Questões Militares Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português

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Q3285190 Português
Em '"Você sempre será meu rebeldezinho virtual', o emprego do diminutivo expressa: 
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Q3285184 Português
Assinale a opção que apresenta uma palavra polissémica, cujo emprego causou a ambiguidade da frase em que foi mencionada no texto 3. 
Alternativas
Q3272914 Português

Texto 4


Q35_40.png (384×176)


Galvão Bertazzi. Folha de São Paulo, 20.8.24. 

Em '"Você sempre será meu rebeldezinho virtual', o emprego do diminutivo expressa: 
Alternativas
Q3272908 Português

Texto 3 


Q30_34.png (345×170)


Fernando Gonsales. Folha de São Paulo, 17.8.24. 

Assinale a opção que apresenta uma palavra polissémica, cujo emprego causou a ambiguidade da frase em que foi mencionada no texto 3. 
Alternativas
Q3272878 Português
Texto 1 


O seu CD favorito 


    Em sua enquete de domingo, há duas semanas, a Folha perguntou ao leitor: "Qual é o seu CD favorito? Você ainda tem exemplares físicos?". Seguiram-se 18 respostas. Li-as atentamente, fazendo uma tabulação de orelhada, apurei o seguinte. 

    Dos 18 discos citados, há apenas três de artistas brasileiros: Sandy & Junior, Marisa Monte e o Clube da Esquina. Três em 18 Não sei explicar essa desnacionalização do nosso gosto musical. Em outros tempos seriam citados Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Wilson Simonal, Rita Lee, Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa, Beth Carvalho, Clara Nunes, Fagner, Ney Matogrosso e outros, para ficarmos apenas nos artistas de grande vendagem e prestigio. Talvez fosse uma questão de idade — os leitores, certamente mais jovens, já não se identificariam com aqueles nomes, todos dos anos 80 e 70. 

    Mas, ao observar quais os discos estrangeiros, veem-se George Harrison, Bonnie Tyler, Iron Maiden, Pink Floyd, Queen, os Bee Gees e os Beatles, todos igualmente dos anos 60 e 70, e Madonna, o Tears for Fears e o Destruction, dos anos 80. A caçula das referências é a pop-punk Avril Lavigne, que já tem mais de 20 anos de carreira. Duas citações surpreendentes são o cantor folk-rock-country Kenny Rogers e a orquestra do francês Paul Mauriat, que vieram dos pré-diluvianos anos 50. Não se trata, pois, de uma questão de idade.

    Nem de género musical porque, se os roqueiros ingleses e americanos predominam, os brasileiros estão conspicuamente ausentes — ninguém falou em Blitz, Titds, Legi&o Urbana, RPM, Paralamas, Sepultura, Gang 90 & Absurdettes, Lobão e os Ronaldos. Ninguém se lembrou de Raul Seixas. E, em outra área, nem de Roberto Carlos, Waldick Soriano, Nelson Ned, Agnaldo Timóteo.  

    Onze dos 18 leitores ainda escutam "exemplares físicos". Há algo de errado aí — não se diz que ninguém mais quer saber deles?


CASTRO, Ruy. Folha de São Paulo, 20.6.24. 
Em: "Mas, ao observar quais os discos estrangeiros |...]" (3° §), a palavra destacada pode ser substituída, sem alterar o sentido do texto, por: 
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Q3256065 Português

Texto 4



Q33_37.png (336×320)


LAERTE. Folha de São Paulo, 24.8.24. 

Observe o trecho abaixo, retirado do segundo quadrinho do texto 4:

“Uma pessoa — que você conheça, até — diz que existe um golpe novo e pede o seu celular pra mostrar”.

Assinale a opgdo que apresenta um sinônimo para a palavra “até”.
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Q3256032 Português

Texto 1


Redes sociais são amigas ou inimigas da saúde mental de jovens? 



    Com o uso generalizado e quase constante de redes sociais, têm surgido debates sobre seus impactos na salde mental, especialmente dos mais jovens. A popularização dessas preocupações levou pesquisadores de diversas áreas a se dedicarem a compreender as nuances dessa relação. Afinal, o que revelam as evidências sobre o tema? 


