O poema revela
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente
[certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos
[seres,
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos
[brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada
[de nada.
(Fernando Pessoa, Obra Poética)
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Alternativa correta D
A leitura atenta do poema permite identificar a inquietação diante do incompreensível, daquilo que vai além dos sentidos (metafísica), e também de certo pessimismo e falta de esperança do eu-lírico. Aliás, características bem típicas deste heterônimo de Fernando Pessoa.
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