O fenômeno da dívida antecede ao modo de produção capitalis...

Vamos abordar a questão sobre o fenômeno da dívida no contexto do capitalismo, conforme discutido por David Graeber.

A alternativa D é a correta, pois é a resposta incorreta segundo o enunciado. Agora, vamos entender o porquê:

D - "São recentes as discussões sobre ela, intimamente relacionadas às mudanças vivenciadas no capitalismo, notadamente a partir da crise de 2008."

Embora a crise de 2008 tenha intensificado debates sobre a dívida, discussões sobre a dívida não são recentes. A dívida tem sido um tema central em discussões econômicas e sociais por séculos, desde tempos anteriores ao capitalismo. Graeber destaca que ela tem raízes profundas na história, sendo um instrumento de controle social e econômico há muito tempo. Portanto, dizer que as discussões são recentes é incorreto.

Agora, vamos analisar as alternativas incorretas:

A - "Envolve mais do que uma dimensão econômica, mas uma dimensão moral, associada à ideia de que as dívidas devem ser pagas."

Esta afirmação está correta. A dívida possui um componente moral significativo. O conceito de que dívidas devem ser pagas está profundamente enraizado nas normas sociais e culturais, fazendo parte da discussão no texto de Graeber.

B - "Diferencia-se da obrigação moral pelo fato de poder ser quantificada, em termos numéricos, com precisão."

Também está correta. Dívidas são contratos que podem ser quantificados e transformados em números específicos, ao contrário de obrigações morais que são mais abstratas.

C - "É estabelecida como premissa em uma suposição de igualdades, na qual dois indivíduos começam como partes iguais de um contrato."

Novamente, correta. A dívida pressupõe que as partes envolvidas têm igualdade inicial no contrato, embora na prática isso muitas vezes não se concretize.

E - "Seu papel na sociedade humana está relacionado às formas assumidas pelo dinheiro e pelo modo que foi usado ao longo dos séculos."

A alternativa E está correta porque a função da dívida está estreitamente conectada à evolução do dinheiro e sua utilização ao longo da história, um ponto que Graeber explora em sua obra.

Para interpretar enunciados como este, é essencial compreender conceitos históricos e sociais, além de estar atento às premissas do texto de apoio. Isso ajuda a identificar declarações que não se alinham com a narrativa correta.

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Gabarito: Letra D.

O antropólogo americano David Graeber apresenta em nova perspectiva a história da dívida e do crédito, bem como da origem do dinheiro. A análise abrangente de Graeber põe em xeque mitos dos estudos econômicos, como o de que o dinheiro teria sido inventado para substituir o escambo. O antropólogo demonstra que, antes mesmo da criação da moeda, existiram civilizações que lidaram com elaborados sistemas de endividamento e comércio. O aparecimento do dinheiro trouxe consequências violentas para as sociedades, e a dívida, antes ligada à reciprocidade e à troca de favores, tornou-se um instrumento de escravização, dominação e guerra – como continua a ser, ainda hoje. Uma fascinante e inédita história da civilização emerge neste livro, com ênfase na dimensão social das relações econômicas e uma crítica radical ao modo como o capitalismo, por meio do endividamento, produz controle e destruição.