No texto, o jornalista expõe a teoria de Armstrong a respeito
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Problemas ou preocupações com o dinheiro?
1 “Problemas” são coisas reais, tangíveis, quotidianas,
que lidam com as contas - a bancária e as que precisam de
ser pagas. “Preocupações” são outra história: ansiedades ou
desejos que só existem nas nossas cabeças. Eis a tese do
filósofo John Armstrong em “Como se preocupar menos com
dinheiro”.
2 Mas voltemos ao início: você tem problemas ou preocupações com o vil metal? Se são problemas, lamento, nada a
fazer: a questão é mesmo matemática. É preciso pagar o aluguel, as despesas da casa, a educação dos filhos. O básico
do básico, a que poucos escapam.
3 Mas Armstrong não escreve o livro para enfrentar essas
necessidades básicas – e implacáveis. Ele sobe um degrau
para falar das “preocupações” com o dinheiro, ou seja, sobre
o que acontece depois das necessidades básicas estarem
satisfeitas.
4 Sim, pagamos o aluguel da casa. Mas queremos uma
casa melhor. Sim, temos roupa no corpo e comida na mesa.
Mas queremos aquela grife e aquele jantar no melhor restaurante da cidade. Que fazer?
5 Armstrong não é um puritano nem um asceta*. O dinheiro é importante – tão importante que nem as relações amorosas escapam a ele. O ponto, porém, é outro. É analisar antes
aquilo de que precisamos para termos uma “vida boa”. Atenção: disse “precisamos”, o que é diferente de “querermos”.
6 Quando queremos algo, obedecemos a um desejo – e os
desejos são infindos por definição. As nossas necessidades
de dinheiro estão intimamente ligadas com o tipo de pessoa
que queremos realmente ser. Só depois de sabermos quem
somos é possível perguntar de quanto dinheiro precisamos.
E, às vezes, a quantia é menor do que se imagina.
7 Penso na minha vida. Houve excessos e desperdícios
alimentados por caprichos, vaidades, inseguranças – e por
um desconhecimento profundo sobre a vida que eu realmente procurava.
8 Hoje, cometo loucuras como qualquer pessoa racional.
Mas são esporádicas como tempestades tropicais. Depois de
pagar as fatais contas do mês, noto que não preciso de um
automóvel de luxo, de uma casa majestosa, de roupas de
grife.
9 Mas preciso dos meus livros, dos meus filmes, da minha
música. Preciso de horas vazias, ociosas. E preciso de partilhar as alegrias (e as tristezas) com a família e os amigos
onde houver boa mesa – o que é diferente de uma mesa cara.
10 E quando temos a noção de que o tempo é limitado, até
aquilo que é bom pode se tornar mais barato.
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/
2017/02/1857581-voce-tem-problemas-de-dinheiro-oupreocupacoes-com-o-dinheiro.shtml. Adaptado)
* asceta: que tem vida contemplativa, que se entrega a práticas
espirituais
No texto, o jornalista expõe a teoria de Armstrong a
respeito