.
       Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, [...] não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas foram engradadas. Mas os assaltos continuaram. Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes tinham entrado no condomínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado, com crachás roubados. [...]
        Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos. E ninguém pode sair. Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades da sua casa, olhando melancolicamente para a rua. [...]

Luis Fernando Veríssimo

Analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).

( ) O texto possui narrador onisciente em 1ª pessoa.

( ) “Toda a área era cercada por um muro alto.” O enunciado anterior está escrito na voz passiva.

( ) O título do texto sugere proteção e isto é refutado ao longo da obra.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.

Alternativas
Q1073013 Português
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação verdadeira sobre o contexto da carta.
Alternativas
Q1068319 Português

Texto V

                              

E bem na cara da polícia (linha 55)

A expressão sublinhada acima faz referência 

Alternativas
Q1068317 Português

Texto V

                              

Considerando o texto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.


I. O ladrãozinho roubou um objeto que não pode usar.

PORQUE

II. Homens não usam canga.


A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q1068312 Português

Texto V

                              

Hoje também dia de feira (não é um dado pessoal, faz parte). (linhas 5 e 6)

O trecho entre parênteses se justifica por estar apresentado dessa forma.


A esse respeito, analise as afirmativas a seguir:

I. A opção do conteúdo entre parênteses se dá por ser uma interferência da autora na narrativa, atribuindo-lhe caráter extratextual.

II. Se o trecho viesse entre travessões, garantiria sua natureza extratextual, mas não entre parênteses.

III. O trecho mantém o nível textual; o motivo de vir entre parênteses é porque se trata de comentário da autora.


Assinale

Alternativas
Q1068303 Português

Texto IV

                          Psicologia de um vencido


                     Eu, filho do carbono e do amoníaco,

                     Monstro de escuridão e rutilância,

                     Sofro, desde a epigênese da infância,

                     A influência má dos signos do zodíaco.

 

              5     Profundissimamente hipocondríaco,

                     Este ambiente me causa repugnância...

                     Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia

                     Que se escapa da boca de um cardíaco.


                     Já o verme – este operário das ruínas –

             10    Que o sangue podre das carnificinas

                     Come, e à vida em geral declara guerra,

     

                     Anda a espreitar meus olhos para roê-los,

                     E há-de deixar-me apenas os cabelos,

                     Na frialdade inorgânica da terra!

                                                             (Augusto dos Anjos)  

Ao empregar escuridão e rutilância para se definir, o autor do texto IV revela o aspecto de que é um ser
Alternativas
Q1068302 Português

Texto III


                       

No terceiro quadrinho, grafou-se corretamente a palavra ideia, de acordo com as mudanças trazidas pelo Acordo Ortográfico. Assinale a alternativa em que isso NÃO tenha acontecido.
Alternativas
Q1068301 Português

Texto III


                       

A respeito da análise do quadrinho, analise as afirmativas a seguir:


I. Nos dois primeiros quadrinhos, o referencial do professor é o mesmo que o do leitor.

II. O efeito de humor se dá pela quebra do referencial no terceiro quadrinho.

III. Os verbos armar e efetuar assumem, para os alunos, dentro do leque de sentidos possíveis, carga bélica.


Assinale

Alternativas
Q1068291 Português

Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido de saída. (linhas 14 e 15).

A respeito da palavra sublinhada, assinale a afirmativa correta.

Alternativas
Q1068256 Português

Considerando o texto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.


I. Os “surtos de fúria” podem ocorrer com usuários de anabolizantes, apesar de não serem comuns.


PORQUE


II. Usuários de anabolizantes podem reagir fisicamente a uma situação de estresse.


A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q1068251 Português

Muitas vezes, o tempo excessivo gasto nas academias é visto como uma atividade saudável, e os ganhos sociais de um corpo considerado mais atraente podem fazer com que o usuário de anabolizantes e suas famílias não vejam essas drogas como um problema, até que efeitos graves aconteçam. (linhas 52 a 54)


A respeito do que se pode depreender do trecho acima, analise as afirmativas a seguir:

I. A frequente ida à academia é vista muitas vezes como um investimento em saúde.

II. Os padrões sociais valorizam o corpo bem trabalhado e o consideram atraente.

III. Apesar dos efeitos graves que podem ocorrer, a sociedade continua a valorizar a perseguição por um corpo “perfeito”, tomado como algo saudável.


Assinale

Alternativas
Q1061223 Português
Tomando por base seus conhecimentos gramaticais, assinale a alternativa INCORRETA, referente ao texto II.
Alternativas
Q1061222 Português
Considerando o texto II, em que o autor agrupa as palavras para poder classificá-las, assinale a alternativa verdadeira:
Alternativas
Q1061213 Português
  1.                                TEXTO I 

Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme de Figueiredo. A cena ocorre na cidade de Samos (Grécia antiga), na casa de Xantós, um filósofo grego, que recebe o convidado Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e Melita, escravos de Xantós. 

(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está coberto com um pano. Xantós e Agnostos se dirigem para a mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-se.)  


