A zeugma é uma das formas da elipse. Consiste em fazer pa...

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Ano: 2024 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2024 - PM-SP - Aluno-Oficial |
Q3234474 Português

Leia a crônica “Liberdade”, de Clarice Lispector, para responder à questão.



Houve um diálogo difícil. Aparentemente não quer dizer muito, mas diz demais.


— Mamãe, tire esse cabelo da testa.

— É um pouco da franja ainda.

— Mas você fica feia assim.

— Tenho o direito de ser feia.

— Não tem!

— Tenho!

— Eu disse que não tem!


E assim foi que se formou o clima de briga. O motivo não era fútil, era sério: uma pessoa, meu filho no caso, estava-me cortando a liberdade. E eu não suportei, nem vindo de filho. Senti vontade de cortar uma franja bem espessa, bem cobrindo a testa toda. Tive vontade de ir para meu quarto, de trancar a porta a chave, e de ser eu mesma, por mais feia que fosse. Não, não “por mais feia que fosse”: eu queria ser feia, isso representava o meu direito total à liberdade. Ao mesmo tempo eu sabia que meu filho tinha os direitos dele: o de não ter uma mãe feia, por exemplo. Era o choque de duas pessoas reivindicando — o que, afinal? Só Deus sabe, e fiquemos por aqui mesmo.


(Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.)

   A zeugma é uma das formas da elipse. Consiste em fazer participar de dois ou mais enunciados um termo expresso apenas em um deles.
(Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo, 2001. Adaptado.)

Identifica-se, no último parágrafo da crônica, o emprego da zeugma em: 
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