    A pesquisa de Sumer Vaid e outros autores introduziu o conceito de “sensibilidade as mídias sociais" para explorar como a relação entre o uso de mídias sociais e o bem-estar varia entre diferentes indivíduos e contextos. O estudo revelou que na média há uma pequena associação negativa entre o uso das redes e o bem-estar subsequente. Contudo essa associação variava muito a depender de outras características dos participantes. 


    Por exemplo, indivíduos com disposições psicológicas vulneráveis, como depressão, solidão ou insatisfação com a vida, tendiam a experimentar uma sensibilidade negativa mais acentuada em comparação com aqueles não vulneráveis, Além disso, certos contextos físicos e sociais de uso das redes intensificaram essa sensibilidade negativa, sugerindo que a sua influência na saúde mental é multifacetada e dependente do contexto. 


    Já Amy Orben e outros pesquisadores decidiram investigar como o uso de redes sociais influencia a satisfação com a vida apenas em certas fases de desenvolvimento, como a puberdade e a transição para a independência, aos 19 anos. Isso destaca como as transformações neurocognitivas e sociais da adolescência podem intensificar o impacto das redes.


    Dado o papel crucial das interações nessa idade, as redes sociais, que medem aprovação social por meio de "curtidas"”, podem exacerbar preocupações com autoestima e aceitação. Apesar dessas descobertas, os autores recomendam mais estudos sobre o uso de mídias em diferentes estágios de desenvolvimento, para entender melhor essa interação e formular politicas de proteção de saúde mental dos adolescentes nesta era digital. 


    Nesse sentido, a psicóloga e pesquisadora Candice Odgers defende cautela para as interpretações das pesquisas que estabelecem uma ligação direta entre o uso de redes sociais e o surgimento de problemas de saúde mental. Odgers adverte que, apesar das preocupações legitimas acerca de seus impactos adversos, as evidéncias cientificas atuais não confirmam uma relação causal direta. Ela enfatiza a importância de distinguir entre correlação e causalidade e de considerar a influência de uma série de fatores genéticos e ambientais no bem-estar. 


    Então, enquanto algumas pesquisas sugerem uma associação negativa entre o uso de mídias sociais e a saúde mental, é crucial reconhecer a diversidade de experiências entre os usuários. Fatores como disposições psicológicas, contextos de uso e a natureza interativa das plataformas sociais desempenham papéis significativos nessa equação, de acordo com ponderações desses mesmos estudos. 


    O fato é que as redes vieram para ficar. Até o momento, os resultados das pesquisas enfatizam a importância de adotar uma perspectiva mais abrangente e individualizada ao examinar seus impactos.


    Educadores, pais, legisladores e o setor de tecnologia precisam, antes de tudo, reconhecer a complexidade envolvida para então formular estratégias que minimizem os riscos associados ao uso dessas plataformas. No entanto, não podemos negligenciar os benefícios que elas oferecem, como a interação social com pessoas distantes e o acesso à informação, que podem ser benéficos para muitos. 


    Se não considerarmos esses fatores, corremos o risco de, ao buscar um culpado para os problemas de saúde mental de nossa época, ficarmos sem soluções efetivas e descartarmos o que há de bom. 


BIZARRIA, Deborah. Folha de São Paulo, 5.4.24

Leia o trecho abaixo:

“Educadores, pais, legisladores e o setor de tecnologia precisam, antes de tudo, reconhecer a complexidade envolvida para então formular estratégias que minimizem 0s riscos associados ao uso dessas plataformas.” (9° §)

A palavra "então” no trecho acima tem sentido de:
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Q3228346 Português
Texto 3 

