Texto 2A02
Utilizando a identificação de datação de combustíveis
fósseis, pesquisadores descobriram os incêndios florestais mais
antigos já apontados. Ao analisarem depósitos de carvão de 430
milhões de anos do País de Gales e da Polônia, eles levantaram
informações valiosas sobre como era a vida na Terra durante o
período Siluriano – cerca de 440 milhões de anos atrás.
Naquele tempo, as plantas eram extremamente
dependentes da água para se reproduzir e provavelmente não
chegaram a existir em regiões com secas intensas. Os incêndios
florestais discutidos no estudo teriam queimado vegetação
rasteira, além de plantas comuns de pequeno porte – da altura do
joelho ou da cintura.
As queimadas precisam de três coisas para existir:
combustível (as plantas), uma fonte de ignição (no caso, os raios)
e oxigênio suficiente para propagar a chama.
O fato de esses incêndios terem se espalhado e deixado
depósitos de carvão sugere, segundo os pesquisadores, que os
níveis de oxigênio atmosférico da Terra eram de pelo menos
16%. Com base na análise das amostras de carvão, eles acreditam
que os níveis há 430 milhões de anos podem ter sido similares
aos atuais 21% – ou até superiores.
A pesquisa ajuda a entender um pouco mais sobre o ciclo
de oxigênio e a fotossíntese da vida vegetal nesse período. Ao
saber os detalhes desse ciclo ao longo do tempo, os cientistas
podem ter uma visão melhor de como a vida evoluiu até aqui.
Os incêndios florestais, assim como agora, teriam
contribuído também para os ciclos de carbono e fósforo e para o
movimento de sedimentos no solo terrestre. É uma combinação
complexa de processos, que exige um trabalho em áreas diversas
do conhecimento.
Esse achado recente com certeza auxilia nesses estudos.
Anteriormente, o recorde de incêndio florestal mais antigo
registrado era de 10 milhões de anos. A nova data confere uma
visão mais profunda do passado – e também destaca a
importância que a pesquisa de incêndios florestais tem no
mapeamento da história geológica.
“As queimadas têm sido um componente integral nos
processos do sistema terrestre por um longo tempo, mas seu
papel nesses processos certamente foi subestimado” conta Ian
Glasspool, primeiro autor do estudo.
Leo Caparroz. Revista Superinteressante. 20/6/2022.
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