Observe a passagem transcrita do quarto parágrafo da crônica...
Alfabeto de emojis
Antônio Prata*
1. “Paradoxalmente” – escreverá um historiador em 2218 – “foi a disseminação da escrita como principal forma de comunicação o que criou as condições para a sua própria morte”. O alfabeto latino, este fantástico conjunto de 26 letras que, combinadas infinitamente, podem nomear realidades tão distintas quanto “sol”, “schadenfreud” e “Argamassa Cimentcola Quartzolite”, começou sua lenta caminhada em direção ao brejo em setembro de 1982.
2. Foi ali, não muito depois da derrota do Brasil para a Itália de Paolo Rossi, que o cientista da computação Scott Fahlman sugeriu a colegas de Carnegie Mellon University, com os quais se comunicava online, usarem :) para distinguirem as piadas dos assuntos sérios. Mal sabia o tal Scott, criando essa possibilidade, que aquela inocente boca de parêntese era o protótipo da goela que viria a engolir quase 3.000 anos de alfabeto como se fosse uma sopa de letrinhas.
3. Os emoticons se espalharam pelo mundo de tal maneira que inundaram o ICQ, os chats e, principalmente, os celulares, mas nem todos os seres humanos aderiram imediatamente à moda. Alguns se recusaram por conservadorismo, alguns por uma burrice gráfica atávica que os impedia de compreender as imagens. [...]
4. Emoticons foram o início do fim, mas só o início. O coaxar dos sapos no brejo começou a incomodar mesmo com a chegada dos emojis. Confesso que, de novo, demorei pra entrar na onda. Desta vez não por desconhecimento, nem por burrice, mas por senso do ridículo. Quando que um adulto como eu iria mandar pra outro adulto um “smile” bicudo soltando um coração pelo canto da boca, como se fosse uma bola de chiclete? Nunca! “Nunca”, no caso, revelou-se estar a apenas uns cinco anos de distância da minha indignação.
5. Hoje eu mando coração pulsante pra contadora que me lembrou dos documentos do IR, mando John Travolta de roxo pro amigo que me pergunta se está confirmado o jantar na quinta e, se eu pagasse imposto sobre cada joia que envio daquele mãozão amarelo, não ia ter coração pulsante capaz de fazer minha contadora resolver a situação.
6. “Em meados do século 21” – escreverá o historiador de 2218 – “a humanidade abandonou o alfabeto e passou a se comunicar só por emojis”. A frase, claro, será toda escrita com emojis. Haverá tantos, iguaizinhos e tão variados, que será possível citar Shakespeare usando apenas desenhinhos. (Shakespeare, aliás, dá pra escrever. Imagem de milk-shake + duas chaves (keys) + pera (pear). Shake + keys + pear).
7. Teremos voltado ao tempo dos hieróglifos e não me assombra se as condições de vida regredirem às do antigo Egito, mas ninguém se importará, cada um de nós, hipnotizado pela tela que tantos apregoaram ser uma nova pedra de Roseta capaz de traduzir o mundo em nossas mãos, mas que no fim se revelou só um infernal e escravizante pergaminho. :-(
* Escritor e roteirista.
(Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2018/04/alfabeto-de-emojis.shtml>
Observe a passagem transcrita do quarto parágrafo da crônica.
“Quando que um adulto como eu iria mandar pra outro adulto um “smile” bicudo soltando um coração pelo canto da boca, como se fosse uma bola de chiclete? Nunca! “Nunca”, no caso, revelou-se estar a apenas uns cinco anos de distância da minha indignação.”
Considere as unidades lexicais destacadas e preencha corretamente as lacunas do texto.
Na primeira ocorrência, o termo “nunca” exerce a função sintática de _______________. Já na segunda, deve ser analisado como _______________ da última oração. No primeiro emprego, no que se refere à sua organização morfológica, trata-se de uma classe gramatical invariável denominada _______________.
A sequência que preenche corretamente as lacunas do texto é
- Gabarito Comentado (1)
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- Notificar Erro
Gabarito comentado
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Nesta questão, o tema central é a análise morfológica e sintática de um termo dentro de um texto. Para resolver a questão, é necessário compreender o conceito de classes gramaticais, mais especificamente os advérbios, além de identificar as funções sintáticas que um termo pode exercer em diferentes contextos.
Alternativa correta: C - adjunto adverbial / sujeito / advérbio
Vamos analisar por que essa é a alternativa correta:
1. Adjunto adverbial: Na primeira ocorrência do termo "nunca", ele está sendo usado como indicativo de tempo, para expressar uma negação sobre a possibilidade de um evento acontecer ("Quando que um adulto como eu iria mandar […]? Nunca!"). Portanto, exerce a função de adjunto adverbial de negação.
2. Sujeito: Na segunda ocorrência, "nunca" funciona como o assunto da oração ("'Nunca', no caso, revelou-se estar a apenas uns cinco anos de distância da minha indignação"), sendo então o sujeito da oração.
3. Advérbio: Em termos de organização morfológica, "nunca" é uma palavra da classe gramatical dos advérbios. Advérbios são palavras invariáveis que modificam verbos, adjetivos ou outros advérbios, expressando circunstâncias de modo, tempo, lugar, causa, etc.
Agora, vamos entender por que as outras alternativas estão incorretas:
Alternativa A: predicativo / sujeito / advérbio
- O termo "nunca" não exerce a função de predicativo em nenhuma das situações descritas.
Alternativa B: sujeito / adjunto adverbial / adjetivo
- "Nunca" não é o sujeito da primeira oração; ele atua como adjunto adverbial. Além disso, "nunca" não é um adjetivo, pois adjetivos são palavras que modificam substantivos, o que não é o caso aqui.
Alternativa D: adjunto adverbial / predicativo / adjetivo
- Novamente, "nunca" não é um predicativo, e não é um adjetivo.
Por isso, a alternativa C é a única que descreve corretamente as funções sintáticas e morfológicas do termo "nunca" no contexto dado.
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Comentários
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----> o termo “nunca” exerce a função sintática de ------> Nunca! (ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO)
----> Já na segunda, deve ser analisado como SUJEITO da última oração. ------> “Nunca”, no caso, revelou-se (o quê revelou-se? NUNCA ---> sujeito)
----> gramatical invariável denominada ADVÉRBIO (classe de palavras invariável).
Força, guerreiros(AS)!!
GABARITO: LETRA C
===> A pessoa copiou o meu comentário!!
----> o termo “nunca” exerce a função sintática de ------> Nunca! (ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO)
----> Já na segunda, deve ser analisado como SUJEITO da última oração. ------> “Nunca”, no caso, revelou-se (o quê revelou-se? NUNCA ---> sujeito)
----> gramatical invariável denominada ADVÉRBIO (classe de palavras invariável).
Força, guerreiros(AS)!!
precisa nem ler a frase pra fazer a questão kkkk, mata quando fala que o primeiro é invariável
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