Perigos da dependência em jogos de apostas online

    Com o avanço da tecnologia, os jogos de apostas online tornaram-se uma forma popular de entretenimento para muitas pessoas em todo o mundo. No entanto, por trás da diversão aparente, existe um perigo real: a dependência. Para compreender melhor os riscos desse mundo de novidades, é preciso explorar os fatores danosos associados a esse vício, com foco especial nas apostas esportivas, cujos impactos já se alastram incontrolavelmente, e demandam medidas de intervenção urgente.
    Com o incontestável status de "país do futebol", parece óbvio que as apostas que mais chamem a atenção no Brasil sejam ligadas a esse tema. É nesse contexto de paixão dos torcedores que as apostas esportivas, em especial as relacionadas ao futebol, acabam por se tornar uma das formas mais comuns desses jogos. Mas, embora haja regulamentação, o número ainda desmedido de anúncios a respeito, aliado à facilidade crescente de acesso a plataformas de apostas e à emoção de acompanhar os jogos em tempo real, podem levar à dependência em jogos de apostas online relativos a esse esporte.
    Esse mal hábito pode ter diversos riscos e consequências, que não afetam apenas o indivíduo viciado, mas também o seu círculo familiar, os amigos próximos e a sociedade como um todo. Por estarem naturalmente mais vulneráveis, certos grupos populacionais são mais suscetíveis à dependência em jogos de apostas. Com as facilidades do acesso constante à internet, esses grupos atualmente incluem principalmente jovens, pessoas com problemas emocionais ou financeiros, além de indivíduos com histórico de dependência em outras áreas, como álcool ou drogas.
    Embora seja um movimento contrário ao da publicidade desse gênero, é preciso que as autoridades reguladoras implementem restrições e limites rigorosos para mitigar os riscos associados ao jogo de aposta online. Essa ação inclui regras que levem em consideração a idade, limites de gastos e proibição desse tipo de publicidade veiculada em mídias abertas ou direcionada a grupos potencialmente vulneráveis.
    Reconhecer os riscos associadosà compulsividade no jogo e implementar medidas de prevenção e tratamento é passo essencial para enfrentar esse desafio crescente. Mas vale lembrar que essa realidade demanda uma abordagem multifacetada, que envolve conscientização pública, regulamentação rigorosa e suporte individualizado, a fim de que, trabalhando em conjunto, se possa ter alguma chance de reduzir os danos causados pela dependência em jogos de apostas online.

[Adaptado do site: https://www.marceloparazzi.com.br/blog/perigos-dadependenciaem-jogos-de-apostas-online/]
Observe o trecho abaixo.

"(...) embora haja regulamentação, o número ainda desmedido de anúncios (...)". 2° §

Assinale a opção em que a substituição da locução destacada altera o sentido do trecho.
Alternativas
Q3228344 Português
Texto 3 

Perigos da dependência em jogos de apostas online

    Com o avanço da tecnologia, os jogos de apostas online tornaram-se uma forma popular de entretenimento para muitas pessoas em todo o mundo. No entanto, por trás da diversão aparente, existe um perigo real: a dependência. Para compreender melhor os riscos desse mundo de novidades, é preciso explorar os fatores danosos associados a esse vício, com foco especial nas apostas esportivas, cujos impactos já se alastram incontrolavelmente, e demandam medidas de intervenção urgente.
    Com o incontestável status de "país do futebol", parece óbvio que as apostas que mais chamem a atenção no Brasil sejam ligadas a esse tema. É nesse contexto de paixão dos torcedores que as apostas esportivas, em especial as relacionadas ao futebol, acabam por se tornar uma das formas mais comuns desses jogos. Mas, embora haja regulamentação, o número ainda desmedido de anúncios a respeito, aliado à facilidade crescente de acesso a plataformas de apostas e à emoção de acompanhar os jogos em tempo real, podem levar à dependência em jogos de apostas online relativos a esse esporte.
    Esse mal hábito pode ter diversos riscos e consequências, que não afetam apenas o indivíduo viciado, mas também o seu círculo familiar, os amigos próximos e a sociedade como um todo. Por estarem naturalmente mais vulneráveis, certos grupos populacionais são mais suscetíveis à dependência em jogos de apostas. Com as facilidades do acesso constante à internet, esses grupos atualmente incluem principalmente jovens, pessoas com problemas emocionais ou financeiros, além de indivíduos com histórico de dependência em outras áreas, como álcool ou drogas.
    Embora seja um movimento contrário ao da publicidade desse gênero, é preciso que as autoridades reguladoras implementem restrições e limites rigorosos para mitigar os riscos associados ao jogo de aposta online. Essa ação inclui regras que levem em consideração a idade, limites de gastos e proibição desse tipo de publicidade veiculada em mídias abertas ou direcionada a grupos potencialmente vulneráveis.
    Reconhecer os riscos associadosà compulsividade no jogo e implementar medidas de prevenção e tratamento é passo essencial para enfrentar esse desafio crescente. Mas vale lembrar que essa realidade demanda uma abordagem multifacetada, que envolve conscientização pública, regulamentação rigorosa e suporte individualizado, a fim de que, trabalhando em conjunto, se possa ter alguma chance de reduzir os danos causados pela dependência em jogos de apostas online.

