Em qual opção há uma das consequências da invenção da impren...
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Ano: 2012
Banca:
Marinha
Órgão:
ESCOLA NAVAL
Prova:
Marinha - 2012 - ESCOLA NAVAL - Aspirante - 2º Dia |
Q633221
Português
Texto associado
TEXTO 3
Leia o texto abaixo e responda a questão .
Vivemos um tesarac. A palavra está no vocabulário básico dos
publicitários. Tesarac quer dizer mudança profunda. Daquelas tão
profundas que nos tiram o norte. E, se hoje o termo vai ficando
comum nas apresentações de consultores, quase um lugar-comum dos
iniciados, sua origem é um bocado triste.
Tesarac, o neologismo, foi criado pelo poeta americano Shel
Silverstein. Era um bom sujeito de talentos múltiplos, talvez um
quê excêntrico, que teve a boa sorte de chegar ao auge da
criatividade nos anos 1960, quando excentricidades iam sendo mais
toleradas.
Silverstein teve uma filha, Shoshanna. A mãe de Shanna morreu
quando a menina tinha cinco anos. E ela se foi com 11, vitima de
um aneurisma cerebral, em 1982.
Tesarac, para o poeta que cunhou a palavra, era isso: um
vácuo. Um evento tão brutal e aterrador que transforma a vida. A
única coisa que um pai sabe, nessa hora, é que tudo será muito
diferente.
Na etimologia, a palavra perdeu sua origem trágica mas manteve
o sentido de transformação brusca. Durante um tesarac, sabemos
que o mundo antigo já passou, mas o novo ainda não existe. As
regras se perdem. Em algumas décadas, a sociedade se reorganizará.
Haverá novas instituições, novas ideias políticas, outra estrutura
social.
Vivemos um tesarac. O mundo está mudando profundamente e
sabemos disso. Sabemos também que o causador da mudança é a
tecnologia de comunicação. Só o que não sabemos é em que o mundo
se transformará.
O último tesarac teve inicio em 1449. Foi a invenção europeia
da imprensa por Johannes Gutenberg. A tecnologia, num único golpe,
jogou para baixo os preços da reprodução e da distribuição de
informação. As mudanças causadas foram profundas, porém lentas e ,
no inicio, discretas. No primeiro momento, uma nova classe social
teve acesso a livros. Era a burguesia. Depois, livros começaram a
ser publicados na lingua que as pessoas falavam na rua: italiano,
francês, alemão, não mais grego clássico ou latim. Dai mudaram os
assuntos. Se antes religião era predominante, pós Gutenberg vieram
engenharia, agricultura, classificação dos seres vivos, leis.
A primeira vitima da imprensa foi a Igreja, que na Idade Média
tinha o monopólio da informação. Mas demorou quase 70 anos entre Gutenberg e Lutero. 0 Antigo Regime também não resistiu ao fluxo
continuado de informação. As revoluções Americana e Francesa, e
com elas a democracia, são filhas do texto impresso.
Informação digital jogou no chão, repentinamente, o preço da
reprodução e distribuição de informação. Se distribuir j ornai era
caro no interior da África, a previsão do tempo para agricultores
agora chega por texto no celular. Se acesso a cinema era difícil
nas cidadezinhas do mundo em que o filme não chega, via banda
larga ele aparece, tanto legal quanto ilegalmente. Todo lugar em
que sinal de satélite chega, hoje, é potencialmente um lugar em
que existe uma biblioteca daquelas que vinte anos atrás só
encontrávamos nos grandes centros urbanos.
Informação antes restrita por dificuldades econômicas, legais
ou políticas agora é potencialmente acessível.
No meio da transformação, há desafios. Como sustentar a
produção de informação de qualidade? Como lidar com crimes reais
praticados no mundo virtual? Como aguentar o tranco, nos mantermos
atualizados quando tudo muda a cada ano?
(DORIA, Pedro. Bem-vindos ao tesarac. O Globo, 12 abr. 2011, p. 26, Texto
adaptado)
Em qual opção há uma das consequências da invenção da imprensa
citadas no texto?