De acordo com o texto I, “a Grécia foi feita com a língua, a língua dos belos gregos claros falando para a eternidade.” Na visão de Esopo, para falar “para a eternidade” a língua deveria
Alternativas
Q1061212 Português
  1.                                TEXTO I 

Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme de Figueiredo. A cena ocorre na cidade de Samos (Grécia antiga), na casa de Xantós, um filósofo grego, que recebe o convidado Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e Melita, escravos de Xantós. 

(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está coberto com um pano. Xantós e Agnostos se dirigem para a mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-se.)  


Sobre o texto I, é INCORRETO afirmar que
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Q1050656 Português
TEXTO 01 

Leia o texto abaixo e responda à questão.

Felicidade clandestina

    Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
    Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
    Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
    Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía “As reinações de Narizinho’’, de Monteiro Lobato.
    Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse peia sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
    Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
    No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
    Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
    E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
    Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
    Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
    E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "peio tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
    Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
    Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
    Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
    Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
LISPECTOR, Clarice. O Primeiro Beijo. São Paulo: Ed. Ática, 1996

TEXTO 02

Leia o texto abaixo e responda à questão.

Não, os livros não vão acabar

    Não sei se é a próxima chegada da Amazon ao Brasil ou a profecia maia do fim do mundo, mas o fato é que nunca vi tanta gente preocupada com o fim do livro. São estudantes que me escrevem motivados por pesquisas escolares, organizadores de eventos literários que me pedem palestras, leitores que manifestam sua apreensão. Em alguns casos, percebo uma espécie perversa de prazer apocalíptico, mas logo desaponto quem quer ver o mar pegando fogo para comer camarão cozido: é que absolutamente não acredito que o livro vai acabar.
    Tenho escrito reiteradas vezes sobre o assunto; estou, aliás, numa posição bastante confortável para fazê-lo. Gosto igualmente de livros e de tecnologia, e seria a primeira a abraçar meus dois amores reunidos num só objeto; mas embora o Kindle e os vários pads tenham o seu valor como readers, os livros em papel não estão tão próximos da extinção quanto, digamos, o tigre de Sumatra.
    Para começo de conversa, é preciso lembrar que o negócio das editoras não é vender papel, mas sim vender histórias. O papel é apenas o suporte para os seus produtos. Aos poucos, em alguns casos, ele tende a ser mesmo substituído pelos tablets. Não dou vida longa aos livros de referência em papel. Estes funcionam melhor, e podem ser mais facilmente atualizados, em forma eletrônica. O caso clássico é o da Enciclopédia Britannica, cujos editores anunciaram, no começo do ano, que a edição corrente, de 2010, seria a última impressa, marcando o fim de 244 anos de uma bela - e volumosa - história em papel.
    Embora quase todos os conjuntos de folhas impressas reunidos entre duas capas recebam o mesmo nome de livro, nem todos exercem a mesma função. Há livros e livros. Um manual técnico é um animal completamente diferente de um romance; um livro escolar não guarda nenhuma semelhança com um livro de arte; uma antologia poética e um guia de viagem são produtos que só têm em comum o fato de serem vendidos no mesmo lugar.
    Há livros que só funcionam em papel. É o caso dos livros que os povos angloparlantes denominam coffee table books, “livros de mesinha de centro” - aqueles livrões bonitos, em formato grande, cheios de ilustrações e muito incômodos de ler no colo, impossíveis de levar para a cama. Estes são objetos que se destacam pelo tamanho, pela qualidade de impressão, pela vista que fazem. Quem quer ver um livro desses num tablet? Quem quer presentear um desses em e-formato?
    Há também os grandes clássicos, os romances que todos amamos e queremos ter ao alcance da mão. Esses são aqueles livros que, em geral, lemos pela primeira vez em formato de bolso, mas aos quais nos apegamos tanto que, não raro, acabamos comprando uma segunda edição, mais bonita, para nos fazer companhia pelo resto da vida.
    Isso explica as lindas edições que a Zahar, por exemplo, tem feito de obras que já encantaram várias gerações, como “Peter Pan”, “Os três mosqueteiros" ou “Vinte mil léguas submarinas”: livros lindos de se ver e de se pegar, cujo esmero físico complementa a edição caprichada. Ganhar de presente um livro desses é uma alegria que não se tem com um vale para uma compra eletrônica. Fica a dica, aliás, já que o Natal vem aí.
    Há prazeres e sensações que só tem com o papel. Gosto de perceber o tamanho de um livro à primeira vista. Um tablet pode me informar quantas páginas um volume tem, mas essa informação é abstrata. Saber que um livro tem 500 páginas ou ver que um livro tem 500 páginas são coisas diferentes. Gosto também de folhear um livro e de fazer uma espécie de leitura em diagonal antes de me decidir pela compra. Isso é impossível de fazer com ebooks.
    Sem falar, é claro, do cheiro inigualável dos livros em papel.
RÓNAI, Cora. Jornal O Globo, Economia, 12.11.2012
Assinale a opção que identifica corretamente uma ideia comum aos textos 1 e 2.
Alternativas
Respostas
1961: A
1962: D
1963: C
1964: C
1965: E
1966: A
1967: D
1968: E
1969: A
1970: B
1971: D
1972: E
1973: D
1974: B
1975: A
1976: A
1977: B
1978: D
1979: B
1980: C