[Adaptado do site: https://www.marceloparazzi.com.br/blog/perigos-dadependenciaem-jogos-de-apostas-online/]
Observe o fragmento abaixo.
"(...) é preciso explorar os fatores danosos associados aesse vício (...)". 1° §

Assinale a opção que, contextualmente, substitui o trechodestacado no fragmento com alteração de sentido.
Alternativas
Q3228330 Português
Texto 1 

ÁGUAS DO MAR

    Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornouse o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.
    Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.
    Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.
    São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.
    Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhä, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto, prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.
    Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal -a alegria é uma fatalidade - já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda - e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.
    O caminho lento aumenta sua coragem secreta. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda. O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada.
    Agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e coma altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe em goles grandes bons.
    E era isso o que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada seconstringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo salsecado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam poisela é um anteparo compacto.
    Mergulha de novo, de novo bebe, mais água,agora sem sofreguidão pois não precisa mais. Ela é aamante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abremais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: estácada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe оque quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica.pois. Como contra os costados de um navio, a água bate,volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Nãoprecisa de comunicação.
    Depois caminha dentro da água de volta à praia.Não está caminhando sobre as águas - ah nunca faria issodepois que há milênios já andaram sobre as águas - masninguém Ihe tira isso: caminhar dentro das águas. Àsvezes o mar lhe opõe resistência puxando-a com forçapara trás, mas então a proa da mulher avança um poucomais dura e áspera.
    E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando deágua, e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a unsminutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algummodo obscuro que seus cabelos escorridos são denáufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Umperigo tão antigo quanto o ser humano.

LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro:Editora Rocco, 2020.
Assinale a opção na qual se observa uma relação desinonímia com o termo destacado no fragmento: "Seucorpo se consola com sua própria exiguidade (...)". 5° §
Alternativas
Q3226946 Português
Texto 3 

Perigos da dependência em jogos de apostas online

    Com o avanço da tecnologia, os jogos de apostas online tornaram-se uma forma popular de entretenimento para muitas pessoas em todo o mundo. No entanto, por trás da diversão aparente, existe um perigo real: a dependência. Para compreender melhor os riscos desse mundo de novidades, é preciso explorar os fatores danosos associados a esse vício, com foco especial nas apostas esportivas, cujos impactos já se alastram incontrolavelmente, e demandam medidas de intervenção urgente.
    Com o incontestável status de "país do futebol", parece óbvio que as apostas que mais chamem a atenção no Brasil sejam ligadas a esse tema. É nesse contexto de paixão dos torcedores que as apostas esportivas, em especial as relacionadas ao futebol, acabam por se tornar uma das formas mais comuns desses jogos. Mas, embora haja regulamentação, o número ainda desmedido de anúncios a respeito, aliado à facilidade crescente de acesso a plataformas de apostas e à emoção de acompanhar os jogos em tempo real, podem levar à dependência em jogos de apostas online relativos a esse esporte.
    Esse mal hábito pode ter diversos riscos e consequências, que não afetam apenas o indivíduo viciado, mas também o seu círculo familiar, os amigos próximos e a sociedade como um todo. Por estarem naturalmente mais vulneráveis, certos grupos populacionais são mais suscetíveis à dependência em jogos de apostas. Com as facilidades do acesso constante à internet, esses grupos atualmente incluem principalmente jovens, pessoas com problemas emocionais ou financeiros, além de indivíduos com histórico de dependência em outras áreas, como álcool ou drogas.
    Embora seja um movimento contrário ao da publicidade desse gênero, é preciso que as autoridades reguladoras implementem restrições e limites rigorosos para mitigar os riscos associados ao jogo de aposta online. Essa ação inclui regras que levem em consideração a idade, limites de gastos e proibição desse tipo de publicidade veiculada em mídias abertas ou direcionada a grupos potencialmente vulneráveis.
    Reconhecer os riscos associadosà compulsividade no jogo e implementar medidas de prevenção e tratamento é passo essencial para enfrentar esse desafio crescente. Mas vale lembrar que essa realidade demanda uma abordagem multifacetada, que envolve conscientização pública, regulamentação rigorosa e suporte individualizado, a fim de que, trabalhando em conjunto, se possa ter alguma chance de reduzir os danos causados pela dependência em jogos de apostas online.

