Leia o texto a seguir:
Por que parte do arquivo da internet está desaparecendo
para sempre (e o que está sendo feito para evitar isso)
Pesquisas indicam que 25% das páginas web publicadas entre
2013 e 2023 não existem mais.
Os fragmentos remanescentes de papiros, mosaicos e
tábuas de cera da Antiguidade nos ensinam o que os moradores
de Pompeia comiam no café da manhã, há 2 mil anos atrás.
Aprendendo um pouco de latim medieval, é possível saber
quantos animais eram criados no século 11, nas fazendas de
Northumberland, no norte da Inglaterra, graças ao Domesday
Book – o documento mais antigo dos Arquivos Nacionais do Reino
Unido.
Cartas e romances remanescentes mostram como era a vida
social na era vitoriana – e quais eram as pessoas mais adoradas
ou odiadas da época, no Reino Unido.
Mas os historiadores do futuro podem enfrentar dificuldades
para entender totalmente como vivemos hoje, no início do século
21.
O motivo: a combinação da nossa forma de vida digital com
a falta de esforços oficiais para arquivar as informações que o
mundo produz hoje em dia pode apagar a nossa história.
Mas um grupo informal de organizações vem combatendo
as forças da entropia digital. Muitas delas são operadas por
voluntários, com pouco apoio institucional.
O maior símbolo da luta para salvar a web é o Internet
Archive, uma organização sem fins lucrativos sediada em São
Francisco, na Califórnia (EUA).
Criada em 1996 como um projeto apaixonado do pioneiro da
internet Brewster Kahle, a organização criou o que pode ser o
mais ambicioso projeto de arquivo digital já realizado.
São 866 bilhões de páginas web, 44 milhões de livros, 10,6
milhões de vídeos com filmes e programas de televisão – e muito
mais.
Abrigadas em diversos centros de dados espalhados pelo
mundo, as coleções do Internet Archive e outros grupos similares
são tudo o que temos para evitar a amnésia digital.
"Os riscos são muitos. Não é só a tecnologia que pode falhar,
embora isso certamente aconteça", afirma Mark Graham, diretor
da Wayback Machine – uma ferramenta do Internet Archive que
coleta e armazena cópias de websites para a posteridade.
"O mais importante é que as instituições falham, as empresas
fecham. As organizações jornalísticas são devoradas por outras
organizações jornalísticas ou saem do ar, como é cada vez mais
frequente", exemplifica ele.
Graham destaca que existem inúmeros incentivos para
colocar conteúdo online, mas são poucas as razões que fazem as
companhias manterem este conteúdo por longo prazo.
Mesmo com todos os feitos já realizados, o Internet Archive
e organizações similares enfrentam ameaças financeiras,
dificuldades técnicas, ciberataques e batalhas jurídicas geradas
por empresas que não gostam da ideia de ver cópias da sua
propriedade intelectual disponíveis gratuitamente.
E, como mostram as recentes derrotas na Justiça, o projeto
de salvar a internet pode ser tão volátil quanto o próprio conteúdo
que ele tenta proteger.
"Cada vez mais, nossos esforços intelectuais, nosso
entretenimento, nossas notícias e nossas conversas existem
apenas no ambiente digital", explica Graham. "Este ambiente é
inerentemente frágil."
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2024/11/6985690-por-queparte-do-arquivo-da-internet-esta-desaparecendo-para-sempre-e-o-que-estasendo-feito-para-evitar-isso.html?utm_source=taboola&utm_medium=taboola-push.
Excerto. Acesso em 19/11/2024. Texto adaptado