Sobre a coesão textual, no trecho “Ele exibe uma atitude tão...
A questão se refere ao texto a seguir.
O pai do herói autista
1. O canadense David Shore é o criador da série The Good Doctor, cujo personagem é Shaun Murphy,
um médico dividido entre seus tormentos pessoais e a capacidade extraordinária de salvar vidas. Com o
excelente Freddie Highmore na pele de um jovem cirurgião autista, a série, constituída de vários episódios,
caiu nas graças dos brasileiros. Em parte da entrevista transcrita a seguir, Shore fala sobre os desafios para
fazer de um autista um personagem tão pop.
2. Um diferencial de The Good Doctor é dar ao espectador a sensação de ver o mundo como um autista.
Por que essa preocupação com as filigranas sensoriais? Não queria que as pessoas simplesmente
vissem um autista na tela, mas que pudessem se identificar com ele e se colocassem no lugar de Shaun para
poderem entendê-lo e amá-lo. Shaun não é perfeito, mas é o nosso herói, e ele tenta superar seus desafios
com destemor. Queria que o público embarcasse nessa jornada de superação.
3. Como as pessoas com autismo e seus familiares têm reagido à série? Criaram-se expectativas.
Foi muito gratificante. Havia nervosismos por parte da comunidade autista antes de a série ir ao ar, mas
as respostas foram emocionantes e acolhedoras. Infelizmente existe muita conversa sobre diversidade na
televisão, mas a realidade dos autistas nunca tinha sido abordada o suficiente. Eu sabia do risco de não
agradar a todos, mas me sinto bem por ter feito um personagem como Shaun. Tenho orgulho dele.
4. Shaun enfrenta percalços como a falta de confiança dos pacientes e o desprezo dos colegas
de profissão. Autistas que tentam trabalhar de forma regular vivem problemas semelhantes? Sim.
Alimentei-me de muitas leituras e informações sobre isso. Os autistas enfrentam preconceitos, suposições,
julgamentos injustos e prematuros. Todos nós, em alguma medida, encaramos desafios e somos julgados o
tempo todo. Mas é um processo mais extremo para Shaun, sem dúvida. E o fato de ele não ficar para baixo
nunca é uma das coisas mais inspiradoras para mim. Ele exibe uma atitude tão saudável que nos ensina a
viver bem a vida.
Veja. 18 set. 2019, edição nº 2652, p. 110-101. Adaptado.