[Adaptado do site: https://www.marceloparazzi.com.br/blog/perigos-dadependenciaem-jogos-de-apostas-online/]
Observe os termos destacados nos dois fragmentosabaixo.

I- "Por estarem naturalmente mais vulneráveis, certos grupos populacionais (...)". 3°§
II- "(...) principalmente jovens, pessoas com problemas emocionais ou financeiros (...)". 3°§

Assinale a opção em que os termos sublinhados possuema mesma relação lexical observada acima.
Alternativas
Q3226918 Português
Texto 1 

ÁGUAS DO MAR

    Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornouse o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.
    Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.
    Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.
    São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.
    Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhä, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto, prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.
    Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal -a alegria é uma fatalidade - já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda - e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.
    O caminho lento aumenta sua coragem secreta. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda. O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada.
    Agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e coma altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe em goles grandes bons.
    E era isso o que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada seconstringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo salsecado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam poisela é um anteparo compacto.
    Mergulha de novo, de novo bebe, mais água,agora sem sofreguidão pois não precisa mais. Ela é aamante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abremais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: estácada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe оque quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica.pois. Como contra os costados de um navio, a água bate,volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Nãoprecisa de comunicação.
    Depois caminha dentro da água de volta à praia.Não está caminhando sobre as águas - ah nunca faria issodepois que há milênios já andaram sobre as águas - masninguém Ihe tira isso: caminhar dentro das águas. Àsvezes o mar lhe opõe resistência puxando-a com forçapara trás, mas então a proa da mulher avança um poucomais dura e áspera.
    E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando deágua, e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a unsminutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algummodo obscuro que seus cabelos escorridos são denáufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Umperigo tão antigo quanto o ser humano.

LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro:Editora Rocco, 2020.
Observe os termos destacados nos dois fragmentos abaixo.

I- "A mulher hesita porque vai entrar." 4°§
II- "Esse corpo entrará no ilimitado frio (...)". 5°§

Assinale a opção em que os termos sublinhados possuem a mesma relação lexical observada nos fragmentos acima.
Alternativas
Q3226910 Português
Texto 1 

ÁGUAS DO MAR

    Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornouse o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.
    Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.
    Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.
    São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.
    Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhä, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto, prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.
    Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal -a alegria é uma fatalidade - já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda - e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.
    O caminho lento aumenta sua coragem secreta. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda. O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada.
    Agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e coma altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe em goles grandes bons.
    E era isso o que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada seconstringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo salsecado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam poisela é um anteparo compacto.
    Mergulha de novo, de novo bebe, mais água,agora sem sofreguidão pois não precisa mais. Ela é aamante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abremais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: estácada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe оque quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica.pois. Como contra os costados de um navio, a água bate,volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Nãoprecisa de comunicação.
    Depois caminha dentro da água de volta à praia.Não está caminhando sobre as águas - ah nunca faria issodepois que há milênios já andaram sobre as águas - masninguém Ihe tira isso: caminhar dentro das águas. Àsvezes o mar lhe opõe resistência puxando-a com forçapara trás, mas então a proa da mulher avança um poucomais dura e áspera.
    E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando deágua, e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a unsminutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algummodo obscuro que seus cabelos escorridos são denáufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Umperigo tão antigo quanto o ser humano.

LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro:Editora Rocco, 2020.
Observe o trecho abaixo.
"Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos (...)". 12°§

A locução destacada pode ser substituída, sem alterar o sentido do trecho, por:
Alternativas
Q3226515 Português

Perigos da dependência em jogos de apostas online 


    Com o avanço da tecnologia, os jogos de apostas online tornaram-se uma forma popular de entretenimento para muitas pessoas em todo o mundo. No entanto, por trás da diversão aparente, existe um perigo real: a dependência. Para compreender melhor os riscos desse mundo de novidades, é preciso explorar os fatores danosos associados a esse vício, com foco especial nas apostas esportivas, cujos impactos já se alastram incontrolavelmente, e demandam medidas de intervenção urgente.

