Leia o excerto “Brumadinho como ‘Lugar Teológico’: O Evangel...
Leia o excerto “Brumadinho como ‘Lugar Teológico’: O Evangelho de um Deus enlameado aos insepultos”, adaptado do texto do Padre Gegê.
[...] Considerando, pois, o Cristo crucificado, podemos pensar e sentir Deus como um Deus soterrado em Brumadinho, Deus com lama dos pés à cabeça. Essa face de Deus captada a partir dos vitimizados da história não traz a notícia de um Deus super-homem ou sempre vitorioso (como nas “missas da vitória”), mas traz, sim, o Evangelho de um Deus enlameado que grita, exige justiça e, identificado, desde as entranhas, com os sofredores, dá sua vida para salvar outras vidas; e quando a lama encobre seu corpo, esse Deus solidário sequer tem boca livre para dar o grito derradeiro… Deus está enlameado, não há sequer um José de Arimateia para pedir seu corpo; não se vê corpo… só lama. O céu se abriu em intraduzíveis exéquias e Deus foi quem mais trabalhou. Fez-se a um só tempo: oficiante, corpo e sepulcro.
Deus ama tão engajadamente que está onde estão os soterrados, os desgraçados pela Vale da Lama, Vale do lamaçal, Vale do Capital – Lama suja do mal.
O Deus enlameado faz-Se, pois, protesto contra essa lama infernal. E do silêncio ensurdecedor desse Deus enlameado e “desaparecido”, desse Deus agarrado às centenas de corpos, igualmente submergidos, transparece a face de um Deus solidário. Desse modo, por debaixo das lamas de Brumadinho aparece um Deus, desconcertante e profundamente diferente do Deus anunciado pelo status quo. O Deus “desaparecido” redime assumindo, sem preocupação asséptica ou profilática, os enlameados da história. Esse rosto de Deus que se esvazia de si torna-Se não só um convite, mas, sobretudo, uma exigência à Igreja para que também ela, deixando uma possível compulsão à pureza, seja capaz de enlamear-se com os enlameados, chorar com os que choram, morrer com os que morrem e lutar esperançosa com os que lutam.
Desse modo, Brumadinho, à luz da fé cristã, converte-se em “lugar teológico”, isto é, lugar/situação a partir da qual podemos refletir em que Deus somos crentes e em que Deus somos ateus. Brumadinho teve sua sextafeira da paixão antecipada e nela está o Cristo, enlameado e agarrado aos soterrados: homens, mulheres, águas, plantas e animais. Do Cristo, também soterrado pela Vale da lama, sequer se pode avistar os cabelos de sua cabeça. Deus “desapareceu”; desceu com os seus à mansão dos mortos. O Verbo se fez carne e a carne fez-se lama… E essa descida de Deus (descensus ad inferos) é Evangelho!
(GEGÊ: Brumadinho como “Lugar Teológico”: O Evangelho de um Deus enlameado aos insepultos. Revista IHU-on-line. Adital:)
. Acesso em: 11 fev. 2019)
A esse respeito, analise as asserções e a relação proposta entre elas.
I. É incorreto o autor do texto afirmar que, com o desabamento da barragem da Vale, Brumadinho se converte em “Lugar Teológico” da paixão do Senhor,
PORQUE
II. o evento da Paixão do Senhor ocorreu de uma vez por todas para a remissão dos pecados.
Sobre as asserções, é correto afirmar que