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Q990879 Pedagogia

 Para responder a questão, considere os excertos adaptados do artigo “Por uma eclesiologia a duas vozes”, da teóloga e biblista francesa Anne-Marie Pelletier, publicado em L’Osservatore Romano, em 01-10-2018.

[...] a franqueza da carta que o Papa Francisco dirigiu ao “povo de Deus” não abole a clareza da Palavra de Deus. O Papa confirma, sim, a visão exposta recentemente na Gaudete et Exsultate, ao recordar uma verdade fundmental, mas obstinadamente diminuída apesar da Lumen Gentium: o chamado à santidade, consubstancial pelo batismo, portanto, universal, transversal a todas as vocações, para além das distinções hierárquicas que se multiplicaram ao longo da história. A expressão “povo de Deus”, muitas vezes olhada com suspeita após o seu retorno nos textos do Concílio, readquire agora todo o seu peso e a sua urgência. E é justamente essa realidade teológica que o Papa Francisco crê que deve recordar hoje com urgência, porque é o exato antídoto ao veneno do clericalismo que está por trás dos abusos criminosos de poder.

Esse diagnóstico, que aponta para a fonte dos dramas atuais, para a responsabilidade de uma autoridade desviada em uma instituição eclesiástica prioritariamente masculina, leva a ver nas mulheres, no seio do “povo de Deus”, as primeiras interessadas no apelo do papa a reagir.

São elas, de fato, as primeiras a saber o que são os abusos de poder eclesial. [...] É uma experiência que elas fazem todos os dias. Uma experiência que confirma a memória coletiva de uma palavra que pretendeu controlar a sua consciência e o seu corpo, e que sempre preferiu falar no seu lugar, ao invés de ouvi-las.[...] Em outras palavras, a eclesiologia agora deve ser formulada a duas vozes, conjugando o masculino e o feminino. É apenas assim que realmente será possível fazer mudanças, que a instituição eclesial poderá se desvincular da representação de um sacerdócio ministerial que continua sempre, em maior ou menor medida, se arrogando hierarquicamente a identidade sacerdotal de toda a Igreja. É assim que o sacerdócio batismal poderá encontrar a sua plena existência e o seu pleno exercício no seio da Igreja. Correlativamente, o sacerdócio ministerial será restituído à sua verdadeira grandeza, a do serviço à vida e à santidade do povo dos batizados, vivido em uma fidelidade humilde e devota, a imagem de Cristo, que “veio para servir e não para ser servido”. [...]

Avalie as afirmações abaixo, considerando tanto a perspectiva eclesiológica quanto os elementos da Teologia Moral apontados no texto da professora Anne-Marie Pelletier e presentes no cerne da mudança conciliar (Concílio Ecumênico Vaticano II).

I. A autêntica visão eclesiológica do Concílio Vaticano II, alicerçada na categoria “povo de Deus”, supõe que os fiéis devam ouvir e servir os sacerdotes e os bispos.

II. Defender os pobres e vulneráveis, especialmente as crianças, e cumprir as políticas sobre abuso sexual é legitimar a Teologia Moral da Igreja tanto em seu aspecto sexual quanto social.

III. O modelo de comunhão eclesial é aquele em que os fiéis estão ativamente envolvidos nas políticas da Igreja e não podem errar quando mostram concordância universal em assuntos de fé e morais.

IV. A mudança do foco eclesiológico de uma Igreja de autoridade, controle e poder para uma Igreja de diálogo, serviço e comunhão prioriza segurança, proteção e assistência às crianças e demais pessoas vulneráveis e não segurança, proteção e assistência à reputação institucional da Igreja.


Está correto apenas o que se afirma em

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