    Com o incontestável status de "país do futebol", parece óbvio que as apostas que mais chamem a atenção no Brasil sejam ligadas a esse tema. É nesse contexto de paixão dos torcedores que as apostas esportivas, em especial as relacionadas ao futebol, acabam por se tornar uma das formas mais comuns desses jogos. Mas, embora haja regulamentação, o número ainda desmedido de anúncios a respeito, aliado à facilidade crescente de acesso a plataformas de apostas e à emoção de acompanhar os jogos em tempo real, podem levar à dependência em jogos de apostas online relativos a esse esporte.

    Esse mal hábito pode ter diversos riscos e consequências, que não afetam apenas o indivíduo viciado, mas também o seu círculo familiar, os amigos próximos e a sociedade como um todo. Por estarem naturalmente mais vulneráveis, certos grupos populacionais são mais suscetíveis à dependência em jogos de apostas. Com as facilidades do acesso constante à internet, esses grupos atualmente incluem principalmente jovens, pessoas com problemas emocionais ou financeiros, além de indivíduos com histórico de dependência em outras áreas, como álcool ou drogas.

    Embora seja um movimento contrário ao da publicidade desse gênero, é preciso que as autoridades reguladoras implementem restrições e limites rigorosos para mitigar os riscos associados ao jogo de aposta online. Essa ação inclui regras que levem em consideração a idade, limites de gastos e proibição desse tipo de publicidade veiculada em mídias abertas ou direcionada a grupos potencialmente vulneráveis.

    Reconhecer os riscos associados à compulsividade no jogo e implementar medidas de prevenção e tratamento é passo essencial para enfrentar esse desafio crescente. Mas vale lembrar que essa realidade demanda uma abordagem multifacetada, que envolve conscientização pública, regulamentação rigorosa e suporte individualizado, a fim de que, trabalhando em conjunto, se possa ter alguma chance de reduzir os danos causados pela dependência em jogos de apostas online.


[Adaptado do site:

https://www.marceloparazzi.com.br/blog/perigos-dadependencia-

em-jogos-de-apostas-online/]

Observe os termos destacados nos dois fragmentos abaixo.


I- "Por estarem naturalmente mais vulneráveis, certos grupos populacionais (...)". 3°§


II- "(...) principalmente jovens, pessoas com problemas emocionais ou financeiros (...)". 3°$


Assinale a opção em que os termos sublinhados possuem a mesma relação lexical observada acima.

Alternativas
Q3226494 Português

ÁGUAS DO MAR



    Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.

    Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.

    Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.

    São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.

    Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto, prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.

    Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal - a alegria é uma fatalidade - já a tomou, embora nem Ihe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda - e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.

    O caminho lento aumenta sua coragem secreta. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda. O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada.

    Agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e com a altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe em goles grandes bons.

    E era isso o que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo sal secado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam pois ela é um anteparo compacto.

    Mergulha de novo, de novo bebe, mais água, agora sem sofreguidão pois não precisa mais. Ela é a amante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: está cada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe о que quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica, pois. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Não precisa de comunicação.

    Depois caminha dentro da água de volta à praia. Não está caminhando sobre as águas - ah nunca faria isso depois que há milênios já andaram sobre as águas - mas ninguém lhe tira isso: caminhar dentro das águas. As vezes o mar lhe opõe resistência puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura e áspera.

    E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de náufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.


LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2020



Assinale a opção na qual se observa uma relação de sinonímia com o termo destacado no fragmento: "Seu corpo se consola com sua própria exiguidade (...)". 5° §
Alternativas
Q3226482 Português

ÁGUAS DO MAR



    Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.

    Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.

    Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.

    São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.

    Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto, prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.

    Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal - a alegria é uma fatalidade - já a tomou, embora nem Ihe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda - e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.

    O caminho lento aumenta sua coragem secreta. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda. O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada.

    Agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e com a altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe em goles grandes bons.

    E era isso o que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo sal secado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam pois ela é um anteparo compacto.

    Mergulha de novo, de novo bebe, mais água, agora sem sofreguidão pois não precisa mais. Ela é a amante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: está cada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe о que quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica, pois. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Não precisa de comunicação.

    Depois caminha dentro da água de volta à praia. Não está caminhando sobre as águas - ah nunca faria isso depois que há milênios já andaram sobre as águas - mas ninguém lhe tira isso: caminhar dentro das águas. As vezes o mar lhe opõe resistência puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura e áspera.

