Leia o trecho do conto “Fatalidade”, de Guimarães Rosa. ...
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Ano: 2013
Banca:
VUNESP
Órgão:
PM-SP
Prova:
VUNESP - 2013 - PM-SP - Oficial Tecnólogo de Administração |
Q473082
Português
Leia o trecho do conto “Fatalidade”, de Guimarães Rosa.
Na data e hora, estavase em seu fundo de quintal, exercitando ao alvo, com carabinas e revólveres, revezadamente. Meu Amigo, a bom seguro que, no mundo ninguém, jamais, atirou quanto ele tão bem – no agudo da pontaria e rapidez em sacar arma; gostava disso, por dia, caixas de balas. Sucedeu nesse comenos que o vieram chamar, que o homenzinho o procurava.
O qual, vendose que caipira, ar e traje. Dava-se de entre vinte-e-muitos e trinta anos; devia de ter bem menos, portanto. Miúdo, moído. Mas concreto como uma anta, e carregado o rosto, gravado, tão submetido, o coitado; as mãos calosas, de enxadachim. Meu Amigo, mandando- lhe sentar e esperar, continuou, baixo, a conversa; fio que, apenas, para poder melhor observar o outro, vez a vez, com o rabo-do- olho, aprontando- lhe a avaliação. Do que disse: – “Se o destino são componentes consecutivas – além das circunstâncias gerais de pessoa, tempo, lugar … e o karma …” Ponto que o Meu Amigo existia, muito; não se fornecia somente figura fabulável, entenda- se. O homenzinho se sentara na ponta da cadeira, os pés e joelhos juntos, segurando com as duas mãos o chapéu; tudo limpinho pobre.
Convidado a dizer-se, declinou que de nome José de Tal, mas, com perdão, por apelido Zé Centeralfe. Sentia-se que era um sujeito já arrumado de si, mas embrulhava-se a falar, por gravidade: – “Sou homem de muita lei… Tenho um primo oficial-de-justiça… Mas não me abrange socorro… Sou muito amante da ordem…” Meu Amigo murmurou mais ou menos: – “Não estamos debaixo da lei, mas da graça…” O homenzinho, posto em cruz comprida, e porque se achasse rebaixado, quase desonrado – e ameaçado – viera dar parte.
Representou: que era casado, em face do civil e da igreja, sem filhos, morador no arraial do Pai-do-Padre. Vivia tão bem, com a mulher, que tirava divertimento do comum e no trabalho não compunha desgosto. Mas, de mandado do mal, se deu que foi infernar lá um desordeiro, vindiço, se engraçou desbrioso com a mulher, olhou para ela com olho quente… – “Qual era o nome?” – Meu Amigo o interrompeu. – “É um Herculinão, cujo sobrenome Socó…” – explicou o homenzinho.
(João Guimarães Rosa. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1978. Adaptado)
Pela leitura do texto, é correto afirmar que
Na data e hora, estavase em seu fundo de quintal, exercitando ao alvo, com carabinas e revólveres, revezadamente. Meu Amigo, a bom seguro que, no mundo ninguém, jamais, atirou quanto ele tão bem – no agudo da pontaria e rapidez em sacar arma; gostava disso, por dia, caixas de balas. Sucedeu nesse comenos que o vieram chamar, que o homenzinho o procurava.
O qual, vendose que caipira, ar e traje. Dava-se de entre vinte-e-muitos e trinta anos; devia de ter bem menos, portanto. Miúdo, moído. Mas concreto como uma anta, e carregado o rosto, gravado, tão submetido, o coitado; as mãos calosas, de enxadachim. Meu Amigo, mandando- lhe sentar e esperar, continuou, baixo, a conversa; fio que, apenas, para poder melhor observar o outro, vez a vez, com o rabo-do- olho, aprontando- lhe a avaliação. Do que disse: – “Se o destino são componentes consecutivas – além das circunstâncias gerais de pessoa, tempo, lugar … e o karma …” Ponto que o Meu Amigo existia, muito; não se fornecia somente figura fabulável, entenda- se. O homenzinho se sentara na ponta da cadeira, os pés e joelhos juntos, segurando com as duas mãos o chapéu; tudo limpinho pobre.
Convidado a dizer-se, declinou que de nome José de Tal, mas, com perdão, por apelido Zé Centeralfe. Sentia-se que era um sujeito já arrumado de si, mas embrulhava-se a falar, por gravidade: – “Sou homem de muita lei… Tenho um primo oficial-de-justiça… Mas não me abrange socorro… Sou muito amante da ordem…” Meu Amigo murmurou mais ou menos: – “Não estamos debaixo da lei, mas da graça…” O homenzinho, posto em cruz comprida, e porque se achasse rebaixado, quase desonrado – e ameaçado – viera dar parte.
Representou: que era casado, em face do civil e da igreja, sem filhos, morador no arraial do Pai-do-Padre. Vivia tão bem, com a mulher, que tirava divertimento do comum e no trabalho não compunha desgosto. Mas, de mandado do mal, se deu que foi infernar lá um desordeiro, vindiço, se engraçou desbrioso com a mulher, olhou para ela com olho quente… – “Qual era o nome?” – Meu Amigo o interrompeu. – “É um Herculinão, cujo sobrenome Socó…” – explicou o homenzinho.
(João Guimarães Rosa. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1978. Adaptado)
Pela leitura do texto, é correto afirmar que