    E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de náufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.


LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2020



Observe os termos destacados nos dois fragmentos abaixo.



I- "A mulher hesita porque vai entrar." 4°§


II- "Esse corpo entrará no ilimitado frio (...)". 5°§



Assinale a opção em que os termos sublinhados possuem a mesma relação lexical observada nos fragmentos acima.

Alternativas
Q3223836 Português

Perigos da dependência em jogos de apostas online 


    Com o avanço da tecnologia, os jogos de apostas online tornaram-se uma forma popular de entretenimento para muitas pessoas em todo o mundo. No entanto, por trás da diversão aparente, existe um perigo real: a dependência. Para compreender melhor os riscos desse mundo de novidades, é preciso explorar os fatores danosos associados a esse vício, com foco especial nas apostas esportivas, cujos impactos já se alastram incontrolavelmente, e demandam medidas de intervenção urgente.

    Com o incontestável status de "país do futebol", parece óbvio que as apostas que mais chamem a atenção no Brasil sejam ligadas a esse tema. É nesse contexto de paixão dos torcedores que as apostas esportivas, em especial as relacionadas ao futebol, acabam por se tornar uma das formas mais comuns desses jogos. Mas, embora haja regulamentação, o número ainda desmedido de anúncios a respeito, aliado à facilidade crescente de acesso a plataformas de apostas e à emoção de acompanhar os jogos em tempo real, podem levar à dependência em jogos de apostas online relativos a esse esporte.

    Esse mal hábito pode ter diversos riscos e consequências, que não afetam apenas o indivíduo viciado, mas também o seu círculo familiar, os amigos próximos e a sociedade como um todo. Por estarem naturalmente mais vulneráveis, certos grupos populacionais são mais suscetíveis à dependência em jogos de apostas. Com as facilidades do acesso constante à internet, esses grupos atualmente incluem principalmente jovens, pessoas com problemas emocionais ou financeiros, além de indivíduos com histórico de dependência em outras áreas, como álcool ou drogas.

    Embora seja um movimento contrário ao da publicidade desse gênero, é preciso que as autoridades reguladoras implementem restrições e limites rigorosos para mitigar os riscos associados ao jogo de aposta online. Essa ação inclui regras que levem em consideração a idade, limites de gastos e proibição desse tipo de publicidade veiculada em mídias abertas ou direcionada a grupos potencialmente vulneráveis.

    Reconhecer os riscos associados à compulsividade no jogo e implementar medidas de prevenção e tratamento é passo essencial para enfrentar esse desafio crescente. Mas vale lembrar que essa realidade demanda uma abordagem multifacetada, que envolve conscientização pública, regulamentação rigorosa e suporte individualizado, a fim de que, trabalhando em conjunto, se possa ter alguma chance de reduzir os danos causados pela dependência em jogos de apostas online.


[Adaptado do site:

https://www.marceloparazzi.com.br/blog/perigos-dadependencia

em-jogos-de-apostas-online/] 


Observe o trecho abaixo.


"(...) embora haja regulamentação, o número ainda desmedido de anúncios (...)". 2° §



Assinale a opção em que a substituição da locução destacada altera o sentido do trecho. 

Alternativas
Q3223829 Português

Perigos da dependência em jogos de apostas online 


    Com o avanço da tecnologia, os jogos de apostas online tornaram-se uma forma popular de entretenimento para muitas pessoas em todo o mundo. No entanto, por trás da diversão aparente, existe um perigo real: a dependência. Para compreender melhor os riscos desse mundo de novidades, é preciso explorar os fatores danosos associados a esse vício, com foco especial nas apostas esportivas, cujos impactos já se alastram incontrolavelmente, e demandam medidas de intervenção urgente.

    Com o incontestável status de "país do futebol", parece óbvio que as apostas que mais chamem a atenção no Brasil sejam ligadas a esse tema. É nesse contexto de paixão dos torcedores que as apostas esportivas, em especial as relacionadas ao futebol, acabam por se tornar uma das formas mais comuns desses jogos. Mas, embora haja regulamentação, o número ainda desmedido de anúncios a respeito, aliado à facilidade crescente de acesso a plataformas de apostas e à emoção de acompanhar os jogos em tempo real, podem levar à dependência em jogos de apostas online relativos a esse esporte.

    Esse mal hábito pode ter diversos riscos e consequências, que não afetam apenas o indivíduo viciado, mas também o seu círculo familiar, os amigos próximos e a sociedade como um todo. Por estarem naturalmente mais vulneráveis, certos grupos populacionais são mais suscetíveis à dependência em jogos de apostas. Com as facilidades do acesso constante à internet, esses grupos atualmente incluem principalmente jovens, pessoas com problemas emocionais ou financeiros, além de indivíduos com histórico de dependência em outras áreas, como álcool ou drogas.

    Embora seja um movimento contrário ao da publicidade desse gênero, é preciso que as autoridades reguladoras implementem restrições e limites rigorosos para mitigar os riscos associados ao jogo de aposta online. Essa ação inclui regras que levem em consideração a idade, limites de gastos e proibição desse tipo de publicidade veiculada em mídias abertas ou direcionada a grupos potencialmente vulneráveis.

    Reconhecer os riscos associados à compulsividade no jogo e implementar medidas de prevenção e tratamento é passo essencial para enfrentar esse desafio crescente. Mas vale lembrar que essa realidade demanda uma abordagem multifacetada, que envolve conscientização pública, regulamentação rigorosa e suporte individualizado, a fim de que, trabalhando em conjunto, se possa ter alguma chance de reduzir os danos causados pela dependência em jogos de apostas online.


[Adaptado do site:

https://www.marceloparazzi.com.br/blog/perigos-dadependencia

em-jogos-de-apostas-online/] 


Observe o fragmento abaixo.


"(...) é preciso explorar os fatores danosos associados a esse vício (...)". 1° §


Assinale a opção que, contextualmente, substitui o trecho destacado no fragmento com alteração de sentido.

Alternativas
Q3223803 Português

ÁGUAS DO MAR


    Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornouse o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.

    Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.

    Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.

    São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.

    Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhä, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto, prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.

    Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal -a alegria é uma fatalidade - já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda - e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.

    O caminho lento aumenta sua coragem secreta. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda. O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada.

    Agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e coma altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe em goles grandes bons.

    E era isso o que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo sal secado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam pois ela é um anteparo compacto.

    Mergulha de novo, de novo bebe, mais água, agora sem sofreguidão pois não precisa mais. Ela é a amante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: está cada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe оque quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica. pois. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Não precisa de comunicação.

    Depois caminha dentro da água de volta à praia. Não está caminhando sobre as águas - ah nunca faria isso depois que há milênios já andaram sobre as águas - mas ninguém Ihe tira isso: caminhar dentro das águas. Às vezes o mar lhe opõe resistência puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura e áspera.

    E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de náufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.


LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2020.

Assinale a opção na qual se observa uma relação de sinonímia com o termo destacado no fragmento: "Seu corpo se consola com sua própria exiguidade (...)". 5° § 
Alternativas
Q3223799 Português

ÁGUAS DO MAR


    Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornouse o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.

    Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.

    Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.

    São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.

    Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhä, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto, prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.

    Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal -a alegria é uma fatalidade - já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda - e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.

    O caminho lento aumenta sua coragem secreta. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda. O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada.

    Agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e coma altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe em goles grandes bons.

    E era isso o que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo sal secado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam pois ela é um anteparo compacto.

    Mergulha de novo, de novo bebe, mais água, agora sem sofreguidão pois não precisa mais. Ela é a amante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: está cada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe оque quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica. pois. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Não precisa de comunicação.

    Depois caminha dentro da água de volta à praia. Não está caminhando sobre as águas - ah nunca faria isso depois que há milênios já andaram sobre as águas - mas ninguém Ihe tira isso: caminhar dentro das águas. Às vezes o mar lhe opõe resistência puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura e áspera.

    E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de náufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.


LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2020.

Observe o trecho abaixo.


"Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos (...)". 12°§


A locução destacada pode ser substituída, sem alterar o sentido do trecho, por:

Alternativas
Respostas
1: D
2: D
3: D
4: D
5: B
6: A
7: B
8: B
9: A
10: E
11: B
12: A
13: A
14: B
15: E
16: A
17: B
18: A
19: E
20: A